segunda-feira, 4 de outubro de 2021

Brasilcap troca comando e quer retomar liderança do mercado de capitalização

Brasilcap enfoca o tema 'Transformação' em seu novo Relatório Anual GRI -  Legiscor

Ex-presidente da Caixa e do Banco do Nordeste, Nelson de Souza assumiu na última sexta-feira a presidência da Brasilcap, braço de capitalização da BB Seguros. A Brasilcap faturou R$ 2,1 bilhões no primeiro semestre deste ano e conta com ativos que chegam a R$ 9,4 bilhões.

Souza quer levar a Brasilcap de volta à liderança do setor de capitalização, posição que perdeu para o Bradesco em 2017. A empresa é vice-líder pelo critério de faturamento. Ele afirma que vai trabalhar em “sintonia” com os mais de 200 funcionários da Brasilcap com esse objetivo.

“Essa parceria é fundamental quando falamos em melhorar os indicadores de rentabilidade e de produtividade. O objetivo é engajar os colaboradores nesse desafio”, disse ele.

Souza foi presidente do Banco do Nordeste em 2014 e da Caixa em 2018, no governo Michel Temer e acabou sucedido no cargo por Pedro Guimarães, que foi nomeado pelo presidente Jair Bolsonaro.

De 2019 a 2021, ele esteve no comando do Banco Desenvolve SP, do governo João Doria.

O executivo é graduado em Psicologia e Letras, com MBA em Administração e Marketing pelo Instituto de Estudos Empresariais do Rio de Janeiro. Também é formado em Consultoria Empresarial pela Universidade de Brasília (UnB).

A busca pela inovação é outro ponto da nova gestão. Segundo Souza, o foco nos canais digitais de relacionamento e nas tecnologias disruptivas será intensificado. “Precisamos falar com o público jovem, que é altamente conectado e dialoga pelas redes sociais”, disse.

 

 https://www.istoedinheiro.com.br/brasilcap-troca-comando-e-quer-retomar-lideranca-do-mercado-de-capitalizacao/

 

 


 

quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Calote da dívida causaria dano “irreparável” aos EUA, volta a alertar Yellen

Calote da dívida causaria dano “irreparável” aos EUA, volta a alertar Yellen

A secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen

(Reuters) – A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, concordou nesta quinta-feira que qualquer calote da dívida dos EUA causaria danos irreparáveis, bem como uma crise financeira e recessão.

Questionada por um membro do Comitê de Serviços Financeiros da Câmara se o dano causado pelo não cumprimento das obrigações de dívida do governo federal seria “irreparável”, Yellen respondeu: “Sim”.

Seus comentários foram os mais recentes de uma série de advertências que Yellen tem emitido, conforme o Congresso dos EUA permanece num impasse em torno da questão de levantar ou suspender o limite da dívida, em meio ainda a disputas sobre a agenda legislativa da maioria democrata e do governo Biden.

Yellen disse que o governo ficará sem dinheiro por volta de 18 de outubro, a menos que o Congresso aumente o limite da dívida federal, atualmente de 28,4 trilhões de dólares. Após essa data, o Tesouro estaria “simplesmente em uma situação impossível”, disse ela durante apresentação perante o comitê nesta quinta-feira.

“Não seremos capazes de pagar todas as contas do governo”, completou.

O teto da dívida voltou a entrar em vigor em agosto, após uma suspensão de dois anos, e o Departamento do Tesouro tem empregado “medidas extraordinárias” para financiar o governo desde então.

Yellen, no início desta semana, disse aos parlamentares que essas medidas se esgotarão em meados de outubro, antes do que a maioria dos analistas esperava, e, depois disso o país não terá fundos suficientes para cumprir todas as suas obrigações, que vão desde pagamentos da Previdência Social a pagamentos de juros sobre os Treasuries.

Deixar de cumprir essas obrigações marcaria o primeiro calote dos EUA, que Yellen disse repetidamente que seria “uma catástrofe”.

“Provavelmente acabaremos em uma crise financeira, certamente uma recessão”, disse Yellen ao Comitê da Câmara nesta quinta-feira. Também teria “consequências mais duradouras de juros mais altos para todos que tomam empréstimos”.

Isso porque a classificação de crédito dos EUA certamente seria rebaixada, e os credores internacionais –que há muito procuram a dívida do Tesouro norte-americano devido à credibilidade do governo dos EUA– não veriam mais esses títulos como “livres de risco”. Isso tornaria mais caro para o governo federal –e todos os outros– tomar empréstimos.

O chair do Federal Reserve, Jerome Powell, disse que a capacidade do banco central dos EUA de conter as consequências de tal evento é limitada.

“Ninguém presuma que podemos realmente fazer muito”, disse Powell aos parlamentares nesta quinta-feira. “Ninguém deve presumir que o Federal Reserve ou qualquer outra pessoa pode proteger o povo norte-americano das consequências disso.”

(Por Dan Burns)


https://www.istoedinheiro.com.br/calote-da-divida-causaria/



 

Barcelona atrai 80% dos investimentos imobiliários do país no ano

 


Global Business, iCities e La Salle Technova organizam comitiva exclusiva para profissionais e gestores conhecerem a cidade que é case mundial de inovação 
 
 
Bairro 22@ de Barcelona: antiga zona industrial transformada em polo de inovação

O conceito de Smart City deixou de ser uma tendência e passou a ser a visão estratégica das cidades do futuro e dos governantes. O caminho é na direção do uso mais racional e eficiente dos recursos naturais, humanos e financeiros, e de uma qualidade de vida que garanta cidadania. E Barcelona é o maior case global de um ecossistema de inovação que não só recuperou uma área industrial degradada, mas se tornou polo de atração de investimentos financeiros e imobiliários, gerando emprego e renda. No primeiro semestre de 2021, a capital da Catalunha recebeu 80% dos investimentos imobiliários da Espanha, segundo dados da consultoria Cushman & Wakefield.

"Isso é bastante significativo, equivalente a níveis de investimentos pré-pandemia. A cidade oferece aos visitantes uma verdadeira imersão em soluções práticas que podem ser replicadas em cidades de todo o mundo, a partir da realidade local e das peculiaridades regionais", pontua Carlos Olsen, CEO da Global Business, empresa que organiza a quarta Comitiva para Barcelona, entre os dias 13 e 21 de novembro, junto com a empresa curitibana iCities e a espanhola La Salle Technova.

Além de integrar a programação do Smart City Expo World Congress, maior evento mundial em cidades inteligentes, a comitiva promoverá uma intensa semana de conhecimento, experiências e contato com o futuro das cidades. "Temos uma parceria com três instituições importantes, cada uma com sua parcela de liderança do segmento, que vem trazendo resultados significativos: o iCities organiza a comitiva, tem a chancela da Fira Barcelona no Brasil e lidera diversas frentes. E a La Salle participa por meio do Josep Piqué, oferecendo a certificação do parque de inovação aos participantes da comitiva", explica.

A Comitiva para Barcelona já reuniu 140 participantes em mais de 60 visitas e reuniões exclusivas. Crescendo não só em números, ela desenvolve a diversidade do perfil dos integrantes. "A expectativa de 2021 é reunir prefeitos, vice-prefeitos, presidentes de grandes instituições, da academia e do setor empresarial. Tem vários benefícios, sendo três principais: o networking entre os integrantes, que tem uma metodologia bastante flexível, com feedbacks excelentes. O segundo benefício é a programação exclusiva e específica da comitiva: eventos com a La Salle, visitas técnicas exclusivas com representantes do bairro 22@ (antiga zona industrial convertida em polo de inovação) e de outros parceiros. E o terceiro é a participação efetiva no Smart City Expo World Congress, que reúne em Barcelona cases que são destaques no mundo. São possibilidades de ter contato com todos os cases debatidos no mesmo painel, em uma imersão fantástica", convida Beto Marcelino, sócio-fundador e diretor de relações governamentais do iCities.

Investimentos e retornos
Olsen reforça que o início do processo para uma cidade inteligente criar seu ecossistema de inovação exige liderança e investimento em infraestrutura da administração pública. "Se não houver isso, nada acontece. Mais adiante, diminui a importância pública e crescem as participações do setor empresarial e da academia. Todos têm sua participação, mas no início a responsabilidade pública é fundamental. Por exemplo, no 22@ de Barcelona, temos 300 milhões de euros em infraestrutura, sendo que o investimento privado foi em torno de 1,2 milhão de euros", detalha o especialista.

Ele explica que, segundo analistas, os compradores em Barcelona têm sido grandes grupos centrais internacionais, como seguradoras e fundos de pensão, em busca de mercados seguros para investir. "Embora haja menos escritórios alugados do que em 2019, como em todas as principais cidades do mundo, os investidores compram porque estão confiantes na força da economia de Barcelona no médio prazo. Mais um exemplo do ecossistema catalão para todo o mundo."

Inscrições para a Comitiva
Pela quarta vez, a comitiva brasileira irá participar do Smart City Expo World Congress, que acontece entre os dias 15 e 19 de novembro de 2021. Brasileiros vacinados serão aceitos como viajantes na Espanha. Todas as vacinas são aceitas e não é necessário fazer quarentena. A programação completa pode ser acessada neste link. Mais informações pelo WhatsApp (41) 99164-2383.

 

https://amanha.com.br/categoria/mundo/barcelona-atrai-80-dos-investimentos-imobiliarios-do-pais-no-ano?utm_campaign=NEWS+DI%C3%81RIA+PORTAL+AMANH%C3%83&utm_content=Barcelona+atrai+80%25+dos+investimentos+imobili%C3%A1rios+do+pa%C3%ADs+no+ano+-+Grupo+Amanh%C3%A3+%283%29&utm_medium=email&utm_source=EmailMarketing&utm_term=News+Amanh%C3%A3+28_09_2021

 

quinta-feira, 23 de setembro de 2021

Rosa, da Kraft Heinz: Hemmer completa portfólio e deve ir para além do Sul


Em entrevista exclusiva à EXAME, Fernando Rosa, presidente da Kraft Heinz, explica o processo de aquisição e os planos de expansão da fabricante de molhos e condimentos Hemmer

Nos últimos dez meses, quando assumiu a presidência da Kraft Heinz, Fernando Rosa já tinha uma missão engatilhada: continuar uma conversa com os executivos da fabricante catarinense de molhos e condimentos Hemmer, de forma a convencê-los de que a venda é uma excelente ideia. “Nós os chamamos para conversar há alguns anos, mas este era o momento certo para ambas partes, as duas companhias estão crescendo dois dígitos e têm negócios bastante complementares”, diz Rosa à EXAME.

A compra da anunciada nesta quinta-feira, 23, por valor não revelado, levará cerca de 300 novos produtos para o portfólio da Kraft Heinz, sendo alguns deles de novas categorias. “Apesar de termos os legumes enlatados com a Quero, vamos começar somente agora a vender, por exemplo, picles e outros itens em conserva”.

Já nas linhas de produtos semelhantes, como maioneses, mostardas, ketchups e outros molhos, o ganho se dará pela estratégia de precificação e conquista de um novo público. “O consumidor da Hemmer vê na marca atributos como tradição e qualidade, e se beneficia de um preço competitivo”,diz Rosa.

A aquisição acontece logo após a Kraft Heinz reportar um prejuízo líquido de 25 milhões de dólares no segundo trimestre, valor 98,5% menor do que o prejuízo registrado no mesmo período do ano passado. Segundo a empresa, o fato foi impulsionado, principalmente, devido a alterações favoráveis em encargos não monetários comparando ao período de um ano atrás.

“Este resultado está conectado a situação global, devido também a pandemia da covid-19, mas entendemos ser esse o momento para um passo importante na companhia para nos fortalecer entre as maiores empresas de alimentos do Brasil ao expandir o portfólio, crescer orgânica e inorgânicamente”,  afirma Rosa.

Deste modo, a aquisição está bastante alinhada a estratégia global da Kraft Heinz, que conta com o incentivo do CEO Miguel Patricio para a expansão fora dos Estados Unidos, sendo o Brasil um país bastante importante, e tendo contado com investimentos robustos a partir de 2018, como o de 380 milhões de reais na construção de uma nova fábrica na cidade de Nerópolis, em Goiás.

No plano de expansão da Kratf Heinz há ainda as últimas apostas no food service, no e-commerce, bem como no lançamento de novos produtos, como o ketchup Heinz Picles. “Tínhamos um modelo de atendimento com parceiros mais atacadistas do que distribuidores, então fizemos um projeto cruzado para entrar em espaços que até então não éramos fortes no Brasil. Isto nos ajudou a crescer e será importante também para a ampliação de Hemmer”, diz Rosa.

Estratégia

Com a Hemmer, a Kraft Heinz espera inovar ao lançar produtos, e também ampliar a participação no Brasil. “Temos uma musculatura de distribuição relevante do Sudeste para cima, em áreas que a Hemmer ainda não é tão forte e tem grandes oportunidades”, afirma Rosa. Contudo, ainda não há planos para expansão no exterior.

Segundo Rosa, o presidente da Hemmer Ericsson Luef e outros executivos serão mantidos na marca, assim como toda a estrutura de produção em Blumenau, Santa Catarina, onde a empresa possui uma fábrica de com mais de 17 mil metros quadrados de área construída e mais de 700 funcionários, quando incluído os representantes comerciais.

O desafio agora é estabelecer processos de gestão comuns entre uma multinacional de 25 bilhões de dólares, e de uma empresa com cultura familiar nascida em 1915. “Entendemos a importância de manter a estrutura da Hemmer e continuar com quem melhor saber tocar o negócio. Costumo dizer que nossa intenção aqui é que um mais um seja igual a 10. Isto se dará mantendo o que funciona e inovando para crescer”, diz Rosa.

Juntas, as empresas podem gerar uma receita líquida de quase 1,8 bilhão de reais, considerando que no ano passado, a Hemmer reportou 374,4 milhões de reais em vendas.

Para iniciar os tão esperados processos de integração e cultura, a Kraft Heinz aguarda a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), com expectativa de que a conclusão ocorra no primeiro semestre de 2022. 


https://exame.com/exame-in/rosa-da-kraft-keinz-hemmer-completa-portfolio-e-deve-ir-para-alem-do-sul/

 

Kraft Heinz anuncia compra da brasileira Hemmer


A Hemmer foi criada há 106 anos e é sediada em Blumenau (SC). A marca incrementa o portfólio da Kraft Heinz no segmento de molhos e condimentos no país 

 


  

A Kraft Heinz anunciou nesta quinta-feira a compra da empresa brasileira de alimentos Hemmer por valor não revelado, ampliando sua plataforma internacional nas categorias de condimentos e molhos chamada "Taste Elevation" e em um apoio para sua estratégia de ampliação de presença em mercados emergentes.

A Hemmer foi criada há 106 anos e é sediada em Blumenau (SC) e a marca incrementa o portfólio da Kraft no segmento no país que conta também com Quero e Heinz.

A Hemmer vai se beneficiar da rede de distribuição e modelo de atendimento da Kraft Heinz no Brasil, incluindo o canal de atendimento a restaurantes e hoteis "que está crescendo rapidamente", afirmou a Kraft em comunicado à imprensa.

O negócio ainda precisa de aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

 

 https://exame.com/negocios/kraft-heinz-anuncia-compra-da-brasileira-hemmer/

 

Petrobras deve regularizar contratação de escritórios de advocacia estrangeiros



A 23ª Vara Federal do Rio de Janeiro concedeu, nesta quarta-feira (22/9), liminar determinando que a Petrobras regularize imediatamente a contratação de escritórios de advocacia estrangeiros.

Petrobras deve regularizar contratação de escritórios estrangeiros

Em sua decisão, a juíza Maria Amelia Senos de Carvalho destacou que a o exercício profissional da advocacia no país exige a inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil. Além disso, ressaltou que o registro do advogado estrangeiro na OAB é disciplinado pelo Provimento 91/2000, que exige autorização do conselho para o exercício profissional.

"A observância dessas regras se impõe a todo e qualquer contratante em solo nacional, incluindo sociedades de economia mista", afirmou a juíza.

Dessa maneira, Maria Amelia ordenou que a Petrobras "exija em todas suas contratações, com ou sem licitação, já efetivadas ou a serem efetivadas, que os escritórios de advocacia estrangeiros cumpram o disposto" no Estatuto da Advocacia (Lei 8.906/1994) e no Provimento 91/2000, "providenciando imediata inscrição ou sua regularização perante a OAB".

Ação da OAB
A ação civil pública foi movida pelo Conselho Federal da OAB. A ação tem origem na atuação da Coordenadoria Nacional de Fiscalização da Atividade Profissional, que instaurou procedimento administrativo com o objetivo de apurar a regularidade da atuação de escritórios de advocacia estrangeiros contratados pela Petrobras para prestarem consultoria em direito estrangeiro.

Ao analisar os contratos, a Ordem encontrou irregularidades como a contratação de escritórios de advocacia estrangeiros sem inscrição ou com inscrição fora das normas estabelecidas pela OAB. Além disso, alguns escritórios estrangeiros, que possuem inscrição em seccional da OAB, estavam atuando fora da localidade onde o serviço foi prestado sem possuir inscrição suplementar.

Durante o procedimento administrativo, a Petrobras se mostrou incapaz de demonstrar que as consultorias jurídicas contratadas foram prestadas exclusivamente em território estrangeiro, segundo a OAB.

A prestação de serviços de assistência/orientação jurídica no território nacional é atividade privativa aos inscritos na OAB e é irregular quando praticados por sociedades não inscritas na Ordem, o que, em tese, constitui contravenção penal de exercício ilegal da profissão.

Além disso, da análise da atuação desses escritórios estrangeiros em território brasileiro, ainda que por atuação remota, constata-se violação à legislação aplicável à assessoria jurídica estrangeira no território nacional, especialmente o Estatuto da Advocacia e o Provimento 91/2000, sustentou a Ordem.

Clique aqui para ler a decisão
Processo 5054454-35.2021.4.02.5101

 

 https://www.conjur.com.br/2021-set-22/petrobras-regularizar-contratacao-bancas-estrangeiras

terça-feira, 21 de setembro de 2021

A Evergrande é um novo Lehman Brothers?


Para o gestor Ruy Alves, da Kinea, o caso deve gerar mais desaceleração na China e afugentar investimentos de mercados emergentes. E está nas mãos do governo evitar um colapso global

 

A Evergrande tem dívida de mais de US$ 300 bilhões

Segunda maior empresa de construção civil da China, a Evergrande ganhou as manchetes da imprensa mundial nesta segunda-feira, 20 de setembro. O excesso de endividamento da empresa – que tem mais de US$ 300 bilhões em débitos abertos – acendeu o sinal de alerta dos investidores, preocupados com o possível contágio na economia global, uma vez que o setor imobiliário representa 25% da segunda maior economia do mundo.

A Evergrande é uma empresa focada em vender imóveis antes que estes fiquem prontos, o que costuma resultar em endividamento para bancar a construção, enquanto a sua receita vem dos pagamentos feitos por compradores que também tomaram empréstimos.

A companhia, fundada em 1996, cresceu favorecida pela cultura dos chineses de investir em imóveis. De todas as residências vendidas na China, 80% são para quem está comprando, pelo menos, o segundo imóvel. Isso levou a especulações e a preços mais altos, inviáveis para a classe média. De olho nisso, o governo chinês tem agido para conter o mercado especulativo e reduzir os preços, o que afeta empresas como a Evergrande.

Os problemas da companhia começaram a ficar evidentes em agosto do ano passado, quando os executivos pediram socorro financeiro às autoridades, pois não teriam recursos para pagar as dívidas que venciam em janeiro. A situação, porém, não melhorou desde então e o mercado teme que a companhia quebre e isso gere uma onda de calotes. Nesta segunda, a ação da empresa, listada em Hong Kong, caiu 10%.

Entre investidores, tem sido inevitável lembrar do Lehman Brothers, o banco americano que quebrou em 2008 e deu início à crise financeira internacional daquele ano. Há quem considere que a comparação seja exagerada.

“Não é caso de pensar no Lehman Brothers. É algo que vai desacelerar ainda mais o crescimento da China, o que afeta mercados emergentes e afeta o Brasil”, disse, ao NeoFeed, Ruy Alves, gestor de ativos macro globais da Kinea Investimentos, casa de gestão de fundos ligada ao grupo Itaú e que administra R$ 57,2 bilhões em ativos.

Para ele, trata-se de mais um elemento complicador para o já difícil cenário para o Brasil em 2022 e reforça a necessidade de buscar investimentos em empresas “defensivas”, pouco relacionadas ao crescimento econômico brasileiro. Acompanhe a entrevista a seguir:

O quão preocupante é a situação da Evergrande para os mercados?
O setor imobiliário representa 25% do PIB da China e há forte cultura local para investir em imóveis. De todos os imóveis vendidos na China, 80% não são para um primeiro comprador. São pessoas que compram, não alugam e fecham a casa. Isso começou a gerar uma bolha que foi crescendo enormemente, elevando os preços, fazendo com que muitas pessoas não conseguissem comprar a casa. A Evergrande é muito focada em vendas feitas antes de a casa ficar pronta e tem um estoque que é duas vezes maior que as vendas anuais dos Estados Unidos. O governo chinês, então, começou uma política para limitar a especulação e diminuir os preços, para que os imóveis sejam para viver e não para investir, para que as pessoas de renda média pudessem comprar casas. A Evergrande, que parece que vai quebrar, precisa vender ativos para honrar compromissos. Isso deixa todo o sistema apreensivo.

Mas é o caso de pensar em uma crise como a de 2008, gerada pela quebra do Lehman Brothers?
Não é o caso de pensar em Lehman Brothers. É algo que vai desacelerar ainda mais o crescimento da China, o que afeta mercados emergentes e afeta o Brasil. Os emergentes vão crescer menos e os investidores vão se perguntar: por que eu vou tirar meu dinheiro dos EUA para colocar em emergentes, se os emergentes vão crescer menos, uma vez que se investe em emergentes para ter retorno maior?

Então, não será o caso de uma nova quebradeira global?
Está na mão de Pequim. O Partido não vai deixar quebrar o setor inteiro. Pequim não é suicida. O Partido quer aplicar uma lição, como estão fazendo também com as empresas do setor de tecnologia. Em algum momento, eles vão entrar para controlar a situação. Nada diz que Pequim não pode errar a mão, mas isso não está no nosso cenário-base.

E qual o efeito disso para o Brasil? Que setores serão mais afetados?
O Brasil saiu de uma situação muito frouxa do ponto de vista monetário e vai para um cenário de juro real positivo no fim desse ano. Além disso, no aspecto social, com o fim do auxílio emergencial, só vai ter o Bolsa Família no ano que vem, em um cenário de desemprego muito alto e uma eleição difícil. E não vai haver um controle do arcabouço fiscal durante a eleição. Só depois. Então, já tem muita coisa no preço. Já estava difícil se comprometer com posições estruturais no Brasil.

Mas a situação na China piora o que já estava ruim?
Vamos ter menos crescimento. E já está piorando. O preço do minério de ferro saiu de US$ 220 para US$ 90. Um dos grandes afetados será o agronegócio, com uma demanda menor por commodities. A China, por exemplo, é quem compra o nosso milho.

É para fugir de ações ligadas a commodities, então?
Eu não vou dizer de onde é para fugir, mas sim onde é para estar. No momento, o ideal é procurar empresas defensivas, que pouco dependem do crescimento econômico do Brasil. Nós, por exemplo, estamos comprados em empresas como Hapvida, Assaí e Porto Seguro. Não estamos com uma visão estruturalmente positiva para a Bolsa brasileira. Dos investimentos de risco nos nossos fundos multimercado, só 20% estão no Brasil. Os outros 80% estão no exterior.

Mas essa perspectiva de crescimento menor pode ser positiva para a inflação?
Sim. Estamos sem crescimento, com fiscal e monetário mais apertados e com o ambiente político incerto. Por enquanto, a inflação deve continuar subindo, mas em dois anos deve convergir para a meta. Além disso, grande parte da alta da inflação se deve a alimentos, e as commodities estão começando a ceder. Mas, para ter juros mais baixos, não precisa só de inflação. É preciso também mais conforto fiscal no País.

 

 https://neofeed.com.br/negocios/a-evergrande-e-um-novo-lehman-brothers-este-gestor-acha-que-nao/?utm_source=Emails+Site&utm_campaign=8e0f061bff-EMAIL_CAMPAIGN_2021_09_21_11_07&utm_medium=email&utm_term=0_c1ecfd7b45-8e0f061bff-404839180