Atuação:
Consultoria multidisciplinar, onde desenvolvemos trabalhos nas seguintes áreas: fusão e aquisição e internacionalização de empresas, tributária, linhas de crédito nacionais e internacionais, inclusive para as áreas culturais e políticas públicas.
Entenda como a tecnologia pode ajudar a
promover o uso sustentável dos recursos naturais, um dos principais
desafios dessa geração
iG São Paulo- especial para IBM
Da administração pública aos consumidores, a
necessidade de otimizar o uso e fornecimento de recursos escassos como
água e energia é indiscutível. Nesse contexto, as tecnologias limpas
tomam um importante papel na sociedade.
Tecnologia limpa pode ser definida como um conjunto de
soluções que possibilitem novas formas de pensar e utilizar os recursos
naturais, com o objetivo de reduzir a zero o desperdício. Entre os
assuntos que fazem parte desta ideia estão os biocombustíveis, a
diminuição da emissão de carbono e as fontes alternativas de energia,
por exemplo.
Um dos principais conceitos da tecnologia limpa é a rede
inteligente (“smartgrid”, em inglês), que prevê o uso da infraestrutura e
da tecnologia da informação na criação de sistemas que promovam a
eficiência na geração, distribuição e consumo dos recursos naturais.
Existem vários exemplos práticos para a utilização do
conceito de smartgrid. No caso da energia elétrica, por exemplo, é
possível otimizar a distribuição a partir da análise do consumo,
prevendo picos de demanda e evitando sobrecarga do sistema. Do lado do
consumo, a possibilidade está em passar à população informações precisas
e em tempo real sobre o seu gasto energético, permitindo que economias
sejam feitas antes mesmo da conta chegar.
Tecnologia limpa, portanto, não é nenhuma inovação
tecnológica: é a capacidade de usar o que já foi desenvolvido para
melhorar o que já temos, criando novas ferramentas para interpretar a
infinidade de informações disponíveis na sociedade sobre produção e
consumo dos recursos naturais.
A bola da vez
O desenvolvimento de soluções com tecnologias limpas está
sendo considerada por muitos especialistas a grande inovação desta
geração. Bilhões de dólares são investidos todos os anos por empresas do
setor privado e público em pesquisas e iniciativas que buscam descobrir
formas mais eficientes de administras recursos que são escassos.
A IBM tem investido seu conhecimento em tecnologia para
apresentar soluções que colaboram para a criação de um planeta mais
sustentável, colaborando em mais de 60% dos grandes projetos de
smartgrid pelo mundo. No entanto, como ressalta o especialista Drew
Clark, é preciso haver um esforço conjunto para que mudanças efetivas
sejam realizadas. Governo, empresas privadas e a população devem estar
alinhados na criação de um ecossistema que promova a sustentabilidade (
ouça a entrevista, em inglês
).
Muitos países pelo mundo já estão tomando atitudes nesse
sentido. A Alemanha, por exemplo, é a líder mundial em produção de
energia solar, produzindo mais de 30% do total mundial, como aponta o
estudo realizado em 2012 pela BP, uma das principais empresas do setor
energético. O Brasil está bem atrás nesta lista: o estado de São Paulo
só inaugurou sua primeira usina de energia solar no fim do ano passado,
localizada na cidade de Campinas e com capacidade para abastecer quase
600 casas.
Ao manter o estímulo à economia e os
juros perto de zero, banco central dos EUA retira da cabeça dos países
emergentes a espada da redução da liquidez, e o dinheiro estrangeiro
tende a “voar de volta” a esses páises
Brasil Econômico- Léa de Luca
A decisão tomada ontem pelo Federal Reserve (Fed, o banco
central dos Estados Unidos) de manter o programa de compra de títulos e
as taxas de juros limitadas a 0,25% para estimular a economia
norte-americana surpreendeu a maior parte dos mercados no mundo. A
medida foi comemorada especialmente pelos países emergentes, que vinham
sofrendo com a saída de recursos estrangeiros.
Jim O’Neill, criador do termo BRICs (para os
países emergentes Brasil, Rússia, Índia e China) considerou a notícia
positiva para esses países, ao menos, no curto prazo. “Vai ajudar muito
os mercados emergentes”, disse ao Brasil Econômico o executivo, que até
abril era presidente da gestora de recursos do Goldman Sachs. “No curto
prazo, certamente o dinheiro de investidores estrangeiros vai voar de
volta ao Brasil.” O’Neill era um dos poucos especialistas que não
estavam preocupados com a retirada dos estímulos por parte do Fed. “Uma
hora, isso vai acontecer. Os mercados se preocupam demais com tudo”,
disse.
Para o fundador da Integral Investimentos e da Integral
Trust Serviços, Carlos Fagundes, a decisão de adiar o desmonte do
programa de estímulos abre uma janela de oportunidade para o Brasil. O
executivo, pioneiro em trazer para o país o mercado de fundos de
recebíveis, participou ontem de uma assembleia de acionistas que deu
aval para a constituição de um novo fundo, para captar R$ 1,2 bilhão.
Fagundes não pode ainda dar detalhes, mas demonstrou otimismo: “Com a
notícia, vai ficar mais fácil conseguir o dinheiro dos investidores”,
acredita. “No nosso negócio, estamos sempre olhando para taxas de juros
de longo prazo, e um arrefecimento é muito positivo”, diz. Após o
anúncio do Fed, o rendimento do título do Tesouro americano com
vencimento em dez anos caiu 10 pontos-base, para 2,75%. O rendimento já
esteve em 1,6%.
“Os mercados emergentes vão ficar na moda de novo - até a
próxima reunião do Fed”, diz Marcos Troyjo, diretor do BRICLab da
Universidade Columbia (EUA) e professor do Ibmec.
A primeira reação dos mercados ontem já demonstrou o entusiasmo de
investidores: enquanto a bolsa subiu, os juros futuros e o dólar caíam. O
Fed vinha comprando US$ 85 bilhões em títulos do Tesouro e em hipotecas
dos bancos americanos para injetar recursos e movimentar a economia
após a crise de 2008.
Quando o presidente do Fed, Ben Bernanke, sinalizou pela
primeira vez que iria começar a desmontar o programa, em 19 de maio, os
mercados globais, principalmente emergentes, começaram a ajustar os
juros, ações e moedas às possíveis consequências desse desmonte,
principalmente para os emergentes. Depois de meses de ajustes, havia um
consenso de que Bernanke iria anunciar ontem o começo do fim. A
expectativa girava em torno de um corte de US$ 20 bilhões e de um sinal
sobre a alta dos juros, que estão no mesmo patamar há cinco anos.
Mas isso não aconteceu, entre outras coisas, porque o Fed
considerou que o crescimento dos Estados Unidos ainda não estava
consistente. Na minuta divulgada logo após a reunião, o Fed disse que o
nível de desemprego ainda estava alto e que a ligeira melhora era mais
devido a menos gente procurando emprego do que a mais gente empregada.
Com a decisão de ontem, sai do radar do mercado a expectativa de que o
Fed diminua os estímulos neste ano. A autoridade monetária condiciona a
redução a uma taxa de desemprego menor que 6,5%; ao mesmo tempo,
projetam esta taxa entre 7,1% e 7,3% em 2013.
“Por mais que a notícia seja positiva a curto prazo para
os mercados emergentes, tem um lado negativo. O mercado é movido por
fatos e boatos. A alta recente do dólar, por exemplo, foi baseada em
muita fumaça e pouco fogo. Ao adiar a decisão, o Fed reabre espaço para
especulação”, diz João Augusto de Castro Neves, analista sênior para a
América Latina da consultoria Eurasia, em Nova York. Para ele, sem um
fato concreto, o discurso de Bernanke ganha mais relevância.
Para Neves, porém, o cenário estrutural de longo prazo
está dado: cedo ou tarde, o fim do programa de estímulo do Fed vai
chegar. Nesse momento, diz, haverá um rebalanceamento do equilíbrio
entre as economias emergentes — que foram o grande motor do crescimento
global nos últimos anos — e as desenvolvidas. O excesso de liquidez
camufla ineficiências, diz ele, e quando a maré baixar para os
emergentes, a necessidade de reformas ficará mais evidente. "A questão é
apenas quando o ciclo vai começar".
Troyjo também vê um alívio, um oxigênio sobre a ameaça
que vinha impondo um sofrimento extra aos emergentes - o que ele chamou
de “bomba de sucção de liquidez” provocada pelo desmonte do programa de
estímulos do Fed. “O Brasil vai ganhar tempo e espaço de manobra para
fazer os ajustes necessários e ficar menos dependente de capital
externo”, diz. Para ele, o sentimento negativo em relação ao Brasil
desde junho vinha sendo alimentado por três fatores: as manifestações e
protestos nas ruas contra o governo; a dificuldade do governo para
retomar o tripé macroeconômico câmbio flutuante + metas de inflação +
superávit fiscal; e mudança no panorama internacional de liquidez, dado
pelo anúncio do Fed de que o começo do desmonte do programa de estímulos
estava próximo. Para ele, a substituição desse tripé por uma nova
matriz econômica não está funcionando.
O ex-secretário do Tesouro e atual presidente da gestora
de recursos do Bradesco, Joaquim Levy concorda. “Se o Brasil aproveitar o
espaço para fazer todos os ajustes que precisa, terá ganhado tempo para
continuar desenvolvendo as concessões, atraindo mais investimento”,
diz.
“Havia uma expectativa de redução simbólica para que o
mercado já fosse se acostumando, no entanto, a manutenção é embasada em
justificativas consistentes. Realmente, os últimos dados sinalizaram uma
piora em vários setores e nas condições financeiras por causa dessa
expectativa de diminuição”, diz Silvio Campos Neto, economista da
Tendências Consultoria.
Para Tarcísio Souza Santos, diretor da faculdade de
administração da Faap, a decisão de manutenção foi tomada após a
percepção do erro gerado pelos boatos de que o Fed poderia iniciar a
redução neste mês. “Depois destes boatos a moeda americana disparou ao
redor do mundo, prejudicando a competitividade do país, essencial para a
retomada da economia americana”. Para Troyjo, estamos vivendo uma
distorção: “Estamos comemorando a fraqueza da economia americana. Hoje,
não são mais as relações comerciais que importam, mas o mundo
financeiro”, lamenta.
Colaboraram Niviane Magalhães, Priscila Arroyo e Renata Batista
Criador do PivotPlanet concluiu que é
importante testar a nova profissão antes de mergulhar de cabeça na
carreira ou negócio desejado
NYT |
Deus escreve certo por linhas tortas. Na
primavera de 2011, Gerry Owen, pastor assistente de uma megaigreja em
Garland, Texas, estava lendo os comentários deixados pelos fiéis em uma
caixa da igreja após o culto de domingo. Ele deparou com um cartão de um
fiel que era proprietário da Generator Coffee, a cafeteria onde Owen,
de 55 anos, e a segunda esposa, Melissa, haviam se casado alguns meses
antes.
"O cartão dizia: 'Reze por mim, preciso vender
minha cafeteria'", recordou Owen. Quando contavam a história, ele e
Melissa estavam sentados no Cafe Brazil, uma cafeteria em Plano, Texas –
nem a que pedia orações, nem a que Melissa estava planejando abrir.
"Então li o cartão e perguntei a Melissa: 'Será que damos conta de fazer isso?'"
Ou seja, será que Gerry, que antes de se tornar pastor
havia passado a vida toda trabalhando em uma Frito-Lay, e a esposa,
enfermeira cirúrgica, poderiam comprar a cafeteria? Afinal, eles faziam
questão que o local onde haviam se casado fosse bem sucedido.
Os Owens pensaram sobre comprar o nome e
revitalizar os negócios, mas quanto mais pensavam, mas percebiam que não
tinham a menor ideia de como ser donos de uma cafeteria. Por isso, eles
entraram na internet e descobriram um site chamado PivotPlanet, que
desde 2003 reúne pessoas interessadas em mudar de carreira e as ensina a
dar os primeiros passos.
No site, eles conheceram Duncan Goodall,
proprietário do Koffee on Audubon, que desde 1993 era o ponto de
referência do bairro artístico de Audubon Street, em New Haven,
Connecticut. Por cerca de 1.000 dólares cada, os Owens poderiam seguir
Goodall na loja durante dois dias e receber dicas sobre praticamente
tudo: de como escolher a máquina de café espresso certa, a como ganhar
dinheiro com os pãezinhos que não fossem vendidos. Eles toparam,
compraram as passagens de avião e, em setembro de 2011, viajaram até New
Haven para dois dias inteiros na Escola Duncan.
A primeira coisa que Goodall fez foi convencer
os Owens a não comprar o Generator, afirmando que esse não seria o
investimento correto para eles. Contudo, ao final de seu curto
aprendizado em New Haven, os Owens chegaram à conclusão de que ainda
estavam empolgados com a ideia de abrirem o próprio café.
"Oramos muito", afirmou Melissa Owen. "Gerry me ensinou
tanto sobre como ser paciente. Quando estava no ministério, ele sempre
dizia: 'Ei, agora está nas mãos de Deus'." Eles desistiram de comprar o
Generator, que agora tem um novo dono, mas continuaram a buscar novas
possibilidades.
E graças ao PivotPlanet, agora eles têm duas estrelas
guias, Deus e Duncan Goodall. "Ainda consigo ouvi-lo dizendo", afirmou
Gerry Owen, referindo-se a Goodall, não a Deus. "As ideias dele ainda
reverberam."
Melissa Owen concordou, acrescentando: "Como o Duncan colocaria o balcão? Suas palavras ainda nos guiam todos os dias."
Brian Kurth teve a ideia daquilo que se tornaria o
PivotPlanet em 2001, quando tinha 34 anos e havia acabado de deixar o
emprego como executivo de telecomunicações, tentando descobrir o que
fazer com a vida dali em diante.
"Queria ver se o mar dava pé e pensei e me tornar
proprietário de uma creche para cachorros”, afirmou Kurth. Então, ele
acompanhou o dono de uma creche local durante três dias. Foi um
exercício muito interessante.
"Percebi que não queria recolher cocô o dia inteiro",
afirmou Kurth. E foi daí que ele tirou a ideia "de que é importante
testar seu emprego dos sonhos antes de mergulhar de cabeça".
Assim, em 2003 ele abriu a VocationVacations, uma empresa
que reunia pessoas que queriam mudar de carreira, com gente que já
fazia aquilo que tinham em mente. Kurth afirmou que foi um pioneiro na
transformação de "tutorias em um produto para o consumidor", embora
tenha sido rapidamente imitado por empresas similares, como a Skillshare
e a MentorMob.
Mais tarde, Kurth refinou a ideia e incluiu programas de
tutoria por Skype, algo que a maior parte dos clientes usa antes de
agendar uma viagem – na verdade, como uma forma de testar o tutor que os
ajudará a experimentar a carreira.
Durante algum tempo, Kurth teve dois sites: o
VocationVacations para viagens, e o PivotPlanet para tutorias por Skype e
telefone. Em janeiro deste ano, quando mudou a empresa de Portland,
Oregon, para Austin, Texas, ele unificou ambos os serviços sob a marca
PivotPlanet. Também abriu a Pivot Enterprise, uma plataforma de negócios
que as empresas utilizam para realizar tutorias in-company para
funcionários que desejem tentar uma nova vaga na mesma empresa.
Kurth não informou o faturamento preciso, nem usou
números ao se referir à empresa, que é particular, mas afirmou que ao
longo da última década ajudou "dezenas de milhares" de pessoas que
aspiravam mudar de carreira. (Esse número inclui pessoas que
participaram de oficinas e quem comprou seu livro "Test-Drive Your Dream
Job".)
O PivotPlanet possui tutores em cerca de 200 áreas de
atuação, de acupunturistas a terapeutas de cães, passando por
apresentadores de televisão. Você deseja ser meteorologista? Paul
Cousins, de Portland, Maine, dará conselhos via Skype por US$ 84 por
hora. Quer ser vinicultor? O site conta com quatro tutores. Está
interessado em se tornar um "pequeno construtor"? Brad Kittel, em
Luling, Texas, mostra como fazer isso.
Café expresso vendido na cafeteria do casal Owen, que recorreu a site para iniciar empreendimento. Foto: NYT
Alguns dos tutores são surpreendentemente
famosos. Por US$ 130 a hora, um aspirante a escritor pode receber a
tutoria de Ethan Watters, jornalista e autor do livro "Urban Tribes"
(Tribos Urbanas, em tradução livre), publicado em 2004. Clique em "DJ"
no PivotPlanet e poderá falar com Cut Chemist por US$ 180 a hora. Ele
era um dos membros do grupo de rap Jurassic 5, e suas músicas tocaram em
comerciais da Apple e no filme "Amor Sem Escalas".
Há também o item "dono de cafeteria", com apenas um nome na lista: Duncan Goodall, de New Haven, por 180 dólares a hora.
"A grana é boa, mas essa não é a verdadeira razão para
que eu faça isso", afirmou Goodall, de 41 anos, quando o visitei no
Koffee on Audubon. "Gosto de ensinar e, em um nível filosófico mais
profundo, acredito que as pessoas são mais livres e felizes quando são
donas do próprio negócio".
Goodall tem a atitude de quem se livrou do azar: afinal,
sua empresa o salvou. Depois de se formar em Yale em 1995, ele entrou
para a Bases, uma divisão da Nielsen que oferece consultoria e previsão
para novos produtos. Depois de seis anos, ele foi para outra empresa de
consultoria e continuava se sentindo sobrecarregado e triste.
"Estava me transformando em um babaca grande e gordo,
tanto literal, quanto figuradamente", afirmou Goodall. "Não dava mais
pra viver daquele jeito." No verão de 2002, Goodall estava no Koffee,
como a cafeteria é conhecida, bem em frente ao campus de Yale. Ele
costumava frequentar o lugar quando ainda estava na graduação.
"Estava olhando em volta e pensando: 'Santo Deus, esse
lugar já viu dias muito melhores'. O ambiente estava sujo e o café com
um gosto horrível. Os funcionários eram mal educados e grosseiros com os
clientes".
Ainda assim, havia um número surpreendente de clientes
ali dentro. Goodall encontrou o dono e perguntou se ele estaria pensando
em vendê-lo. "E ele disse: 'Na verdade, coloquei o café a venda há dois
meses'."
Não existem dados confiáveis sobre a frequência com a
qual os americanos mudam de carreira, mas o número certamente está
crescendo, seja porque a recessão agitou o mercado de trabalho, ou
porque muitas pessoas desempregadas não conseguiram mais encontrar
empregos semelhantes ao que faziam antes. Além disso, há o crescimento
de profissões como consultoria, que muitos profissionais – assim como
Goodall – abandonam depois de aprender uma série de habilidades que pode
utilizar em outro contexto.
Goodall comprou o Koffee, começou a reformá-lo e, logo em
seguida, deixou o emprego como consultor e reabriu a cafeteria em
janeiro de 2003. Em quatro meses ele começou a lucrar com uma empresa
que estava dando US$ 2 mil de prejuízo por mês. Ele abriu duas outras
cafeterias na cidade – ambas faliram, ao passo que a Koffee original
continuou de vento em popa e agora conta com 16 funcionários.
Expectativa é ter 30 restaurantes em seis anos no País. Foco inicial será São Paulo e Rio
Marília Almeida- iG São Paulo |
Demorou uma década, e custou um processo
judicial, para que o primeiro restaurante da tradicional rede americana
de comida casual Johnny Rockets, criada em 1986 em Los Angeles, nos
Estados Unidos, seja inaugurada no Brasil em novembro.
Serão duas unidades até o final do ano na cidade, no Shopping Tietê Plaza e no Shopping Internacional de Guarulhos.
Com ambiente no estilo da década de 1950, a rede é
conhecida por oferecer jukebox individuais aos clientes, pelo clima
animado entre os garçons, que em algumas ocasiões dançam ao som de Elvis
Presley e companhia, e por suas diversas e pouco convencionais opções
de milkshakes.
Antonio Augusto Ribeiro de Souza, que foi franqueado do
McDonald's durante oito anos, até 2002; e também da rede de comida
casual carioca Joe & Leo´s e do Well´s, será o master franqueado
exclusivo da marca no País. O investimento, de cerca de US$ 500 mil por
loja, sem o valor do ponto, será feito com recursos próprios da família.
No Brasil, os restaurantes, em shoppings e ruas, terão de
230 metros quadrados a 700 metros quadrados. O pedido de música nas
jukeboxs será gratuito e haverá refil para refrigerante. O cardápio será
composto por cerca de 14 variedades de hambúrgueres acompanhados com
batatas fritas, um deles de picanha.
Mas o diferencial parece ser o cardápio de milkshakes,
que terá 18 opções em três faixas de preços, entre eles um de torta de
maçã batida com sorvete; e outro feito com Ghirardelli, tradicional
chocolate da cidade americana de São Francisco. "Também teremos uma
opção com Nutella e Ovomaltine", diz Souza.
O tíquete médio da refeição, que inclui
hambúrguer, batata frita e refrigerante, custará R$ 30. "As negociações
com fornecedores nacionais ajudaram a manter um preço competitivo. Os
custos subiram muito nos últimos anos", conclui Souza.
Em
2010, a rede americana criada em 1986, em Los Angeles, abre seu
primeiro restaurante na América Latina, em Santiago, no Chile.
Adaptações necessárias
Ao desembarque da rede foi adiado até que, em
2010, a matriz americana entrou com uma ação na Justiça e conseguiu uma
liminar para que o restaurante Rocket's, em São Paulo, fosse proibido de
usar a marca, que se assemelhava muito à da rede americana.
A demora teve impacto nos planos de Souza. Além de vender
sanduíches, será necessário agora reforçar a operação com pratos
rápidos e saladas a partir do ano que vem, no estilo de concorrentes
como Outback e Applebee's, algo que a Johnny Rockets não oferece na
maioria de suas lojas. Souza pode até oferecer costelinha de porco,
famoso prato da concorrência.
Isso porque, ao contrário de operações menores, com
poucos restaurantes (características em 2003), hoje o mercado cresceu, e
a concorrência aumentou, principalmente das grandes redes. Os custos do
negócio também aumentaram, e Souza mira o almoço executivo para
compensá-lo.
Ganhar escala também é necessário para
enfrentar custos. Não à toa, a ideia inicial de dez restaurantes
triplicou: serão 30 restaurantes nos próximos seis anos.
Por outro lado, conta, o atraso teve vantagens:
em 2003, a marca era menos conhecida pelos brasileiros, que passaram a
viajar mais para os Estados Unidos nos últimos anos. Além disso, o
caminho para a comida casual parece já estar pavimentado.
O processo judicial contra a Rocket´s continua
em andamento, e a expectativa é que seja finalizado até o ano que vem.
"Eles estão proibidos de usar a marca até a conclusão do julgamento. Já
nos deram ganhos de causa. Estamos confiantes", conta Souza.
Caminho do crescimento
Além das duas lojas em São Paulo ainda este ano, já está
confirmada para o ano que vem uma unidade no Shopping West Plaza (zona
sul da capital), uma loja de rua no Jardim Paulista (zona sul) e a
entrada no Rio de Janeiro.
Mas antes de rumar para outros Estados, cidades do
interior de São Paulo também estão na mira da rede em 2014. "O Estado
cresceu nos últimos anos, mas o interior cresceu mais", diz Souza. A
primeira loja será inaugurada em Sorocaba. Já estão confirmadas também a
unidade do Catarina Fashion Outlet, na Rodovia Castelo Branco, em
Campinas e Bauru.
A partir de 2015, a rede deve abrir unidades em Belo
Horizonte, Curitiba e Brasília. "Toda a operação será própria. A partir
daí, iremos avaliar qual será a melhor maneira de crescer, se por meio
de franquias ou investimentos via fundos de capital de risco (venture
capital)", conta o empresário.
Adquirida em junho deste ano pelo fundo de investimento
Sun Capital, a rede Johnny Rockets soma por volta de 300 lojas em 20
países. Recentemente, a rede também desembarcou em outras economias
emergentes, como Índia, Equador e Honduras. "O Brasil, assim como os
países que formam os Brics (China, Índia e Rússia), é muito importante
para a rede agora", conclui Souza.
Entre as prioridades femininas estão
também as tinturas para cabelos e pães. Já os homens desembolsam mais
com deo colônias e fraldas descartáveis, além da bebida, diz pesquisa
iG São Paulo
Os três produtos que lideram os gastos das mulheres nos
supermercados e lojas físicas são cremes e loções, tinturas para cabelos
e pães, segundo estudo da consultoria Kantar Worldpanel, especializada
em conhecimento do consumidor. Enquanto isso, os três produtos com os
quais os homens mais gastam quando saem às compras são cerveja, deo
colônia e fraldas descartáveis.
Quando o homem a mulher estão juntos, os itens que
aparecem no topo dos gastos são biscoitos, óleos e detergentes em pó. E o
volume gasto, em dinheiro, é bem maior. Quando está sozinha, a mulher
gasta em média R$ 12,25 por compra, já o homem desembolsa R$ 10,15.
Juntos, fazem compras de R$ 53,14, em média.
O estudo mostra ainda que a ida a pontos de venda para
fazer compras é um programa que as pessoas fazem mais frequentemente
desacompanhadas: 64% das vezes as mulheres estão sozinhas, enquanto
homens sozinhos são 23% do total. As preferências também mudam. “Os
compradores solitários buscam no ato da compra suprir necessidades
imediatas, ao contrário dos acompanhados que priorizam o abastecimento
de produtos”, diz Christine Pereira, Diretora Comercial da Kantar
Worldpanel no Brasil.
Crianças
Quando estão acompanhados de crianças na hora das
compras, o que acontece apenas duas vezes ao mês, o preço médio pago nos
produtos é 8% maior. E a sacola tende a voltar para casa com produtos
mais saudáveis e inovadores.
Sobre as influências nas decisões de gastos, a pesquisa
mostra que a indicação de amigos, familiares e as promoções pesam mais
na hora da decisão de compra de bens não duráveis – como alimentos,
bebidas, higiene, perfumaria – do que a publicidade em mídia tradicional
e do que a confiança na marca.
Metade dos entrevistados declara que promoções interferem
na escolha e as sugestões de amigos e familiares podem definir a opção
por um produto para 41% deles. Já a publicidade na TV impacta apenas 14%
das pessoas, seguida por 7% que afirma ser influenciado por propagandas
no próprio ponto de venda, 5% pela confiança na marca e 2% pela
publicidade em jornais, revistas e rádio.
Cerveja
A cerveja, que aparece no topo das prioridades das
compras dos homens, está em 54% dos lares brasileiros, segundo a Kantar
Worldpanel, cerca de 23 milhões de domicílios. O número de consumidores
chega a 44 milhões de indivíduos.
A pesquisa mostra também que as mulheres mais novas bebem tanto quanto os homens mais velhos.
Cerca de 23% das mulheres de até 35 anos tomam a bebida,
enquanto o percentual sobe para 35% entre os homens da mesma faixa
etária. Quando têm mais de 35 anos, o número cai para 19% para o sexo
feminino e 23% para o masculino.
Pesquisa Data Popular aponta também
que homens citam marcas de tênis, roupas de esporte e eletrônicos,
enquanto as mulheres mencionam alimentos, cosméticos e roupas
Mayara Teixeira, iG São Paulo
Pesquisa divulgada nesta quarta-feira (5) pelo instituto
Data Popular indica que 46% dos consumidores da nova classe C não têm
uma "marca do coração”. Para Renato Meirelles, diretor do instituto, a
falta de preferência decorre dos erros cometidos pelas empresas em suas
estratégias de marketing. “O mercado publicitário não sabe o que fazer
com a classe C ainda. Não entendem que propaganda boa é a que vende e
não a que é premiada”, diz.
Para o estudo, foram realizadas 22 mil entrevistas com
consumidores de 153 cidades brasileiras, e a família da classe C usada
nas pesquisas tem uma renda média de R$ 2,5 mil ao mês. No resultado
final, a Nestlé ficou em primeiro lugar como a marca favorita de 4,1%
dos entrevistados, seguida da Samsung com 3,9% e Adidas e Nike, com
3,7%.
Em geral, a maioria das marcas citadas são da categoria
“premium” ou “medium price”. Grande parte delas também é líder de
mercado, ou seja, o consumidor da classe C prefere pagar mais caro,
porém garantir a qualidade. “Esse consumidor não pode errar, se ele
comprar uma marca de arroz que gruda, vai ter que comer arroz grudento o
mês todo", diz Meirelles. “As empresas precisam entender que o modelo
tradicional de preço baixo que as trouxe até aqui, não é suficiente para
conquistar a classe média”.
Entre os homens, a marca preferida é a Adidas (5,8%),
seguida da Nike (5,1%) e da Samsung (4,9%). Para as mulheres, a Nestlé
repete a liderança (6,3%), em segundo lugar está O Boticário (4,2%) e em
terceiro, a Hering (3,1%). Em relação às faixas etárias, os “maduros”
preferem também a Nestlé (4,9%), depois a Sony(4,2%) e a Samsung (3,8%).
Já entre os jovens, a “marca do coração” é a Nike (4,2%), seguida da
Samsung (3,6%) e da Apple (3,2%). Para Meirelles, os números são baixos,
pois as marcas não conseguiram coresponder ao crescimento da nova
classe média. “Os consumidores procuram marcas como um selo de
qualidade, mas não estão encontrando isso”.
As marcas preferidas da Classe C
A pesquisa avaliou 17 categorias de produtos, veja os líderes em cada uma delas:
Fonte: Data Popular
A classe C já corresponde por 44% dos gastos no país.
Segundo a Ipsos Public Affairs, cerca de 2,7 milhões de brasileiros
migraram para o segmento só no ano passado, chegando a 103,054 milhões
de pessoas, ou 54% da população total do país. O desafio das empresas
está em tornar esse grande contingente em consumidores cativos. Conforme
projeção do Data Popular, em 2014 a classe C será representada por
58,3% dos brasileiros, enquanto 26,8% estarão na D.
“O consumidor C ainda não tem marca, essa é uma
possibilidade espetacular para que as empresas desenvolvam melhores
estratégias”, diz Roberto Meir, publisher da revista Consumidor Moderno.
Para ele, as marcas precisam se preocupar com relevância e não em estar
na memória do consumidor. “A Omo, por exemplo, aparece em primeiro
lugar em todos os Top of Minds, mas é a preferida de 21% dos
entrevistados, enquanto o multiuso Veja lidera com 28%”.
As empresas gastam milhões com propagandas que não se
comunicam com a classe que mais consome no Brasil. “O consumidor fica
feliz porque ganha uma promoção de operadora de celular, mas depois não
consegue falar no call center", diz Meirelles. “A pós-venda está ligada a
75% da percepção de marca, para conquistar o coração do consumidor não
bastam comerciais de 30 segundos na televisão”.
Com a proposta de moda acessível,
Flávio Rocha conta quais são os desafios da rede varejista no caminho da
sofisticação, do crescimento e do fast fashion
Marília Almeida- iG São Paulo
Tornar a moda acessível. É assim que o
presidente da Riachuelo Flávio Rocha define a missão da empresa,
controlada pelo grupo têxtil Guararapes, sempre mirando o exemplo e
crescimento da espanhola Zara, cujo processo produtivo conheceu há 12
anos.
Consumidores que antes se dividiam entre quem tinha renda e
informação, e consumia moda, uma minoria da população brasileira, e entre quem
não tinha informação nem renda e consumia preço, se tornaram mais
exigentes, tanto pelo aumento de renda e ascensão das classes sociais no
Brasil quanto, principalmente, pelo avanço da tecnologia na última década,
O resultado disso é um contingente de 14 milhões de
"gatas borralheiras que se tornaram princesas", nas palavras de
Rocha, que agora têm informação e melhora de renda, mas o orçamento continua
limitado para consumir grifes. É a chamada classe média, motivo primordial para
a guinada da empresa rumo à sofisticação.
Mas Rocha também planeja conquistar as classes A
e B. "O preço alto exclui as compras da baixa renda. Mas o preço
baixo não exclui a alta renda. Vemos a Kate Middleton e Michelle Obama usando
fast fashion. Hoje, o baixo custo é cool".
Ampliar o escopo de consumidores é estratégico
para a empresa dobrar de tamanho até 2016. Serão mais 200 lojas, cerca de 40
por ano, segundo Rocha.
Grande parte da expansão da Riachuelo será por meio
de shoppings centers, muito deles em cidades que ganham seu primeiro centro
comercial. "Há um deficit de shoppings, estamos muito aquém dos Estados
Unidos, mesmo considerando a diferença de renda. O shopping é interessante
porque proporciona um ambiente de formalização do varejo".
Porém, Rocha busca ter cuidado para não perder os
consumidores da base da pirâmide. Não é um caminho fácil. Ele mesmo confessa
que já errou. "Algumas vezes nos distraímos. Começamos a achar as peças da
Chris Barros [estilista] maravilhosas e colocá-las na loja por duas a três
vezes mais que nosso preço médio, apesar de significarem um zero a menos para
ela".
Os desafios estão principalmente na equação de
rapidez de troca de peças e manutenção do custo. Mas o executivo se inspira no
sucesso global do conceito de fast fashion da Zara, mas também da sueca H&M
e Forever 21. "É emblemático que, há cinco anos, a Zara tenha ultrapassado
a Gap como maior varejista de moda".
A marca americana, aliás, chega
este mês para competir no mercado nacional , enquanto a Zara já tem
presença marcada no País. Já houve rumores de que a sueca H&M também pensa
em aterrissar
em terras nacionais . É o momento de fortalecer a marca e demarcar posição
para fazer frente a esta concorrência nada trivial.
Integração
Rocha aposta na competitividade de ter a
fabricação integrada com a rede varejista. Entre as vantagens, a ausência de
conflitos entre indústria e varejo, caso pertencessem a acionistas diferentes.
"A indústria quer escala, o varejo quer mais opções. Com a integração,
conseguimos priorizar moda e terceirizar produtos básicos".
Até o final deste ano, a integração da cadeia da Riachuelo
deve atingir 50%. Essa integração já permite à Riachuelo ter apenas 15% de
pedidos comprometidos antes do início de uma coleção. "Ou seja, 85% das
decisões de compras são tomadas dentro da estação", conclui
Rocha. Hoje são visitados diariamente 10 milhões de estoques.
Isso dá flexibilidade e reduz
estoques e perdas. Como consequência, a margem financeira aumenta..
"Sabemos o que vai vender. Desta forma, conseguimos voltar nossa
capacidade produtiva para looks vencedores. Conseguimos corrigir o rumo,
melhorar o mix". Rocha ambiciona ter todo o processo produtivo integrado,
desde à matéria-prima.
Drible na China
A integração entre indústria e varejo e
sofisticação a produção também é um modo de ganhar competitividade com relação
às importações da China, cujos pedidos chegam a demorar oito meses até chegarem
no País, conta Rocha. "A velocidade é fundamental na moda. É
temerário comprar produtos com alta informação de moda desta forma".
A estratégia buscada é então produzir o que é
moda por aqui e importar produtos básicos. A importação hoje gira em torno de
20% na Riachuelo, mas chega a 30% na coleção de inverno e cresceu rapidamente.
Em 2010, representava 5%. "Nós ainda importamos pouco. Há quem já importe
metade da produção", conta.
Na sua visão, a indústria de inverno no Brasil
foi extinta. "Ela vivia metade de exportação e metade do mercado
doméstico. Acabou a exportação por conta do câmbio", diz.
Isso limita a estratégia de proporção entre
produção nacional e importação. "Na coleção de inverno, tenho de importar
produtos básicos e também de moda". O conceito de moda rápida, neste caso,
fica comprometido.
Rocha lamenta o chamado "custo-Brasil"
e acredita que, para proteger a indústria têxtil nacional, é necessário que a
desoneração recaia sobre a produção nacional, e não sobre a importação.
Produção de baixo custo
Assim como a Zara faz na Galícia, na Espanha, a Riachuelo
busca complementar a produção e reduzir seu custo com projetos regionais,
agregando trabalhadores de regiões carentes. "Vi na Zara o potencial
transformador do negócio. Ainda mais agora. Com a Espanha em crise, a Galícia
fica imune. São milhares de lojas que despejam pedidos na região".