Em um dia que varejistas sobem no Ibovespa, as ações da Azzas
2154 despencam 9,4% por volta das 15h. O motivo está atrelado a rumores
de ‘divórcio’ entre os sócios da empresa, resultado da fusão entre a
Arezzo&Co e o Grupo Soma.
A fusão foi consolidada há cerca de oito meses atrás e, agora, circulam notícias de que os sócios Alexandre Birman e Roberto Jatahy estão negociando uma separação, uma divisão do negócio. Segundo informações do site Pipeline, ambos os sócios da Azzas já contrataram assessoria legal e financeira para tentar realizar essa divisão.
Birman,
que é CEO da Azzas, tem sido assessorado pelo Morgan Stanley e pelo
escritório Spinelli Advogados, ao passo que Jatahy tem G5 e Barbosa
Mussnich lhe assessorando.
Na
rotina da empresa, Jatahy – que chefia a operação de moda feminina da
Azzas – deixou de reportar ao CEO, Birman, e passou a responder
diretamente ao Conselho de Administração – atitude que teria desagradado
o chefe da empresa. Nesse contexto, a proposta de Birman é para
comprar a fatia societária de Jatahy na Azzas, fazendo com que o
fundador do Grupo Soma deixe por completo a operação da empresa, segundo
a reportagem do Pipeline.
Procurada pela IstoÉ Dinheiro, a Azzas não retornou o contato até a publicação da última atualização desta reportagem.
Quanto os sócios da Azzas tem da empresa?
Atualmente,
juntos, Jatahy e Birman são donos de cerca de 33,7% do capital social
total da gigante do varejo de vestuário. A informação, aliás, deixou de
ser pública há pouco.
No site de Relação com Investidores (RI) da Azzas
não é exibido mais o percentual de quanto cada sócio possui. A página
contém somente a mensagem “O conteúdo será disponibilizado em breve”. A
Instrução CVM 480/2009 (atualmente incorporada na Resolução CVM 80/2022)
prevê obrigatoriedade na transparência desses dados, levando em
consideração as normas que tratam da transparência e governança
corporativa de empresas públicas, de capital aberto.
Figurinha de WhatsApp
Dado o contexto de dificuldades de integração entre Arezzo e Soma,
começaram a circular nas redes sociais e grupos de WhatsApp do mercado
financeiro memes do possível divórcio e uma figurinha do empresário
Alexandre Birman com o texto ‘Azzas R$ 21,54’ – em referência ao nome da
empresa, citando que as quedas provocadas pelos problemas internos
poderiam fazer os papéis chegarem a R$ 21,54.
Nesta sexta-feira, as ações da Azzas são negociadas perto de R$ 21,60.
Mudanças na casa
Ainda antes dos rumores do ‘divórcio‘
virem à tona, a companhia ocupou o noticiário com fatos que mostravam
dificuldades na integração e poucas sinergias após a fusão.
Há
poucos dias a empresa mostrou um balanço referente ao quarto trimestre
de 2024 que desagradou o mercado. O lucro líquido recorrente do período
foi de R$ 168,9 milhões, registrando uma redução de 35,8% em relação ao
mesmo período do ano anterior.
A receita líquida saltou 13% – para
R$ 3,4 bilhões – mas a rentabilidade mostrou impactos, com influência
de fatores como ajustes de estoque e maiores descontos em marcas
descontinuadas.
O mercado reagiu negativamente aos números, com retração de 13% nas ações da empresa no pregão que sucedeu o resultado.
Nesse
contexto a Azzas anunciou uma reestruturação do portfólio de marcas,
decidindo descontinuar algumas marcas e linhas de produtos, como Alme,
Dzarm, Simples e a linha feminina da Reserva.
Em 2024 a empresa
também contou com a saída de executivos-chave. Em meados de agosto, Rony
Meisler, fundador da marca Reserva e acionista relevante da Azzas,
anunciou sua saída da empresa. Além dele, outros três fundadores da
Reserva, que ocupavam posições executivas importantes na AR&Co
(unidade de vestuário masculino da companhia), também deixaram seus
cargos.