quarta-feira, 18 de setembro de 2013

FT': adiamento de Dilma pode afetar relações comerciais Brasil-EUA



Dilma Rousseff e Barack Obama | AP

Dilma considerou que o momento não é apropriado a viagem de Estado

Uma reportagem publicada no diário financeiro britânico Financial Times nesta quarta-feira afirma que o adiamento da viagem de Estado da presidente Dilma Rousseff a Washington, marcada para o mês que vem, pode afetar as relações comerciais entre os dois países. 

A decisão de Dilma, anunciada na terça-feira, foi motivada pelas denúncias de que a Agência de Segurança Americana (NSA) teria espionado comunicações da presidente e de empresas brasileiras, como a Petrobras.
"A briga ameaça provocar um retrocesso nos negócios entre os dois países, num momento em que a Embraer está de olho em contratos com departamentos militares americanos e em que a Boeing é uma das candidatas na disputa por um contrato com o maior país latino-americano para obter jatos de caça, afirma o texto, escrito por correspondentes do jornal em São Paulo e em Washington.

Leilão do pré-sal

A reportagem diz que o mal-estar nas relações entre os dois países ocorre semanas antes da realização do leilão da primeira área do pré-sal. E para analistas ouvidos pela reportagem do FT, por causa das alegações de espionagem contra a Petrobras, "o governo brasileiro ficará menos inclinado a conceder campos de exploração a petroleiras americanas". 

"Os riscos para companhias americanas operando em setores sensíveis com obstáculos políticos e até operacionais aumentaram, como é o caso das áreas de defesa, telecomunicações e energia."
O texto ainda avalia que os riscos de uma viagem agora seriam maiores do que os benefícios, diante da possibilidade de que novas denúncias de espionagem contra o governo brasileiro fossem divulgadas enquanto Dilma estivesse em Washington.

Licença para vender


A comercialização de produtos com os símbolos dos Jogos Olímpicos Rio 2016 deve render R$ 1 bilhão

Por Luciele VELLUTO


Camisetas, canetas, garrafas, joias, bichinhos de pelúcia e até carros já integram a lista dos produtos que ostentarão os anéis olímpicos e o símbolo dos Jogos de 2016, no Rio de Janeiro. No total, a expectativa é de que sejam produzidos 100 milhões de unidades de 12 mil produtos diferentes, representando um potencial de vendas de R$ 1 bilhão no varejo. “O montante é próximo do que foi obtido em Londres, em 2012”, afirma Sylmara Multini, diretora da área de licenciamentos do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016. 


 
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De olho no caixa: Sylmara, do COB, espera credenciar 70 empresas até meados de 2014
 
Alguns parceiros já estão definidos, como a têxtil catarinense Malwee, a montadora japonesa Nissan e a chinesa Honav, fabricante de broches. Os demais serão conhecidos até meados de 2014, completando a lista dos 70 fornecedores que terão direito a abastecer as 150 lojas oficiais e os cerca de 40 mil pontos de venda em todo o País. “Queremos estar na maioria dos locais e com produtos de todos os tipos e valores”, diz ela. “Dessa forma, esperamos inibir a pirataria.”
 
Além da ação dos falsificadores, o uso indevido dos símbolos dos Jogos ocupa o topo na lista de preocupações do Comitê, que estabeleceu parcerias com a polícia e órgãos de combate à pirataria. Segundo a gerente de proteção às marcas da organização, Adriana Barbedo, a marca olímpica vale US$ 96,1 bilhões, perdendo apenas para a Apple, avaliada em US$ 142 bilhões. “Vamos coibir o uso de qualquer elemento que remeta aos Jogos, como a tocha e as medalhas, se a empresa não for licenciada”, afirma ela. Entre junho de 2012 e julho deste ano, 270 empresas foram notificadas. E a vigilância só tende a aumentar.
 
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Além do feijão com arroz


A Sodexo já é a maior empresa de alimentação corporativa do Brasil. Agora, ela quer incluir em seu cardápio serviços de manutenção

Por Carlos Eduardo VALIM
O espanhol Juan Pablo Urruticoechea, formado em jornalismo e com doutorado em administração de empresas e filosofia, passou os últimos 18 meses no Brasil estudando um pouco mais. Nesse período, tanto quanto procurar se adaptar aos costumes e hábitos locais, o executivo de 52 anos usou boa parte do tempo para conhecer o ambiente de negócio, em especial o do mercado de restaurantes corporativos. A preparação foi uma prévia para assumir, em março, a posição de CEO da divisão de serviços dentro da francesa Sodexo, que atua em 80 países e no Brasil é líder com receita de R$ 2,7 bilhões. Mas o executivo acredita que pode fazer mais. 
 
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Urruticoechea, o CEO da empresa, busca alvos para aquisições no Brasil
 
Urruticoechea está de olho nos demais departamentos das médias e grandes empresas que atende de norte a sul. Hoje, 90% do faturamento obtido no Brasil vem do feijão com arroz. O restante é obtido com outros serviços, como limpeza e portaria. Uma relação bastante diferente da existente nos demais países onde esses serviços gerais garantem 25% da receita global de E 18 bilhões. Trata-se de um segmento que movimenta R$ 22 bilhões por ano no Brasil e no qual o executivo espanhol vislumbra grandes perspectivas. “Nossa estratégia é clara”, diz Urruticoechea. “Enquanto prevemos crescer 10% no mercado de refeições coletivas, podemos avançar 30% nessas outras áreas.”
 
O setor que entrou no cardápio da Sodexo é extremamente pulverizado, o que abre espaço para que um jogador com a musculatura da companhia francesa mire na aquisição de rivais de menor porte. “Queremos comprar empresas no Brasil, mas ainda não achamos alguma com a estrutura que nos interessa e que estivesse à venda”, afirma Urruticoechea. O foco da multinacional será o chamado “serviço pesado”, que inclui manutenção predial, instalação e administração de sistemas de ar-condicionado e escadas mecânicas, bem como serviços elétricos para fábricas e escritórios. Os demais, chamados de leves ou complementares (limpeza, recepção e jardinagem), vão ser oferecidos apenas para completar o portfólio dos clientes. 
 
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Os serviços de manutenção representam 25% da receita da Sodexo no mundo
 
Isso, por sinal, já vem sendo feito no caso de alguns clientes. Para fechar um contrato de atendimento de 30 plataformas de petróleo, os franceses precisaram agregar também serviços de hotelaria e limpeza. “As grandes empresas querem que as suas prestadoras de serviços de alimentação executem atividades complementares”, afirma Antonio Guimarães, diretor-superintendente da Associação Brasileira das Empresas de Refeições Coletivas. “A competição, além disso, é maior no segmento de refeições, o que faz com que a rentabilidade seja baixa, entre 3% e 5% da receita.” Afora a Sodexo, duas outras grandes empresas disputam o negócio: a GRSA, do grupo inglês Compass, e a paulista Sapore. O mercado de alimentação empresarial está mais bem estruturado. 
 
“A terceirização de refeições começou já nas décadas de 1960 e 1970, nos EUA, e depois na Europa, chegando ao Brasil nos anos 1980”, diz o francês Aymeric Marraud, diretor de planejamento estratégico da Sodexo. Um cenário bem diferente do que acontece na área de manutenção predial. Para adicionar esse prato ao cardápio da companhia, Urruticoechea sabe que terá de trabalhar duro. Até porque, para uma operação que ocupa a segunda posição entre as 80 subsidiárias da Sodexo, a cobrança será sempre maior. “O Brasil é um mercado prioritário para o fundador e principal acionista da empresa, Pierre Bellon”, diz Urruticoechea. “E seu desejo é ver os negócios se perpetuando por aqui.” Com o chefe, não se discute.
 
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Cancelada


 

A um ano de enfrentar as urnas, qualquer presidente brasileiro pensaria duas vezes antes de embarcar para os Estados Unidos em meio a um escândalo de espionagem.
Para Dilma, os benefícios da visita seriam parcos, pois a cesta de produtos negociados até ontem era bem frustrante. 

Os riscos de viajar, no entanto, são vastos. Ela poderia ser humilhada por novas revelações, especialmente a respeito da gestão da Petrobras. E as oposições poderiam usar sua foto com Obama como bazuca. 

Quais os custos de ficar em casa? 

Do ponto de vista prático, muito poucos. O leilão do pré-sal avança. Um pernoite na Casa Branca não reverteria o clima de hesitação entre investidores estrangeiros. 

Há, sem dúvida, custos intangíveis. Afinal, ganham força aqueles que, no governo americano, enxergam o Brasil como "país-problema". 

Idem para quem vê o Brasil como fraco. Até ontem à noite, diplomatas em Londres e Berlim diziam que o cancelamento não é dignidade altiva, mas medo de ir para a briga na hora do aperto.
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O que seria ir para a briga? Passei os últimos dias perguntando isso a gente no governo, na imprensa e no setor privado norte-americano. 

Em um cenário hipotético, Dilma faria a visita. Ela denunciaria a espionagem nos jardins da Casa Branca e anunciaria um grupo de trabalho bilateral para limitar o estrago e restringir a bisbilhotice futura. 

Ela aproveitaria os holofotes para emplacar a capa de uma revista semanal de alcance global, na qual apresentaria a proposta brasileira de novas regras multilaterais para uma internet livre, a grande briga de foice que vem aí.

Dilma levaria na comitiva Ricardo Ferraço, presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado. Ele faria barulho junto ao principal aliado brasileiro na questão: o possante grupo de senadores norte-americanos que rejeita a violação de privacidade e agora prepara uma ofensiva parlamentar. 

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Mas o mundo é real, e o cancelamento é plenamente justificado. Restam duas prioridades imediatas. 

A primeira é o discurso da semana que vem na Assembleia Geral da ONU. Precisa ser uma paulada forte, mas apresentada em termos universais. Em anos anteriores, os textos de Dilma na ONU foram inócuos e maçantes. Desta vez, não dá. 

O segundo desafio é impedir que a relação com os Estados Unidos chafurde na lama. Não há clima para grandes gestos neste ano. Mas a hora de preparar o terreno é agora, aproveitando a chapa quente.
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Funcionário do governo americano me disse que "a bravata brasileira sobre a espionagem é pirotecnia pura". "Espera aí", respondi confuso. "Se vocês acham isso mesmo, estão mal informados." 

Meu interlocutor reclinou-se na poltrona lentamente e abriu o sorriso reservado aos idiotas. 

"Se fosse para valer", explicou com calma, "ministros e diplomatas em Brasília já teriam deixado de tratar de seus negócios oficiais por Gmail e WhatsApp." 



Matias Spektor Matias Spektor ensina relações internacionais na FGV. É autor de "Kissinger e o Brasil". Trabalhou para as Nações Unidas antes de completar seu doutorado na Universidade de Oxford, no Reino Unido. Foi pesquisador visitante no Council on Foreign Relations, em Washington, e em King's College, Londres. Escreve às quartas, a cada duas semanas, em "Mundo".

eBay lança app de moda e prepara operação no Brasil

O gigante do comércio eletrônico eBay lança um aplicativo de moda para o público brasileiro e se prepara para montar uma operação completa no Brasil

CoolCaesar / Wikimedia Commons
Sede do eBay em San Jose, Califórnia, em 2006
Sede do eBay na Califórnia (ainda com o logotipo antigo): o Brasil é uma das prioridades para a expansão da empresa

São Paulo -- O eBay lança, nos próximos dias, a versão brasileira do aplicativo eBay Moda, para smartphones e tablets. O app vai vender roupas, calçados e acessórios. É o primeiro produto com a marca eBay no Brasil, mas não deve ser o único. A gigante do comércio eletrônico planeja montar uma operação completa no país.

“Os artigos de moda são os mais procurados por brasileiros no eBay”, disse a EXAME.com Luis Arjona, o executivo responsável pela empresa no Brasil. “Moda é, também, a categoria com maior volume de vendas no site. E 15% dos brasileiros que vão ao eBay usam dispositivos móveis.”

Segundo a empresa, os brasileiros compram, no eBay, um par de óculos de sol masculinos a cada 8 minutos, um par de sapatos femininos a cada 6 minutos e uma bolsa feminina a cada 4 minutos, por exemplo. 

São números como esses que encorajaram a empresa lançar o eBay Moda no país. “É uma área em que podemos ser muito competitivos”, afirma Arjona. O eBay Moda deve ser liberado nos próximos dias para iPhone e iPad. Nas próximas semanas, sai a versão para smartphones e tablets com Android.

O app tem três seções: Eventos, Inspiração e Meu Feed. A primeira dá acesso a liquidações relâmpago. A segunda mostra conteúdo de blogs de moda e permite buscar roupas, calçados e acessórios. A terceira aba, Meu Feed, oferece produtos de acordo com o histórico de navegação e compras do usuário.

O pagamento é feito via PayPal, o sistema de pagamentos do eBay, disponível no Brasil há três anos. As informações são em português ou inglês (o usuário escolhe). E os preços são listados em dólares já com o valor equivalente em reais.

O app é bastante visual e sempre mostra as fotos em destaque. “Sabemos que o público que busca produtos de moda prefere ver fotos em vez de textos”, diz Ryan Melcher, diretor sênior de inovação em mobilidade do eBay.

As mercadorias são vendidas por pessoas e empresas de diversos países. São elas que despacham os produtos diretamente ao comprador, que pode ter de pagar imposto de importação ao recebê-los.

Num primeiro momento, não deve haver mercadorias brasileiras à venda. “Qualquer pessoa pode vender no eBay, mas ainda não temos uma plataforma de vendas específica para os brasileiros”, diz Arjona. Essa plataforma deve vir com o tempo.

Entre os planos do eBay no Brasil está  oferecer uma versão do site em português nos próximos 12 meses. “O app é um passo para termos uma operação completa de comércio eletrônico no país. Estamos empenhados em expandir nossos negócios internacionalmente e o Brasil é uma das nossas prioridades”, diz Arjona. 

O eBay tem participação de pouco menos de 20% no MercadoLivre, a empresa com sede na Argentina que lidera o comércio eletrônico de consumidor a consumidor no Brasil e em outros países da América Latina.

Será que o eBay estaria interessado em adquirir o controle do MercadoLivre ou de outra empresa local? “O eBay já fez muitas aquisições. É uma opção que sempre consideramos”, responde Arjona.

Varejista online Dafiti recebe US$70 mi de fundo canadense

Transação mostra a resiliência do apetite do investidor para o comércio eletrônico no Brasil

Esteban Israel, da
Dafiti
Dafiti: investimento ocorre no momento em que o crescimento lento e inflação obrigam alguns investidores a dar uma pausa na maior economia da América Latina

São Paulo - A varejista online de moda Dafiti receberá investimento de 70 milhões de dólares do fundo canadense Ontario Teachers Pension Plan, em uma transação que mostra a resiliência do apetite do investidor para o comércio eletrônico no Brasil.

O investimento ocorre no momento em que o crescimento lento e inflação obrigam alguns investidores a dar uma pausa na maior economia da América Latina, e ocorre na sequência de pesado interesse de investidores estrangeiros nos últimos anos no mercado de comércio eletrônico brasileiro avaliado em 10 bilhões de dólares.

Apesar da desaceleração, muitas companhias de Internet, grupos de investimento de risco e outros investidores dizem que acreditam que o mercado continuará a crescer em um país que ainda possui relativa baixa penetração de Internet.

Em comunicado, Wayne Kozun, um vice-presidente sênior do Teachers', como o fundo de pensão é conhecido, citou "a crescente classe média, alto potencial de consumo e significativo crescimento em acesso móvel e online" como razões para o investimento na Dafiti.

A Dafiti, resposta do Brasil à Zappos, popular varejista de moda e sapatos da Amazon, não se abala com alta a inflação, o aumento do endividamento das famílias e outros problemas econômicos que poderiam reduzir o apetite para o consumo.

A economia brasileira, alimentada em parte pelo aumento da demanda do consumidor durante um boom que durou uma década, deve crescer pouco mais de 2 por cento este ano, em comparação com elevado crescimento de 7,5 por cento registrado em 2010.

"Quando olhamos para o Brasil nós não pensamos apenas do crescimento do PIB (Produto Interno Bruto)", disse Philipp Povel, um dos fundadores da Dafiti, em entrevista, "mas também na classe média e na renda disponível que continuarão a crescer".

Mais encorajador, disse ele, é o potencial do mercado online.

O comércio eletrônico representa apenas cerca de 1 por cento de todo o comércio no Brasil, em comparação com um nível de mais de 10 por cento nos Estados Unidos, Reino Unido e no restante da Europa. A penetração geral da Internet, por sua vez, também é relativamente baixa, de cerca de 50 por cento da população.

Ambos os fatores representam um grande mercado inexplorado. Nos últimos anos, pesos pesados da Internet como Facebook, Amazon, Netflix, Twitter e Linkedin iniciaram suas operações no Brasil.

A Dafiti, uma startup lançada em 2011 com a ajuda da incubadora alemã Rocket Internet, já arrecadou 255 milhões de dólares, com o investimento do Teachers'. A empresa já recebeu 65 milhões de dólares em financiamento de Nova York Quadrant Capital Advisors e 45 milhões da JP Morgan Asset Management.

Os investimentos permitiram à varejista com sede em São Paulo consolidar a sua posição como principal plataforma online de moda do Brasil, com uma fatia de mercado de 30 por cento. A Dafiti também se aventurou em outros grandes mercados da América Latina, incluindo Argentina, Chile, Colômbia e México.

O tamanho total do mercado latino-americano para comércio eletrônico é de mais de 100 bilhões de dólares, disse Povel. "Nós só precisamos captar um pouco disso e então seremos uma empresa de bilhões de dólares", afirmou.

A Dafiti disse que o investimento do fundo canadense ajudará a expandir seu catálogo nesses mercados, bem como aumentar a capacidade de armazenamento e automatizar operações.

Bic quer expandir mercado e amplia fábrica em Manaus


Popular no Brasil, a empresa francesa deseja conquistar público com novidades e outra linha de produção