sábado, 8 de março de 2025

Trump pede que Apple acabe com políticas de diversidade após acionistas votarem a favor

 

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pediu nesta quarta-feira que a Apple elimine suas políticas de diversidade, equidade e inclusão (DEI), um dia depois que os acionistas da fabricante do iPhone votaram de forma esmagadora para mantê-las diante da crescente resistência de grupos conservadores.

Grandes empresas dos EUA, incluindo a Meta e a Alphabet, abandonaram as iniciativas de DEI quando Trump voltou à presidência.

Trump chamou as medidas de discriminatórias e sugeriu que o Departamento de Justiça pode investigar se tais iniciativas violam a lei.

“A Apple deveria se livrar das regras do DEI, não apenas fazer ajustes nelas. O DEI foi uma farsa que foi muito ruim para o nosso país. O DEI acabou!!!” Trump escreveu em uma publicação no Truth Social que estava em letras maiúsculas.

A Apple não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

A votação de terça-feira na reunião anual da fabricante do iPhone foi vista como um teste das opiniões dos acionistas sobre os programas DEI, que muitas empresas adicionaram ou reforçaram a partir de 2020 em meio ao movimento Black Lives Matter.

Os defensores dessas políticas dizem que elas tratam de preconceitos, desigualdade e discriminação de longa data. Mas os proponentes da proposta contra o DEI da Apple argumentaram que mudanças legais recentes poderiam resultar em um aumento nos casos de discriminação se a Apple mantivesse tais políticas.

Trump emitiu um decreto em janeiro para acabar com as iniciativas de DEI no governo federal e no setor privado, afirmando que tais esforços discriminam outros norte-americanos, inclusive homens e pessoas brancas, e enfraquecem a importância do mérito na contratação ou promoção de empregos.

A Apple disse que tinha um esforço ativo de supervisão para evitar riscos legais e que a proposta restringia inadequadamente a administração.

A empresa divulga dados sobre a diversidade da força de trabalho, mas não estabelece metas ou cotas, concentrando seus esforços de DEI em programas como uma iniciativa de justiça racial que apoia faculdades e universidades historicamente negras nos EUA.

A “força da Apple sempre veio da contratação das melhores pessoas e da criação de uma cultura de colaboração, na qual pessoas com diversas origens e perspectivas se reúnem para inovar”, disse o presidente-executivo da empresa, Tim Cook, na reunião de terça-feira.

Mas ele também sinalizou que a empresa pode fazer alguns ajustes em resposta a novos desdobramentos.

“À medida que o cenário jurídico em torno dessas questões evolui, talvez precisemos fazer algumas mudanças para cumpri-las, mas nosso lema de dignidade e respeito por todos e nosso trabalho para esse fim nunca vacilarão”, disse Cook.

‘Diversidade não é uma moda, é uma agenda de negócios’, diz CEO da B3

 

Nos últimos meses, foram diversas as notícias sobre empresas norte-americanas que abandonaram políticas de diversidade. Com isso, fica a discussão sobre se as companhias de outros países irão seguir esse movimento.

Para Gilson Finkelsztain, CEO da B3, as práticas para promover a diversidade, equidade e inclusão não devem parar.

“Diversidade não é uma moda, não é uma agenda que ficou para trás, mas uma agenda de negócios, para manter o sucesso de longo prazo. Por isso, a gente não vai retroceder”, afirmou, durante o Toque de Campainha pela Equidade de Gênero, evento que aconteceu na B3 para celebrar o Dia Internacional da Mulher (8/3).

“A gente lidera a agenda ASG há mais de 25 anos, mostrando nosso protagonismo na entrega de produtos e serviços a todo o mercado, seja investidores ou emissores”, disse Gilson.

O executivo lembrou ainda do papel da B3 como indutora de boas práticas do mercado. Entre outras iniciativas com esse objetivo, no ano passado, a B3 lançou o Anexo ASG, um documento que incentiva e padroniza o reporte das boas práticas pelas companhias listadas. “Além disso, temos o Idiversa B3, um dos índices ASG da bolsa, com empresas que se destacam em diversidade de gênero e raça”, afirmou.

Além do trabalho de indução de mercado, Ana Buchaim, vice-presidente da B3, destacou o trabalho dentro da própria B3. No ano passado, das mais de 500 contratações feitas pela companhia, 72% foram de pessoas de grupos sub-representados.

“A B3 está firmemente comprometida com uma agenda de promoção de equidade de todos os grupos sub-representados. É papel de todas as companhias apoiar essas conversas. A B3 induz o mercado mas também pratica aqui dentro”, disse Ana. “Tenho convicção de que o mercado só evolui quando todos evoluímos juntos”.

A empresa ainda tem metas para aumentar a diversidade. “As mulheres já são 30% da liderança da B3 e a gente tem compromisso de atingir 35% de mulheres na liderança até o final de 2026”, destacou Gilson. “Temos a convicção de que um ambiente que tem característica de justiça tem melhores resultados”.

Também presente no evento, Luciana Galan, do IFC, lembrou como a agenda de diversidade e inclusão é importante para o desenvolvimento da economia global. “A inclusão econômica e social é um dos pilares do nosso grupo para erradicar a pobreza e criar um futuro sustentável”, disse. “O amplo acesso a oportunidades e ao mercado de forma equitativa é fundamental para o crescimento econômico, desenvolvimento e inovação”.

Gilson Finkelsztain. CEO da B3. (Crédito:Cauê Diniz)

Diversidade, inclusão e estratégia de negócios

Ao iniciar um debate sobre o tema durante o evento Ana Buchaim lembrou que diversidade e resultado de negócios precisam caminhar lado a lado. “A gente precisa alinhar a agenda de equidade com o resultado. Essa agenda ganha força quando a gente começa a fazer essa conexão direta. E vira o jogo em termos de resultado das companhias”, disse.

Vanessa Reis, da Great People, destacou a importância de alinhar as práticas de diversidade, equidade e inclusão à estratégia de negócios. “Uma empresa que tem isso como propósito claro e integrado consegue que agenda seja propositiva para sua estratégia de negócio. Essas empresas já entenderam que o negócio só vai ser longevo se tiver boas práticas em relação a pessoas. Porque a melhoria desse clima é para todo mundo”, disse.

Os números mostram justamente isso. Luiza Mattos, da Bain & Company, comentou os resultados de um estudo que a consultoria fez recentemente e que contou com mais de mil entrevistas. “As empresas com maior diversidade têm mais inovação, melhor capacidade de trazer o cliente para o centro, e um NPS (ou seja, a chance de ser recomendada pelos colaboradores) 3 vezes maior. Além de ser a coisa certa a se fazer, vale realmente a pena”, disse.

Para Renato Meirelles, do Instituto Locomotiva, as empresas brasileiras, diferente das norte-americanas, têm um incentivo a mais para trazer a diversidade para dentro de casa. “O Brasil tem um mercado formado por mulheres que movimenta mais de R$ 1 trilhão. Um mercado formado pela população negra que também movimenta R$ 1 trilhão. Isso faz com que as empresas brasileiras entendam a diversidade e inclusão, nem que seja pela força de seu mercado consumidor, de uma forma diferente”, disse.

“O grande problema das empresas norte-americanas, e que pode ser um desafio para empresas brasileiras, é que não existem mulheres negras em espaços de poder. Se houvesse mais, o retrocesso lá não aconteceria. Esse é o avanço necessário para ser de fato sustentável a agenda de diversidade e inclusão”, completou Meirelles.

Outro desafio é avançar mais rápido e incentivar mais empresas a se engajarem nesse propósito. “Infelizmente, às vezes o tema de DE&I é visto como agenda assistencialista. Mais de 50% das empresas não têm medições claras. Se você inicia uma estratégia e não cria indicadores, não consegue colocar em prática”, comentou Vanessa, da Great People.

“Por mais que tenha crescimento de representatividade (das mulheres) na base, isso caminha muito mais devagar na alta liderança. No Brasil, aumentou de 3% para 6% o número de empresas com mulheres CEOs, mas ainda significa que um homem tem 15 vezes mais chances de se sentar na cadeira de CEO que uma mulher”, completou Luiza.

Leia a reportagem completa no B3 Bora Investir, parceiro de IstoÉ Dinheiro.

quarta-feira, 5 de março de 2025

China suspende importação de soja de 3 empresas dos EUA

 

São Paulo, 5 – A Administração-Geral de Aduanas da China (GACC) suspendeu, na terça-feira, 4, a importação de soja de três empresas dos Estados Unidos, conforme nota do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA). A suspensão ocorreu em virtude de detecções recentes de esporão-do-centeio (ergot) e agentes de revestimento de sementes nas remessas de oleaginosa norte-americanas.

As empresas afetadas foram CHS Inc., Louis Dreyfus Grains Merchandising e EGT LLC.

Segundo nota do GACC, a medida pretende”proteger a saúde dos consumidores chineses e garantir a segurança dos alimentos importados”.

Ainda na terça, a China introduziu novas tarifas retaliatórias sobre certos produtos agrícolas dos EUA.

De acordo com o USDA, essas tarifas se aplicarão a 740 itens, com taxas adicionais de 10% e 15%.

A soja está sujeita à tarifa de 10%. A medida ocorre em resposta à decisão dos Estados Unidos de impor uma tarifa de 10% sobre todas as exportações chinesas, com efeito a partir de 4 de março.

Trump está inclinado a excluir o mercado do USMCA das tarifas, diz secretário dos EUA

 

 

 

O secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick, reiterou em entrevista para a Fox News nesta quarta-feira, 5, que o presidente dos EUA, Donald Trump, está inclinado a excluir o mercado do Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA, na sigla em inglês) das tarifas impostas na terça-feira, 4.

Lutnick ainda disse que Trump está propenso a adiar tarifas sobre os fabricantes de automóveis de seus países vizinhos por até um mês.

Dólar recua a R$ 5,80, em linha com exterior e PMIs do Brasil positivos

O dólar abriu em forte queda no mercado à vista nesta quarta-feira, 5, acompanhando a desvalorização da divisa norte-americana no exterior. Investidores precificam perspectivas de queda de juros de 75 pontos-base pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) em 2025, com início mais provável de retomada de corte em junho, após a divulgação do relatório ADP sobre criação de empregos no setor privado, que veio abaixo das expectativas em fevereiro.

Também está no radar dos operadores a possibilidade de negociações das tarifas dos EUA às importações de México e Canadá no período da tarde.

Aqui no Brasil, há otimismo na esteira dos índices dos gerentes de compras (PMIs, na sigla em inglês) industrial e de serviços apontando retomada do setor privado no País. E as perspectivas de crescimento da China de 5% para 2025 também favorecem a recuperação do real e pares emergentes ligados a commodities.

As perdas do petróleo entre 3,3% e 4% há pouco e de mais de 1% do minério de ferro são contrapontos.

Às 13h13, o dólar à vista caía 1,87%, a R$ 5,8063. O dólar futuro para abril cedia 1,27%, a R$ 5,8350.

‘Estamos só começando’: As palavras de Trump em seu 1° discurso ao Congresso dos EUA

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez na noite de terça-feira, 4, seu primeiro pronunciamento ao Congresso americano desde que assumiu seu segundo mandato, dirigindo elogios ao seu próprio governo, reforçando ameaças de tomar a Groenlândia e o Canal do Panamá e de impor mais tarifas de importação contra outros países – mencionando nominalmente o Brasil.

“Em 43 dias, conseguimos mais do que a maioria dos governos conseguem em quatro ou oito anos, e estamos só começando”, disse Trump. “O sonho americano está emergindo, maior e melhor do que nunca. O sonho americano é imparável, e nosso país está à beira de um ressurgimento como o mundo nunca presenciou, e talvez nunca volte a presenciar”, acrescentou Trump, num pronunciamento que durou uma hora e quarenta minutos – o mais longo entre todos os presidentes pelo menos desde 1964.

Falando a parlamentares dos partidos Republicano e Democrata das duas Casas do Congresso, Trump também exibiu um comportamento semelhante ao da última campanha eleitoral, dirigindo ataques ao seu antecessor, o democrata Joe Biden, e o que chamou “lunáticos radicais de esquerda”, além de celebrar a saída do seu país de organismos internacionais como a Organização Mundial da Saúde (OMS). Trump ainda criticou políticas de diversidade e agradeceu ao bilionário Elon Musk, que acompanhou o discurso e que vem promovendo cortes radicais de gastos do governo dos EUA.

Em relação à guerra da Ucrânia, Trump afirmou que o país sob ataque dos russos está pronto para assinar um acordo para a exploração de minerais estratégicos – algo que deveria ter acontecido na última sexta-feira, antes da reunião entre o presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, e Trump se transformar num bate-boca público. Trump acrescentou que “simultaneamente, teve discussões sérias com a Rússia e recebeu fortes sinais de que Moscou está pronta para a paz”.

Quase todas as falas de Trump foram aplaudidas com entusiasmo pelos membros do Partido Republicano. Mas, minutos após o início do discurso, um protesto começou. O deputado democrata Al Green, do Texas, acabou sendo expulso do Plenário após interromper a fala do presidente. Paralelamente, membros do seu partido exibiram, silenciosamente, placas contendo críticas ao governo Trump.

Ameaças de novas tarifas

No discurso, Trump, afirmou que outras nações usam medidas tarifárias contra os EUA há anos e que agora chegou a hora “de usá-las contra outros países”. Trump, que horas antes havia aprovado aumentos de tarifas de até 25% contra importações mexicanas, canadenses e chinesas, também sinalizou que pode impor medidas semelhantes contra a União Europeia, a Coreia do Sul, o Brasil e a Índia.

“Outros países têm usado tarifas contra nós há décadas e agora é a nossa vez de começar a usá-las contra esses outros países. Em média, a União Europeia, a China, o Brasil, a Índia, o México e o Canadá – você já ouviu falar deles? E inúmeras outras nações nos cobram tarifas tremendamente mais altas do que as que cobramos deles.”

“É muito injusto. A Índia nos cobra tarifas sobre automóveis superiores a 100%. A tarifa média da China sobre nossos produtos é o dobro da que cobramos deles. E a tarifa média da Coreia do Sul é quatro vezes maior. Pense nisso. Quatro vezes mais. E nós ajudamos tanto militarmente e de muitas outras formas a Coreia do Sul. Mas é isso que acontece. Isso está acontecendo entre amigos e inimigos”, completou Trump.

Groenlândia e Canal do Panamá

Em suas falas, Trump voltou a mencionar suas ambições territoriais de anexar a Groenlândia – uma região autônoma da Dinamarca – e retomar o controle do Canal do Panamá. Sobre o território dinamarquês, Trump afirmou que pretende estender o controle americano de “de uma forma ou de outra”.

“Tenho uma mensagem esta noite para o incrível povo da Groenlândia. Apoiamos firmemente seu direito de determinar seu próprio futuro. E, se assim desejarem, nós os receberemos nos Estados Unidos da América. Precisamos da Groenlândia para a segurança nacional e até mesmo para a segurança internacional. E estamos trabalhando com todos os envolvidos para tentar obtê-la. Mas realmente precisamos dela para a segurança mundial internacional. E acho que vamos conseguir tê-la – de uma forma ou de outra, vamos tê-la. Nós os manteremos seguros. Nós os enriqueceremos. E, juntos, levaremos a Groenlândia a patamares nunca antes imaginados. É uma população muito pequena, mas um pedaço de terra muito, muito grande e muito, muito importante para a segurança militar”, disse Trump.

Sobre o Canal do Panamá, cujo controle os EUA cederam para o país da América Central em 1999 após um acordo firmado no governo do presidente americano Jimmy Carter (1977-1981), Trump afirmou que pretende “pegá-lo de volta”. “O projeto mais caro que já foi construído na história de nosso país, se compararmos com os custos atuais. Foi doado pelo governo Carter por 1 dólar. Mas esse acordo foi severamente violado. Não demos [o canal] para a China; demos para o Panamá, e o estamos pegando de volta.”

Combate à cultura “woke”

Trump ainda elogiou o seu próprio governo por acabar com políticas de inclusão no governo federal e o que chamou de “tirania da chamada diversidade”. “Acabamos com a tirania das chamadas políticas de diversidade, equidade e inclusão em todo o governo federal. E, de fato, no setor privado e em nossas Forças Armadas”, afirmou.

“Removemos o veneno da teoria racial crítica de nossas escolas públicas e assinei uma ordem tornando a política oficial do governo dos Estados Unidos que existem apenas dois gêneros: masculino e feminino. Também assinei uma ordem executiva para proibir os homens de praticar esportes femininos”, acrescentou.

“Estamos tirando a [cultura] woke de nossas escolas e de nossas Forças Armadas, e ela já está fora e fora de nossa sociedade, não a queremos. A [cultura] woke é um problema, é ruim, e ela se foi. Foi-se. E nos sentimos muito melhor por isso, não é mesmo? Não nos sentimos melhor?”

Ele alegou ainda que os membros do serviço militar dos EUA “não serão ativistas e ideólogos, serão lutadores e guerreiros, lutarão por nosso país.”

Trump também pediu uma aplicação mais forte da lei nas cidades dos EUA, alegando que “nosso sistema judiciário foi virado de cabeça para baixo por lunáticos da esquerda radical”. Ele também defendeu por uma maior proteção jurídica para os policiais, incluindo “imunidade contra processos” e exortou o Congresso americano a aprovar a pena de morte para quem matar policiais.

Guerra da Ucrânia e reaproximação com Rússia

Donald Trump voltou a repetir uma falsa alegação que tem feito recorrentemente, de que os Estados Unidos gastaram “350 bilhões de dólares” para apoiar a Ucrânia, enquanto a Europa coletivamente teria fornecido “apenas 100 bilhões de dólares” em ajuda para Kiev.

Contudo, o Instituto de Kiel para a Economia Mundial, um think tank alemão aponta que os números são bem diferentes. Segundo o levantamento, países da Europa, quando combinados, direcionaram 138,7 bilhões de dólares em ajuda militar e humanitária para a Ucrânia entre janeiro e 2022 e o fim e 2024. Os EUA, segundo a pesquisa, direcionaram 119,7 bilhões.

No mesmo discurso, disse estar trabalhando “incansavelmente para acabar com o conflito selvagem na Ucrânia”. A fala ocorreu no mesmo dia em que seu governo suspendeu o envio de novos pacotes de ajuda militar para Kiev e após semanas de reaproximação entre a Casa Branca e o Kremlin, o que tem alarmado boa parte da União Europeia e liderança ucraniana, que temem que Trump esteja prestes a abandonar completamente a Ucrânia para os russos.

“Se você quer acabar com as guerras, você tem que falar com ambos os lados”, argumentou ainda o republicano, defendendo a sua reaproximação com Moscou.

Trump ainda afirmou na terça-feira que recebeu uma “carta importante” de Zelenski, manifestando disponibilidade para retomar as negociações para a paz e para assinar o acordo de minerais. “Nós realmente valorizamos o quanto a América fez para ajudar a Ucrânia a manter a sua soberania e independência. Em relação ao acordo sobre minerais e segurança, a Ucrânia está pronta para assiná-lo a qualquer momento que seja conveniente”, leu Trump.

Contudo, o conteúdo da alegada carta de Zelenski é o mesmo que o líder ucraniano publicou horas antes numa publicação nas suas redes sociais. Trump disse ainda que estava agradecido pela carta, acrescentando que “simultaneamente, teve discussões sérias com a Rússia e recebeu fortes sinais de que Moscou está pronta para a paz”.

Trump e Zelenski estavam prestes a assinar um acordo para a exploração de recursos naturais ucranianos na última sexta-feira, mas a assinatura foi interrompida depois de um tenso bate-boca entre os dois líderes no Salão Oval da Casa Branca.

O tema da Ucrânia surgiu apenas 90 minutos após o início do discurso de Trump. No seu pronunciamento, Donald Trump sugeriu ainda que o líder russo, Vladimir Putin, se sentiu à vontade para invadir a Ucrânia por causa da forma como o governo Joe Biden lidou com a retirada dos Estados Unidos do Afeganistão. Trump criticou duramente a saída caótica do Afeganistão conduzida pelo antecessor, em agosto de 2021, episódio que resultou na morte de 13 militares americanos.

“Quando Putin viu o que aconteceu, acho que ele disse: ‘bem, talvez esta seja a minha oportunidade’, de tão mau que foi. Nunca deveria ter acontecido. Pessoas grosseiramente incompetentes”, criticou Trump, referindo-se aos membros do governo Biden.

 

Bancos retomam contratação de financiamento equalizado do Plano Safra 2024/25

Plano Safra para grandes produtores rurais soma R$ 400 ...

Após o governo liberar R$ 4,178 bilhões em crédito extraordinário para operações de crédito oficial do Plano Safra, bancos que operam o crédito subsidiado na safra atual 2024/25 retomam as novas contratações de financiamentos com taxas equalizadas pelo Tesouro. O Broadcast Agro (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) procurou os bancos com maior volume de crédito equalizado na safra para confirmar o retorno das operações. A retomada ocorre após a suspensão temporária das contratações pelo Tesouro, que durou de 21 a 25 de fevereiro. Cerca de R$ 50 bilhões de recursos subsidiados do Plano Safra estavam bloqueados em virtude da suspensão das linhas.

Na safra atual, R$ 138,235 bilhões em recursos foram equalizados pelo Tesouro. Ao todo 25 instituições financeiras estão aptas a operar os recursos subsidiados. Na semana passada, o Banco Central comunicou a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) que as contratações das linhas subsidiadas do Plano Safra já foram reativadas.

O Banco do Brasil, que responde por 45% do crédito equalizado, informou que novas contratações com recursos equalizados foram normalizadas. O BB detém a maior fatia de crédito equalizado na safra, com R$ 60,185 bilhões. Deste montante, 65% já foi aplicado, segundo o banco. De acordo com o banco, durante o período em que houve a suspensão parcial, foram desembolsados R$ 2,2 bilhões nas demais modalidades de crédito disponíveis, o que inclui financiamentos de linhas equalizadas contratadas antes da suspensão.

Atrás do BB, o BNDES tem o segundo maior volume de crédito disponível na safra atual, com R$ 33,486 bilhões. Em circular, o banco informou aos agentes que operam suas linhas a reabertura do protocolo de pedidos de financiamento e a retomada da contratação de novas operações de crédito rural subvencionadas do Plano Safra 2024/25 a partir de 6 de março, conforme a disponibilidade orçamentária de cada programa ou linha de financiamento. A medida não se restringe às linhas de custeio do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), nas quais os protocolos de financiamentos permanecem normalmente admitidos.

Entre os bancos cooperativos, o Sicredi lidera em volume de crédito subsidiado, com R$ 9,836 bilhões. O banco informou à reportagem que o fluxo das suas operações de crédito rural equalizado não sofreu “impacto significativo”. “A normalidade foi retomada em dois dias úteis, assim que recebemos a liberação para voltar a operar em linhas equalizadas”, disse o Sicredi.

Já alguns bancos privados ainda buscam se adaptar às normativas do Tesouro. “Há ajustes que precisam ser feitos para controle dos novos recursos, os quais estamos implementando e depois voltamos a contratar”, disse o diretor de uma instituição financeira. A expectativa era de finalizar os ajustes e retomar as operações na volta do feriado de carnaval.

O Tesouro determinou que as novas contratações tenham apuração específica para cálculos de valores de equalização, devendo as instituições financeiras separarem os valores de financiamentos equalizados antes da suspensão e após a autorização da retomada das contratações.