Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) – A FS, uma das maiores produtoras de etanol de milho do Brasil, e a empresa de logística Rumo fecharam um acordo que amplia o uso do modal ferroviário para o transporte do biocombustível, em momento de forte crescimento da produção em Mato Grosso, disseram executivos da empresa à Reuters nesta quarta-feira.
Com investimento de 115 milhões de reais na compra de 80 vagões pela FS, a companhia amplia seu contrato com a Rumo para elevar o volume transportado de 50 milhões para 75 milhões de litros de etanol ao mês.
O volume contratado para transporte com a Rumo, anualizado, deverá representar quase metade da capacidade produtiva da FS, quando uma terceira unidade da empresa, em Primavera do Leste (MT), for inaugurada, em abril.
“A FS, a partir do ano que vem, com a inauguração da nova unidade, vai estar produzindo 2 bilhões de litros, é quase metade da nossa produção, é um acordo super significativo”, disse o CEO da FS, Rafael Abud.
A empresa, pioneira no etanol de milho no Brasil e uma das maiores no segmento no país, já produz em Lucas do Rio Verde e Sorriso, e tem projetos para outras três unidades, ainda sem prazos definidos, em Campo Novo do Parecis, Querência e Nova Mutum, todos municípios de Mato Grosso, maior produtor do cereal no Brasil.
Uma vez que o Estado tem baixa densidade demográfica, grande parte do etanol de milho produzido lá –onde a produção de biocombustíveis tem crescido fortemente– é enviado para o Sudeste, principal centro consumidor.
No momento, o combustível é levado de caminhão até o terminal de Rumo de Rondonópolis, de onde sai a ferrovia com destino a Paulínia (SP), importante polo do setor de distribuição de combustíveis do Brasil.
A FS deve obter, com essa nova operação, uma redução de aproximadamente 25% em seu custo logístico na rota Lucas do Rio Verde-Sorriso até a região Sudeste, segundo o diretor comercial de Etanol e Energia da FS, Paulo Trucco.
A Rumo, por sua vez, anunciou na semana passada o início das obras para prolongar a ferrovia ao norte mato-grossense a partir de Rondonópolis.
O primeiro trecho, até Campo Verde, que fica a pouco mais de 200 km de Rondonópolis, deve estar concluído em 2025.
O plano posteriormente é a ampliar a linha férrea até Lucas do Rio Verde, com a conclusão das obras possivelmente no final da década.
A ampliação do contrato de transporte, além de aumentar a eficiência e as margens do negócio da FS, também deve gerar uma redução de aproximadamente 50% nas emissões de CO₂, alcançando 15 mil viagens de caminhões evitadas por ano nas estradas, segundo cálculos das empresa.
Isso também melhora a nota da FS para a emissão de créditos de descarbonização (CBios).
AUMENTO EM BIOCOMBUSTÍVEIS
Segundo o vice-presidente Comercial da Rumo, Pedro Palma, os vagões de combustíveis da empresa rodam praticamente cheios o tempo todo, trazendo biocombustíveis para São Paulo e levando derivados de Petróleo ao Mato Grosso, grande consumidor de diesel, por conta da demanda nas lavouras e no escoamento de safras.
No trecho Mato Grosso-São Paulo, a Rumo tem transportado cerca de 3 bilhões de litros ao ano, sendo aproximadamente metade etanol de milho ou biodiesel, descendo para Paulínia; enquanto a outra parte envolve derivados de petróleo para o Mato Grosso.
O transporte de etanol de milho tem dado impulso, com crescimento de cerca de 15% ao ano.
Em 2022, a Rumo está crescendo mais de 20% no transporte de biocombustíveis, depois de ter avançado 30% em 2021.
“Com essa parceria, os planos são ainda maiores para 2023”, disse Palma, sem detalhar.
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