quarta-feira, 8 de maio de 2013

BRASIL OFERECE BOLSAS DE DOUTORADO PARA ESTRANGEIROS

Brasil oferece 60 bolsas de doutorado para formação de estudantes estrangeiros. Candidatos às áreas de ciências agrárias, ciências biológicas, medicina , química, engenharias, ciência da computação, física, astronomia e oceanografia, entre outras, podem se inscrever.

Estão abertas as inscrições para a chamada pública que permite a jovens pesquisadores estrangeiros, provenientes de países em desenvolvimento, cursar parte de sua formação no Brasil. As modalidades beneficiadas são doutorado sanduíche, com 30 vagas, doutorado pleno, com 20 vagas, e pós-doutorado, com 10 vagas.

As áreas de interesse, que terão propostas aprovadas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela Academia para o Mundo em Desenvolvimento (TWAS, sigla em inglês), são: ciências agrárias; ciências biológicas; medicina e ciências da saúde; química; engenharias; matemática e probabilidade e estatística; ciência da computação; física; astronomia e geociências, e oceanografia.

A academia será responsável por financiar as despesas como custeio de passagens e auxílios com visto e instalação. O CNPq será responsável pela mensalidade. Há ainda outros instrumentos inclusos, mas o candidato deve ficar atento às especificidades dos recursos financeiros e itens pagos para cada modalidade.

O idioma de ensino dos cursos no Brasil é o português, mas existe a possibilidade de que instituições de pesquisa exijam determinado nível de proficiência em outros idiomas para permitir a continuidade do curso. Para os candidatos aprovados nas modalidades doutorado pleno e doutorado sanduíche, a introdução ao curso deve ser planejada para o início dos semestres acadêmicos nas instituições brasileiras.

Bolsas

A bolsa de doutorado pleno é destinada aos pesquisadores que não possuem diploma de doutorado e desejam cursar um programa de pós-graduação brasileiro, avaliado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) com nota 5, 6 ou 7. A duração máxima desta modalidade é de 48 meses.

A bolsa de doutorado sanduíche destina-se àqueles pesquisadores que já estão matriculados em um curso de doutorado no país de origem há um ano e desejam obter experiência internacional em um programa de pós-graduação brasileiro avaliado pela Capes como 5, 6 ou 7. O período de duração da bolsa varia entre 6 a 12 meses.

Já a bolsa de pós-doutorado é direcionada aos pesquisadores estabelecidos e empregados no país de origem, que desejam realizar pesquisa em um programa de pós-graduação brasileiro avaliado pela como 5, 6 ou 7. O período de duração da bolsa também é de 6 a 12 meses.

Doutorado

O curso de doutorado faz parte da pós-graduação stricto sensu, ou seja, é voltado para a carreira acadêmica, para pesquisadores e formação de professores. O processo de seleção é realizado de acordo com cada faculdade, mas, na maioria das vezes, o primeiro passo para o candidato é montar um projeto de pesquisa e submetê-lo a análise da instituição. Se aprovado, são aplicados exame de língua estrangeira, prova escrita e entrevista.

Durante o doutorado, cuja duração média é de quatro a cinco anos, o aluno frequenta as aulas, desenvolve a tese com o acompanhamento de um orientador e apresenta o projeto para uma banca examinadora, composta por cinco membros. Como o trabalho de pesquisa é mais extenso do que o projeto elaborado no mestrado, o curso exige ainda mais dedicação e conhecimento profundo a respeito do tema.

Os programas de doutorado são avaliados e classificados pela Capes que, junto ao CNPq, também fornece cota de bolsas a faculdades, que são distribuídas aos alunos através de processo seletivo.

(Portal Brasil - 03/05/2013)

Roberto Azevêdo defende o combate ao protecionismo

Por Assis Moreira | Valor
 
GENEBRA - Em sua primeira entrevista como diretor-geral eleito da Organização Mundial do Comércio (OMC), o brasileiro Roberto Azevêdo alertou para as tendências protecionistas num cenário de desaceleração persistente da economia global.

Luke Macgregor/Reuters

O diretor-geral, que assumirá o posto em agosto, reiterou que desde a crise iniciada em 2008, “tendências protecionistas emergiram e continuam. Precisamos combatê-las”, estimando que o risco vem de todas as regiões.

Ele observou que a tarefa número 1 da OMC é promover liberalização comercial, e enfrentar o protecionismo é parte dessa prioridade. “É o que temos feito, os 159 países membros. Temos diferentes visões sobre como fazer isso”.

Em sua avaliação sobre o comércio global, Azevêdo alertou que a “OMC está num estágio muito crítico. O pilar de negociação está completamente paralisado” e que isso impede que disciplinas para as trocas globais sejam atualizadas para corrigir o fosso com o mundo real.

Ele reiterou que sua prioridade será tentar desbloquear a Rodada Doha. “No momento, (a discussão) não é sobre o que queremos, mas para salvar o que temos”, afirmou o diretor-geral da OMC sobre o sistema multilateral de comércio.

Para Azevêdo, a conferência ministerial da OMC em Bali (Indonésia), em dezembro, é fundamental para socorrer o sistema multilateral, e dar “resultados substantivos” afim de permitir que os países voltem a se engajar na Rodada Doha.

Para ele, é preciso também ampliar a agenda comercial, mas notou que os países sequer começaram a discutir isso, por causa do bloqueio de Doha. A nova agenda poderia incluir o que membros já têm abordado, como taxa de câmbio, clima, energia etc.

Com a sala de reuniões da missão brasileira lotada de jornalistas internacionais, Azevêdo manifestou sua gratidão pelo empenho do governo brasileiro em sua campanha, a começar pela presidente Dilma Rousseff, ministro Antonio Patriota, diplomatas, colegas que trabalharam na campanha.

Falta trigo no Mercosul e preços sobem 37% no ano; pão pode ficar mais caro



 
 
A crônica dependência brasileira da importação de trigo está se tornando um problema maior neste ano. 
A indústria moageira enfrenta queda na produção interna e em um período de grande comprometimento com contratos antecipados de exportação. 
A situação só tende a melhorar depois de agosto, com a safra no Paraná.
Nos países do Mercosul, tradicionais fornecedores de trigo para o Brasil, a oferta também diminuiu e a alternativa é importar dos EUA. 
A Secretaria de Comércio Exterior (Secex), vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), regulamentou no mês passado a isenção de cobrança da Tarifa Externa Comum (TEC) sobre a importação de 1 milhão de toneladas de trigo. 
Para alguns  moinhos, a conta está saindo 10% mais alta, mesmo com esta isenção da TEC válida até 31 de julho. 
A retirada temporária do imposto atendeu a um pedido dos moinhos, que importam cerca de 50% do trigo que processam, ou aproximadamente 5 milhões de toneladas por ano. 
Em 2012, além da frustração da safra brasileira, a Argentina, que é o principal fornecedor, também colheu menos e grande parte do cereal foi de qualidade inferior por causa do excesso de chuvas.
O risco agora é que, com a pressão da alta do dólar e a falta de trigo no Brasil e em países vizinhos, ocorra aumento de preço na indústria de pães, massas e biscoitos.
O Sindicato da Indústria de Trigo do Estado, afirma que o preço do grão subiu nos últimos dois meses, quando deveria ficar mais barato.
Fonte: redação, com agências.

BNDES estuda regras mais seguras para atrair investidores estrangeiros


 
 
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho (na foto com o senador Lindberg Faria), disse nesta quarta-feira (8/5) no Senador que os investimentos estrangeiros de longo prazo, a partir de debêntures, serão a principal via de participação do setor privado nos projetos e obras prioritárias para o país. 
 
Segundo ele, o banco está estudando ações para tornar o cenário mais seguro e atrativo para os investidores internacionais.
 
“Estamos empenhados em fortalecer e criar condições mais seguras para os investidores estrangeiros, principalmente para os tradicionais que não são propensos a correr muitos riscos”, garantiu. Segundo ele, o BNDES já patrocinou mais de 400 projetos de infraestrutura no Brasil sem dificuldades.  
 
“Estamos analisando cláusulas que protejam o investidor estrangeiro e temos feito interlocução ativa no exterior com investidores interessados. Acho que esse mercado vai ser a grande via de participação do setor. Antes do crédito bancário serão as debêntures”, apostou Coutinho. 
 
As debêntures funcionam como títulos que o setor privado emite. Os papéis representam dívidas de empresas que se comprometem a quitar com juros e prazo definidos, e, com o dinheiro da venda, conseguem financiar obras e projetos.  
 
O governo criou uma série de estímulos para atrair o interesse do setor privado. Uma delas foi a isenção do Imposto de Renda para as empresas que aderirem, mas a iniciativa não decolou. Durante uma audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), no Senado Federal, Coutinho garantiu que o BNDES está preparado para oferecer as taxas e condições que foram anunciadas para alavancar o programa de investimentos em logística no país. 
 
Segundo ele, a participação do setor privado é fundamental para que os projetos ganhem as proporções e os resultados esperados. “Nossa expectativa é que os leilões de rodovias, portos e aeroportos sejam muito disputados, [que] os leilões dos trechos ferroviários atraiam muitos investidores.
 
De nossa parte, ofereceremos financiamento de longo prazo e vamos fortalecer a estrutura de capital dos investidores privados”, acrescentou, destacando que o banco tem mantido essa dupla agenda voltada para o setor. Coutinho explicou que o BNDES internacional, instalado em Londres, tem essa função entre seus objetivos.
 
Segundo ele, a expectativa é que essa unidade seja usada para captar recursos estrangeiros com taxas mais baixas, gerir ativos de interesse do país e funcionar como fonte de interlocução para atrair investimento principalmente para a área de logística no país. “Esses objetivos mais do que justificam que o banco tenha janela de operação internacional”, avaliou.
 
 
 Fonte: Agência Brasil

OMC vive situação crítica e está paralisada, diz novo diretor-geral



BERNARDO MELLO FRANCO
ENVIADO ESPECIAL A GENEBRA
 Folha de S.Paulo

Atualizado às 13h18.

O novo diretor-geral da OMC, o brasileiro Roberto Azevêdo, disse nesta quarta-feira, em entrevista coletiva, que a situação da entidade é crítica. Ele foi eleito na terça (7), derrotando o mexicano Herminio Blanco.
"A OMC está num estágio muito crítico. Nós costumamos dizer isso, mas é verdade mesmo. As negociações estão completamente travadas. Há uma paralisia clara no sistema."

Ele disse que se empenhará para recuperar a importância da organização como mecanismo para facilitar as relações multilaterais. 

"Ou as bases mudam, ou o mundo vai avançar e a OMC vai ficar para trás. É isso que nós temos que evitar", afirmou. "Na minha visão, estamos correndo risco de perder um mecanismo muito valioso".

O embaixador do Brasil na OMC, Roberto Azevêdo, anuncia candidatura à diretoria-geral da OMC, em janeiro Leia mais
 
Segundo Azevêdo, a OMC não consegue avançar devido ao fracasso na Rodada Doha, de liberalização do comércio global. Ele colocou a retomada das reuniões de negociação como "prioridade número um". 

"Resolvendo a rodada Doha, vamos destravar a organização e tirá-la da paralisia em que ela se encontra nos últimos cinco anos. Temos que achar uma solução o mais rápido possível". 

O brasileiro prometeu empenho para combater o protecionismo e disse que o trabalho deve começar antes de sua posse, em 1º de setembro, para evitar o fracasso da conferência de Bali, em dezembro. 

"Não sei o estágio em que estaremos até lá. Muita coisa vai acontecer. Espero encontrar o paciente com o coração batendo e respirando". 

APOIO
 
Mais cedo, os embaixadores dos Estados Unidos e da União Europeia prometeram apoiar a gestão do brasileiro. Os países desenvolvidos votaram no candidato mexicano, Herminio Blanco. Azevêdo foi eleito com apoio da China e das nações emergentes. 

"É um dia muito bom para a OMC como instituição. Nos estamos muito felizes em fazer parte do consenso por Azevêdo", disse o embaixador americano Michael Punke. 

"Achamos que ele será um diretor-geral muito bom, e vamos trabalhar junto com ele. Nós apoiamos o consenso", acrescentou. 

A embaixadora do Reino Unido, Karen Pierce, disse esperar que a articulação do seu país para que a UE votasse em Blanco não atrapalhe as relações britânicas com o Brasil. 

Ela afirmou que a irritação do governo brasileiro com Londres deve ser um "mal-entendido". "Temos uma relação muito forte com o Brasil. Seria uma pena. Se isso for verdade, é um mal-entendido", disse. 

OMC
 
O brasileiro Roberto Azevêdo, 55, foi eleito na terça-feira (7) como diretor-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio). É a primeira vez em que um latino-americano é eleito para um mandato completo de quatro anos. 

Na última fase da disputa, Azevêdo derrotou o mexicano Herminio Blanco, 62, e trouxe ao Brasil uma de suas maiores vitórias diplomáticas. A decisão foi tomada em Genebra (Suíça) com a participação dos 159 países que integram a entidade. 

O diplomata começou a carreira no Itamaraty em 1984 e foi o principal assessor econômico do então chanceler Luiz Felipe Lampreia de 1995 a 1997. Participou, em 2001, da criação da Coordenação-Geral de Contenciosos do Itamaraty, que dirigiu por quatro anos. 

Em 2005, ele se tornou o chefe do departamento econômico do ministério e, de 2006 a 2008, foi subsecretário geral de assuntos econômicos. 

Foi em 2009, quando já estava à frente da representação na OMC, que o órgão autorizou o Brasil a retaliar os EUA pelos subsídios ao algodão. 

O Brasil ganhou papel predominante na OMC a partir de 2003, durante o governo Lula (2003-2010), e se tornou um dos maiores negociadores junto da UE, do Japão, da China, da Índia, dos EUA e da Austrália. 

O país defende um enfoque gradual para derrubar barreiras comerciais e um grande papel para o governo na regulação do comércio, o que já provocou queixas de países ricos, como os EUA e o Japão, e de companheiros emergentes, como a China e a Coreia do Sul.

terça-feira, 7 de maio de 2013

A energia que vem do campo muda o mapa do poder?


Waldir Raupp, da Refinaria Alberto Pasqualini, diz ser mito a crença de que o  aumento da produção de biocombustíveis oneraria o preço dos alimentos e empobreceria a população

Por Pedro Pereira

Ao contrário do que sugerem os países de primeiro mundo, o aumento na produção de biocombustíveis não onera o custo dos alimentos – fenômeno que empobreceria a população dos países subdesenvolvidos. Quem garante é Waldir Raupp, gerente de suporte operacional da Refinaria Alberto Pasqualini/Petrobras. Segundo ele, os países que derem um passo à frente na produção de biocombustíveis neste momento estarão em vantagem nos próximos 20 ou 30 anos, quando o petróleo começará a ficar mais escasso.

biofuel-350O raciocínio de Raupp se opõe frontalmente ao de críticos europeus e norte-americanos para os quais o uso de lavoura para gerar energia tornará alimentos mais caros e inacessíveis às populações.  “Se eu começo a ocupar a área [dos países de terceiro mundo] com biotecnologia, à medida em que a demanda de alimentos aumenta, sobem os preços e cresce a geração de riquezas. Mesmo com pressão nos preços, haverá transferência de riqueza dos industrializados para os produtores primários, distribuindo renda pelo planeta”, contesta Raupp.

Atualmente, o ranking mundial de produção de biodiesel é encabeçado pelos Estados Unidos. Em segundo lugar está a Argentina – “o que muita gente não sabe”, ressalta Raupp. Divididos entre o terceiro e o quarto lugar, com números praticamente iguais, figuram Brasil e Alemanha. “Se eu voltar (no tempo) uns quatro ou cinco anos, os Estados Unidos estavam engatinhando. Eles tem um programa acelerado de biocombustíveis, em especial biodiesel. Perceberam que é uma forma de minimizar os riscos”, observa.

Embora figure como maior produtor mundial de biodiesel, os Estados Unidos ainda são responsáveis apenas por cerca de 3% do que consomem.  “Mas isso vai crescer. Os gráficos mostram crescimento exponencial nos próximos 20 anos. Até 2030 deve ser um percentual bem significativo”, aposta Raupp.

Ele explica que até algum tempo atrás os derivados do petróleo ainda eram muito mais baratos, o que desestimulava  preocupações com a busca de um combustível alternativo. Mas o aumento do preço do petróleo tornou os biocombustíveis mais competitivos – e atraentes estrategicamente, na medida em que reduzem o risco de dependência externa.

Geopolítica dos biocombustíveis

Um termo bastante empregado no setor petrolífero desde os anos 1970, a “geopolítica” vem sendo mencionada por Raupp para esclarecer como a utilização não apenas do fóssil, mas também dos novos combustíveis, pode alterar o cenário político global. “A necessidade não coincide com a localização do produto. Então a política aparece para resolver isso”, explica.

Enquanto as maiores reservas de petróleo estão, pela ordem, na Arábia Saudita, na Venezuela, no Irã e no Iraque, o Brasil figura no 15° lugar, ainda sem contabilizar as reservas do pré-sal. Com a produção do que foi encontrado nesta camada, há a possibilidade de que o Brasil salte algumas posições na lista. Por outro lado, os maiores dependentes são Estados Unidos, China, Japão, Índia e Alemanha. Embora a China já utilize combustíveis em patamar semelhante ao dos Estados Unidos, especificamente em petróleo fica bem atrás, pois sua indústria gera bastante energia à base de carvão. “Existe toda uma lógica de países que possuem e querem negar acesso e países que estão dependentes”, conta Raupp.

Nos próximos anos, além da escassez de petróleo, outros fatores devem contribuir para a alteração desse quadro. O principal deles é o crescimento populacional: até 2050, a Índia deve ultrapassar a China em número de habitantes, o que elevará a demanda de energia total nesses países. Porém, a China ainda será o maior consumidor geral, já que a renda per capita continuará crescendo mais em função da alta industrialização.

Autossuficiência brasileira

Depois da onda de otimismo gerada pelo superávit de petróleo no Brasil em 2008 e 2009, o consumo no país disparou e a velocidade de reposição não foi tão grande. Por isso, a condição de país autossuficiente se desfez – mas a estimativa é que seja retomada já em 2014.

“É importante entender que [a velocidade de produção] estabilizou porque praticamente toda a parte de águas profundas já estava explorada. A velocidade não foi grande e isso dá a impressão de que não vamos mais aumentar a produção”, lamenta Raupp. Mas ele se apressa em explicar que, com a chegada do pré-sal, haverá um período de quatro ou cinco anos de ajustes no processo e que, em seguida, haverá uma nova aceleração na produção.

“Há cerca de três anos, a Petrobras via um pouco diferente. Como ainda não se tinha certeza do pré-sal, a companhia queria crescer muito mais em biocombustíveis. Queria ocupar esse espaço em nível mundial. Com a descoberta do pré-sal, repensou a velocidade das coisas. Mas o biocombustível continua muito importante”, sustenta.

Raupp também falou sobre a autossuficiência em derivados do petróleo, algo que o Brasil deve alcançar somente por volta de 2020. Acontece que o petróleo não se encaixa, necessariamente, em todas as matrizes de refino: enquanto algumas propriedades podem ser processadas em uma refinaria, outras não. Para ajustar isso, os países realizam importação e exportação do produto.

Isso aconteceu no Brasil. Logo que se capacitou à extração em águas profundas, o petróleo era muito pesado e as refinarias não estavam preparadas. Então houve investimento generalizado para processar o petróleo brasileiro e isso praticamente se equilibrou. Agora, com o pré-sal, o processo deve se repetir – e com grandes dificuldades, novamente.

“No Brasil não tem nada fácil”, brinca Raupp. “O petróleo brasileiro, além de ser encontrado em locais de difícil acesso, como águas ultraprofundas e a camada pré-sal, em grande parte não é de qualidade tão boa. Isso não significa que não seja lucrativo - continua sendo e muito. Mas o esforço é enorme: o tempo inteiro é preciso desenvolver tecnologia porque não existia para águas ultraprofundas e agora, para o pré-sal, também”, revela.

Questionado sobre a possibilidade de essa tecnologia ser exportada para outros países que venham a descobrir petróleo em suas camadas mais profundas, a exemplo do Brasil, Raupp explique que é possível, mas difícil. “A costa oeste da África tem o mesmo perfil geológico, até por ter sido tudo uma coisa só antigamente, mas a perspectiva de se descobrir [petróleo em águas ultraprofundas] em outros países não é muito boa”, acredita.

O sul ocupa a segunda posição entre as regiões que mais produzem biodiesel no Brasil, atrás apenas do centro-oeste e com bastante vantagem em relação ao sudeste, terceiro colocado. Em contrapartida, o sudeste produz muito mais álcool. “Não tenho o número exato do sul, mas no Rio Grande do Sul há um investimento pesado em biodiesel”, garante Raupp.

Waldir Raupp também é professor do curso de pós-graduação em engenharia de automação na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Nesta segunda-feira, ele palestrou sobre a “Geopolítica de combustíveis” no jantar-debate semanal do Instituto de Estudos Empresariais (IEE), em Porto Alegre.

Especialistas em comércio externo veem avanço da Rodada Doha, com Azevêdo na OMC



 
 
A eleição do embaixador brasileiro Roberto Azevêdo para o cargo de diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC) poderá fazer com que algumas questões que travam a Rodada Doha possam avançar.

A avaliação é do presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro (foto).

“É a oportunidade que nós temos de fazer com que alguns assuntos que estão travados no mercado internacional possam movimentar um pouquinho, pela competência dele, pela experiência”, disse.

O presidente da AEB admitiu, no entanto, que Roberto Azevêdo encontrará dificuldades para conseguir esse avanço, tendo em vista que o mundo econômico passa por um período de retração, claramente protecionista. “Com Roberto, a gente tem uma luzinha de possibilidade de alguma coisa avançar. 
 
Ele tem muita capacidade de buscar uma solução de expansão do comércio. Acho que a escolha foi ótima, sob todos os aspectos”, ressaltou. A opinião é compartilhada pela economista Sandra Polonia Rios, professora de política comercial da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e diretora do Centro de Estudos de Integração e Desenvolvimento (Cindes).  
 
Ela considerou a eleição de Roberto Azevêdo surpreendente e muito boa. “Surpreendente porque a disputa estava muito acirrada. Pelas qualidades pessoais, Roberto tinha grande chance. Tem muito envolvimento com as questões da OMC”, disse. 
 
Para o comércio exterior do Brasil, é extremamente positivo ter um brasileiro no comando da OMC, ressaltou Sandra Polonia. “Porque aumenta o compromisso do país com as regras internacionais”, completou. A economista disse ainda que o fato de o governo federal ter feito campanha para que o embaixador Azevêdo fosse escolhido amplia o compromisso do Brasil em contribuir para fazer a Rodada Doha avançar e para que a agenda multilateral de comércio seja privilegiada.  
 
A Rodada Doha, conhecida como Rodada do Desenvolvimento, é uma mesa de negociação entre mais de 100 países em busca de acordos que favoreçam a liberalização econômica. O ciclo de negociações teve início no Catar, em novembro de 2001, durante a 4ª Conferência Ministerial da OMC. Programada para acabar em 2005, a Rodada Doha ainda se estende até os dias atuais, devido a impasses entre os blocos negociadores. 
 
Sua motivação inicial objetivava a abertura de mercados agrícolas e industriais com regras que favorecessem a ampliação dos fluxos de comércio dos países em desenvolvimento.
 
Fonte: Agência Brasil