sábado, 15 de fevereiro de 2025

É o fim do Eataly no Brasil? Entenda a derrocada do centro gastronômico de luxo

 

Não tem mais Eataly no Brasil. Pelo menos, não mais a marca. O local em São Paulo segue operando normalmente com seu empório e estrutura gastronômica de restaurantes, café e padaria. Mas sem poder exibir a marca italiana que tem 40 unidades espalhadas em mais de uma dezena de países pelo mundo, entre Ásia, Oriente Médio, Europa e Américas.

Na última semana, a franqueada perdeu o direito de uso da marca em um processo arbitrário iniciado pela franqueadora italiana. O caso corre em segredo judicial e a empresa não quis dar mais detalhes, declarando apenas que a perda da marca “não é definitiva”. Enquanto isso, o imponente prédio envidraçado segue como um “anônimo” famoso.

A perda do nome foi mais um episódio envolvendo a franquia no Brasil. A empresa – que tem 10 anos de história no país – está em seu terceiro grupo de gestores. Hoje os responsáveis são o fundo Wings e um family office, com a operação liderada pelo CEO Marcos Calazans, que está tendo que lidar com um processo de recuperação judicial iniciado com dívidas somando os R$ 55 milhões. Segundo a empresa, R$ 20 milhões foram quitados e a operação segue cumprindo seus compromissos financeiros.

A franquia foi trazida para o Brasil pelo Grupo St Marche, dono da rede de supermercado de mesmo nome e pelo Empório Santa Maria, sob a gestão de Bernardo Ouro Preto e Victor Leal. A história é que o próprio fundador do Eataly, Oscar Farinetti, e o então CEO da marca internacional, Luca Baffigo, teriam escolhido a dupla, com direito a viagem até o Brasil para acompanhar de perto os preparos da operação tropical, a primeira na América Latina. O investimento foi 60% de sócios estrangeiros – entre americanos e italianos – e 40% dos brasileiros.

“Ele [grupo St Marche] enxergou o modelo como um varejo alimentar. Mas não é só alimentar, tinha a parte importada, vinhos, um jogo bem conhecido por eles, e fácil de operar. Mas mesmo o St Marche tendo essa expertise, o Eataly é enorme, com confeitaria, padaria, restaurantes, gastronomia. Foram inteligentes em trazer o apoio de especialistas nessas outras áreas”, lembra Cristina Souza, CEO da Gouvêa Foodservice, especialista em varejo alimentar.

Mas ela ressalta também que o modelo Eataly é um misto do conceito de mall (ou shopping center) com foodhall (área de alimentação). “Um mall tem que buscar sempre a criatividade pra trazer tráfego, com promoções. Essa mentalidade é muito importante e supermercadista não tem essa mesma mentalidade de mall”, avalia Souza. Entre outros desafios que a especialista acredita que podem ter impactado a operação brasileira estaria a própria localização. “Consideraria o local, com custo alto de estacionamento e que não tem outras ofertas como o shopping que está a uma distância de 5 minutos de caminhada”.

Fachada do Eataly em São Paulo em imagem do Google Street View antes da perda do direito à marca (Crédito:reprodução Google Street View)

E o principal. “No meio do caminho teve uma pandemia“, quando não apenas se represou a circulação de pessoas no mundo como também fez explodir a inflação e o câmbio, que na época da inauguração da loja estava no patamar de 3 reais, segundo dados do Banco Central, e saltou para o patamar na faixa dos 5-6 reais no auge da crise sanitária.

Pesquisando o histórico da inauguração por aqui, talvez a palavra mais usada para definir o empreendimento tenha sido “ousado“, com destaque para o prédio de 4,5 mil metros quadrados com fachada envidraçada na Avenida Juscelino Kubitschek, uma das regiões mais caras da capital paulista, e que, de um lado, está a poucos metros de um dos shoppings de luxo da cidade, o JK Iguatemi, e com mais alguns passos, de onde ficava a famosa loja Daslu. Para o outro lado, são cinco minutos andando até o cruzamento com a também conhecida Avenida Brigadeiro Faria Lima.

Quando chegou à capital paulista em 2015, carregava o peso da fama de suas pares, especialmente as unidades de Roma e Nova York, já conhecidas pelos brasileiros de maior poder aquisitivo, público-alvo da rede por aqui. O “frisson” (adjetivo para os mais velhos) ou o “hype” (para os mais novos) era claro, com o ambiente sempre muito movimentado e, como qualquer sucesso paulistano, com filas.

Na época, destacava-se que seria a 29ª loja da marca no mundo, com investimentos de R$ 40 milhões, mais de sete mil produtos, boa parte importados e de alto padrão, e mais de 500 funcionários. E ainda a projeção de expansão da marca para outras cidades do país, que nunca se concretizou.

“A ideia era muito boa. Juntar experiências gastronômicas com supermercado, com aulas de culinárias, é algo diferente. Agora, é preciso entender também que o posicionamento da marca, é para um público mais abastado, os restaurantes, tanto em Nova York como em Roma, são de padrão mais elevado. E todas as operações se dão em espaços nobres, então o custo do metro quadrado é alto. Uma operação dessa natureza requer volume”, aponta Claudio Felisoni, presidente do Ibevar (Instituto Brasileiro de Executivos de Varejo e Mercado de Consumo) e professor da FIA Business School.

Mas Felisoni lembra, em meio a oferta de produtos e serviços diferenciados e, por sua vez, de maior custo, o consumidor brasileiro teve um golpe no poder de compra, especialmente nos últimos anos, com inflação e juros em patamares elevados. “Isso diminuiu muito o potencial de atratividade da marca”.

Outro ponto contra, cita Felisoni, é que a cidade de São Paulo oferece uma ampla oferta de opções de bons restaurantes (osterias, trattorias etc.) e empórios (como Santa Luzia, que segue firme e forte) para o público AB.

Sob várias mãos

O Eataly ficou sob o comando do St Marche até 2022, quando passou para o controle da operadora multimarcas SouthRock, que carregava a expertise do varejo alimentar, sendo a responsável por Starbucks, Subway e TGI no Brasil, além da BAR (Brazil Airport Restaurants), focada em alimentação em aeroportos.

Contudo, em 2023, a  Southrock entrou em recuperação judicial, alegando dívidas de R$ 1,8 bilhão. O Eataly não foi incluído no processo de recuperação da SouthRock, e pouco depois passou para a gestão da Wings, que agora tem a recuperação judicial para lidar.

Procurado para comentar a situação da empresa no país, o Eataly afirma que o processo não impacta as operações da empresa, nem interfere no cumprimento de obrigações contratuais, fluxos regulares de pagamento ou nas condições previamente acordadas com parceiros e fornecedores (leia a íntegra da nota abaixo).

“O Eataly Brasil mantém, ainda, seu compromisso integral com seus colaboradores e com a excelência que caracteriza a experiência oferecida aos clientes. A empresa segue atuando com responsabilidade e consistência, com foco na sustentabilidade e no crescimento do negócio, reafirmando sua dedicação a todos os seus públicos”, diz ainda o texto.

Nova vida

Os especialistas ouvidos pela IstoÉ Dinheiro apontam para o grande desafio que a marca tem pela frente para se recuperar e manter sua operação sustentável, especialmente se considerarmos que o cenário econômico segue apertado, com juros em patamares elevados, câmbio desfavorável e pressão inflacionária.

“Os desafios para a continuidade do Eataly Brasil são grandes, exigindo estratégias sólidas para manter sua presença no mercado, acompanhada de uma gestão financeira mais eficiente”, aponta Samuel de Jesus Monteiro de Barros, reitor do Ibmec-RJ e especialista em Finanças.

Por outro lado, pondera, a marca é um forte ativo – apesar de ele estar em suspenso agora – que pode favorecer. “Sob a ótica financeira, dois aspectos se destacam. O primeiro é o valor estratégico da marca. O nome “Eataly” representa um ativo relevante para os investidores, atraindo consumidores que buscam uma experiência gastronômica de padrão internacional. Além disso, no terceiro trimestre de 2024, a operação brasileira voltou a atingir o break-even, mesmo com um faturamento abaixo da média histórica — um indicativo de viabilidade para o negócio”.

Contudo, diz Cristina, da Gouvêa, o cenário econômico apertado vale para todos os players. A solução agora, diz, passa por investimento em marketing e em gerar fluxo.

“Aquele lugar precisa de muito tráfego. Então precisa atrair as pessoas, lançar promoções, mais atrativos. Por mais que a empresa tenha 10 anos de presença no Brasil, são 10 anos de muitos solavancos também. Precisa de um trabalho de recuperação e investimento em marketing, brigar por produto e tráfego. E tirar vantagem de que o local também é atrativo turístico. O consumidor gosta de ver as coisas vivas e pujantes, e eles têm que entregar essa experiência”.

Já Claudio Felisoni, do Ibevar, vê com mais reticência o futuro da empresa por aqui. “O conceito que eles estão trouxeram de fora não deu certo. Essa experiência da forma como foi estruturada não funcionou. Esse modelo, em que pese o fato da pandemia, inflação e renda real comprimida, mercado competitivo, tudo isso é verdade. Mas esse modelo não funcionou. Eu diria que eles teriam que repensar, tem que repensar o modelo. Não vai ser fácil encontrar investidor”.

Filiais da Itália pelo mundo

O Eataly nasceu em Turim, na Itália, em 2007, fundado por Oscar Farinetti. Atualmente tem mais de 40 unidades pelo mundo, sendo considerado o maior centro gastronômico italiano do mundo. Suas lojas, principalmente nos Estados Unidos e na Itália, costumam ser ponto turístico das cidades.

Confira a nota do Eataly na íntegra:

O Eataly Brasil informa que a questão relacionada ao direito de uso da marca no país está em processo de arbitragem. O caso permanece sob sigilo, sem decisão definitiva até o momento, e será analisado pelas instâncias competentes. A empresa reafirma seu compromisso em cumprir integralmente a legislação vigente e respeitar as determinações judiciais e arbitrais aplicáveis.

Além disso, o Eataly Brasil solicitou um pedido de Recuperação Judicial com o propósito de viabilizar a continuidade do processo de mediação com credores, buscando a melhor solução para créditos em aberto. Essa decisão reflete o compromisso da empresa com uma negociação estruturada, que proporcione um acordo seguro, ágil e equilibrado para todas as partes envolvidas.

É importante destacar que esse processo não impacta as operações da empresa, nem interfere no cumprimento de obrigações contratuais, fluxos regulares de pagamento ou nas condições previamente acordadas com parceiros e fornecedores.

O Eataly Brasil mantém, ainda, seu compromisso integral com seus colaboradores e com a excelência que caracteriza a experiência oferecida aos clientes. A empresa segue atuando com responsabilidade e consistência, com foco na sustentabilidade e no crescimento do negócio, reafirmando sua dedicação a todos os seus públicos.

Petrobras informa que FPSO Almirante Tamandaré iniciou produção no pré-sal

 

 

A Petrobras informou que o FPSO (navio-plataforma) Almirante Tamandaré (Búzios 7) entrou em produção neste sábado no Campo de Búzios, no pré-sal da Bacia de Santos. Esta é a primeira unidade de alta capacidade a ser instalada no campo, com potencial para produzir diariamente até 225 mil barris de óleo (bpd) e processar 12 milhões de metros cúbicos de gás.

De acordo com comunicado da companhia, ao todo, serão 15 poços, sendo 7 produtores de óleo, 6 injetores de água e gás, 1 conversível (produtor e injetor) e 1 injetor de gás, interligados à plataforma por meio de uma infraestrutura submarina.

“O FPSO Almirante Tamandaré é parte do sexto sistema de produção de Búzios e contribuirá para que o campo alcance a produção de 1 milhão de barris de óleo por dia, previsto para o segundo semestre de 2025. Em breve, espera-se que se torne o maior campo de produção da Petrobras, com a expectativa de alcançar o marco de 2 milhões de barris por dia até 2030”, diz a estatal no documento.

A unidade foi afretada junto à SBM Offshore e, além de apresentar capacidade acima da média das unidades da indústria, conta com tecnologias de descarbonização.

O consórcio de Búzios é composto por Petrobras (operadora), as empresas parceiras chinesas CNOOC, CNODC e a PPSA, empresa gestora dos contratos de partilha da produção.

‘Não é hora de mexer nos portfólios, mas quadro pode melhorar’, diz estrategista da InvestSmart

 

Já é possível observar alguns sinais de que há uma desaceleração da atividade econômica doméstica e, se isso se mantiver, o Banco Central pode não apertar a política monetária tanto quanto o esperado e, consequentemente, os ativos de risco vão se beneficiar. No entanto, esses sinais ainda não são fortes o suficiente para provocar mudanças no portfólio de investimentos. A avaliação é de Monica Araújo, estrategista de Alocação da InvestSmart.

“Desde meados de janeiro, estamos vendo um conjunto de dados que começa a indicar que a atividade econômica do Brasil está desacelerando um pouco antes do que os economistas esperavam. Ainda é um processo lento, mas se isso realmente acontecer e houver certa dificuldade de repasse de preços, podemos ver no horizonte que o Banco Central olha inversão de expectativas para a inflação futura e a Selic talvez não precise chegar ao nível de 15,5% ou 16%”, afirmou Araújo, em entrevista ao Broadcast Investimentos durante o Smart Summit, evento realizado pela InvestSmart e pela AZ Quest, e que ocorre hoje no Rio de Janeiro.

Segundo a estrategista, também houve uma acomodação do câmbio, o que contribui para o processo de revisão para baixo dos índices de inflação, mas o cenário “ainda está incipiente”. “Talvez possamos ver esse processo se consolidando no segundo semestre, sem precisar chegar a uma taxa básica de juros tão elevada”, diz Araújo, destacando que isso é um bom quadro para os ativos de risco.

“Ainda é prematuro rever os portfólios. A Selic deve chegar a 14,25% na próxima reunião e o Banco Central não para de forma abrupta, veremos algum ‘resíduo’ de aumento dos juros. Se virmos que esse movimento de desaceleração começa a fazer efeito na economia, podemos visualizar que o BC não precise ir tão longe. Mas hoje, mudar a estratégia, ainda não. O investidor precisa estar atento”, afirma Araújo.

A estrategista diz que a renda fixa segue atraente, com o atual nível de Selic remunerando bem, e olha para os vencimentos mais curtos, com liquidez, que possibilitem movimentações para a busca de oportunidades no caso de mudança de percepção.

*A repórter viajou a convite da InvestSmart

Reunião do Brics em julho será no Rio de Janeiro, anunciam Paes e Mauro Vieira

 

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, anunciaram que a capital fluminense sediará a reunião dos chefes de Estado do Brics, nos dias 6 e 7 de julho deste ano. Na postagem, neste sábado, 15, na rede social X, Paes incluiu um vídeo em que Vieira dá a notícia.

“Agora é oficial! Brics no Rio! Obrigado presidente Lula e ministro Mauro Vieira! Estamos muito orgulhosos de receber esse grande encontro em nome de todos os brasileiros e brasileiras”, escreveu o prefeito.

No vídeo, Paes aparece ao lado de Vieira e diz que o anúncio é uma “grande notícia” e um “presente” para o Rio. Em seguida, Vieira afirma ter “grande prazer” em estar com o prefeito e em “estreitar essa colaboração, essa parceria, entre o governo federal e o Rio de Janeiro”.

“Receberemos na cidade do Rio de Janeiro chefes dos 20 países que integram o Brics, nas duas categorias de membros plenos e parceiros”, declarou o ministro. Vieira prosseguiu: “Vamos tomar decisões muito importantes para o desenvolvimento de todos esses países, para a cooperação e a melhoria da condição de vida de todos os habitantes desses países”.

Na sequência, Vieira afirmou que o Rio será, mais uma vez, “palco de uma reunião internacional”. Paes agradeceu ao governo pelo reconhecimento do “protagonismo” e da “face internacional” da capital fluminense. O prefeito também aproveitou para pedir que o governo decrete o Rio de Janeiro como a “capital honorária do Brasil”.

“A gente se sente muito orgulhoso de representar todos os brasileiros com as belezas da nossa cidade, com os seus desafios, ninguém aqui é inocente nem ingênuo, mas é uma cidade muito especial”, afirmou Paes. “Rio, mais uma vez, capital do mundo. Foi G20 ano passado, agora Brics. E quem sabe eu consiga o decreto presidencial dizendo Rio, capital honorária do Brasil”, completou.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

Unilever Brasil nomeia Daniela Pereira como nova líder de mídia




Imagem destaque: Unilever Brasil nomeia Daniela Pereira como nova líder de mídia
Crédito: Divulgação / Unilever



 Na companhia desde 2023, Daniela Pereira passa a liderar, a partir de março, a área de mídia como um todo da Unilever Brasil. Atualmente, a executiva é diretora de digital e mídia para a unidade de negócio de Cuidados com a Casa na América Latina. 

Em sua nova função, a profissional terá a missão de seguir no comando de projetos de mensuração de mídia, para garantir assertividade e eficiência dos trabalhos para as marcas. Ainda, Daniela estará a frente da Unicell, hub de inteligência de mídia do anunciante que atende todas as suas unidades de negócio, centralizando a negociação com os diferentes canais. 

Antes da Unilever, a executiva teve passagens pela Sanofi, Danone, Boehinger Ingelheim e agência Grey Group.


Fonte: Meio e Mensagem 

 

Sem citar Margem Equatorial, Marina defende investimentos em energia limpa e papel do Ibama

 Brazilian presidential candidate for the REDE party, Marina Silva, speaks during a technological forum in Sao Paulo, Brazil, on August 7, 2018

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, defendeu, nesta sexta-feira, 14, que o Brasil invista em energia limpa e na transição energética. Também citou dados de redução do desmatamento e a importância do Ibama e do ICMBio nessas ações de combate. O discurso, realizado em cerimônia ao lado do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, foi feito em meio a embates no governo sobre a liberação da pesquisa para a exploração de petróleo na Margem Equatorial, na Bacia da Foz do Amazonas.

Lula passou a defender publicamente e de forma enfática a liberação para a pesquisa na região. Tem o apoio do Ministério de Minas e Energia e de vários políticos importantes, como o novo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Nesta semana, o presidente chegou a dizer que há um “lenga-lenga”, que seria por parte do Ibama, para liberar os estudos.

Apesar de não citar a Margem Equatorial em nenhum momento em seu discurso, Marina Silva fez questão de enaltecer o trabalho do mesmo Ibama nas ações de combate ao desmatamento.

“Nós assumimos o compromisso de desmatamento zero até 2030. Já tivemos redução de 45% na Amazônia, 27% na Mata Atlântica, de 77% no Pantanal e de 48% no Cerrado. Isso é o esforço inicial para que a gente chegue ao desmatamento zero, fazendo com que o desmatamento, que estava fora de controle, voltasse a ter combate, aumentando as ações de fiscalização do Ibama em 96%, do ICMBio em quase 200%”, disse a ministra. “O Brasil é o País que pode dar uma grande contribuição para o desenvolvimento sustentável, como a gente pode fazer as coisas provando que é possível compatibilizar a proteção da floresta e o seu uso”, declarou.

Na quinta-feira, 13, Lula disse que sonha com o fim do uso de combustíveis fósseis, mas que “esse dia está longe ainda”. “Eu sou favorável e sonho que um dia a gente não precise de combustível fóssil. Acho que um dia não vamos precisar. Mas esse dia está longe ainda. A humanidade vai precisar (de) muito tempo”, disse o presidente em entrevista a uma rádio do Amapá.

Para a ministra do Meio Ambiente, no entanto, o Brasil tem a oportunidade de receber grandes aportes de recursos justamente em empreendimentos de energia limpa, não de combustíveis fósseis.

“Podemos dizer que o Brasil pode ser o endereço dos melhores investimentos. A China se constitui hoje como o País de maior contribuição em tecnologia para transição climática. O Brasil pode ser o endereço dos melhores investimentos, porque tem energia limpa e tem que continuar investindo na descarbonização da sua matriz energética, inclusive com hidrogênio verde. Não apenas para exportar, mas usar essa energia limpa para transformar nossa matéria-prima em riqueza e produtos materiais”, declarou Marina.

Nesta sexta-feira, 14, em entrevista a uma rádio de Belém, o presidente Lula disse que Marina é “muito inteligente” e “jamais será contra” a exploração de petróleo na Margem Equatorial, mas que a questão é “como fazer” a pesquisa e a exploração de modo a não causar danos ambientais. “Tenho certeza de que a Marina jamais será contra, porque ela é muito inteligente. Não é que ela não queira fazer, mas é como fazer. Esse como fazer é uma coisa que eu quero, ela quer e você quer. Como fazer para não sermos predatórios com a nossa querida Amazônia. Por isso vamos fazer com muita responsabilidade. E se tiver petróleo, vamos ter mais dinheiro para fazer educação, saúde, ciência e tecnologia, mais gente no Ibama, professor, médico”, afirmou.

Desde que o presidente intensificou a pressão em relação à liberação para pesquisas na Margem Equatorial, Marina não deu declarações públicas sobre o tema, seja para ser a favor ou contra.

Luiza Trajano provoca Galípolo em evento na Fiesp e pede que BC pare de aumentar juros

 

A empresária Luiza Trajano, do Magazine Luiza, pediu ao presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, que não comunique novos aumentos na taxa básica de juros, a Selic.

“Eu vou pedir pra ele não comunicar mais que vai ter aumentos de juros, porque aí já atrapalha tudo desde o começo”, disse Trajano durante um encontro entre o chefe de política monetária e empresários na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) nesta sexta-feira, 14. O pedido, em tom espontâneo e bem humorado, provocou risadas dos presentes.

Durante o encontro, Gabriel Galípolo buscou defender o papel técnico do Banco Central, comentou o cenário internacional e os dados da economia brasileira. Em seguida, foi aberto para comentários de empresários.

Trajano não estava sozinha

Outros empresários queixaram-se do patamar dos juros. O primeiro a falar e a criticar foi Eugênio Staub, dono da Gradiente. “O segmento industrial declinou e não tem perspectiva de uma reação do mercado a curto prazo por diversas razões, e uma delas é custo financeiro. Não é possível investir em indústria a uma taxa real de 8, 10 ou mais por cento.”

Staub elogiou o trabalho de Galípolo, porém disse acreditar que “problemas estruturais” necessitam de um “pacto nacional” para serem resolvidos e alavancarem novamente a indústria.

Trajano afirmou concordar com Staub e comentou o impacto dos juros no seu setor de atuação. “O varejo é o primeiro que sofre e o primeiro que demanda. A pequena e média empresa não aguenta mais viver com isso. Não tem condição, e é ela que gera emprego”, disse. “Essa forma não está dando certo. A gente tem que pensar fora da caixa. Nós temos que sair do diagnóstico e ir pra ação, se não vamos ter pra sempre o Brasil do futuro.”

Galípolo defende BC

Em sua fala de encerramento, Galípolo não respondeu diretamente às críticas, porém defendeu as decisões da autarquia como importantes para combater a inflação. “A defesa da moeda é o mandato do Banco Central e é um mandato que o Banco Central não vai se desviar”, disse.

Assim como Staub, o presidente do BC  também citou “problemas estruturais” e disse ser necessário buscar soluções para além da política monetária. “Tenho certeza que todo mundo tem o mesmo objetivo e o diálogo, a troca de ideias e ouvir as opiniões sempre é muito importante para que a gente possa fazer essa construção”, concluiu.