quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Para especialista, abrir mercado a estrangeiros é fundamental.


Abrir o mercado nacional para  atrair estrangeiros qualificados em busca de trabalho é fundamental, já que o país não consegue reter seus melhores talentos e, em curto prazo, não conseguirá formar o número de profissionais Especializados que são necessários hoje, afirma Arthur Vasconcellos, sócio-diretor da empresa de recrutamento de executivos CT Partners.

“Atendemos várias empresas do setor de infraestrutura e o que vemos é que não há engenheiros suficientes, por exemplo, para atender a demanda de mão-de-obra especializada nas empresas de óleo e gás”, explica o executivo. “O Brasil precisa oferecer condições para que estrangeiros possam vir trabalhar, tal qual fazem Estados Unidos ou Canadá, que contam, inclusive, com muitos profissionais brasileiros”, afirma ele.

O governo brasileiro tem se mostrado interessado em derrubar as barreiras que dificultam a entrada de estrangeiros no país. Ano passado, o governo montou uma força-tarefa envolvendo quatro ministérios e liderada pela Secretaria de Assuntos Estratégicos, com o objetivo de trabalhar na criação de uma nova política migratória, que envolveria a derrubada de barreiras para obtenção do visto de trabalho.

Hoje, apenas 0,3% dos trabalhadores no Brasil são estrangeiros. Em 1900, quando o país começou a se industrializar, esse número era de 7,3%. Atualmente, se um estrangeiro quiser vir trabalhar no país, além de já ter um emprego, ele precisará esperar oito meses e gastar cerca de R$ 15 mil para a emissão do visto.

Além disso, se um estrangeiro atuando no Brasil mudar de emprego, ele precisa começar todo o processo de obtenção do visto novamente, o que torna a contratação desse tipo de mão-de-obra cara e morosa para as empresas. “Não temos competência para reter as mentes brilhantes e não deixamos as mentes brilhantes entrarem por questões burocráticas do passado”, lembra Vasconcellos. “Precisamos mudar esse cenário rapidamente, ao custo de termos, nos próximos anos, a pior taxa de crescimento dos países em desenvolvimento, gerando apenas matéria-prima para países que nos vendem a tecnologia pronta.”
Emilia Patrizi
(Advivo – 03/01/2013)

Fundo Nacional do Meio Ambiente lança Edital para ampliar a oferta de Mudas Nativas e Sementes


Ministério do Meio Ambiente financiará projetos com valores entre 100 e 300 mil reais e duração de 12 a 18 meses.

A ação visa aumentar o número de projetos que busquem ampliar e qualificar a oferta de sementes e mudas nativas nos mercados regionais e locais, bem como promover a geração de renda para agricultores familiares.

Este incentivo vai de encontro com o Projeto "Eco Parceiros" do IBF que visa promover o empreendedorismo sustentável, através da implantação de viveiros de produção de Mudas Nativas.
Viveiro do Instituto Brasileiro de Florestas

Poderão participar deste Edital as instituições públicas que pertencem à administração direta ou indireta (federal, estadual e municipal), consórcios públicos e instituições privadas brasileiras sem fins lucrativos, desde que estejam enquadradas no tema Meio Ambiente.

Já para os demais empreendedores e produtores rurais, o Governo disponibiliza o Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC), que também financia a implantação de viveiros de mudas florestais. E que pode ser utilizado no Projeto ECO PARCEIROS.

Uma excelente oportunidade para quem busca diversificar negócios e ao mesmo tempo promover a sustentabilidade ambiental.
 
Aproveite a oportunidade e torne-se um ECO PARCEIRO.
Saiba mais em: www.ibflorestas.org.br/eco-parceiro

Programa Eco Parceiros

 CONTATO

(43) 3324-7551 - Paraná
(31) 4063-7206 - Minas Gerais
(11) 4063-5206 - São Paulo
contato@ibflorestas.org.br

EUA fora do jogo em Caracas

16/01/2013 - 04h33

 

"Diplomacia de ponte aérea" ("shuttle diplomacy") é um termo geralmente associado ao Oriente Médio e a estadistas americanos (e americanas) voando a qualquer hora do dia ou da noite para impedir crises e evitar guerras. Mas é difícil lembrar-se da última vez em que diplomatas americanos estiveram na linha de frente da prevenção de conflitos na América Latina.

Na crise atual, da Venezuela, parece que os Estados Unidos ficaram no segundo plano em relação a Havana, Brasília e Buenos Aires.
Relatos, tuítes, frases, fotos e bastidores sugerem que o esforço para evitar uma grande crise em Caracas é um assunto, além de venezuelano, inteiramente latino-americano.

É verdade que a secretária assistente de Estado para a América Latina, Roberta Jacobson, teve pelo menos uma conversa com o vice-presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que também conversa com outros americanos fora das fontes governamentais dos EUA, mas próximas destas.
E meu palpite é que altos funcionários de Bogotá e Brasília estejam mantendo Washington informada sobre os acontecimentos, pelo menos até certo ponto.

A imagem é espantosa. Raul e Fidel recebendo chefes de Estado e outros altos líderes governamentais, em algo que parece ser uma estratégia coletiva, embora liderada por Havana, para garantir na Venezuela uma transição estável que cubra o tempo da doença de Chávez e que perdure depois. (Sem falar que, ao mesmo tempo, Havana está sediando negociações de paz entre a Colômbia e as Farc.) Washington não tem prestígio suficiente para empreender esforços semelhantes.

O isolamento de Washington pode ser boa notícia para os atores sul-americanos envolvidos, e é bem possível que realistas pragmáticos na Casa Branca sintam-se gratos por, graças a isso, estarem de certo modo livres para se preocuparem com o sul da Ásia e o Oriente Médio.
Ou, numa era de expectativas baixas, para pelo menos assumirem um papel condizente com as ferramentas muito limitadas de política externa disponíveis para a região.

Eu sou a última a querer ver a arrogância imperial do passado retornar sob aparência mais palatável. É melhor que outros desfrutem de alguns sucessos e erros inevitáveis.
Mas, deixando de lado a "schadenfreude" tentadora desta nova normalidade desde a perspectiva latino-americana, e estipulando que, na Venezuela, os EUA provavelmente têm pouco a oferecer para melhorar as chances de um resultado estável e democrático, os americanos deveriam ter descoberto um jeito de encontrar lugar na nova mesa diplomática da América Latina.

É bem possível que o caminho a seguir passe por nossas políticas domésticas: a reforma da imigração e o controle de armas, duas questões que têm consequências importantes e potencialmente positivas para a América Latina, estão no topo da agenda de Obama para seu segundo mandato. Acrescente-se uma pitada de bom senso em relação a Cuba, e começa a emergir um caminho de volta à mesa.
Será que Washington aproveitará a oportunidade?

 Julia Sweig é diretora do programa de América Latina e do Programa Brasil do Council on Foreign Relations, centro de estudos da política internacional dos EUA.

Fazenda reconhece defasagem, mas reitera não ter decisão para reajuste da gasolina

16/01/2013 - 11h03

DA REUTERS
DE SÃO PAULO

O secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Antônio Henrique Silveira, reconheceu nesta quarta-feira uma defasagem no preço da gasolina de cerca de 7%, mas sustentou não haver decisão do governo sobre o reajuste.

Questionado se a mistura do etanol à gasolina, hoje em 20%, poderia ser elevada para amenizar o efeito no preço praticado nas bombas, Silveira disse que "se ocorrer, será quando entrar safra", a partir de abril.

"É bom aguardar para ter mais segurança sobre o abastecimento", justificou o secretário.
Na terça-feira, o jornal "O Estado de São Paulo" publicou notícia informando que o governo deve elevar a gasolina em 7% e o óleo diesel entre 4% e 5%. Em outubro do ano passado, a Folha havia dito que o combustível ficaria entre 12% e 15% mais caro neste ano.
Silveira disse que "não há notícia de data" para o reajuste dos preços dos combustíveis, mas que a defasagem está na faixa da que foi informada pelo jornal. As declarações de Silveira seguem a fala do secretário do Tesouro Nacional e ministro interino da Fazenda, Arno Augustin, que ontem afirmou desconhecer "qualquer decisão" sobre o reajuste da gasolina.
Segundo Silveira, o impacto do aumento dos combustíveis na inflação "vai depender do ano e da intensidade".

Nos planos da Petrobras, o aumento poderia ser feito de uma vez só --em fevereiro-- ou dividido em dois --um em fevereiro e outro em agosto.
A estatal aguarda autorização do governo federal para reajustar o valor cobrado pelo combustível, mas o reajuste vem sendo evitado para não impactar na inflação.
O congelamento dos preços vem gerando prejuízos à companhia, que absorve a diferença entre o custo da gasolina importada e o valor cobrado no mercado doméstico.

A Petrobras diz precisar do reajuste nos combustíveis para atender à crescente necessidade de investimentos em exploração e produção.

Imaginação

16 de janeiro de 2013 11:26



Texto de Antonio Delfim Netto
Publicado pelo jornal Folha de São Paulo

A imaginosa operação realizada pelo governo para fingir o cumprimento do superavit primário foi irritante.
Teria sido muito melhor para a sua credibilidade reconhecer que, com um crescimento do PIB de 1% e uma queda de 2% na produção industrial, recomenda-se um afrouxamento fiscal e monetário e um estímulo aos investimentos. O aspecto mais preocupante foi a revelação da má qualidade do portfólio do BNDESPar empurrado para a Caixa Econômica Federal.

Tal evidência aconselha que se incluam na dívida líquida alguns dos empréstimos do Tesouro ao banco. Tem razão o TCU quando insiste em tomar conhecimento das garantias oferecidas aos empréstimos do BNDES, o que não está protegido pelo “segredo bancário”.
Entretanto, por mais desastrada que tenha sido a operação na essência e na oportunidade, ela está longe de sugerir, como se tem afirmado, que “o governo perdeu o controle fiscal, a última peça restante do tripé”. Afinal, terminamos o ano com um deficit nominal em torno de 2,4% do PIB, com uma taxa de inflação de quase 5,8% e com uma relação dívida líquida/PIB em torno de 36%, o que não prenuncia nenhum descontrole. Mas o deficit em conta-corrente de quase 2,5% do PIB sugere algum cuidado.

Há uma angústia provocada pela repetição de “truques” contábeis que, às vezes, chegam à transmutação de dívida pública (chumbo) em receita pública (ouro) graças à obra e à arte de alquimistas na busca da pedra “filosofal” capaz de produzir o “ilusionismo geral”. A preocupação é legítima. Eles ameaçam reconstruir relações incestuosas entre o Tesouro Nacional, o BNDES, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal.

Estamos diante de uma sucessão de “espertezas” capazes de, desapercebidamente, destruir o esforço de transparência que vem sendo preparado desde 1983, que levou à eliminação da famosa “conta-movimento” do BB e culminou na magnífica Lei de Responsabilidade Fiscal, até hoje duramente combatida pelo Partido dos Trabalhadores.

Agora mesmo, o governo introduziu de contrabando, numa medida provisória, um dispositivo prejudicial ao equilíbrio fiscal, o que justifica a tal angústia.
É uma pena. Isso torna ainda mais difícil superar a desconfiança que, hoje, existe entre o setor privado capaz de produzir as obras de infraestrutura e a sua interface no governo. A experiência recente mostrou que esta tem mais “poder” do que “competência”, evidenciado no fato de atacar os problemas certos, mas de tentar resolvê-los sempre com mais calor do que luz!

Inflação torna o Brasil menos competitivo


— 16 de janeiro de 2013 12:01


Charge de Fernando Cabral

Texto de Cristiano Romero
Publicado pelo jornal Valor Econômico

O Brasil chegou, em 2012, ao quinto ano consecutivo com a inflação acima da média mundial. Mesmo em ano de recessão, como foi 2009, e de baixíssimo crescimento, como 2012, a inflação brasileira, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), superou com folga a média internacional.

Uma das consequências de se ter inflação mais alta que a de outras economias é que isso contribui para diminuir a competitividade do país. Se é verdade que a apreciação da taxa de câmbio pode tornar uma nação menos competitiva, é igualmente verdadeiro que ter um custo de vida mais elevado que o de parceiros comerciais reduz a capacidade de competir com esses mesmos parceiros.

Depois de convergir em meados da primeira década deste século para a inflação média dos 15 principais parceiros comerciais do país, o custo de vida brasileiro descolou (para cima) a partir de 2008. Cálculo do banco Credit Suisse mostra que, entre 2008 e 2012, o diferencial acumulado entre o IPCA e a inflação ao consumidor desses 15 países somou 12 pontos percentuais. Trata-se de uma diferença significativa.

Inflação brasileira supera mundial há cinco anos
Há várias explicações para a aceleração da inflação a partir de 2008. Pouco se fala, entretanto, da mais importante delas – a definição, pelo governo, da meta de 2009, ocorrida em meados de 2007. Naquele momento, a diretoria do Banco Central defendeu a redução da meta de 4,5% para 4,25% ou 4%, com o argumento de que, tendo o IPCA do ano anterior (3,14%) ficado abaixo da meta e estando a inflação em 12 meses em torno da meta, não haveria custo monetário adicional para reduzir esse índice de preços nos anos seguintes.

Pesou, todavia, a opinião dos economistas de corte desenvolvimentista, naquela ocasião, assim como agora, em maioria no governo: Brasília optou por manter a meta de 2009 em 4,5%, estendendo-a, nas decisões seguintes, para todos os anos subsequentes. Pode-se afirmar que nasceu ali, naquela deliberação, a moderna política econômica brasileira. Esta ampara-se na ideia de que, mais importante do que continuar a desinflacionar a economia, o país precisa acelerar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), mesmo que para isso seja necessário tolerar um “pouco mais” de inflação.

O Plano Real, lançado em julho de 1994, foi bem-sucedido em debelar a hiperinflação ou inflação crônica que assolou o Brasil por mais de duas décadas. A tarefa, contudo, não foi fácil. Os primeiros anos do plano foram de inflação elevada, em grande medida, por causa do carregamento estatístico dos anos anteriores – o IPCA recuou de 2.477,15% em 1993 para 22,41% em 1995. O índice mais baixo do período foi registrado em 1998, quando o IPCA caiu a 1,65%, em decorrência da forte apreciação da taxa de câmbio.

Em janeiro de 1999, testado por três crises sucessivas (a asiática, a russa e a do próprio país), o regime de câmbio quase-fixo, âncora daquela política, desmoronou. O Brasil adotou, então, o regime de câmbio flutuante, o sistema de metas para inflação e a política de geração de superávits fiscais primários. O novo tripé gerou resultados positivos imediatos, mas a crise energética de 2001 e a da transição política de 2002 levaram a inflação, novamente, a dois dígitos.

Tendo assumido o poder em meio a um enorme descrédito, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva surpreendeu ao redobrar a aposta na estabilização. O que se viu, a partir de 2003, foi o período desinflacionário mais bem-sucedido da história recente do país. A inflação, que em 12 meses chegou a superar 17% em maio de 2003, caiu para 7,6% em 2004, 5,69% em 2005 e 3,14% em 2006. Em 2007, ficou na meta (4,46%), mas nos anos seguintes acelerou.

A mudança de patamar foi provocada pela visão da economia que prevalece até os dias de hoje. Os números mostram isso com clareza. Com exceção de 2009, ano da crise mundial e de crescimento negativo no Brasil (-0,3%), desde então o IPCA não caiu mais abaixo de 5,8%. É verdade que, no período, ocorreram choques de preços, principalmente de commodities, mas isso não explica toda a história.

O governo desistiu de retomar o processo de desinflação e isso foi percebido pelos agentes econômicos, afetando negativamente as expectativas, e por essa razão o Brasil vem registrando sucessivamente índices de preços superiores aos de seus parceiros comerciais. A permanência do IPCA acima da meta, desde 2009, torna ainda mais difícil a sua convergência, nos próximos anos, para padrões internacionais. Embora esteja neste momento em linha com a média registrada pelos países emergentes e em desenvolvimento, a inflação brasileira é quase o dobro do custo de vida médio (3%) das nações de mesmo porte que adotam o regime de metas.

Desnecessário lembrar que a inflação, além de diminuir a competitividade da economia, penaliza as camadas mais pobres da população, especialmente as que vivem de programas transferência de renda, como o Bolsa Família, e de benefícios sociais não atrelados à correção do salário mínimo. Registre-se, ainda, que a inflação está mais alta justamente para a população de renda mais baixa.
Em 2012, o INPC, que mede o custo de vida para quem ganha até cinco salários mínimos por mês, chegou a 6,2%, diante dos 5,84% do IPCA, que mede a inflação de quem ganha até 40 salários mínimos. A equipe do Credit Suisse calculou que o IPCA em 12 meses até outubro passado ficou mais salgado para quem ganha até R$ 830 por mês (7,2%). Para quem ganha mais de R$ 10.375, o índice foi de 5,8%.

Inconsistências

16 de janeiro de 2013 11:45



Texto de Celso Ming

Publicado pelo jornal Estado de São Paulo

A política de consertar as inconsistências da economia com improvisações e puxadinhos está levando a um beco sem saída.

Os seguidos adiamentos dos reajustes dos combustíveis, por exemplo, vêm criando distorções que tornam quase inevitável a recomposição dos preços no pior momento para o governo justamente quando as correções dos preços se acumulam.

A principal distorção é o estrago que a prática de subsídios e o atraso dos reajuste provocam nas finanças da Petrobrás. Ainda ontem, “fontes da empresa” reafirmaram que a Petrobrás precisa do reajuste de 15% dos combustíveis para atualização do seu Plano de Negócios – ou seja, para dar seguimento a sua carteira de investimentos de US$ 236,5 bilhões até 2016. Além disso, está claro que a empresa vai perdendo capacidade de endividamento e que, provavelmente, precisa criar condições de mercado para novo reforço do capital.

A outra distorção recai sobre o setor de etanol. O governo pretende aumentar a proporção de álcool anidro na gasolina, de 20% para 25%, com o objetivo de reduzir o consumo de gasolina e a dependência de importações. No entanto, a produção das usinas segue de-sestimulada. O etanol tem apenas 70% da capacidade energética da gasolina. Como os preços da gasolina estão congelados, não é possível cobrar mais pelo etanol, porque o consumidor migraria para a gasolina. Com sua margem de retorno fortemente comprimida pela elevação dos custos, os usineiros e os produtores de caná-de-áçúcar adiam seus investimentos ou descuidam dos Canaviais.

A falta de flexibilidade na área dos combustíveis, por sua vez, é o resultado de uma política de riscos altos assumida pelo governo e pelo Banco Central, baseada na ideia de que “é preciso fazer o que ninguém fez e, se alguma coisa der errado, a gente vê como conserta depois”.

A inflação vem com força e deverá saltar para acima dos 6,0% em 12 meses, porque o governo DILMA entendeu que tinha de cuidar preferencialmente do crescimento econômico. Por isso, foi mais permissivo na administração das contas públicas e levou o Banco Central a derrubar os juros a níveis macroeconômicos inconsistentes.

A ideia de que uma inflação mais alta seria tolerável porque garantiria mais atividade econômica foi outra vez desmentida pela sucessão de pibinhos que vieram depois. Os resultados são a pior combinação: inflação alta, entre as mais elevadas entre os países emergentes e atividade econômica fraca, quase parando, que, por sua vez, desestimula o investimento, numa paisagem de custos trabalhistas no pico.

O governo federal já vinha se esforçando para segurar a inflação no muque em vez de obter resultados naturais com políticas consistentes. O achatamento dos preços dos combustíveis faz parte desse jogo. As reduções de impostos na compra de automóveis e de aparelhos domésticos, somadas ainda às negociações com as principais prefeituras do Brasil para adiar os reajustes das tarifas de transporte público, também fazem. Manobras desse tipo compram algum tempo, mas represam pressões telúricas que um dia vazam – ou irrompem.

Por enquanto, o governo DILMA ainda confia em que a volta do crescimento econômico robusto, da ordem de 4,0% ao ano, devolverá a confiança e ajudará a resolver todas as pendências. O problema é que essa virada pode não vir.