O
networking está sempre presente na vida das mulheres empreendedoras,
mas não é o mesmo tipo de networking que os círculos tradicionais de
negócios conhecem.
Em algumas conversas que tive sobre empreendedorismo, um tópico comum é
a dificuldade para se encontrar mulheres empresárias. Uma reclamação
constante dos recrutadores é que nós não participamos de eventos e não
fazemos networking, o que torna quase impossível nos conhecer.
De acordo com um estudo do Business Insider, as mulheres recebem apenas
4,2% dos fundos de Venture Capital. Outra pesquisa, realizada pela
Endeavor com a UNCTAD, reforça que mulheres participam menos de
associações e entidades de classe do que homens.
Estes dados traduzem um pouco a realidade da nossa rotina executiva.
O que os dados não mostram, é que o networking é sempre presente na
vida das mulheres que empreendem, mas não o mesmo networking que os
círculos de negócios estão acostumados.
Nossa rede é recheada de professoras da escola das crianças, de mães
dos amigos dos nossos filhos, de pediatras e até mesmo de babás da
vizinhança.
A
mulher empreendedora muitas vezes é mais velha que o homem
empreendedor. Pois ela esperou nascerem os filhos, eles crescerem um
pouco e aí sim mergulhou em sua carreira. Mas isso traz junto uma carga
que talvez seja de difícil entendimento para os homens em geral e
praticamente impossível para os jovens de startups e aceleradoras.
Pensem em um dia razoavelmente comum na vida da empreendedora:
Após vestir qualquer coisa por cima do pijama, ouvir seu nome e
apelidos 50 vezes – “manhê cadê meu tênis?”, “manhê, não consigo prender
meu cabelo”, “amor, que horas é o balé hoje?”, consegue-se partir para a
escola.
Voltar para casa depois disso é uma dádiva. Ter tempo para tomar banho e
se arrumar com calma, faz o dia certamente começar muito melhor, pena
que nem sempre isso é possível.
Já no caminho do trabalho, liga uma colega mãe e lhe pergunta: Você já
comprou a roupa pra festa de junho na escola? Aí a empreendedora puxa lá
no fundo da memória que festa seria esta, consegue lembrar, mas daí pra
saber que tinha uma roupa especial... Ela telefona pra escola para
perguntar que roupa é esta que precisaria comprar. Descobre em cima da
hora que não terá tempo de ir atrás disso e, graças ao seu networking
com as mães, que agora são também suas amigas, irmãs, motoristas e tudo
mais que ela precisa, resolve o problema da roupa pedindo para que
quando fossem comprar pros seus filhos, comprassem pros seus também.
Ufa! Finalmente o dia começa, não antes da funcionária do lar lembrá-la com veemência que acabou o sabão em pó e que deste jeito não ia dar pra lavar a roupa hoje.
A empreendedora, que nunca tem um tostão na carteira, leva a
funcionária ao caixa automático da esquina para tirar um dinheiro para
que ela possa ir ao mercado. Claro que nestas horas não serão mais R$
5,89 do sabão apenas (sim, nós sabemos o preço do sabão em pó), agora
ela irá comprar mais “umas coisinhas” que estão faltando também. Mas
isso já daria outro texto.
Agora sim! Três, quatro horas de trabalho sem interrupção! Todos os
problemas de clientes, pagamentos, funcionários, são plenamente
solúveis.
Até que chega o horário do almoço. Aquele horário que os empreendedores
comuns saem para almoçar e fazer, como é mesmo o nome? Networking!
Coincidentemente, as mulheres que eu conheço que tem cargos executivos
não gostam de sair para almoçar. Gostam mesmo de comer qualquer coisa
rápida, de preferência na mesa, utilizando este intervalo de valioso
silêncio para responder e-mails, pagar contas e planejar a agenda de
casa.
Com o dia seguindo normalmente, o único telefonema que ela irá receber
quando as crianças voltarem da escola será: O fulaninho me bateu!
Comentário que ela fingirá dar toda a atenção e esquecerá 5 minutos
depois.
Então o dia passa: Balé, reunião de planejamento, futebol, pipeline de
vendas, natação, entrevista com estagiários, inglês, treinamento
gerencial, o fulaninho me bateu, de novo! Tudo isso já está na rotina e
na logística caótica que a empreendedora administra.
Se tudo correr bem, nenhuma rede mais precisará ser ativada. Mas com
crianças pequenas, nunca se sabe. Um voltou da escola com dor de
garganta e o outro pode estar passando mal. Aí a empreendedora irá
ativar toda a rede das amigas, das funcionárias do lar, dos médicos e de
todo mundo que der brecha para ajudá-la. Pois ela terá que refazer toda
a agenda do dia e resolver o problema mais importante: A saúde dos
pequenos.
Entender esta rotina é fundamental para que se possam encontrar estas
mulheres de sucesso. Adequar os horários de eventos é apenas uma das
necessidades.
O levantamento da UNCTAD aponta que são elas que trazem mais inovação
ao setor de serviços, área que já responde por 60% do PIB do país e
apresenta maior potencial de crescimento. Então se quisermos realmente
investir neste crescimento, precisaremos de um esforço extra para
encontrar estas mulheres, fazendo visitas pessoais e não implementando
ainda mais compromissos em suas agendas.
Poxa, mas e o happy hour? Não dá para pelo menos nesta hora participar de algum evento? Digam-me, o que tem de mais happy às oito da noite, que sentar no sofá para assistir Carrossel com um filho de cada lado?
Paula Bromfman Puppi é sócia e CEO da Blinks.
- See more at:
http://www.endeavor.org.br/artigos/marketing-vendas/networking/o-networking-das-mulheres-empreendedoras?utm_source=Akna&utm_medium=Disparo&utm_content=27.08.2013&utm_campaign=Conteudo#sthash.cdR9ixKg.dpuf
O
networking está sempre presente na vida das mulheres empreendedoras,
mas não é o mesmo tipo de networking que os círculos tradicionais de
negócios conhecem.
Em algumas conversas que tive sobre empreendedorismo, um tópico comum é
a dificuldade para se encontrar mulheres empresárias. Uma reclamação
constante dos recrutadores é que nós não participamos de eventos e não
fazemos networking, o que torna quase impossível nos conhecer.
De acordo com um estudo do Business Insider, as mulheres recebem apenas
4,2% dos fundos de Venture Capital. Outra pesquisa, realizada pela
Endeavor com a UNCTAD, reforça que mulheres participam menos de
associações e entidades de classe do que homens.
Estes dados traduzem um pouco a realidade da nossa rotina executiva.
O que os dados não mostram, é que o networking é sempre presente na
vida das mulheres que empreendem, mas não o mesmo networking que os
círculos de negócios estão acostumados.
Nossa rede é recheada de professoras da escola das crianças, de mães
dos amigos dos nossos filhos, de pediatras e até mesmo de babás da
vizinhança.
A
mulher empreendedora muitas vezes é mais velha que o homem
empreendedor. Pois ela esperou nascerem os filhos, eles crescerem um
pouco e aí sim mergulhou em sua carreira. Mas isso traz junto uma carga
que talvez seja de difícil entendimento para os homens em geral e
praticamente impossível para os jovens de startups e aceleradoras.
Pensem em um dia razoavelmente comum na vida da empreendedora:
Após vestir qualquer coisa por cima do pijama, ouvir seu nome e
apelidos 50 vezes – “manhê cadê meu tênis?”, “manhê, não consigo prender
meu cabelo”, “amor, que horas é o balé hoje?”, consegue-se partir para a
escola.
Voltar para casa depois disso é uma dádiva. Ter tempo para tomar banho e
se arrumar com calma, faz o dia certamente começar muito melhor, pena
que nem sempre isso é possível.
Já no caminho do trabalho, liga uma colega mãe e lhe pergunta: Você já
comprou a roupa pra festa de junho na escola? Aí a empreendedora puxa lá
no fundo da memória que festa seria esta, consegue lembrar, mas daí pra
saber que tinha uma roupa especial... Ela telefona pra escola para
perguntar que roupa é esta que precisaria comprar. Descobre em cima da
hora que não terá tempo de ir atrás disso e, graças ao seu networking
com as mães, que agora são também suas amigas, irmãs, motoristas e tudo
mais que ela precisa, resolve o problema da roupa pedindo para que
quando fossem comprar pros seus filhos, comprassem pros seus também.
Ufa! Finalmente o dia começa, não antes da funcionária do lar lembrá-la com veemência que acabou o sabão em pó e que deste jeito não ia dar pra lavar a roupa hoje.
A empreendedora, que nunca tem um tostão na carteira, leva a
funcionária ao caixa automático da esquina para tirar um dinheiro para
que ela possa ir ao mercado. Claro que nestas horas não serão mais R$
5,89 do sabão apenas (sim, nós sabemos o preço do sabão em pó), agora
ela irá comprar mais “umas coisinhas” que estão faltando também. Mas
isso já daria outro texto.
Agora sim! Três, quatro horas de trabalho sem interrupção! Todos os
problemas de clientes, pagamentos, funcionários, são plenamente
solúveis.
Até que chega o horário do almoço. Aquele horário que os empreendedores
comuns saem para almoçar e fazer, como é mesmo o nome? Networking!
Coincidentemente, as mulheres que eu conheço que tem cargos executivos
não gostam de sair para almoçar. Gostam mesmo de comer qualquer coisa
rápida, de preferência na mesa, utilizando este intervalo de valioso
silêncio para responder e-mails, pagar contas e planejar a agenda de
casa.
Com o dia seguindo normalmente, o único telefonema que ela irá receber
quando as crianças voltarem da escola será: O fulaninho me bateu!
Comentário que ela fingirá dar toda a atenção e esquecerá 5 minutos
depois.
Então o dia passa: Balé, reunião de planejamento, futebol, pipeline de
vendas, natação, entrevista com estagiários, inglês, treinamento
gerencial, o fulaninho me bateu, de novo! Tudo isso já está na rotina e
na logística caótica que a empreendedora administra.
Se tudo correr bem, nenhuma rede mais precisará ser ativada. Mas com
crianças pequenas, nunca se sabe. Um voltou da escola com dor de
garganta e o outro pode estar passando mal. Aí a empreendedora irá
ativar toda a rede das amigas, das funcionárias do lar, dos médicos e de
todo mundo que der brecha para ajudá-la. Pois ela terá que refazer toda
a agenda do dia e resolver o problema mais importante: A saúde dos
pequenos.
Entender esta rotina é fundamental para que se possam encontrar estas
mulheres de sucesso. Adequar os horários de eventos é apenas uma das
necessidades.
O levantamento da UNCTAD aponta que são elas que trazem mais inovação
ao setor de serviços, área que já responde por 60% do PIB do país e
apresenta maior potencial de crescimento. Então se quisermos realmente
investir neste crescimento, precisaremos de um esforço extra para
encontrar estas mulheres, fazendo visitas pessoais e não implementando
ainda mais compromissos em suas agendas.
Poxa, mas e o happy hour? Não dá para pelo menos nesta hora participar de algum evento? Digam-me, o que tem de mais happy às oito da noite, que sentar no sofá para assistir Carrossel com um filho de cada lado?
Paula Bromfman Puppi é sócia e CEO da Blinks.
- See more at:
http://www.endeavor.org.br/artigos/marketing-vendas/networking/o-networking-das-mulheres-empreendedoras?utm_source=Akna&utm_medium=Disparo&utm_content=27.08.2013&utm_campaign=Conteudo#sthash.cdR9ixKg.dpuf
O networking está sempre presente na vida das mulheres
empreendedoras, mas não é o mesmo tipo de networking que os círculos
tradicionais de negócios conhecem.
Em algumas conversas que tive sobre
empreendedorismo, um tópico comum é a dificuldade para se encontrar mulheres
empresárias. Uma reclamação constante dos recrutadores é que nós não
participamos de eventos e não fazemos networking, o que torna quase impossível
nos conhecer.
De acordo com um estudo do Business Insider, as
mulheres recebem apenas 4,2% dos fundos de Venture Capital. Outra pesquisa,
realizada pela Endeavor com a UNCTAD, reforça que mulheres participam menos de
associações e entidades de classe do que homens.
Estes dados traduzem um pouco a realidade da
nossa rotina executiva.
O que os dados não mostram, é que o networking é
sempre presente na vida das mulheres que empreendem, mas não o mesmo networking
que os círculos de negócios estão acostumados.
Nossa rede é recheada de professoras da escola
das crianças, de mães dos amigos dos nossos filhos, de pediatras e até mesmo de
babás da vizinhança.
A mulher empreendedora muitas vezes é mais
velha que o homem empreendedor. Pois ela esperou nascerem os filhos, eles
crescerem um pouco e aí sim mergulhou em sua carreira. Mas isso traz junto uma
carga que talvez seja de difícil entendimento para os homens em geral e
praticamente impossível para os jovens de startups e aceleradoras.
Pensem em um dia razoavelmente comum na vida da
empreendedora:
Após vestir qualquer coisa por cima do pijama,
ouvir seu nome e apelidos 50 vezes – “manhê cadê meu tênis?”, “manhê, não
consigo prender meu cabelo”, “amor, que horas é o balé hoje?”, consegue-se
partir para a escola.
Voltar para casa depois disso é uma dádiva. Ter
tempo para tomar banho e se arrumar com calma, faz o dia certamente começar
muito melhor, pena que nem sempre isso é possível.
Já no caminho do trabalho, liga uma colega mãe e
lhe pergunta: Você já comprou a roupa pra festa de junho na escola? Aí a
empreendedora puxa lá no fundo da memória que festa seria esta, consegue
lembrar, mas daí pra saber que tinha uma roupa especial... Ela telefona pra
escola para perguntar que roupa é esta que precisaria comprar. Descobre em cima
da hora que não terá tempo de ir atrás disso e, graças ao seu networking com as
mães, que agora são também suas amigas, irmãs, motoristas e tudo mais que ela
precisa, resolve o problema da roupa pedindo para que quando fossem comprar
pros seus filhos, comprassem pros seus também.
Ufa! Finalmente o dia começa, não antes da
funcionária do lar lembrá-la com veemência que acabou o sabão em pó e que deste
jeito não ia dar pra lavar a roupa hoje. A empreendedora, que nunca tem um
tostão na carteira, leva a funcionária ao caixa automático da esquina para
tirar um dinheiro para que ela possa ir ao mercado. Claro que nestas horas não
serão mais R$ 5,89 do sabão apenas (sim, nós sabemos o preço do sabão em pó),
agora ela irá comprar mais “umas coisinhas” que estão faltando também. Mas isso
já daria outro texto.
Agora sim! Três, quatro horas de trabalho sem
interrupção! Todos os problemas de clientes, pagamentos, funcionários, são
plenamente solúveis.
Até que chega o horário do almoço. Aquele horário
que os empreendedores comuns saem para almoçar e fazer, como é mesmo o nome?
Networking!
Coincidentemente, as mulheres que eu conheço que
tem cargos executivos não gostam de sair para almoçar. Gostam mesmo de comer
qualquer coisa rápida, de preferência na mesa, utilizando este intervalo de
valioso silêncio para responder e-mails, pagar contas e planejar a agenda de
casa.
Com o dia seguindo normalmente, o único
telefonema que ela irá receber quando as crianças voltarem da escola será: O
fulaninho me bateu! Comentário que ela fingirá dar toda a atenção e esquecerá 5
minutos depois.
Então o dia passa: Balé, reunião de planejamento,
futebol, pipeline de vendas, natação, entrevista com estagiários, inglês,
treinamento gerencial, o fulaninho me bateu, de novo! Tudo isso já está na
rotina e na logística caótica que a empreendedora administra.
Se tudo correr bem, nenhuma rede mais precisará
ser ativada. Mas com crianças pequenas, nunca se sabe. Um voltou da escola com
dor de garganta e o outro pode estar passando mal. Aí a empreendedora irá
ativar toda a rede das amigas, das funcionárias do lar, dos médicos e de todo
mundo que der brecha para ajudá-la. Pois ela terá que refazer toda a agenda do
dia e resolver o problema mais importante: A saúde dos pequenos.
Entender esta rotina é fundamental para que se
possam encontrar estas mulheres de sucesso. Adequar os horários de eventos é
apenas uma das necessidades.
O levantamento da UNCTAD aponta que são elas que
trazem mais inovação ao setor de serviços, área que já responde por 60% do PIB
do país e apresenta maior potencial de crescimento. Então se quisermos
realmente investir neste crescimento, precisaremos de um esforço extra para
encontrar estas mulheres, fazendo visitas pessoais e não implementando ainda
mais compromissos em suas agendas.
Poxa, mas e o happy hour? Não dá para
pelo menos nesta hora participar de algum evento? Digam-me, o que tem de mais happy
às oito da noite, que sentar no sofá para assistir Carrossel com
um filho de cada lado?
Paula Bromfman Puppi é
sócia e CEO da Blinks.
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