domingo, 6 de agosto de 2023

Na CPI da Americanas, auditorias tentam se blindar e rebatem provas da

Americanas S.A. – brand center americanas

A Price WaterHouseCopers (PWC) e a KPMG – que prestaram serviços de auditoria independente para a Americanas no período em que a companhia admite ter executado uma fraude que inflou os resultados da empresa em R$ 25 bilhões – enviaram representantes à audiência pública da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara dos Deputados que investiga o caso. Enquanto a KPMG afirmou que as acusações feitas contra si não eram verdadeiras, a PWC buscou se proteger com as regras de auditoria. Os parlamentares, por sua vez, insistiram em peças de documentos trazidas pela empresa à CPI.

A sócia de auditoria da KPMG Carla Bellangero afirmou que o atual CEO da companhia, Leonardo Coelho Pereira, fez “insinuações falsas” à comissão em 13 de junho. Ela se referia ao fato de Pereira ter afirmado que havia indícios de participação da auditoria na fraude que levou ao rombo contábil da varejista. A KPMG foi responsável técnica pelas auditorias na Americanas de 2016 a 2018.

“Sobram motivos para repudiar insinuações contra a KPMG”, disse. A executiva afirmou que, durante o trabalho com a Americanas, chamou a atenção para “as deficiências e a necessidade de melhoria nos controles de verbas de propaganda cooperadas” da empresa.

Apesar do alerta, porém, não havia indicações de irregularidades, segundo ela. “Nada indicava fraude, situação de ato intencional na Americanas.” Além disso, a executiva enfatizou uma declaração de Pereira também na CPI: “Posso dizer que a documentação que as auditorias receberam eram documentações fraudadas”.

Ela disse que, por enxergar necessidade de melhorias nos processos de controle da Americanas, redigiu uma carta interina, ou seja, no meio do processo de auditoria, e não no fim. “Isso não é comum”, disse. Após esse procedimento, ela afirmou ter sido “mandada embora”. Segundo Bellangero, a empresa rescindiu o contrato seis dias depois de a auditoria ter enviado uma carta de controle que apontou “deficiências” no controles da companhia. A KPMG fez comentários, nessas comunicações com a companhia, sobre riscos ligados a verbas de propaganda cooperadas, que, como se soube mais tarde, deram origem ao escândalo.

Documentos trazidos pelo CEO da Americanas à CPI, porém, mostram que a KPMG mudou a redação de uma carta entregue à companhia. O texto, que originalmente continha a expressão “deficiências significativas”, o que exigiria a comunicação ao conselho de administração, foi depois entregue com o termo “recomendações que merecem a atenção da administração”.

Segundo a executiva, a mudança, alvo de questionamento dos parlamentares, foi feita pois não havia implicações materiais nas falhas encontradas pela administração, tratando-se de um montante de R$ 4 milhões. Ela disse ainda que houve entendimento de que, no termo “administração”, o conselho de administração estaria englobado. Ela afirmou ainda que comunicou os órgãos de governança da empresa.

PWC

Já o líder de auditoria da PricewaterHouseCoopers (PWC), Fábio Cajazeira Mendes, afirmou que as mudanças sugeridas por uma funcionária da auditoria a um dos membros da diretoria da companhia diziam respeito a um documento que a Americanas apresentaria à PWC.

Em documento trazido à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara dos Deputados que investiga a Americanas, a auditoria teria sugerido como redigir questões ligadas a operações de risco sacado, de forma que as operações não ficassem tão claras, segundo afirmações do CEO da companhia, Leonardo Coelho.

Nas imagens apresentadas, é possível ver a sugestão de uma funcionária da auditoria para mudanças na redação da empresa. O texto inicialmente dizia: “Confirmamos que não temos, junto aos bancos com os quais temos relação, operações contratadas de antecipação de fornecedores nas quais é oferecido risco de crédito da companhia, operações denominadas ‘forfait’, ‘confirming’, ‘risco sacado’ ou ‘securitização de contas a pagar’”.

Com a sugestão, a versão ficou: “Informamos que não temos conhecimento de que as operações de cessão de crédito realizadas a pedido de fornecedores informadas por certos bancos com os quais a companhia opera possuem qualquer anuência da companhia ou envolva a assunção de risco de crédito por parte da companhia”.

Segundo Mendes, essa sugestão foi feita para deixar o texto mais preciso e faz parte de uma comunicação frequente entre a empresa auditada e a auditoria. Ele frisou que as sugestões não alteravam as cartas de recomendações da auditoria.

Os parlamentares, em especial o deputado Tarcísio Motta (PSOL-RJ), fizeram críticas duras a essa conduta, argumentando que sugerir mudanças em um documento a ser entregue à própria auditoria seria como um professor instruir um aluno sobre as respostas de uma prova.

Mendes disse ainda que os auditores independentes não fazem análise e revisões de todas as transações das empresas auditadas. Ele defendeu que o risco de uma fraude deliberada não ser identificada pelos auditores é maior do que a probabilidade de que erros não sejam apontados. “Há risco inevitável de que distorções não sejam identificadas”, disse. Ele reforçou ainda que a responsabilidade sobre as fraudes é das empresas. E que, no caso da Americanas, se as denúncias forem confirmadas, o caso seria de uma fraude de “difícil detecção”.

Risco sacado

Bellangero, da KPMG, declarou que a Americanas negou ter um volume de recursos comprometidos em operações de risco sacado, enquanto os bancos confirmavam. “Houve confirmação de 2 instituições financeiras, em 2016, sobre risco sacado”, afirmou. “Em 2018, três instituições confirmaram o risco sacado”.

Porém, disse a auditora, a Americanas reafirmou que “não havia risco sacado e o banco errou”. O erro teria sido sistêmico. Na versão da auditora, depois disso, as instituições financeiras mudaram a informação anterior quanto ao risco sacado e que, por se tratar da confirmação de um terceiro, a auditoria acatou a nova informação.

A KPMG não informou o nome dos bancos envolvidos, mas os documentos mostrados pela Americanas na CPI indicavam procedimentos parecidos citando os nomes do Itaú e do Santander. À época, as instituições rebateram em nota as acusações.

Ex-diretor

O ex-diretor financeiro e de Relações com Investidores da Americanas, o executivo Fabio Abrate também compareceu à audiência pública. Este, porém, na condição de convocado. Ele afirmou que é alvo de acusações “feitas de forma genérica”.

Protegido por um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal, Abrate optou por não responder às questões dos parlamentares. Disse apenas que não teve acesso aos documentos que suportam as acusações que o atingem. “As acusações são feitas com base em documentos aos quais não tive acesso”, declarou, para complementar: “Por não saber do que estou sendo acusado, não responderei às perguntas”.

Durante a sessão, o presidente da CPI, deputado Gustinho Ribeiro (Republicanos-SE), informou que Miguel Gutierrez, ex-CEO da Americanas, adiou seu depoimento com um atestado médico, por estar em tratamento na Espanha. Gutierrez, que esteve à frente da Americanas, tem dupla cidadania, brasileira e espanhola.

 

Elon Musk oferece assistência jurídica para usuários com problemas no trabalho por posts


De acordo com a organização sem fins lucrativos Center for Countering Digital Hate (CCDH), o discurso de ódio aumentou desde que Musk assumiu o controle do Twitter - AFP

 

Elon Musk afirmou no sábado que sua empresa de mídia social X fornecerá assistência jurídica aos usuários que enfrentam medidas de retaliação de seus chefes por postagens na plataforma.

Alguns usuários, incluindo muitas celebridades e outras figuras públicas, tiveram problemas com seus empregadores sobre questões controversas que postaram, curtiram ou retuitaram na plataforma, que antes era conhecida como Twitter.

“Se você foi tratado injustamente pelo seu empregador devido a postar ou gostar de algo nesta plataforma, vamos financiar seus gastos com questões legais”, escreveu ele no site.

“Sem limites. Por favor, deixe a gente saber”.

Musk não revelou detalhes sobre como os usuários poderiam reivindicar o dinheiro

Desde que o empresário comprou a plataforma por US$ 44 bilhões (227 bilhões de reais na cotação da época) em outubro do ano passado passado, a atividade de publicidade da rede entrou em colapso, em parte por causa de sua abordagem mais flexível para bloquear o discurso de ódio e o retorno de contas de extrema direita anteriormente banidas.

Musk citou repetidamente um desejo de liberdade de expressão como motivação para as mudanças. Ele critica o que considera uma ameaça à liberdade de expressão representada pela mudança de sensibilidades culturais.

De acordo com a organização sem fins lucrativos Center for Countering Digital Hate (CCDH), o discurso de ódio aumentou na plataforma.

A X contestou as conclusões e está processando a CCDH.

Em dezembro, Musk reintegrou a conta do ex-presidente dos EUA Donald Trump no Twitter, embora Trump ainda não tenha retornado à plataforma.

No início de 2021, o ex-presidente foi banido da rede social por seu papel no ataque de 6 de janeiro ao Capitólio por um grupo de seus apoiadores que tentavam reverter os resultados das eleições de 2020.

Recentemente, a X também reintegrou o rapper e designer Kanye West, quase oito meses após sua conta ser suspensa, de acordo com informações da mídia.

No ano passado, West, que agora é chamado profissionalmente de Ye, postou uma imagem que parecia mostrar uma suástica entrelaçada a uma Estrela de David, e Musk suspendeu o artista da plataforma.



Ministérios negociam pacote para renovar maquinário da indústria

logo mdic.jpg — Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e  Serviços

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) estuda atualmente cinco cenários alternativos para estruturar uma política de depreciação acelerada, ou seja, um incentivo para a indústria renovar seu maquinário, que seria implementada a partir de 2024. Os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, estimaram um pacote que pode ir de R$ 3 bilhões a R$ 15 bilhões no próximo ano.

Agora, a Fazenda precisa bater o martelo sobre o espaço orçamentário que vai separar para o incentivo, enquanto o MDIC define a amplitude do programa – que depende também da margem estabelecida pela equipe econômica.

Como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo, boa parte da indústria brasileira opera com maquinário antigo e com tecnologia defasada, segundo levantamento inédito da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Entre as empresas que responderam à pesquisa, apenas 2% têm máquinas com até 2,5 anos de uso. O maior porcentual, de 28%, tem equipamentos com 10 a 15 anos.

Para a pesquisa, foram entrevistados 1.682 executivos. Em iniciativa recente, o governo anunciou programa para renovar a frota de veículos no País, com a concessão de bônus tributários.

Incentivo

Na prática, a política busca incentivar a renovação de equipamentos e maquinário da estrutura produtiva do País ao antecipar a dedução tributária que as empresas têm direito ao investir nesses bens.

O plano do MDIC é anunciar os detalhes da depreciação acelerada até novembro. Enquanto os critérios serão definidos por meio de medida provisória, os recursos destinados à política precisam estar reservados no Orçamento de 2024 – que o governo precisa propor ao Congresso até o fim deste mês.

O secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços, Uallace Moreira Lima, afirmou que a pasta fez várias projeções para a política – mais ampla ou menos ampla, a depender dos beneficiados. Em qualquer uma delas, diz o secretário, a indústria de transformação será atendida. O governo ainda avalia o uso da depreciação acelerada por outros setores, como elétrico, de construção civil, de transporte e de telecomunicações, por exemplo.

“Se pegarmos só a indústria de transformação, que vai fazer investimento em bens de capital, temos um impacto. Se incorporar a construção civil, o setor elétrico, por exemplo, aí você tem outro impacto. É uma decisão de política mesmo. Só que isso vai ser feito com base no espaço fiscal que a Fazenda avaliar que tem para o próximo ano”, disse Moreira, sem abrir os dados detalhados dos cinco cenários.

Pedido

Para basear o pleito de depreciação acelerada ao governo Lula, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) projetou impactos da medida, também tomando como base alguns cenários de valores. Um deles estimou que, se a política resultar num investimento de cerca de R$ 15 bilhões pelo setor privado, o País teria potencial de gerar até 250 mil empregos e adicionar 0,2 ponto porcentual ao resultado do PIB, considerando um período de dois anos.

“O resultado maior é sobretudo sobre a produtividade. É uma medida de renovação do parque produtivo”, disse ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) o economista-chefe da entidade, Igor Rocha.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

 

Reforma tributária: agro quer incluir 12 pontos na proposta que será discutida no Senado


Governo espera aprovar reforma tributária neste semestre na Câmara e neste ano no Senado

Congresso Nacional em Brasília (Crédito: CNJ/Divulgação)

O setor produtivo definiu doze pontos prioritários a serem incluídos na tramitação da reforma tributária no Senado. A questão chave para o agro é a redução de 80% da alíquota a ser aplicada sobre insumos e produtos da agropecuária em relação à alíquota padrão.

O texto aprovado na Câmara reduziu a alíquota para o setor em 60%, ou seja, a carga tributária sob o regime especial para o agronegócio seria equivalente a 40% à alíquota de referência, estimada em 25%.

O documento com as prioridades do setor foi elaborado por entidades ligadas ao Instituto Pensar Agro e entregue pela Frente Parlamentar da Agropecuária ao coordenador relator do grupo de trabalho da reforma tributária no Senado, Efraim Filho (União Brasil-PB).

Um ajuste considerado fundamental para o setor é a ampliação do teto de produtores desobrigados a aderir ao regime do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), de faturamento máximo bruto de R$ 3,6 milhões, para R$ 4,8 milhões por ano. Outra preocupação é a possibilidade de Estados estabelecerem imposto sobre a exportação da cadeia primária, em substituição aos fundos regionais, o que o setor refuta. Após obter a desoneração sobre os produtos da cesta básica, o IPA pede no Senado a aplicação de imposto zero para estes itens desde a finalização do produto.

Para o presidente da FPA, deputado federal Pedro Lupion (PP-PR), a articulação no Senado buscará a manutenção dos pleitos obtidos na Câmara e o avanço em questões consideradas essenciais. “Tivemos um texto sem prejuízos para o agro brasileiro, mas que foi apresentado instantes antes de ir para votação. No Senado, vamos buscar avanços e, claro, tentar manter o que foi conquistado. O maior benefício seria uma menor alíquota e vamos nos dedicar a isso”, disse em nota.

Veja abaixo na íntegra os pedidos do setor:

  • Redução da alíquota – Ajustar de 60% para 80% e a redução da alíquota de impostos para produtos agropecuários e regras de crédito.
  • Aumentar o limite de faturamento anual de R$ 3,6 milhões para R$ 4,8 milhões ao ano, para isenção de impostos aos produtores rurais.
  • Impedir a criação dos fundos estaduais em substituição às atuais contribuições.
  • Deixar claro que o ICMS não poderá ser majorado.
  • Imposto zero para os itens da cesta básica desde a finalização do produto.
  • Diminuir prazo para o ICMS e incluir PIS/COFINS em relação aos créditos acumulados.
  • IPVA – Levar em consideração o impacto na produção do combustível, ou seja, que seja considerado o impacto tributário da cadeia produtiva do combustível e não apenas levantamento que leve em consideração o veículo.
  • Cálculo do tributo sobre a aquisição em relação ao crédito presumido deve ser feito sobre o valor da aquisição, levando em conta o valor da alíquota que incidirá, sem qualquer diminuição.
  • Não tributar as exportações e não estornar créditos, com a garantia de restituição em até 60 dias, além da criação de regimes especiais para importação de produtos agrícolas.
  • Adequação para que não haja imposto seletivo para cesta básica e demais itens essenciais que terão alíquota reduzida.
  • Crédito da não cumulatividade – Não condicionar o aproveitamento ao recolhimento ou sub-rogação. Ou seja, quanto ao PIS/Cofins, expressamente citar que os créditos acumulados destes dois tributos poderão ser compensados com a CBS devida após a transição; e quanto ao ICMS, diminuir o prazo para aproveitamento em até 60 meses (5 anos, ao invés de 20 anos propostos) e atualização pela Selic.
  • ITCMD – Garantir na Constituição Federal que a Lei Complementar defina a não incidência de imposto no caso de sucessão familiar nas pequenas propriedades rurais acerca do imposto sobre herança.

 

Baterias elétricas: Brasil entra na corrida do lítio


O Vale do Jequitinhonha (MG) está se consolidando como um protagonista na indústria global de energia limpa ao atrair companhias interessadas na exploração desse mineral, que é vital para baterias elétricas e componentes eletrônicos

 

Reserva Grota do Cirilo, da Canadense Sigma Lithium: líder em extração de lítio no Brasil (Crédito:Washington Alves)

O Brasil tem uma das matrizes energéticas menos poluentes do mundo, mas ainda engatinha na fabricação de baterias elétricas, que vão compor as frotas do futuro. A produção ainda é pequena, assim como a exploração de minerais essenciais à transição para a energia verde. Isso, no entanto, começa a mudar, e numa das regiões mais carentes do País: o Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. A área vem se destacando como uma área promissora para a produção de lítio, concentrando 85% do metal já identificado no País. A região tem atraído investimentos e recebeu a instalação de grandes mineradoras internacionais, como a canadense Sigma Lithium, a americana Atlas, a australiana Latin Resoucers, a canadense Lithium Ionic e a australiana Si6 Metals.

Apenas em 2023, de acordo com o Ministério de Minas e Energia (MME), a extração de lítio em Minas Gerais atingiu o valor de comercialização de R$ 1,4 bilhão. Isso significa que toda a produção registrada em 2022 deve ser ultrapassada em breve.

O setor cresceu 436,16% entre 2021 e 2022. “O Brasil e Minas Gerais oferecem um atraente ambiente de negócios, com destaque para a energia renovável. Além disso, o estado propicia uma estrutura estabelecida em mineração”, ressalta Mauro Lopes, Country Manager da Latin Resoucers, que em 2017 adquiriu suas primeiras licenças na região.

Até 2030 o Brasil deve receber R$ 15 Bi de investimento para a produção de lítio e derivados

O lítio – ou “ouro branco”, como é conhecido – tem se tornado um protagonista na indústria global de energia limpa. Apesar de concentrar cerca de 60% das reservas globais, a América Latina não refina nem um terço do mineral.

Segundo o Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), o Brasil ocupa o quinto lugar no ranking de produção, extraindo cerca de 300 toneladas de lítio por ano. A Austrália é a líder com 42 mil toneladas por ano.

Itinga, no Vale do Jequitinhonha (MG): região atrai investimentos (Crédito:Andre Penner)

A corrida do lítio promete impactar o Jequitinhonha. Os municípios de Araçuaí e Itinga são os primeiros a extrair o mineral em larga escala e estão se beneficiando financeiramente com a exportação.

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Com a primeira remessa de 30 mil toneladas de lítio para a China, destinadas à produção de baterias para carros elétricos e componentes eletrônicos, os municípios envolvidos devem receber até R$ 86,2 milhões em três meses.

“É notável o marco alcançado com o início da produção da Sigma Lithium, que realizou um embarque histórico no mês de julho”, diz Eduardo Miguel Lobo da Gama, engenheiro de minas e CEO da Minery, marketplace que conecta mineradores a compradores.

Sediada no Canadá, a Sigma Lithium é proprietária da mina Grota do Cirilo, onde está hoje a maior reserva de lítio do Brasil. O governo mineiro estima que a extração desse mineral pela empresa gere R$ 115 milhões em royalties apenas em 2023.

Com a expansão da unidade da companhia, a previsão é que esse valor chegue a R$ 305 milhões por ano. “Com o volume de interesse internacional no País se mantendo estável, como indicam os índices atuais, acredita-se que possamos conquistar um lugar no Top 3 global em alguns anos”, avalia engenheiro de minas.

Vale do Jequitinhonha concentra 85% do lítio do Brasil

Desafios

Como essa perspectiva positiva, o Vale do Jequitinhonha já é chamado de “vale do lítio” e está se consolidando como um protagonista na indústria global de energia limpa.

Os investimentos no setor são estimados em cerca de R$ 15 bilhões até 2030. Mas ainda existem desafios para essa expansão. Entre eles está o financiamento.

“É preocupante observar que temos menos empresas de mineração brasileiras listadas na B3 em comparação com a Toronto Stock Exchange, no Canadá.”
Eduardo Miguel Lobo da Gama, engenheiro de minas e CEO da Minery

Com isso, há a necessidade de atrair capital estrangeiro para viabilizar o desenvolvimento de novos projetos minerais.

Outro ponto importante destacado pelo especialista é a rigorosa legislação ambiental do Brasil, que pode intimidar potenciais investidores interessados no lítio.

“A falta de clareza nas regras e a reputação internacional de um licenciamento ambiental demorado, obscuro e moroso aumentam as incertezas e dificultam o planejamento”, diz Gama.

À medida que o Brasil busca se posicionar na guerra do lítio, é evidente que a batalha não será apenas por recursos naturais, mas também por uma modernização na burocracia e por uma visão mais competitiva, que torne o País um player global na energia renovável.

 

Tarcísio banca secretário e diz que Educação em SP será ‘ao gosto do freguês’


Tarcísio surge como nova liderança para tomar espaço de Bolsonaro (Crédito:Amanda Perobelli) 

 

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), descartou substituir o secretário de Educação, Renato Feder, que está no centro de uma polêmica após recusar dez milhões de livros didáticos que seriam entregues pelo Ministério da Educação e dizer que, a partir de agora, os alunos irão copiar slides projetados pelos professores em sala de aula.

O Estadão revelou nesta sexta-feira que Feder é investigado por conflito de interesses por sua empresa vender notebooks para a secretaria que ele comanda. Ele detém parte da Multilaser, que mantém contratos com a Secretaria de Educação de mais de R$ 75 milhões. Ao todo são três contratos para o fornecimento de 97 mil notebooks para a rede pública estadual.

Em conversa com o Estadão, Tarcísio classificou o secretário de “preparadíssimo, estudioso, entusiasmado e idealista”. E acrescentou que Feder “tem sua admiração e respeito” e que “a chance” de ser substituído é “zero”.

O governador defendeu a posição do secretário sobre os livros didáticos. “Não é uma decisão desarrazoada. Só foi mal comunicada. Ela faz muito sentido. Tem uma lógica que eles não souberam explicar”, disse. E antecipou que os alunos terão um livro didático impresso com o material dos slides aprofundado.

“Vamos imprimir centralizadamente e distribuir esse material para as escolas. Então, o aluno vai ter o tablet e o material impresso disponíveis. Vai no gosto do freguês”, afirmou o governador. Pelo livro didático, o governo de São Paulo não pagaria nada, já que é comprado e entregue pelo Ministério da Educação (MEC). O Ministério Público Estadual abriu inquérito para investigar o custo e a qualidade do material que o governo Tarcísio quer usar.

Hoje nas escolas estaduais ainda não há tablets, segundo o secretário disse ao Estadão, as aulas tem “uma grande TV, que passa os slides em Power Point, alunos com papel e caneta, anotando e fazendo exercícios”.


 

sexta-feira, 4 de agosto de 2023

Abertura de Cingapura para proteína processada deve incrementar exportações do Brasil, diz ABPA

ABPA - Associação Brasileira de Proteína Animal

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) considera que a abertura do mercado de Cingapura para a carne suína processada do Brasil, anunciada nesta sexta-feira, 4, pelo Ministério da Agricultura, “deverá proporcionar significativo incremento nas exportações de carne suína do Brasil”. Segundo nota da associação divulgada nesta sexta, “Cingapura é um país com elevados níveis de consumo per capita de carne suína”.

“Há uma notável demanda por produtos de maior valor agregado, o que deverá gerar resultados diretos na receita das exportações para o destino”, disse, na nota, o presidente da ABPA, Ricardo Santin.

Cingapura, uma cidade-Estado localizada na ponta-sul da Península Malaia, possui uma população total de 5,6 milhões de habitantes e uma das mais elevadas rendas per capita anuais do planeta, com US$ 82,8 mil, conforme dados do Banco Mundial.

Atualmente, Cingapura já importa carne suína in natura do Brasil e tem incrementado a demanda pelo produto brasileiro.

É o quinto principal destino das exportações, com 34,7 mil toneladas importadas no primeiro semestre deste ano, número 9,2% superior aos embarques registrados em 2022, destaca a ABPA, na nota.Os embarques para o país asiático geraram US$ 91,7 milhões no período.

 

Lucro da Klabin avança 21% entre janeiro e junho


Vendas tiveram queda de 4% no período 
 
A Klabin é a oitava maior empresa da região e também a quarta maior do Paraná, de acordo com o ranking 500 MAIORES DO SUL, publicado pelo Grupo AMANHÃ com o apoio técnico da PwC

 

A Klabin obteve receita líquida de R$ 9,1 bilhões no primeiro semestre deste ano, valor 4% inferior ao mesmo período de 2022. De acordo com a companhia, as vendas foram um pouco menores devido volume inferior comercializado com as paradas programadas e pela redução nos preços de kraftliner e celulose. Já o lucro líquido avançou 21% entre janeiro e junho, para R$ 2,2 bilhões (veja os principais indicadores da companhia na tabela ao final desta reportagem). A Klabin ressalta em seu relatório que o trimestre foi marcado pelo início das operações da segunda fase do Projeto Puma II, com a partida da máquina de papel-cartão, a MP28. A nova máquina conta com 460 mil toneladas anuais de capacidade de produção. O equipamento foi projetado para desenvolver cartões com mais resistência e qualidade, direcionados, principalmente, para os segmentos de alimentos e bebidas, como embalagens longa vida, cerveja em lata e garrafa, industrializados (cereal, chocolate, pizza, entre outros) e para o crescente setor de food service (copos e bandejas). Com investimento total de R$ 12,9 bilhões, o Projeto Puma II é o maior investimento da história da Klabin e consistiu na construção de duas novas máquinas de papel (MP27 e MP28) na Unidade de Ortigueira, no Paraná.

"Nos mercados de celulose da América Latina, Europa e Estados Unidos, os segmentos de imprimir e escrever e especialidades seguiram desaquecidos. Por outro lado, o segmento de tissue continuou a operar com boas taxas de ocupação de máquina, mantendo o consumo regular dos volumes contratados para o período. No mercado chinês, no qual a Klabin mantém menor exposição, a demanda permaneceu relativamente estável, porém com aumento de consumo de celulose pelos produtores integrados, que reduziram a produção própria de fibras de alto custo", explica a companhia. "No mercado de papel-cartão a demanda deu sinais de acomodação, entretanto continua sendo impulsionada pela tendência de consumo de embalagens sustentáveis, com a substituição do plástico de uso único por soluções recicláveis, biodegradáveis e advindas de fontes renováveis. Na Klabin, a alta exposição a segmentos de produtos de primeira necessidade, em especial alimentos e bebidas, contribui para uma maior resiliência. No mercado brasileiro, segundo a Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ), as vendas aumentaram 6,6% no período acumulado de janeiro a maio de 2023 em relação ao mesmo período do ano anterior. Na Klabin, o segmento de cartões se mostrou resiliente, com 20% de aumento de receita no segundo trimestre de 2023, em comparação ao mesmo período do ano anterior", detalha a empresa. A Klabin é a oitava maior empresa da região e também a quarta maior do Paraná, de acordo com o ranking 500 MAIORES DO SUL, publicado pelo Grupo AMANHÃ com o apoio técnico da PwC. Leia o anuário completo clicando aqui, mediante pequeno cadastro.

 

Está mantido não trabalhar com caixa inferior a US$ 8 bi, diz diretor da Petrobras

Ficheiro:Petrobras horizontal logo.svg – Wikipédia, a enciclopédia livre

O diretor financeiro e de Relacionamento com Investidores da Petrobras, Sergio Caetano Leite, foi categórico ao dizer que a companhia descarta trabalhar com um caixa inferior a US$ 8 bilhões. Ele falava a investidores e analistas, em teleconferência sobre os resultados do segundo trimestre na manhã desta sexta-feira, 4.

Minutos depois, ao ser novamente questionado sobre o caixa da empresa, o executivo disse que “não há no horizonte nenhuma perspectiva de mudança radical na gestão do caixa da Petrobras”.Ainda assim, ele admitiu que excessos de caixa poderão ser usados para o pagamento de dividendos adicionais. “Isso vai acontecer se a administração entender que essa é a melhor destinação para o capital”, disse.

Sobre a possibilidade de novas reservas estatutárias para pagamento adicional de dividendos, Caetano Leite disse que isso teria de ser aprovado em assembleia de acionistas.

O plano global da Vtex

O plano global da VtexCom valor de US$ 1 bilhão na bolsa americana e atuação em 38 países, plataforma nascida no Brasil oferece solução completa de digital commerce a empresas com aposta na omnicanalidade

Principal executiva da Vtex no País, Rafaela Rezende enfrenta o desafio de mudar a mentalidade das empresas em relação aos processos (Crédito: João Castellano )

Principal executiva da Vtex no País, Rafaela Rezende enfrenta o desafio de mudar a mentalidade das empresas em relação aos processos (Crédito: João Castellano )

 

Be Bold. Seja corajoso, na tradução para o português. Mentalidade que, independentemente do idioma, move o dia a dia da Vtex, plataforma global nascida no Brasil que busca oferecer uma solução completa de digital commerce com base numa experiência omnicanal para o cliente. Fundada em 2000, a empresa tem apostado em soluções para expandir as operações no País e pelo mundo, projeção que a levou a abrir capital na bolsa de valores de Nova York, em 2021, na qual está avaliada em US$ 1 bilhão. “Foi [o IPO] muito importante para nos posicionarmos como marca global, que é o que somos hoje”, afirmou à DINHEIRO a general manager, Rafaela Rezende. “E muito importante para ganharmos visibilidade, para ganharmos notoriedade, para passarmos a confiança de que a gente precisava.”

A Vtex prevê crescimento de 15% a 19% na receita este ano, após faturar US$ 157,6 milhões em 2022, além de transacionar US$ 12,7 bilhões em volume bruto de mercadorias em sua plataforma de e-commerce, o que representa um crescimento anual de 31,3%.

Segundo Rafaela Rezende, que assumiu o posto há quase dois meses, após liderar a área de Vendas e Atendimento ao cliente, 45% da receita já é proveniente da operação internacional, composta por 19 escritórios em 38 países. “O Brasil ainda é o nosso mercado majoritário, mas não somos mais uma empresa puramente local. Somos uma empresa global”, disse a carioca, há três anos na companhia.

Foco em vários mercados

Como parte do processo de internacionalização, a Vtex visa ampliar a atuação pelos EUA e Europa. “A expansão começa agora. Estamos germinando as primeiras sementes. Queremos muito mais”, afirmou a executiva.

A investida da empresa ao exterior começou em 2013, na Argentina, e já cruzou o planeta. “Recentemente, o Casino [grupo francês de varejo] tornou-se nosso cliente, o que nos dá maior visibilidade internacional.”

Apesar da busca por mercados globais, a Vtex tem concentrado os investimentos em inovação no Brasil. Em 2022, foram R$ 260 milhões.

Para este ano, entre os projetos em desenvolvimento está o que envolve a utilização da inteligência artificial como facilitador na jornada de compra.

“Imagina você pegar uma lista de supermercado e jogá-la no WhatsApp. Aí, por meio da inteligência artificial, eu monto um carrinho para o cliente, que poderá finalizar a compra em menos de dois minutos.”
Rafaela Rezende, general manager da Vtex

A estratégia de negócios da empresa é voltada ao digital commerce, mais abrangente do que o e-commerce. “Vai muito além de uma tela de computador ou de um celular”, afirmou, ao destacar que a Vtex quer ser o backbone do digital commerce, com capacidade de interligar tudo da loja.

A empresa conecta todo o estoque dos clientes em diferentes canais de venda, seja WhatsApp, loja física ou live shopping. Segundo ela, ao possibilitar uma experiência omnicanal para o cliente, o vendedor também desempenha papel fundamental, como um personal shopper. E se torna chave na jornada.

Por exemplo, para melhorar a conversão, ou permitir acesso a produtos para aqueles que não conseguem comprá-los exclusivamente pelo comércio eletrônico.

O crescimento da Vtex durante os 23 anos de atuação fica evidente no potencial dos clientes da plataforma. São mais de 2,6 mil B2C, B2B e B2B2C, tendo mais de 3,8 mil lojas on-line ativas pelo mundo.

O trabalho da plataforma é baseado em soluções e produtos. Cinco deles foram apresentados no Vtex Day, evento de varejo, negócios e inovação digital realizado anualmente pela bandeira e que reúne pessoas e empresas interessadas em tecnologia, negócios e empreendedorismo. Na última edição, a principal palestrante foi a top model Gisele Bündchen.

Desafios

Apesar do crescimento anual, a Vtex está suscetível às adversidades globais, principalmente econômicas. E a escassez de caixa é vista como um dos principais desafios na atualidade.

Diante da situação, que resultou em um processo de reestruturação da empresa desde o ano passado, inclusive com corte de pessoal — hoje são 1,3 mil pelo mundo (eram pouco mais de 1,7 mil) —, Rezende disse que é hora de fazer bem o básico.

“Dinheiro é um desafio. É preciso usá-lo da forma mais inteligente”, afirmou. “Não só olhando o custo da solução, mas todo o custo de se operar uma solução.”

Na visão da executiva, as empresas precisam vencer a vaidade e o medo apresentado principalmente em relação à tecnologia. Muitas organizações, segundo ela, ainda acreditam que ter poder é sinônimo de ter tudo na mão, de possuir times grandes. “O mundo está mudando. Não adianta você ter um time de 2 mil pessoas e no fim a sua empresa quebrar”, disse. “Poder é longevidade.”

A estratégia de negócios da plataforma é vista com bons olhos por Eduardo Tomiya, fundador da TM20 Branding. O especialista aprova o processo de internacionalização da companhia, mas cobra atenção pelo ritmo de crescimento.

“Além da necessidade de capital forte, a empresa precisa ter atendimento”, afirmou. E, apesar do risco natural de toda investida, Tomiya acredita que o plano da Vtex está alinhado às tendências de longo prazo, a um novo tipo de consumidor.

“Eles [da Vtex] têm de fazer com que seja uma estratégia que chamamos de ‘glocal’ – internacional, mas com um ponto local muito forte”, afirmou. “Mas é fato que a receita proveniente do exterior já é bastante relevante.”

 

 https://istoedinheiro.com.br/o-plano-global-da-vtex/

 

 

Setor privado investe na descarbonização das frotas


Empresas apostam na aquisição de veículos de carga elétricos para reduzir as emissões de GEE na atmosfera

 

Setor privado investe na descarbonização das frotas


A necessidade de reduzir a emissão de gases de efeito esfufa (GEE) tem feito as empresas buscarem estratégias em sua operação para conseguir esse feito em um espaço menor de tempo. Além da adoção de uma tecnologia mais limpa na produção, a indústria em geral está buscando substituir a sua frota de veículos por unidades menos poluentes, como alternativa para contornar os efeitos da queima de combustíveis fósseis em grande escala. Nesse sentido, os elétricos têm ganhado cada vez mais espaço nos pátios dessas companhias.

Esse movimento atende a uma tendência global, na qual a sociedade segue cada vez mais exigente para reduzir as emissões dos gases de efeito estufa. Segundo dados da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), o período de 2022 fechou com 49.245 veículos elétricos e híbridos, somando uma frota circulante de 126.504.

No mundo, esse movimento já deixou de ser uma tendência e ganhou corpo. De acordo com dados da consultoria Bright Consulting, especializada na indústria automobilística, as vendas globais de veículos elétricos ficaram próximas de 8,3 milhões de unidades.

Os benefícios oferecidos pelos veículos elétricos são diversos, envolvendo desde a baixa emissão de poluentes, melhor aproveitamento energético, baixo custo de operação e pouca manutenção. Além disso, não geram calor ou promovem barulho excessivo.

Operações mais limpas

Uma das empresas que vem despontando nessa tendência é a JBS, maior empresa de alimentos do mundo. Ela lançou a No Carbon, companhia especializada em locação de caminhões 100% elétricos. Inicialmente, o foco de atuação do novo braço sustentável da indústria é atender às operações logísticas da indústria, abrangendo a distribuição de produtos das marcas Friboi, Seara e Swift.

Segundo Maria Paula Bibar, gerente de sustentabilidade da JBS Brasil, a iniciativa vai ao encontro do compromisso Net Zero da companhia de zerar o balanço líquido das emissões de GEE até 2040 em toda a sua cadeia de valor. “Com a No Carbon, a JBS cria um negócio que irá trazer escala à utilização de caminhões elétricos no transporte de cargas no Brasil, um país com elevada dependência do modal rodoviário na área logística. Além disso, a nova frente representa a abertura de um campo com grande potencial de crescimento e colabora com o objetivo da empresa de trabalhar de maneira cada vez mais sustentável.”

Os caminhões da No Carbon possuem 170 quilômetros de autonomia, capacidade de até 4 toneladas de carga e são equipados com baús frigoríficos, armazenando, simultaneamente, produtos resfriados e congelados.

Na prática

A eletrificação da frota das marcas Friboi e Seara já começou a ganhar corpo com a locação de veículos da No Carbon. A Friboi, líder no segmento de carne bovina, ampliou a sua frota de caminhões 100% elétricos refrigerados de 10 para 53 veículos. Para fazer essa inclusão em suas operações logísticas, a marca está instalando sistemas de carregamento de veículos elétricos em seus Centros de Distribuição no Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Goiás, Ceará, Pernambuco e Bahia.

A ampliação da frota de veículos elétricos permitirá que a Friboi deixe de emitir uma quantidade considerável de toneladas de CO2 por ano na atmosfera.

Já a Seara, reconhecida pela inovação e liderança em diversas categorias do mercado de alimentos, ampliou sua frota de 19 para 200 caminhões elétricos refrigerados. A marca é pioneira na adoção desses veículos, que realizam a distribuição de produtos em Santa Catarina, São Paulo, Paraná e Distrito Federal.

Com a chegada dos novos veículos na frota de transporte, a Seara projeta reduzir significativamente as suas emissões indiretas de CO2, o que deve equivaler ao plantio de 45 mil árvores.

Desde o fim do primeiro trimestre de 2023, a JBS opera uma frota de mais de 300 veículos elétricos nas operações logísticas de seus negócios, avançando nos esforços para se tornar Net Zero em 2040.

 

O papel da tecnologia no empoderamento feminino e na nova economia


A busca pela igualdade de gênero tem sido um tema recorrente nas discussões sociais e econômicas. Um dos setores em que essa luta se faz necessária é o da tecnologia – a presença feminina nesse campo ainda é baixa mas fundamental para impulsionar o progresso e a inovação

A tecnologia desempenha um papel fundamental no empoderamento feminino e na nova economia. É uma grande força motriz para ajudar as mulheres a ganharem autonomia e realizarem seus objetivos. Fornece ferramentas para que elas possam acessar informações, criar conexões e expandir seus negócios, permitindo que mulheres enfrentem o desafio de equilibrar os seus múltiplos papéis e responsabilidades, o que  exige uma habilidade de gerenciamento do tempo e do estresse com mais rapidez e eficiência.

Por meio da tecnologia, as mulheres criam seus próprios negócios, trabalham de forma flexível, compartilham experiências, promovem mudanças e adquirem habilidades e conhecimentos. No entanto, temos que reconhecer que a tecnologia também pode trazer desafios, como a reprodução de estereótipos de gênero ou a exclusão digital de mulheres em situações de vulnerabilidade. É necessário, portanto, promover a inclusão digital e garantir que todas as mulheres tenham acesso às oportunidades e benefícios oferecidos pela tecnologia.

O empoderamento feminino é o processo de fortalecimento das mulheres, tanto individual quanto coletivamente, para que possam adquirir autonomia, igualdade de direitos e participação plena na sociedade. Envolve o combate à desigualdade de gênero, a valorização das capacidades e potencialidades, e o incentivo ao seu empoderamento econômico, político, social e cultural, além da criação de um ambiente onde as mulheres possam tomar decisões, exercer sua voz e ter controle sobre suas vidas. Devemos apoiar o  empoderamento feminino porque ele contribui para eliminar as desigualdades históricas e estruturais entre homens e mulheres, promovendo uma sociedade mais justa, inclusiva e equitativa.

A ONU define o empoderamento feminino como um processo pelo qual as mulheres ganham controle sobre sua vida e seu bem-estar, bem como a capacidade de influenciar as mudanças sociais e econômicas que afetam suas vidas. Ele envolve a eliminação de todas as formas de discriminação e violência contra as mulheres e meninas, além de promover a igualdade de gênero em todas as esferas da vida.

Recentemente eu tive o prazer de conhecer Jennifer Nyambogo, que juntamente com Pauline Kariuki, fundou a Mawu Africa, uma startup que se tornou a fornecedora líder de soluções digitais para o setor de economia criativa na África. A plataforma Mawu tem um propósito maior: empoderar e beneficiar as talentosas artistas mulheres africanas. Jennifer, nascida no Quênia, criou esse negócio com a visão de que os produtos dessas artesãs seriam vendidos em todo o planeta.

 

A mulher na nova economia

 

A nova economia é um conjunto de ideias, práticas e modelos de negócios emergentes que estão transformando a forma como a economia é estruturada e como as pessoas interagem com ela. Ela é baseada em princípios como inovação, colaboração, sustentabilidade e uso eficiente dos recursos, impulsionados pela rápida evolução da tecnologia, incluindo a internet, as plataformas digitais, a inteligência artificial e o blockchain, entre outros. A nova economia valoriza o empreendedorismo, a economia criativa, o compartilhamento de recursos, a sustentabilidade e a flexibilidade no trabalho, entre outras características.

As mulheres estão se destacando em diversos setores da nova economia. Tecnologia, empreendedorismo, sustentabilidade, energias renováveis, setor de saúde e bem-estar e economia criativa são apenas algumas áreas nas quais as mulheres estão liderando o caminho. Elas estão trazendo inovação e perspectivas únicas para esses setores, e oportunidades estão aumentando à medida que a igualdade de oportunidades é promovida. 

É tão gratificante ver, à medida que as indústrias se transformam e novas tecnologias emergem, mulheres se destacando em suas  áreas de atuação. E por falar em representação feminina em cargos de liderança, eu tive o privilégio de conhecer duas mulheres incríveis: Catia Stoyan e Nina Silva.

Catia Stoyan fundou a Stoyan Energia em 2010 mas já atua no setor há cerca de 25 anos. A empresa desenvolve soluções e projetos de energia solar para o B2B e B2C. As dificuldades em empreender em um setor dominado por homens foram transformadas em energia para atingir suas metas e objetivos.  Em 2022  ela ganhou o prêmio Rise to the Challenge, organizado pela  WeConnect International, em duas categorias em que concorria, inclusive a mais importante delas, a de mulher empreendedora, em que disputava com outras oito mulheres do mundo todo. 

Nina Silva foi considerada a Mulher Mais Disruptiva do Mundo pela Women ln Tech Global Awards 2021, uma das 100 afrodescendentes mais influentes do mundo abaixo de 40 anos pela MIPAD (Most lnfluential People of African Descent). Ela também é sócia fundadora do Movimento Black Money, focado na articulação e emancipação  social, financeira e profissional da população negra brasileira, que, mais tarde, se desdobrou no D’Black Bank.    

Por isso a inclusão de mulheres no mercado de tecnologia não é apenas uma questão de justiça social, mas também de crescimento econômico e avanço tecnológico. 

Existem diversas pesquisas sobre mulheres na área de tecnologia, tanto no Brasil quanto no mundo.

 

Conheça mais pesquisas sobre mulheres na área de tecnologia

 

Women in Tech 2021 (Relatório Global) – Pesquisa realizada pela TrustRadius sobre a representatividade feminina  em cargos de liderança em empresas de tecnologia em todo o mundo. O relatório indica que apenas 23% dos cargos de liderança em tecnologia são ocupados por mulheres. Nos Estados Unidos, apenas 27% dos cargos de liderança são ocupados por mulheres. Além disso, a pesquisa revelou que as mulheres ocupam apenas 19% dos cargos de C-level. 

Women in Tech 2021 (Pesquisa Brasil) – Realizada pela empresa de recrutamento Hays, a pesquisa mostrou que, apesar de ainda haver desigualdade de gênero na área de tecnologia no Brasil, a maioria das empresas está trabalhando para mudar essa realidade. De acordo com a pesquisa, 75% das empresas entrevistadas têm estratégias para aumentar a representatividade feminina em suas equipes.

Mulheres na Tecnologia (Pesquisa Brasil) – Realizada pela empresa de recrutamento Talenses em parceria com a Insper, a pesquisa revelou que apenas 17% dos profissionais de tecnologia no Brasil são mulheres. Além disso, a pesquisa apontou que a falta de oportunidades de crescimento é a principal barreira para a inclusão das mulheres na área. 

Women in Tech Index (Relatório Global) – Realizado pela empresa de recrutamento e treinamento de tecnologia HackerRank, o relatório avaliou a representatividade feminina em cargos de tecnologia em diversos países do mundo. O Brasil ficou em 16º lugar no ranking, com uma pontuação de 34,2 em 100.

A jornada para se tornar uma mulher de TI começa muito cedo, ainda na educação infantil. A grande maioria das meninas é desencorajada a estudar matérias exatas, como física e matemática. As que desafiam as convenções sociais e se dedicam a essa área do conhecimento enfrentam grandes provações. Cerca de 43% afirmam sofrer preconceito na universidade, já que os cursos são majoritariamente masculinos. Mas, os maiores problemas estão mesmo no ambiente de trabalho.

 

Iniciativas para promover a equidade de gênero

 

O ecossistema de mulheres tech é uma rede de indivíduos, organizações, comunidades e recursos que apoiam e promovem a participação, o avanço e o empoderamento das mulheres no setor de tecnologia. Essa rede abrange uma ampla gama de iniciativas, como grupos de apoio, comunidades online e offline, programas de mentoria, eventos, conferências, programas de capacitação, startups lideradas por mulheres, organizações sem fins lucrativos e muito mais. 

É fundamental continuar investindo na inclusão e no empoderamento das mulheres na tecnologia, garantindo que elas tenham as mesmas oportunidades de crescimento e desenvolvimento que os homens. A diversidade de gênero é um ativo valioso para a inovação e o progresso tecnológico, e devemos trabalhar juntos para criar um or ambiente mais inclusivo e igualitário. Por isso é primordial que empresas e governos incentivem a formação e capacitação das mulheres para desenvolver suas habilidades técnicas e soft skills. Que invistam no treinamento e no empoderamento das mulheres para desenvolver suas habilidades técnicas e interpessoais. 

Além disso, é necessário criar programas de apoio que ofereçam oportunidades de trabalho, programas de bolsas de estudo, que podem ser criados para mulheres que querem entrar no campo, bem como incentivos fiscais para empresas que contratam profissionais qualificados do sexo feminino. Ao fazer isso, podemos garantir que as mulheres tenham as mesmas oportunidades que os homens.

Algumas iniciativas buscam incentivar mais mulheres a ingressarem em carreiras relacionadas à tecnologia, fornecendo suporte, inspiração e recursos necessários para o crescimento profissional, além de facilitar a criação de redes e colaborações entre mulheres que trabalham no setor de tecnologia. Conheça alguns delas:

 

A PrograMaria busca empoderar meninas e mulheres por meio da tecnologia e programação.

WoMakersCode impulsiona o protagonismo feminino na tecnologia, por meio de capacitação, mentoria e empregabilidade.

Elas Programam é uma consultoria especializada em desenvolver soluções para engajamento, capacitação e contratação de talentos femininos de tecnologia.

{reprograma} é uma iniciativa de impacto social que tem como missão diminuir a lacuna de gênero no setor de tecnologia, por meio da capacitação profissional em programação de mulheres em situações de vulnerabilidade, priorizando negras, trans e travestis em seus processos seletivos.

Minas Programam é uma iniciativa criada em 2015 para desafiar os estereótipos de gênero e de raça que influenciam as áreas de ciências, tecnologia e computação. Promove oportunidades de aprendizado em programação para meninas e mulheres.

Mulheres de Produto estimula o desenvolvimento e capacitação profissional para pessoas que se identificam como mulheres brasileiras que desejam ingressar ou se especializar em áreas de tecnologia, engenharia, design e ciências aplicadas.

Mulheres em Dados promove trocas, mentorias, conversas, ajudas, workshops, suporte e amparo, com o objetivo de reverter a desigualdade de gênero exacerbada em dados e tecnologia.

 

Negócios na nova economia com foco em tecnologias

Esses exemplos mostram como as mulheres podem aproveitar suas habilidades e conhecimentos específicos para criar negócios de sucesso na nova economia baseada em tecnologias: 

  1. Desenvolvimento de aplicativos, jogos interativos ou ferramentas de aprendizagem para crianças, aproveitando a demanda por conteúdo digital seguro e educativo para os pequenos.
  2. Consultoria em segurança cibernética para ajudar as organizações a fortalecer sua proteção digital.
  3. Loja online para vender produtos exclusivos, como joias feitas à mão, itens de decoração, roupas personalizadas ou produtos de cuidados pessoais naturais.
  4. Treinamentos e workshops para ajudar outras mulheres a aprimorar suas habilidades digitais e empreender online.
  5. Desenvolvimento de aplicativos, plataformas ou dispositivos que facilitem o acesso a cuidados de saúde, monitoramento de condições médicas ou promoção do bem-estar.
  6. Serviços de consultoria em transformação digital para orientar e implementar estratégias que melhorem sua eficiência, produtividade e inovação.

 

Quebrando paradigmas

 

Temos que quebrar o paradigma de associação de gênero com determinadas funções. A ideia de que as mulheres são mais emocionais e voltadas ao cuidado, enquanto os homens são mais racionais e objetivos, é um estereótipo prejudicial e limitante. Esse estereótipo pode desencorajar as mulheres a buscar carreiras em tecnologia e outras áreas STEM, o que perpetua a desigualdade de gênero no mercado de trabalho e limita as oportunidades de carreira das mulheres. Quando as mulheres são sub-representadas em áreas como a tecnologia, elas também são sub-representadas em empregos bem remunerados e em alta demanda no mercado. A falta de diversidade limita a capacidade de uma empresa ou setor de inovar e criar soluções que atendam às necessidades de todos os membros da sociedade. Portanto, ao incentivar e acolher as mulheres desde a infância e adolescência para que identifiquem e sigam carreiras em tecnologia e outras áreas STEM (acrônimo para Science, Technology, Engineering and Mathematics),  abrindo oportunidades valiosas para elas e ajudando a criar um mercado de trabalho mais diverso e inclusivo. Isso contribui para maior inovação, criatividade e sucesso econômico da sociedade como um todo.

 

“The Dream Gap Project”

As garotas acreditam que podem ser qualquer coisa, mas o mundo quer?

 

O “The Dream Gap Project” foi lançado pela empresa de brinquedos Mattel em outubro de 2018, com o objetivo de combater o “gap” ou lacuna dos sonhos que afeta meninas em idade escolar, limitando suas aspirações e crenças em seu próprio potencial. O projeto fornece recursos, ferramentas e apoio para capacitar meninas a desenvolverem confiança, habilidades e conhecimentos em ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM -Science, Technology, Engineering and Mathematics), além de outras áreas profissionais em que as mulheres estão sub-representadas. O objetivo é ajudar a fechar essa lacuna, capacitando meninas a alcançarem seus sonhos e se tornarem líderes e profissionais bem-sucedidas em qualquer campo que escolham.

O “The Dream Gap” inclui uma série de iniciativas, como a criação de bonecas da Barbie que representam mulheres bem-sucedidas em campos como a ciência e a tecnologia, e a parceria com organizações sem fins lucrativos para fornecer recursos e mentoria para meninas em todo o mundo. A empresa também criou uma série de vídeos que destacam as histórias inspiradoras de mulheres que superaram obstáculos para alcançar o sucesso em suas carreiras. “Dream Gap” é um exemplo de como as empresas podem usar sua influência e recursos para promover a igualdade de gênero e inspirar meninas a perseguir seus sonhos.

 

E-mail para uma Mulher

Querida amiga,

Eu queria que você soubesse que estou aqui para apoiá-la em tudo o que você fizer, especialmente em relação aos seus sonhos e objetivos profissionais. Eu sei que você está passando por um momento difícil, mas eu quero que você saiba que pode escolher qualquer carreira profissional, independentemente de ser mulher. Você é capaz e tem todo o potencial para alcançar o que deseja. Aliás, você pode ser o que quiser na vida.

Se você sonha em ser uma cientista, engenheira, médica, astronauta, professora, CEO, conselheira, ou até mesmo presidente do Brasil, você pode fazer isso acontecer. Lembre-se de que você é capaz de ser quem você quiser, e não há nada que possa impedi-la de conquistar seus sonhos.

Acredite em si mesma, siga seus sonhos e trabalhe duro para alcançá-los. O mundo precisa de mulheres como você para liderar e fazer a diferença. Não deixe que ninguém diga que você não pode fazer algo por causa do seu gênero. Eu acredito em você e no que você é capaz de fazer. Então, siga em frente, persevere e nunca deixe ninguém dizer que você não pode alcançar seus sonhos! Conte sempre comigo para apoiá-la em todas as suas conquistas.

 

Com muito carinho,

 

Núbia Lentz

 

 https://istoe.com.br/mulher/noticia/o-papel-da-tecnologia-no-empoderamento-feminino-e-na-nova-economia/