Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) – O dólar tinha forte alta nesta segunda-feira, chegando a flertar com a marca de 5,04 reais nos maiores patamares do dia, à medida que o clima mais arisco no exterior mantinha a demanda pela divisa norte-americana, em início de semana que deve ser dominada pelas reuniões de política monetária dos bancos centrais de Brasil e Estados Unidos.
Às 11:19 (de Brasília), o dólar à vista avançava 1,60%, a 5,0224 reais na venda, depois de mais cedo saltar 1,90%, a 5,0376 reais.
Na B3, às 11:19 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 1,00%, a 5,0675 reais.
O dólar também tinha valorização contra uma cesta de moedas de países ricos no exterior, de 0,2%. Embora bem mais comportada, a alta levava a divisa norte-americana para perto de máximas em 20 anos atingidas na semana passada.
Ditando o comportamento dos mercados internacionais –onde os rendimentos dos títulos soberanos dos EUA disparavam– estava a reunião de política monetária do Federal Reserve, banco central norte-americano, que começa na terça e termina na quarta-feira.
Várias autoridades da instituição, incluindo o chair Jerome Powell, já indicaram que os juros básicos dos EUA serão elevados em 0,5 ponto percentual no encontro desta semana, o que representaria uma dose de aperto mais agressiva que os costumeiros ajustes de 0,25 ponto.
Nesse contexto, “parte do fluxo global começa a se alinhar a um cenário mais conservador, que em partes afetou a valorização do real frente ao dólar, o movimento em commodities de toda a ordem e também, em partes, as perspectivas inflacionárias de diversas localidades do mundo”, disse em relatório Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset.
Juros mais altos em determinado país tendem a elevar a atratividade da renda fixa local, o que pode beneficiar sua moeda. Nesta segunda-feira, a taxa de um título soberano norte-americano protegido da inflação, também chamado de rendimento real, entrou em território positivo, indo ao maior patamar desde março de 2020.
O “yield” do Treasury de dez anos –referência global para investimentos–, por sua vez, tocou seus maiores níveis desde o final de 2018, ficando bem próximo da marca de 3%, o que ajudava a apoiar o dólar.
No Brasil, os juros estão em níveis bem acima dos custos dos empréstimos nos Estados Unidos –o que inclusive foi fator de impulso para o real no primeiro trimestre deste ano–, mas alguns participantes do mercado apontam que os ativos norte-americanos oferecem muito mais segurança ao investidor que os brasileiros.
A Selic está atualmente em 11,75%, e a expectativa é de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central aumente a taxa em 1 ponto percentual em sua reunião desta semana, que coincide com o encontro do Fed.
“A expectativa gira em torno da comunicação do Comitê diante do cenário incerto e elevadas pressões inflacionárias, especialmente no componente subjacente da inflação”, disse a equipe de macro e estratégia do BTG Pactual em relatório, em referência à medida de inflação que exclui os preços mais voláteis. “Esperamos que deixe a porta aberta para a continuidade do ciclo de elevação, ainda mais diante da aceleração do dólar e os possíveis impactos na inflação à frente.”
A divisa norte-americana fechou a última sessão, na sexta-feira, com oscilação positiva de 0,07%, a 4,9435 reais.
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