segunda-feira, 10 de março de 2025

Azul recebe primeiro Embraer E2 de 2025

 Começando 2025 com uma foto de um Embraer E195-E2 da Azul ...

A Azul acaba de incorporar mais uma aeronave Embraer 195-E2 à sua frota: “Sou do Brasil, sou Azul”, registrado sob o prefixo PS-ADB. O jato pousou no último sábado, 8, no aeroporto de Confins (MG), onde passará pelos processos de registro e certificação antes de iniciar operações em rotas da companhia.

Esse é o primeiro E2 recebido pela companhia neste ano, como resultado do investimento superior a R$ 3 bilhões para compra de novos jatos junto à Embraer. A Azul informa que, ao longo de 2025, outras aeronaves do mesmo modelo devem ser incorporadas à frota, mas sem detalhar o número de entregas.

Atualmente, a companhia é a maior operadora dos jatos modelo E195 – E2, de última geração da Embraer. Segundo a aérea, a aquisição do E2 reforça a parceria estratégica entre duas empresas. A parceria teve início em 2019, quando a Azul recebeu a primeira aeronave desse modelo.

Com a chegada do “Sou do Brasil, sou Azul”, a frota da companhia passa a contar com 212 aeronaves, sendo 31 do modelo Embraer 195-E2. O E2 transporta até 136 passageiros e oferece alta eficiência no consumo de combustível, o que contribui para a redução de até 25% nas emissões de CO2.

“O ‘Sou do Brasil, sou Azul’ representa não só a renovação do nosso compromisso com uma operação eficiente e sustentável, mas também reforça o quanto acreditamos no Brasil e na força da indústria nacional”, afirmou, por nota, o presidente da Azul, Abhi Shah.

Mercado eleva projeção de inflação em 2025 e prevê Selic subindo a 14,25% em março

 

Analistas consultados pelo Banco Central voltaram a subir a mediana de suas projeções de inflação para este ano, mas mantendo as expectativas para o nível dos preços em 2026 e uma série de outros indicadores, de acordo com a pesquisa Focus divulgada nesta segunda-feira, 10.

O levantamento, que capta a percepção do mercado para indicadores econômicos, mostrou que a expectativa para o IPCA é de alta de 5,68% ao fim deste ano, de 5,65% na pesquisa anterior, com a mediana subindo após os especialistas interromperem na semana passada uma sequência de 19 semanas consecutivas com aumentos nas projeções.

Para 2026, a projeção para a inflação brasileira se manteve em 4,40%.

O centro da meta perseguida pelo BC é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Selic e PIB

A pesquisa semanal com uma centena de economistas mostrou ainda a manutenção na expectativa para a taxa básica de juros neste ano e no próximo. A mediana das expectativas para a Selic em 2025 é de 15% — a 9ª semana consecutiva com tal previsão — enquanto para 2026 a projeção é de que a taxa atinja 12,50%.

A taxa de juros está atualmente em 13,25% e o mercado continua prevendo uma nova elevação de 1 ponto percentual, para 14,25%, na reunião deste mês do Copom, que acontece nos dias 18 e 19 de março.

A estimativa intermediária da Selic para o fim de 2027 continuou em 10,50% pela quarta semana seguida. A mediana para a Selic no fim de 2028 se manteve em 10% pela 11ª semana consecutiva.

Sobre o PIB brasileiro, a previsão é de que a economia do país cresça 2,01% neste ano, mesma projeção da semana anterior. Em 2026, a expectativa é de que a expansão seja de 1,70%, mesmo número do levantamento da semana passada.

O resultado vem na esteira da divulgação de dados do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro na semana passada, que mostrou que a atividade econômica encerrou 2024 com crescimento de 3,4%, registrando uma expansão menor do que a esperada no quarto trimestre, a 0,2%.

Os investidores também têm prestado atenção a comentários de membros do governo sobre possíveis medidas para a inflação elevada dos alimentos, que o Executivo vê como fundamentais para controlar a trajetória dos preços.

Na semana passada, o governo anunciou que vai zerar a alíquota de importação de uma série de produtos, incluindo carne, café, açúcar e milho, entre outros, como parte de uma série de medidas para reduzir os preços de alimentos.

Dólar

No Focus desta segunda, houve ainda manutenção na expectativa para o preço do dólar em 2025, a R$5,99, e estabilidade da projeção para 2026, a R$6,00.

A divisa norte-americana acumula queda ante o real de 6,31% neste ano, em movimento puxado por um processo de correção de preço, após sua disparada no fim do ano passado, e maior alívio em relação aos planos tarifários do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

sábado, 8 de março de 2025

Setor privado lançará grupo análogo ao B20, do G20, para levar contribuições à COP 30

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Empresários brasileiros e estrangeiros vão lançar um grupo semelhante ao B20 – fórum de representação do setor privado dos países que compõem o G20 – para gerar contribuições para a 30ª Conferência do Clima das Nações Unidas (COP 30).

Sob a liderança da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o grupo Sustainable Business COP 30 (SB COP) será lançado na próxima segunda-feira, 10. O anúncio ocorrerá na sede da confederação, em Brasília, e contará com a participação de autoridades do governo e empresários.

A iniciativa busca mobilizar líderes de empresas, sindicatos, associações, federações e confederações para o desenvolvimento sustentável. O presidente da CNI, Ricardo Alban, avalia que a criação desse espaço para representatividade empresarial nas negociações da COP 30 é importante, pois, o combate às mudanças climáticas só terá efeito com a participação do setor produtivo.

Sobre o Sustainable Business COP 30

O comando da Sustainable Business COP 30 sob a liderança brasileira será do ex-CEO da Raízen e da Cosan, Ricardo Mussa. Conforme a CNI, o grupo tem a meta de elaborar recomendações durante a COP 30 e apresentá-las a autoridades governamentais, formalizar compromissos do setor privado para a redução dos gases de efeito estufa (GEE) e desenvolver ações, visando de avançar em uma agenda climática positiva.

Além disso, para discutir assuntos prioritários, o SB COP contará com 6 eixos temáticos: Transição energética; Economia circular e materiais; Bioeconomia; Transição justa; Financiamento climático; e Segurança alimentar.

O secretário-executivo do grupo e superintendente de Meio Ambiente e Sustentabilidade da CNI, Davi Bomtempo, afirma que a nova iniciativa vai elencar até três recomendações. “Dessa forma, o foco poderá ser mantido e as metas, de fato, alcançadas, com transparência e comprometimento das empresas nesse processo de transição sustentável”, diz.

Mulheres em cargos de liderança ganham R$ 40 mil a menos por ano do que homens, aponta Dieese

 

Mesmo com avanço em legislações para equidade de gênero nas condições de trabalho, as mulheres ainda sofrem com remunerações menores e menos oportunidades no emprego. Um boletim especial do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) aponta que diretoras e gerentes ganharam em média por mês R$ 6.798, enquanto homens, nos mesmos cargos, R$ 10.126, uma diferença de R$ 3.328 mensais. Por ano, esse valor equivale a R$ 40 mil a menos para elas.

Conforme o Dieese, essa média representa todas as empresas do Brasil, de grandes e pequenas cidades, e gerentes e diretores de todo tipo de estabelecimento, não apenas de grandes empresas e multinacionais. Além de diretores e gerentes de grandes empresas, a pesquisa inclui gerentes de lojas e diretores de escolas, Brasil afora, e não só nas capitais.

Os dados têm como base a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do 3º trimestre de 2024. Segundo o instituto, o Brasil contava com 91,2 milhões de mulheres com 14 anos ou mais, das quais 48,1 milhões faziam parte da força de trabalho. Dessas, 44,4 milhões estavam ocupadas no período, e 3,7 milhões, desocupadas.

Na menor camada de remuneração, as mulheres que ganham até um salário mínimo são maioria, 37% contra 27% dos homens. Além disso, o rendimento médio real mensal para elas é menor: R$ 2.697, enquanto para eles, R$ 3.459. Na mesma base de comparação, no caso das trabalhadoras com nível superior, o ganho é de R$ 4.885, ou seja, R$ 2.899 a menos do que o recebido pelos trabalhadores (R$ 7.784). Além disso, conforme o levantamento, em nenhum Estado brasileiro a média da remuneração mensal feminina supera a masculina.

O tempo tem grande influência nos ganhos salariais. A jornada de trabalho semanal remunerada masculina supera a feminina em 4,3 horas. Já o trabalho feminino sem ganhos financeiros supera em 10 horas o dos homens. O boletim da Dieese mostra que as mulheres gastam 21 dias ou 499 horas a mais em um ano com afazeres domésticos.

O cenário continua desigual por conta da persistência de barreiras estruturais e culturais, avalia a sócia do escritório Vernalha e Pereira, Angélica Petian. Segundo ela, as empresas precisam criar ambientes mais inclusivos, com a “implementação de programas de mentoria para mulheres, políticas de diversidade e canais de denúncia eficazes”.

A Lei de Igualdade Salarial entre Homens e Mulheres (proposição 14.611/2023) trouxe avanços para atenuar a desigualdade de gênero nesse sentido, com mais transparência salarial e penalidades para empresas que não cumprirem determinações. Porém, ainda não é suficiente para ampliar a equidade nas remunerações entre homens e mulheres.

O Dieese aponta que, para haver mais avanços práticos é preciso que manter um debate constante e ampliar a participação de mulheres em espaços de negociações e cargos de liderança. A discussão deve ir além do Dia Internacional das Mulheres, neste 8 de março.

Brasil e EUA iniciam diálogo sobre tarifas a importações

 

Brasil e Estados Unidos iniciaram diálogos sobre as tarifas às importações anunciadas pelo presidente americano, Donald Trump, a poucos dias de entrarem em vigor, informou o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

As relações comerciais entre Brasília e Washington ficaram tensas após o anúncio do republicano de tarifas de 25% sobre as importações de aço e alumínio.

Está previsto que as novas políticas alfandegárias sejam aplicadas a partir de 12 de março.

Os impostos terão grande impacto sobre o Brasil, o segundo maior fornecedor de aço dos Estados Unidos.

Em uma conversa telefônica na sexta-feira (7), o Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, e o novo Representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer, concordaram em criar um “grupo de trabalho (…) para tratar de temas tarifários”, disse o Ministério das Relações Exteriores brasileiro em sua conta no X.

O grupo técnico prevê uma possível reunião virtual na próxima semana, acrescentou a chancelaria.

Vieira destacou o superávit comercial favorável aos Estados Unidos e o papel estratégico do Brasil como fornecedor de insumos para a indústria americana.

A conversa ocorreu um dia após o vice-presidente brasileiro, Geraldo Alckmin, ter realizado uma videoconferência com Greer e o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Howard Lutnick.

Durante a reunião, Alckmin destacou que a balança comercial bilateral é de cerca de US$ 80 bilhões (R$ 461 bilhões), com um superávit de US$ 200 milhões (R$ 1,1 bilhão) a favor dos EUA.

Também ressaltou que oito dos 10 principais produtos que o Brasil importa dos Estados Unidos são isentos de tarifas.

Ambos concordaram em realizar novas reuniões bilaterais “nos próximos dias”, de acordo com um comunicado do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio.

Após o anúncio de Trump, Lula advertiu que responderá com “reciprocidade” se Washington implementar as medidas.

“Se taxar o aço brasileiro, vamos reagir comercialmente ou vamos denunciar na OMC [Organização Mundial do Comércio] ou vamos taxar os produtos que a gente importa dele”, disse o presidente brasileiro em entrevista à Rádio Clube do Pará, em fevereiro.

O Brasil é o segundo maior fornecedor de aço dos EUA, atrás apenas do Canadá, com 4,08 milhões de toneladas exportadas a este país em 2024.

Durante seu primeiro mandato entre 2017 e 2021, Trump já havia imposto tarifas de 25% sobre o aço, que foram parcialmente eliminadas mais tarde.

Demanda da China por agro do Brasil deve crescer em meio à guerra comercial e impactar preços

 

A China deverá demandar mais mercadorias do agronegócio brasileiro, como soja, milho, algodão e carnes, já que aplicou tarifas retaliatórias aos Estados Unidos sobre esses produtos, o que também pode impactar preços das matérias-primas e custos para as indústrias frigoríficas e compradoras de grãos.

O gigante asiático irá impor uma tarifa adicional de 15% sobre carne de frango, trigo, milho e algodão dos Estados Unidos, e uma taxa extra de 10% sobre soja, sorgo, carne suína e carne bovina, entre outros produtos agropecuários norte-americanos, a partir de 10 de março.

O Brasil é o maior exportador global de soja, algodão e carnes bovina e de frango, com a China respondendo por grande parte das exportações brasileiras.

“As crescentes tensões entre os EUA e a China provavelmente levarão a China a obter mais grãos e proteínas do Brasil, potencialmente reduzindo a demanda por commodities (dos EUA) e os preços nos EUA, ao mesmo tempo em que aumentam a demanda e os preços no Brasil”, afirmou o banco Santander em relatório.

Preços no Brasil devem subir

Se preços em mercados de referência para grãos, como a bolsa de Chicago, podem ser pressionados para baixo, os prêmios sobre essas cotações desses produtos no Brasil podem fortalecer os valores.

“No primeiro momento, é possível achar que as medidas terão um ótimo impacto… já que a China vai se fixar ainda mais como um parceiro comercial estratégico da América do Sul. Mas só teremos certeza da situação com o passar do tempo”, afirmou Sergio Mendes, diretor-geral da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec).

Produtores brasileiros como a SLC Agrícola e a BrasilAgro provavelmente serão os mais beneficiados, na avaliação do Itaú BBA.

“Semelhante à guerra comercial entre a China e os EUA em 2018, acreditamos que os efeitos positivos para os agentes brasileiros listados podem se concentrar na SLC e na BrasilAgro. Qualquer demanda adicional da China pode resultar em exportações mais fortes do Brasil a preços mais altos”, afirmaram Gustavo Troyano e Bruno Tomazetto em relatório.

‘Efeito Trump’ menor do que no primeiro mandato

Apesar desse potencial, eles ressaltaram que é improvável que os impactos da guerra comercial sino-americana para o Brasil sejam da mesma dimensão daqueles vistos durante a primeira administração Donald Trump, já que atualmente as exportações brasileiras de soja para a China representam cerca de 70% do total, em comparação com 53% em 2017.

Desde a guerra comercial anterior, em 2018, produtos brasileiros como algodão e carne bovina também avançaram nas exportações para a China, respondendo no ano passado por aproximadamente 35% e 50% do total que o Brasil exportou, respectivamente.

Procurada, a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) afirmou que as mudanças têm sido “relevantes”. Mas a entidade que representa tradings e processadores de soja acrescentou que “ainda é prematuro qualquer avaliação sobre os possíveis impactos das novas medidas tarifárias anunciadas”.

Custos para indústria de carnes

Os analistas do Santander Guilherme Palhares e Ulises Argote citaram que companhias brasileiras com operações nos EUA, como a JBS, poderão ver redução de custos com a ração uma vez que a China importe menos grãos norte-americanos.

De outro lado, as unidades brasileiras poderiam ter que pagar mais pelos insumos, já que a China poderia vir com mais força em busca da soja e do milho brasileiro.

“Vemos a JBS como uma vencedora líquida no cenário de guerra comercial EUA-China. Uma mudança na demanda de importação chinesa de soja e milho pode deprimir os preços das commodities dos EUA, ao mesmo tempo em que eleva os preços brasileiros. Esse cenário deve reduzir os custos das operações de frango e carne suína da JBS nos EUA, que representam 40% do seu Ebitda”, afirmaram.

No entanto, a Seara, unidade de processados e carne de frango e suína da JBS no Brasil, que representa 20% do Ebitda da JBS, pode enfrentar desafios semelhantes aos de sua concorrente, a BRF, com a maior parte de suas operações no Brasil, segundo o Santander.

“Ambas as empresas são compradoras de ração brasileira, que pode ter os preços subindo”. Vendas maiores de carnes para o país asiático poderiam, assim, compensar apenas parcialmente o impacto de uma eventual inflação de custos para a BRF e a Seara, segundo analistas.

Para o Bradesco BBI, os EUA também desempenham um “papel um tanto limitado nas importações totais de proteína da China”, equivalente a 5% para carne bovina, 10% para carne suína e 11% para aves. “Se outros países, particularmente o Brasil, intervirem para compensar qualquer redução nas exportações dos EUA para a China, acreditamos que os benefícios provavelmente também seriam marginais”, completou.

O presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, demonstrou mais otimismo. “O Brasil vai acabar se beneficiando, especialmente no efeito preço (da carne) e rentabilidade das empresas”, disse ele à Reuters.

“Pode ter uma mudança de mercado, mas nesta troca vejo o Brasil ganhando”, acrescentou, referindo-se a embarques dos EUA que deverão ir para outros países, em vez da China.

Santin disse acreditar ainda que, em um primeiro momento, os ganhos de exportações adicionais para a China seriam maiores do que qualquer possível custo adicional com a ração. Ele citou as perspectivas de uma “boa de safra” no Brasil.

Oferta brasileira

Carlos Cogo, sócio-diretor da consultoria Cogo Inteligência em Agronegócio, destacou que a guerra comercial entre EUA e China reduzirá a competitividade dos produtos norte-americanos em relação aos do Brasil, e acrescentou que maiores prêmios sobre os preços dos grãos brasileiros, que poderiam encarecer os custos de ração, dependeriam da dinâmica entre oferta e demanda.

O Brasil está colhendo uma safra recorde de soja próxima de 170 milhões de toneladas, enquanto a Argentina vem com uma boa produção e pode concorrer com os brasileiros, lembrou Cogo.

No setor de carne bovina, embora os impactos iniciais provavelmente indiquem maior espaço para exportações de unidades brasileiras para a China, analistas do Itaú BBA avaliam que uma maior oferta nos EUA poderia resultar em preços mais fracos lá.

A JBS e Marfrig têm grande parte de suas operações de bovinos nos EUA, que também importam produtos brasileiros.

“Nesse cenário, as recentes mudanças nas exportações brasileiras de carne bovina favorecendo os EUA em detrimento da China devem ser reavaliadas no curto prazo”, afirmou o Itaú BBA.

Depois da China, os EUA são os maiores importadores de carne bovina brasileira.

Em ano de COP 30, crédito de descarbonização deve atrair novos investidores

 Descarbonização na indústria: o que é baixo carbono? | Replace

Os créditos de descarbonização (CBIOs) estão com a rota traçada para ingressar nas carteiras de investidores de todos os bolsos. A popularização desses ativos, já bastante conhecidos no agronegócio e no setor de combustíveis, depende de alguns fatores que têm perspectivas positivas para 2025. Um deles é a projeção sobre preços. Outro é o interesse de assessorias de investimento.

Neste ano, há uma expectativa de valorização devido ao desequilíbrio entre a oferta e a demanda dos créditos. Quando vier, a alta tende a chamar a atenção mesmo dos investidores menos atentos a esse mercado.

Embora não sejam maioria, já há escritórios de investimentos colocando o pé no setor. Tudo isso em um ano no qual as conversas sobre sustentabilidade e ativos “verdes” ficarão ainda mais frequentes por conta da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, a COP30, que ocorrerá em Belém (Pará) em novembro.

Histórico

Idealizado a partir da Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio), instituída pela Lei 13.576/2017, cada CBIO representa uma tonelada de dióxido de carbono (CO2) evitado. A emissão do crédito é feita por produtores de combustíveis renováveis – como etanol, biodiesel e biometano – e o comprador obrigatório desses títulos são empresas distribuidoras de combustíveis fósseis poluentes, para compensar suas emissões.

Para 2025, o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) definiu que as distribuidoras terão de comprar 40,39 milhões de CBIO. A meta é desdobrada pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que considera a participação de cada distribuidora no mercado. No ano passado, das 163 distribuidoras com metas, 97 cumpriram integralmente seus compromissos, cinco atingiram pelo menos 85% – e poderão compensar o restante em 2025 – e 61 não cumpriram e serão autuadas.

Oferta x Demanda

Na avaliação de Antonio Pontes, responsável de Produtos/Corporate & Investment Banking e sócio da The Hill Capital, não haverá oferta de créditos suficiente este ano para suprir a demanda. “A meta do CNPE é de 40,39 milhões de CBIO, enquanto a projeção de emissões está estimada em 40 milhões”, diz o executivo. Segundo relatório do Itaú BBA de dezembro de 2024, a oferta deve ficar em 40,2 milhões neste ano. “Além disso, as distribuidoras carregam metas atrasadas, através de liminares para prorrogá-las. Considerando tudo, a conta não fecha e deve levar a uma alta do preço do CBIO”, acrescenta Pontes.

Na The Hill Capital, escritório ligado ao BTG Pactual, a atuação é tanto pela parte emissora e vendedora de CBIO quanto pela parte obrigada a comprar os créditos. Trata-se de uma vertical recente, segundo Pontes, mas que já representa um volume de negócios relevante. Isso porque para uma empresa com faturamento anual na casa de R$ 1 bilhão – e as empresas que precisam descarbonizar são as de grande porte -, a meta fica em torno de 150 mil unidades de CBIO, algo como R$ 12 milhões. Ele conta que ainda é comum a compra ser pontual, mas a casa incentiva aquisições recorrentes, na busca por um preço médio – assim como nos investimentos tradicionais.

A B3 é a responsável por disponibilizar o ambiente para registro da emissão, negociação e solicitação de aposentadoria do CBIO, e hoje isso é acessado por instituições financeiras ou representantes dos compradores. Leonardo Betanho, superintendente de Produtos de Balcão na B3, destaca que há integração com o sistema proprietário da ANP, um dos avanços mais recentes que deixou o “fluxo do produto mais aprimorado”. Para este ano, o foco – do ponto de vista de infraestrutura – está na eletronificação do produto, dado que há negociações bilaterais que só depois chegam ao ambiente de registro.

Os dados da B3 mostram que houve 42,5 milhões de emissões de CBIO em 2024, alta de 18% ante 2023. Em termos de volume, os negócios com CBIO movimentaram R$ 7,8 bilhões no ano passado, com queda de 13% em relação ao ano anterior.

CBIO pode alcançar investidor pessoa física

A B3 informa que o CBIO é liberado para os investidores pessoa física, mas não apresentou dados se há alguma parcela desses clientes, de fato, investida. Mas há medidas que visam apoiar o avanço do produto. Uma delas foi o lançamento, em setembro de 2022, do ICBIO B3, índice que consolida dados de desempenho do crédito de descarbonização, considerando os preços médios de negociação.

Segundo Betanho, nenhum derivativo ou fundo de índice (ETF, na sigla em inglês) foi criado a partir do ICBIO até agora, mas diz que a B3 segue fomentando ideias e vê avanço nessas possibilidades a partir da regra 175 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) – que permite que fundos invistam até 10% do patrimônio líquido em ativos como o CBIO. “Abre um ‘corredor’ para esses investimentos e temos a infraestrutura preparada para isso.”