quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Reoneração da folha: como ficou o projeto aprovado pela Câmara após alterações

 


Plenário da Câmara dos Deputados em Brasília

 

A Câmara dos Deputados concluiu nesta quinta-feira, 12, a votação o projeto de lei que estabelece uma transição para o fim da desoneração da folha de pagamento de empresas, com medidas compensatórias para o benefício.

O texto aprovado, que segue para sanção presidencial, incluiu uma emenda de redação para definir que a captação pelo Tesouro Nacional de recursos esquecidos em instituições financeiras será contabilizada como receita primária do governo, ponto que é foco de discordância do Banco Central.

O texto, alinhavado na noite desta quarta-feira, 11, pela equipe econômica e pelas lideranças da Casa, traz uma nova redação em relação à versão aprovada no Senado – a mudança, no entanto, está sendo considerada como um ajuste de redação e, por isso, o projeto não precisou passar por nova análise dos senadores.

A expectativa é de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancione a lei assim que ela chegar ao Palácio do Planalto. A aprovação do texto-base ocorreu às 23h57, sendo que o prazo determinado pelo STF para se concluir um acordo sobre o tema terminava na quarta-feira.

O novo trecho incluído no texto prevê que a apropriação, pelo Tesouro Nacional, de valores esquecidos em instituições financeiras, mesmo que não computada como receita primária pelo Banco Central, será considerada para fins de cumprimento da meta fiscal do governo. Dessa forma, esses montantes poderão servir como parte da compensação à desoneração. Hoje, no entanto, o cálculo válido para a verificação do resultado primário é o do BC.

O chamado resultado primário é a diferença entre receitas e despesas sem considerar os juros da dívida pública. Ou seja, o número que determina se o governo fechou o ano no azul ou no vermelho e se cumpriu ou não a meta estabelecida pela equipe econômica. Quando há descumprimento, gatilhos são acionados e o governo é obrigado a gastar menos.

“A redação deixa claro que o objetivo é forçar um entendimento sobre o cumprimento da meta. Contudo, é altamente questionável que a lei ordinária que está sendo proposta delimite os poderes que foram atribuídos ao BC por lei complementar (do arcabouço fiscal). De qualquer forma, o desejo de se viabilizar um cumprimento da meta ao atropelo dos padrões estatísticos internacionais está evidenciado”, afirma o ex-secretário do Tesouro e head de macroeconomia do ASA, Jeferson Bittencourt.

Esse novo trecho foi incluído pela então relatora da proposta, deputada Any Ortiz (Cidadania-RS), nos momentos anteriores à votação. A mudança atendeu a acordo das lideranças com o Ministério da Fazenda para contemplar alertas do BC, mas foi além dos pontos levantados pela autoridade monetária, criando essa exceção no regramento fiscal.

Any Ortiz, porém, abriu mão da relatoria, que passou para o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE). “Guimarães, que o senhor assine essa chantagem que estamos vendo aqui hoje. Não tenho como assinar esse relatório da forma como foi feito, no limite do prazo”, disse a deputada.

“Nós conseguimos um acordo feito com a faca no pescoço, como com um sequestrador. Nós estamos aqui como reféns, temos uma hora para aprovar esse projeto para que amanhã os setores não tenham uma conta impagável no colo. Vamos garantir a desoneração, mas é lamentável o que o STF está fazendo com o apoio do Executivo, passando por cima da maioria do Congresso”, afirmou ela, destacando que, apesar de desistir da relatoria, iria votar de forma favorável ao texto.

BC se posicionou contra

O BC enviou na última segunda-feira uma nota técnica aos deputados criticando a forma de se contabilizar esses montantes esquecidos nas contas bancárias, que somam R$ 8,6 bilhões. No documento, a autoridade afirmava que a incorporação desse montante bilionário no cálculo das contas públicas estava “em claro desacordo com sua metodologia estatística, indo de encontro às orientações do TCU (Tribunal de Contas da União) e ao entendimento recente do STF sobre a matéria.”

Caminho similar já foi realizado por governo e Congresso na proposta de emenda à Constituição (PEC) da Transição, aprovada no fim de 2022. Na ocasião, a PEC autorizou o governo Lula a incorporar R$ 26 bilhões esquecidos por trabalhadores nas cotas do PIS/Pasep como receita primária – engordando os cofres públicos. O Tesouro seguiu o texto da lei e incorporou o valor no primário de 2023, mas o mesmo não foi feito pelo BC – gerando uma discrepância bilionária nas duas contabilidades.

Para evitar que essa diferença ficasse ainda maior, a versão aprovada pelo Senado afirmava que o dinheiro esquecido nas contas deveria ser considerado “como receita orçamentária primária para todos os fins das estatísticas fiscais”. Ou seja, havia a tentativa de fazer com que o BC também computasse o valor na sua metodologia, que é o número oficial para fins de cumprimento da meta.

Com a reclamação do BC, esse trecho que tratava de “todos os fins das estatísticas fiscais” foi retirado, mas foi incluída a previsão de que os valores das contas esquecidas sejam “considerados para verificação do cumprimento da meta de resultado primário” – mesmo que o BC não considere esses montantes como receita primária.

Sanção imediata

A expectativa é de que o Palácio do Planalto dê aval imediato ao projeto, assim que aprovado na Câmara.

A pressa se deve ao fato de o prazo dado pelo ministro Edson Fachin, do STF, para que Legislativo e Executivo buscassem uma solução de consenso para o tema vencer nesta quarta-feira, 12. Dessa forma, caso a Câmara não aprovasse o projeto até o final do dia, voltaria a valer a decisão tomada pelo ministro do Supremo Cristiano Zanin, em abril, que determinou a reoneração da folha.

“O governo deixou para a última hora e agora os setores (que contam com a desoneração) estão com a faca no pescoço”, afirmou a deputada Adriana Ventura (Novo-SP). O tema mobilizou Executivo, Legislativo e Judiciário ao longo dos últimos meses, bem como o empresariado, que reclama de insegurança jurídica em meio ao longo impasse tributário.

“Ajustes que foram feitos são redacionais e vai para sanção, o que mostra o compromisso do governo. Seria muito fácil não votar e deixar voltar como era antes”, rebateu o líder do governo, José Guimarães.

Medidas de ajuste fiscal para 2025

Além do uso de valores esquecidos em contas, o projeto também prevê como medidas compensatórias o uso de depósitos judiciais, atualização de bens no Imposto de Renda, repatriação de ativos mantidos no exterior e renegociação de multas aplicadas por agências reguladoras.

A equipe econômica alega, porém, que esses valores podem não ser suficientes para compensar a medida em 2025. Por esse motivo, o governo enviou ao Congresso um novo projeto de lei que prevê aumento da alíquota da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) e uma mudança no Imposto de Renda dos Juros sobre Capital Próprio (JCP), uma espécie de remuneração paga a acionistas. Os dois temas, no entanto, enfrentam grande resistência no Congresso.

Reoneração da folha será gradual

O texto da desoneração da folha de pagamentos prevê uma reoneração gradual entre 2025 e 2027. A partir do ano que vem, os empresários passarão por uma cobrança híbrida, que misturará uma parte da contribuição sobre a folha de salários com a taxação sobre a receita bruta, da seguinte maneira:

  • Em 2025, as empresas pagarão 80% da alíquota sobre a receita bruta e 25% da alíquota sobre a folha
  • Em 2026, as empresas pagarão 60% da alíquota sobre a receita bruta e 50% da alíquota sobre a folha
  • Em 2027, as empresas pagarão 40% da alíquota sobre a receita bruta e 75% da alíquota sobre a folha
  • A partir de 2028, as empresas retomarão integralmente o pagamento da alíquota sobre a folha, sem o pagamento sobre a receita bruta.

Como contrapartida para o benefício, as empresas serão obrigadas a manter ao menos 75% dos empregados. Isso significa que uma redução de até 25% do quadro de funcionários não resultará na perda do direito à desoneração por parte dessas companhias.

No caso dos municípios, o texto também estabelece uma “escada”. Neste ano, está mantida a alíquota previdenciária de 8% aprovada no ano passado pelo Congresso. Em 2025, esse imposto será de 12%. Em 2026, de 16%. Em 2027, por fim, voltará a ser de 20%.

O que é a desoneração da folha

A desoneração da folha de pagamentos foi instituída em 2011 para setores intensivos em mão de obra. Juntos, eles incluem milhares de empresas que empregam 9 milhões de pessoas. A medida substitui a contribuição previdenciária patronal de 20% incidente sobre a folha de salários por alíquotas de 1% a 4,5% sobre a receita bruta. Ela resulta, na prática, em redução da carga tributária da contribuição previdenciária devida pelas empresas.

Por decisão do Congresso, em votações expressivas, a política de desoneração foi prorrogada até 2027, mas acabou suspensa por uma decisão liminar do STF em ação movida pelo governo federal. A alegação é que o Congresso não previu uma fonte de receitas para bancar o programa e não estimou o impacto nas contas públicas.

O Legislativo, porém, argumenta que medidas foram aprovadas para aumentar as receitas da União e que a estimativa de impacto estava descrita na proposta aprovada. O ministro da Fazenda anunciou, então, um acordo para manter a desoneração em 2024 e negociar uma cobrança gradual a partir do próximo ano.

O cerne da discussão passou a girar em torno das compensações da desoneração da folha de pagamentos. A equipe econômica insiste em uma medida que represente receitas para os próximos anos. Ela vale para 17 setores da economia. Confira abaixo quais são:

  • confecção e vestuário;
  • calçados;
  • construção civil;
  • call center;
  • comunicação;
  • empresas de construção e obras de infraestrutura;
  • couro;
  • fabricação de veículos e carroçarias;
  • máquinas e equipamentos;
  • proteína animal;
  • têxtil;
  • TI (tecnologia da informação);
  • TIC (tecnologia de comunicação);
  • projeto de circuitos integrados;
  • transporte metroferroviário de passageiros;
  • transporte rodoviário coletivo;
  • transporte rodoviário de cargas.

quarta-feira, 11 de setembro de 2024

Sem chuvas, bacias de hidrelétricas do Brasil têm solo mais seco da série histórica

 


Seca no Rio Madeira, Humaitá, Amazonas. 7 de setembro de 2024. (Crédito: REUTERS/Bruno Kelly)

A umidade do solo das principais bacias hidrográficas para geração de energia elétrica no Brasil alcançou o nível mais seco em quase 20 anos, após uma sequência de vários anos de chuvas abaixo da média histórica que vem afetando a principal fonte da matriz elétrica brasileira, segundo monitoramento da London Stock Exchange Group (LSEG).

Essa situação deve dificultar o reenchimento dos reservatórios das usinas hidrelétricas no período úmido que se inicia em outubro, uma vez que as chuvas servirão primeiro para repor a umidade do solo nas bacias hidrográficas, antes de a água fluir para os reservatórios e se converter em energia natural afluente (ENA), métrica que indica o quanto do volume pode ser transformado em energia.

As bacias hidrelétricas Paranaíba, Grande e Tocantins, que percorrem áreas do Sudeste, Centro-Oeste e Norte e concentram grande parte da capacidade do país em armazenar energia em reservatórios, atingiram em setembro o pior nível de umidade de solo da série histórica da LSEG, com dados desde 2005.

Chuvas estão escassas há muito tempo

Isso é resultado das chuvas decepcionantes observadas por vários anos, observa o analista da LSEG Claudio Vallejos, apontando que 9 dos últimos 10 ciclos hidrológicos nas principais bacias registraram chuvas abaixo da média de longo prazo.

“O solo acaba funcionando como uma espécie de ‘memória’ das chuvas, com a umidade refletindo todo o histórico ruim… Você tem um déficit que veio sendo carregado, e aí tivemos um período úmido em 2024 muito decepcionante”, disse ele.

O cenário de baixa umidade do solo também alcança outras bacias, como Tietê (mais seco do histórico), Paranapanema (2º mais seco) e São Francisco (2º mais seco).

“O Operador (Nacional do Sistema Elétrico) só tem controle sobre os reservatórios… ao contrário desse ‘reservatório de umidade do solo’, que é uma variável que depende diretamente da chuva, não temos controle sobre isso”, destaca o analista da LSEG Bruno Couto.

Eles apontam que o sistema vive agora uma “anomalia”, com o solo das bacias alcançando nível crítico ao mesmo tempo em que o armazenamento de água nos principais reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste está em patamar confortável.

Os lagos das usinas da região registram atualmente 53% de capacidade — muito acima dos níveis de 2021, na última crise hídrica, quando chegaram a 16% no mês de setembro –, depois da implementação de políticas para preservar água das hidrelétricas e em meio a um crescimento acelerado das fontes eólica e solar, que passaram a atender grande parte da carga de energia.

O nível dos reservatórios aponta para uma situação mais confortável para suprimento de energia no Brasil, embora o ONS venha tendo dificuldades para operar o sistema nos horários de pico de carga, o que levou ao acionamento de mais termelétricas nos últimos meses.

O ponto de alerta fica para o próximo período úmido que, caso se configure novamente com chuvas muito abaixo da média, pode levar a um rápido deplecionamento dos reservatórios diante do quadro de solo muito seco.

“Os reservatórios em si são o armazém de energia, mas o que realmente faz a coleta da chuva para trazer para o reservatório é o solo das bacias… e a única maneira de recuperar essa umidade seria com chuvas”, apontou Vallejos.

Já Couto lembrou que a situação também afeta a capacidade de geração das usinas na região Norte, onde a maioria opera a fio d’água (sem reservatório de acumulação), dependendo principalmente das vazões dos rios.

“Principalmente para usinas a fio d’água, esse impacto da umidade do solo é muito mais drástico, visível, do que para usinas que você tem controle via reservatório, já que para essas o ONS consegue remanejar as operações e isso acaba ‘mascarando’ uma condição que vem se deteriorando rapidamente.”

A estiagem na região Norte já levou à paralisação parcial da hidrelétrica Santo Antônio, uma das maiores do país, neste mês devido ao nível muito baixo do rio Madeira.

No campo meteorológico, a expectativa é de que as primeiras chuvas comecem a cair nos reservatórios da região no final deste mês e ainda permaneçam irregulares na primeira metade de outubro, para ganhar corpo apenas na segunda quinzena do próximo mês, afirma Alexandre Nascimento, sócio-diretor da Nottus Meteorologia.

“A expectativa não é ruim, poderia até dizer que é boa, mas antes de melhorar vai piorar bastante… Continuamos com temperaturas extremamente altas e umidade relativa muito baixa, isso acaba acelerando ainda mais o processo de deplecionamento dos reservatórios”, disse Nascimento.

O cenário da Nottus, que não contempla atraso do início do período úmido, aponta que as chuvas no Sudeste/Centro-Oeste em novembro e dezembro devem ficar em níveis normais e pontualmente até um pouco acima da média histórica.

Impacto nos preços e na inflação

A perspectiva atual de energia natural afluente (ENA) muito baixa deve levar a um aumento do preço de liquidação das diferenças (PLD), indicador de referência do setor elétrico para negociações do mercado de curto prazo e que também é considerado no cálculo das bandeiras tarifárias.

“O cenário-base é de preços um pouco mais estressados para o último trimestre, com bandeira tarifária vermelha no mês de outubro… mas é difícil cravar nesse momento”, disse Sergio Romani, CEO da Genial Energy, lembrando que os preços de energia reagiriam rapidamente na ocorrência de chuvas abundantes.

“Temos gordura em reservatório, mas em ENA estamos muito mal, a pior da história… na casa de 9,2 GW (em setembro), é assustador, nunca vi isso acontecer no sistema elétrico brasileiro”.

Mas analistas ainda divergem sobre qual será a tendência de acionamento das bandeiras tarifárias até o fim do ano, com consequente impacto na inflação da cobrança adicional na conta de luz.

A Genial Energy projeta bandeira vermelha em todo o último trimestre em seu cenário-base. Já a corretora Warren Rena considera acionamento da bandeira vermelha 1 até outubro e amarela no restante do ano, com uma projeção de IPCA de 4,53% em 2024. Caso a bandeira encerre o ano no vermelho, a Warren calcula impactos na projeção do IPCA de +14 bps para vermelha 1 e de +32 bps para vermelha 2.

O Banco Daycoval, por sua vez, projeta bandeira verde para dezembro, com uma projeção de IPCA de 4,0% para 2024. Se houver manutenção da atual bandeira vermelha 1 até o fim do ano, a inflação deve fechar o ano em torno de 4,3%, calculou o banco.

Gonet defende que STF rejeite ações do Novo e da OAB contra multa para quem tentar acessar o X

 


A Procuradoria-Geral da República (PGR) defendeu nesta quarta-feira, 11, que o Supremo Tribunal Federal (STF) rejeite as ações propostas pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e pelo Partido Novo contra a multa diária de R$ 50 mil para usuários que tentarem burlar a suspensão do X (antigo Twitter).

O procurador-geral Paulo Gonet afirma que os processos devem ser encerrados sem análise de mérito por questões processuais. O parecer foi enviado ao gabinete do ministro Kassio Nunes Marques, relator das ações.

O PGR argumenta que a arguição de descumprimento de preceito fundamental, modalidade de processo usada para questionar a constitucionalidade de leis ou políticas públicas que violem direitos fundamentais, não pode ser admitida contra decisões do próprio STF.

“Para que haja coerência sistemática, necessariamente esse ato do Poder Público deverá ser emanado de fonte outra que não o próprio Supremo Tribunal Federal no exercício da sua função jurisdicional”, defende Gonet.

O X está suspenso por ordem do ministro Alexandre de Moraes porque se recusou a nomear novos representantes para responder a demandas judiciais. A decisão foi confirmada por unanimidade na Primeira Turma do STF. Além disso, a rede social acumula um passivo de mais de R$ 18 milhões em multas por descumprir decisões da Justiça brasileira.

Moraes estabeleceu uma multa diária de R$ 50 mil para quem tentar burlar o bloqueio ao X por meio de VPN – ferramenta que permite omitir a localização de acesso à internet. Esses usuários também podem responder criminalmente, segundo a decisão.

Ao dar entrada nas ações, OAB e Partido Novo argumentaram que usaram a arguição de descumprimento de preceito fundamental na “falta de outro meio apto para sanar” supostas violações aos direitos dos usuários.

A OAB afirma, por exemplo, que a decisão dá a entender que a multa seria automática em caso de acessos ao X por VPN, sem individualizar condutas e sem direito de defesa, o que na avaliação da entidade viola o devido processo legal. Também afirma que o valor é desproporcional.

Ipardes: agronegócio puxa exportações do PR de janeiro a agosto, com US$ 15,9 bi

 

 

São Paulo, 11 – O agronegócio puxou as exportações do Paraná nos primeiros oito meses de 2024, com mais de US$ 10 bilhões gerados pelo setor, dos US$ 15,9 bilhões exportados, informou o Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes). A soja foi o principal produto, com vendas externas de US$ 4,3 bilhões, seguida pela carne de frango in natura, que alcançou US$ 2,4 bilhões.

A China foi o principal destino dos produtos paranaenses, adquirindo US$ 4,6 bilhões, com destaque para alimentos.

O diretor-presidente do Ipardes, Jorge Callado, afirmou que a alta nas exportações reflete a capacidade produtiva do Paraná e o reconhecimento de suas práticas sanitárias, como o status de área livre de febre aftosa sem vacinação, que abriu novos mercados para a carne de frango e outros produtos.

Haddad sobre desoneração: reunião com Lira foi para esclarecer que medida tem amparo legal

 

 

 

 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira, 11, que se reuniu com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e líderes partidários para esclarecer que a medida compensatória para desoneração que trata da apropriação pela União de depósitos judiciais e bancários esquecidos em instituições financeiras tem amparo legal. A proposta foi criticada pelo Banco Central e travou a votação do projeto de lei que prorroga a desoneração dos 17 setores e dos municípios, como revelou o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.

“O que eu quis foi levar (na reunião) o Rogério Ceron (secretário do Tesouro) para esclarecer tecnicamente, inclusive a questão da contabilidade pública, que de fato é feita pelo Banco Central, e isso tem que ficar claro na redação, que a contabilidade pública não é alterada em função de lei, nem no caso da Constituição alterou a contabilidade pública”, disse o ministro.

Haddad reconheceu que os recursos não são classificados como receita primária, mas reforçou que o propósito do Senado, ao aprovar o texto, “nunca foi de mudar as regras de contabilidade”.

No encontro, segundo o ministro, Ceron explicou aos deputados conceitos sobre contabilidade pública, além de leis que regem recursos específicos, como foi o caso dos recursos esquecidos do PIS/Pasep que não foram contabilizados como receita primária pela autoridade monetária.

A discussão levantada pelo BC é de que estes recursos esquecidos também não poderiam ser contabilizados como receita primária, a fim de cumprimento da meta fiscal, já que não representam um esforço arrecadatório do governo.

O texto do projeto de lei aprovado no Senado, no entanto, abre espaço para uma outra interpretação. O trecho diz que, decorrido o prazo, os saldos não reclamados remanescentes junto às instituições depositárias passarão ao domínio da União “e serão apropriados pelo Tesouro Nacional como receita orçamentária primária para todos os fins das estatísticas fiscais e da apuração do resultado primário”.

O ministro disse que a Câmara e o Senado deverão discutir se será preciso uma outra medida compensatória caso o trecho seja modificado. “(Será discutido como) atender os objetivos do Senado sem mexer na contabilidade pública. É uma posição do BC que independe de lei, é uma espécie de manual do Fundo Monetário e de outras instituições internacionais que padronizam no mundo como é feita a contabilidade pública”, emendou. Ele reiterou que a ideia é que o texto seja aprovado pelos deputados sem precisar retornar à análise dos senadores.

Haddad disse ainda que não é fácil construir uma solução em torno da desoneração, ao explicar a razão pela demora em votar o projeto no Congresso. Ele afirmou, por outro lado, que o País vive um “bom caminho” de nova institucionalidade sobre segurança fiscal. Ele também avaliou que Lira está sempre com “boa vontade” de compreender e fazer o melhor ao País.

AWS, da Amazon, anuncia investimento de R$ 10 bi no Brasil até 2034

 


Cleber Pereira de Morais, CEO da Amazon Web Services (AWS) no Brasil (Crédito: Divulgação)

A AWS, sigla para Amazon Web Services, anunciou investimentos de R$ 10 bilhões nos próximos dez anos para “expandir, construir, conectar, operar e manter data centers no Brasil”. A empresa oferece serviços popularmente conhecidos de armazenamento de dados como “nuvem”.

Segundo nota da empresa, foram investidos R$ 19,2 bilhões no período entre 2011 e 2023. O valor teria contribuido em R$ 24,1 bilhões (US$ 4,8 bilhões) para o produto interno bruto (PIB) e gerado 10 mil vagas de emprego por ano durante o período.

“Os investimentos privados são uma ótima notícia para o Brasil. Sinal da confiança da indústria na nossa economia, e garantia de crescimento sustentável, com geração de emprego e renda”, afirmou o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, segundo a nota.

A infraestrutura da AWS no Brasil está localizada sobretudo em São Paulo, mas inclui pontos no Ceará e Rio de Janeiro.

 

BNDES anuncia linha de R$ 2 bilhões para data centers no Brasil

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O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, anunciou linha de crédito específica para investimento em data centers no Brasil. O orçamento será de R$ 2 bilhões e integra a Missão 4 da Nova Indústria Brasil.

De acordo com o governo federal, a nova linha de crédito é formada por recursos do BNDES e do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações, gerido pelo Ministério das Comunicações. Segundo Mercadante, para projetos nas regiões Norte e Nordeste, a taxa de juros será de 6,13%. Para as demais regiões, a taxa será de 8,5%.

“É um setor que vai permitir a gente ter mais soberania de dados; vai estimular serviços de dados para sustentar essas atividades na área de software, e nós precisamos fomentar no Brasil todo serviço associado ao data center”, afirmou Mercadante durante a Cerimônia Nova Indústria Brasil – Missão 4: Indústria e Revolução Digital, realizada nesta quarta-feira, 11, no Palácio do Planalto, em evento com participação do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. “É um serviço que encomenda e demanda energia limpa e renovável, onde o Brasil tem gigantesca vantagem competitiva e que vai ajudar a atrair investimentos mais estruturantes nesse segmento da transformação digital, que é decisivo para o futuro da economia brasileira”, complementou.

Na avaliação do presidente do BNDES, o País pode liderar no segmento. “Agora, nós vamos credenciar no BNDES, queremos conteúdo nacional e queremos serviços encomendados e contratados aqui. Vamos sair com uma linha auxiliar junto com o data center para fazer”, disse.

Segundo Mercadante, investir em inteligência artificial será “decisivo” para a economia e para o Brasil.

Na cerimônia, o BNDES também anunciou, em conjunto com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), novas linhas para apoiar planos de digitalização de micro, pequenas e médias empresas (MPMEs). A ação integra a modalidade de Transformação Digital do Programa Brasil Mais Produtivo, que busca a digitalização dos negócios com a consultoria do Senai.