Avião da Air France é reabastecido com SAF
O
presidente Luiz Inácio Lula da Silva sanciona nesta terça-feira a lei
do projeto Combustível do Futuro, que promete destravar investimentos de
260 bilhões de reais e evitar emissões de 705 milhões de toneladas de
dióxido de carbono até 2037, de acordo com avaliação do Ministério de
Minas e Energia divulgada antes da cerimônia.
O programa aprovado
pelo Congresso Nacional cria novas indústrias verdes no Brasil, sendo
considerado pelo governo como o “maior” projeto de descarbonização do
setor de transportes.
“Os
avanços que teremos em razão dessa lei são inéditos, introduzindo o
combustível sustentável de aviação (SAF) e o diesel verde à matriz
energética, e descarbonizando setores que contribuem significativamente
para a poluição do planeta”, disse o ministro de Minas e Energia,
Alexandre Silveira, em comunicado.
O projeto aprovado na Câmara,
além de incentivar a produção de novos combustíveis, como SAF e biogás,
deverá facilitar um aumento da mistura de etanol na gasolina e biodiesel
no diesel, impulsionando indústrias como as de cana-de-açúcar, milho e
soja, que já respondem por parcela significativa do consumo de
biocombustíveis no Brasil.
A
elevação da mistura de biodiesel no diesel para 25% até 2035, ante os
atuais 14%, conforme prevê a Lei Combustível do Futuro, vai exigir um
volume de óleo de soja 296% maior que as 4,8 milhões de toneladas que o
país usou para fabricação do biocombustível em 2023, quando a mistura
estava em 12%, de acordo com cálculos da Associação Brasileira das
Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).
No Brasil, a produção de
biodiesel é majoritariamente feita a partir de óleo de soja, que
responde por mais de 70% do total das matérias-primas utilizadas.
Para
que seja possível alcançar aquele nível de produção que o aumento da
mistura pode requerer até 2035, serão necessários investimentos de 52,5
bilhões de reais em novas usinas e esmagadoras de soja, disse a Abiove,
entidade que reúne as tradings e processadoras de oleaginosas.
Nesse
cenário, a produção de biodiesel consumiria 19 milhões de toneladas de
óleo de soja por ano até 2035, contra 5,9 milhões de toneladas estimadas
pela Abiove em 2024.
Para
atingir esse volume, será preciso instalar 47 novas esmagadoras e mais
33 usinas de biodiesel. O país conta hoje com 132 unidades de
esmagamento e 57 fábricas de refino e envase de óleo de soja, conforme
dados da Abiove.
“A sanção do PL dos Combustíveis do Futuro é um
marco no combate às mudanças climáticas…, a descarbonização da matriz de
transporte no Brasil é um passo decisivo para a redução das emissões de
gases de efeito estufa”, disse CEO da produtora de biodiesel Binatural
Energia, André Lavor.
Segundo ele, o setor de biodiesel
contribuirá com a redução de mais de 320 milhões de toneladas de CO2 nos
próximos 10 anos, com o aumento progressivo da mistura para 25% de
biodiesel no diesel.
Ele citou ainda a agregação de 412 bilhões de
reais ao PIB e uma economia de 10,5 bilhões de dólares em importações
de combustíveis fósseis, como o diesel, já que o biodiesel comporá uma
parcela maior do produto vendido nos postos.
Além disso, pelo
texto aprovado no Congresso, o novo percentual de mistura de etanol
anidro na gasolina poderá variar entre 22% e 35%. Atualmente, a mistura
pode chegar a 27,5%, sendo, no mínimo, de 18% de etanol.
O projeto
será sancionado nesta manhã durante a feira Liderança Verde Brasil
Expo, na Base Aérea de Brasília, que abriga uma exposição de
equipamentos e veículos que utilizarão biocombustíveis como o SAF e o
BioGLP.
Na exposição, os visitantes poderão conferir aeronaves das
principais companhias e montadoras que atuam no país. Também serão
expostos caminhões, tratores, escavadeiras, colheitadeiras, ônibus e
veículos de passeio que poderão utilizar combustíveis renováveis.