sábado, 21 de setembro de 2013

O que é tecnologia limpa?


Entenda como a tecnologia pode ajudar a promover o uso sustentável dos recursos naturais, um dos principais desafios dessa geração

iG São Paulo - especial para IBM

Thinkstock Photos
Tecnologia limpa é a capacidade de usar o que já foi desenvolvido para melhorar o que temos
Da administração pública aos consumidores, a necessidade de otimizar o uso e fornecimento de recursos escassos como água e energia é indiscutível. Nesse contexto, as tecnologias limpas tomam um importante papel na sociedade.

Tecnologia limpa pode ser definida como um conjunto de soluções que possibilitem novas formas de pensar e utilizar os recursos naturais, com o objetivo de reduzir a zero o desperdício. Entre os assuntos que fazem parte desta ideia estão os biocombustíveis, a diminuição da emissão de carbono e as fontes alternativas de energia, por exemplo.

Um dos principais conceitos da tecnologia limpa é a rede inteligente (“smartgrid”, em inglês), que prevê o uso da infraestrutura e da tecnologia da informação na criação de sistemas que promovam a eficiência na geração, distribuição e consumo dos recursos naturais.

Existem vários exemplos práticos para a utilização do conceito de smartgrid. No caso da energia elétrica, por exemplo, é possível otimizar a distribuição a partir da análise do consumo, prevendo picos de demanda e evitando sobrecarga do sistema. Do lado do consumo, a possibilidade está em passar à população informações precisas e em tempo real sobre o seu gasto energético, permitindo que economias sejam feitas antes mesmo da conta chegar.

Tecnologia limpa, portanto, não é nenhuma inovação tecnológica: é a capacidade de usar o que já foi desenvolvido para melhorar o que já temos, criando novas ferramentas para interpretar a infinidade de informações disponíveis na sociedade sobre produção e consumo dos recursos naturais.


A bola da vez

 
O desenvolvimento de soluções com tecnologias limpas está sendo considerada por muitos especialistas a grande inovação desta geração. Bilhões de dólares são investidos todos os anos por empresas do setor privado e público em pesquisas e iniciativas que buscam descobrir formas mais eficientes de administras recursos que são escassos.

A IBM tem investido seu conhecimento em tecnologia para apresentar soluções que colaboram para a criação de um planeta mais sustentável, colaborando em mais de 60% dos grandes projetos de smartgrid pelo mundo. No entanto, como ressalta o especialista Drew Clark, é preciso haver um esforço conjunto para que mudanças efetivas sejam realizadas. Governo, empresas privadas e a população devem estar alinhados na criação de um ecossistema que promova a sustentabilidade ( ouça a entrevista, em inglês ).

Muitos países pelo mundo já estão tomando atitudes nesse sentido. A Alemanha, por exemplo, é a líder mundial em produção de energia solar, produzindo mais de 30% do total mundial, como aponta o estudo realizado em 2012 pela BP, uma das principais empresas do setor energético. O Brasil está bem atrás nesta lista: o estado de São Paulo só inaugurou sua primeira usina de energia solar no fim do ano passado, localizada na cidade de Campinas e com capacidade para abastecer quase 600 casas.

Decisão do Fed reabre ‘janela de oportunidade’ ao Brasil

Ao manter o estímulo à economia e os juros perto de zero, banco central dos EUA retira da cabeça dos países emergentes a espada da redução da liquidez, e o dinheiro estrangeiro tende a “voar de volta” a esses páises

Brasil Econômico - Léa de Luca 


A decisão tomada ontem pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) de manter o programa de compra de títulos e as taxas de juros limitadas a 0,25% para estimular a economia norte-americana surpreendeu a maior parte dos mercados no mundo. A medida foi comemorada especialmente pelos países emergentes, que vinham sofrendo com a saída de recursos estrangeiros.
Alex Brandon/AP
Ben Bernanke, presidente do Fed, adiou o começo do fim do QE
Jim O’Neill, criador do termo BRICs (para os países emergentes Brasil, Rússia, Índia e China) considerou a notícia positiva para esses países, ao menos, no curto prazo. “Vai ajudar muito os mercados emergentes”, disse ao Brasil Econômico o executivo, que até abril era presidente da gestora de recursos do Goldman Sachs. “No curto prazo, certamente o dinheiro de investidores estrangeiros vai voar de volta ao Brasil.” O’Neill era um dos poucos especialistas que não estavam preocupados com a retirada dos estímulos por parte do Fed. “Uma hora, isso vai acontecer. Os mercados se preocupam demais com tudo”, disse.

Para o fundador da Integral Investimentos e da Integral Trust Serviços, Carlos Fagundes, a decisão de adiar o desmonte do programa de estímulos abre uma janela de oportunidade para o Brasil. O executivo, pioneiro em trazer para o país o mercado de fundos de recebíveis, participou ontem de uma assembleia de acionistas que deu aval para a constituição de um novo fundo, para captar R$ 1,2 bilhão. Fagundes não pode ainda dar detalhes, mas demonstrou otimismo: “Com a notícia, vai ficar mais fácil conseguir o dinheiro dos investidores”, acredita. “No nosso negócio, estamos sempre olhando para taxas de juros de longo prazo, e um arrefecimento é muito positivo”, diz. Após o anúncio do Fed, o rendimento do título do Tesouro americano com vencimento em dez anos caiu 10 pontos-base, para 2,75%. O rendimento já esteve em 1,6%.

“Os mercados emergentes vão ficar na moda de novo - até a próxima reunião do Fed”, diz Marcos Troyjo, diretor do BRICLab da Universidade Columbia (EUA) e professor do Ibmec.

A primeira reação dos mercados ontem já demonstrou o entusiasmo de investidores: enquanto a bolsa subiu, os juros futuros e o dólar caíam. O Fed vinha comprando US$ 85 bilhões em títulos do Tesouro e em hipotecas dos bancos americanos para injetar recursos e movimentar a economia após a crise de 2008.

Quando o presidente do Fed, Ben Bernanke, sinalizou pela primeira vez que iria começar a desmontar o programa, em 19 de maio, os mercados globais, principalmente emergentes, começaram a ajustar os juros, ações e moedas às possíveis consequências desse desmonte, principalmente para os emergentes. Depois de meses de ajustes, havia um consenso de que Bernanke iria anunciar ontem o começo do fim. A expectativa girava em torno de um corte de US$ 20 bilhões e de um sinal sobre a alta dos juros, que estão no mesmo patamar há cinco anos.

Mas isso não aconteceu, entre outras coisas, porque o Fed considerou que o crescimento dos Estados Unidos ainda não estava consistente. Na minuta divulgada logo após a reunião, o Fed disse que o nível de desemprego ainda estava alto e que a ligeira melhora era mais devido a menos gente procurando emprego do que a mais gente empregada. Com a decisão de ontem, sai do radar do mercado a expectativa de que o Fed diminua os estímulos neste ano. A autoridade monetária condiciona a redução a uma taxa de desemprego menor que 6,5%; ao mesmo tempo, projetam esta taxa entre 7,1% e 7,3% em 2013.

“Por mais que a notícia seja positiva a curto prazo para os mercados emergentes, tem um lado negativo. O mercado é movido por fatos e boatos. A alta recente do dólar, por exemplo, foi baseada em muita fumaça e pouco fogo. Ao adiar a decisão, o Fed reabre espaço para especulação”, diz João Augusto de Castro Neves, analista sênior para a América Latina da consultoria Eurasia, em Nova York. Para ele, sem um fato concreto, o discurso de Bernanke ganha mais relevância.

Para Neves, porém, o cenário estrutural de longo prazo está dado: cedo ou tarde, o fim do programa de estímulo do Fed vai chegar. Nesse momento, diz, haverá um rebalanceamento do equilíbrio entre as economias emergentes — que foram o grande motor do crescimento global nos últimos anos — e as desenvolvidas. O excesso de liquidez camufla ineficiências, diz ele, e quando a maré baixar para os emergentes, a necessidade de reformas ficará mais evidente. "A questão é apenas quando o ciclo vai começar".

Troyjo também vê um alívio, um oxigênio sobre a ameaça que vinha impondo um sofrimento extra aos emergentes - o que ele chamou de “bomba de sucção de liquidez” provocada pelo desmonte do programa de estímulos do Fed. “O Brasil vai ganhar tempo e espaço de manobra para fazer os ajustes necessários e ficar menos dependente de capital externo”, diz. Para ele, o sentimento negativo em relação ao Brasil desde junho vinha sendo alimentado por três fatores: as manifestações e protestos nas ruas contra o governo; a dificuldade do governo para retomar o tripé macroeconômico câmbio flutuante + metas de inflação + superávit fiscal; e mudança no panorama internacional de liquidez, dado pelo anúncio do Fed de que o começo do desmonte do programa de estímulos estava próximo. Para ele, a substituição desse tripé por uma nova matriz econômica não está funcionando.

O ex-secretário do Tesouro e atual presidente da gestora de recursos do Bradesco, Joaquim Levy concorda. “Se o Brasil aproveitar o espaço para fazer todos os ajustes que precisa, terá ganhado tempo para continuar desenvolvendo as concessões, atraindo mais investimento”, diz.

“Havia uma expectativa de redução simbólica para que o mercado já fosse se acostumando, no entanto, a manutenção é embasada em justificativas consistentes. Realmente, os últimos dados sinalizaram uma piora em vários setores e nas condições financeiras por causa dessa expectativa de diminuição”, diz Silvio Campos Neto, economista da Tendências Consultoria.

Para Tarcísio Souza Santos, diretor da faculdade de administração da Faap, a decisão de manutenção foi tomada após a percepção do erro gerado pelos boatos de que o Fed poderia iniciar a redução neste mês. “Depois destes boatos a moeda americana disparou ao redor do mundo, prejudicando a competitividade do país, essencial para a retomada da economia americana”. Para Troyjo, estamos vivendo uma distorção: “Estamos comemorando a fraqueza da economia americana. Hoje, não são mais as relações comerciais que importam, mas o mundo financeiro”, lamenta. 


Colaboraram Niviane Magalhães, Priscila Arroyo e Renata Batista

Site ajuda a buscar o emprego dos sonhos

Criador do PivotPlanet concluiu que é importante testar a nova profissão antes de mergulhar de cabeça na carreira ou negócio desejado

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Deus escreve certo por linhas tortas. Na primavera de 2011, Gerry Owen, pastor assistente de uma megaigreja em Garland, Texas, estava lendo os comentários deixados pelos fiéis em uma caixa da igreja após o culto de domingo. Ele deparou com um cartão de um fiel que era proprietário da Generator Coffee, a cafeteria onde Owen, de 55 anos, e a segunda esposa, Melissa, haviam se casado alguns meses antes.
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O casal Melissa e Gerry Owen, que abriu uma cafeteria com ajuda de um mentor de carreiras, em Plano, Texas
"O cartão dizia: 'Reze por mim, preciso vender minha cafeteria'", recordou Owen. Quando contavam a história, ele e Melissa estavam sentados no Cafe Brazil, uma cafeteria em Plano, Texas – nem a que pedia orações, nem a que Melissa estava planejando abrir.

"Então li o cartão e perguntei a Melissa: 'Será que damos conta de fazer isso?'"
Ou seja, será que Gerry, que antes de se tornar pastor havia passado a vida toda trabalhando em uma Frito-Lay, e a esposa, enfermeira cirúrgica, poderiam comprar a cafeteria? Afinal, eles faziam questão que o local onde haviam se casado fosse bem sucedido.

Os Owens pensaram sobre comprar o nome e revitalizar os negócios, mas quanto mais pensavam, mas percebiam que não tinham a menor ideia de como ser donos de uma cafeteria. Por isso, eles entraram na internet e descobriram um site chamado PivotPlanet, que desde 2003 reúne pessoas interessadas em mudar de carreira e as ensina a dar os primeiros passos.

No site, eles conheceram Duncan Goodall, proprietário do Koffee on Audubon, que desde 1993 era o ponto de referência do bairro artístico de Audubon Street, em New Haven, Connecticut. Por cerca de 1.000 dólares cada, os Owens poderiam seguir Goodall na loja durante dois dias e receber dicas sobre praticamente tudo: de como escolher a máquina de café espresso certa, a como ganhar dinheiro com os pãezinhos que não fossem vendidos. Eles toparam, compraram as passagens de avião e, em setembro de 2011, viajaram até New Haven para dois dias inteiros na Escola Duncan.

A primeira coisa que Goodall fez foi convencer os Owens a não comprar o Generator, afirmando que esse não seria o investimento correto para eles. Contudo, ao final de seu curto aprendizado em New Haven, os Owens chegaram à conclusão de que ainda estavam empolgados com a ideia de abrirem o próprio café.

"Oramos muito", afirmou Melissa Owen. "Gerry me ensinou tanto sobre como ser paciente. Quando estava no ministério, ele sempre dizia: 'Ei, agora está nas mãos de Deus'." Eles desistiram de comprar o Generator, que agora tem um novo dono, mas continuaram a buscar novas possibilidades.

E graças ao PivotPlanet, agora eles têm duas estrelas guias, Deus e Duncan Goodall. "Ainda consigo ouvi-lo dizendo", afirmou Gerry Owen, referindo-se a Goodall, não a Deus. "As ideias dele ainda reverberam."
Melissa Owen concordou, acrescentando: "Como o Duncan colocaria o balcão? Suas palavras ainda nos guiam todos os dias."

Brian Kurth teve a ideia daquilo que se tornaria o PivotPlanet em 2001, quando tinha 34 anos e havia acabado de deixar o emprego como executivo de telecomunicações, tentando descobrir o que fazer com a vida dali em diante.

"Queria ver se o mar dava pé e pensei e me tornar proprietário de uma creche para cachorros”, afirmou Kurth. Então, ele acompanhou o dono de uma creche local durante três dias. Foi um exercício muito interessante.

"Percebi que não queria recolher cocô o dia inteiro", afirmou Kurth. E foi daí que ele tirou a ideia "de que é importante testar seu emprego dos sonhos antes de mergulhar de cabeça".

Assim, em 2003 ele abriu a VocationVacations, uma empresa que reunia pessoas que queriam mudar de carreira, com gente que já fazia aquilo que tinham em mente. Kurth afirmou que foi um pioneiro na transformação de "tutorias em um produto para o consumidor", embora tenha sido rapidamente imitado por empresas similares, como a Skillshare e a MentorMob. 

Mais tarde, Kurth refinou a ideia e incluiu programas de tutoria por Skype, algo que a maior parte dos clientes usa antes de agendar uma viagem – na verdade, como uma forma de testar o tutor que os ajudará a experimentar a carreira.

Durante algum tempo, Kurth teve dois sites: o VocationVacations para viagens, e o PivotPlanet para tutorias por Skype e telefone. Em janeiro deste ano, quando mudou a empresa de Portland, Oregon, para Austin, Texas, ele unificou ambos os serviços sob a marca PivotPlanet. Também abriu a Pivot Enterprise, uma plataforma de negócios que as empresas utilizam para realizar tutorias in-company para funcionários que desejem tentar uma nova vaga na mesma empresa.

Kurth não informou o faturamento preciso, nem usou números ao se referir à empresa, que é particular, mas afirmou que ao longo da última década ajudou "dezenas de milhares" de pessoas que aspiravam mudar de carreira. (Esse número inclui pessoas que participaram de oficinas e quem comprou seu livro "Test-Drive Your Dream Job".)

O PivotPlanet possui tutores em cerca de 200 áreas de atuação, de acupunturistas a terapeutas de cães, passando por apresentadores de televisão. Você deseja ser meteorologista? Paul Cousins, de Portland, Maine, dará conselhos via Skype por US$ 84 por hora. Quer ser vinicultor? O site conta com quatro tutores. Está interessado em se tornar um "pequeno construtor"? Brad Kittel, em Luling, Texas, mostra como fazer isso.

Café expresso vendido na cafeteria do casal Owen, que recorreu a site para iniciar empreendimento. Foto: NYT


Alguns dos tutores são surpreendentemente famosos. Por US$ 130 a hora, um aspirante a escritor pode receber a tutoria de Ethan Watters, jornalista e autor do livro "Urban Tribes" (Tribos Urbanas, em tradução livre), publicado em 2004. Clique em "DJ" no PivotPlanet e poderá falar com Cut Chemist por US$ 180 a hora. Ele era um dos membros do grupo de rap Jurassic 5, e suas músicas tocaram em comerciais da Apple e no filme "Amor Sem Escalas".

Há também o item "dono de cafeteria", com apenas um nome na lista: Duncan Goodall, de New Haven, por 180 dólares a hora.

"A grana é boa, mas essa não é a verdadeira razão para que eu faça isso", afirmou Goodall, de 41 anos, quando o visitei no Koffee on Audubon. "Gosto de ensinar e, em um nível filosófico mais profundo, acredito que as pessoas são mais livres e felizes quando são donas do próprio negócio".

Goodall tem a atitude de quem se livrou do azar: afinal, sua empresa o salvou. Depois de se formar em Yale em 1995, ele entrou para a Bases, uma divisão da Nielsen que oferece consultoria e previsão para novos produtos. Depois de seis anos, ele foi para outra empresa de consultoria e continuava se sentindo sobrecarregado e triste.

"Estava me transformando em um babaca grande e gordo, tanto literal, quanto figuradamente", afirmou Goodall. "Não dava mais pra viver daquele jeito." No verão de 2002, Goodall estava no Koffee, como a cafeteria é conhecida, bem em frente ao campus de Yale. Ele costumava frequentar o lugar quando ainda estava na graduação.

"Estava olhando em volta e pensando: 'Santo Deus, esse lugar já viu dias muito melhores'. O ambiente estava sujo e o café com um gosto horrível. Os funcionários eram mal educados e grosseiros com os clientes".

Ainda assim, havia um número surpreendente de clientes ali dentro. Goodall encontrou o dono e perguntou se ele estaria pensando em vendê-lo. "E ele disse: 'Na verdade, coloquei o café a venda há dois meses'."

Não existem dados confiáveis sobre a frequência com a qual os americanos mudam de carreira, mas o número certamente está crescendo, seja porque a recessão agitou o mercado de trabalho, ou porque muitas pessoas desempregadas não conseguiram mais encontrar empregos semelhantes ao que faziam antes. Além disso, há o crescimento de profissões como consultoria, que muitos profissionais – assim como Goodall – abandonam depois de aprender uma série de habilidades que pode utilizar em outro contexto.

Goodall comprou o Koffee, começou a reformá-lo e, logo em seguida, deixou o emprego como consultor e reabriu a cafeteria em janeiro de 2003. Em quatro meses ele começou a lucrar com uma empresa que estava dando US$ 2 mil de prejuízo por mês. Ele abriu duas outras cafeterias na cidade – ambas faliram, ao passo que a Koffee original continuou de vento em popa e agora conta com 16 funcionários.

Hamburgueria americana Johnny Rockets chega no Brasil com 18 milkshakes


Expectativa é ter 30 restaurantes em seis anos no País. Foco inicial será São Paulo e Rio

Marília Almeida - iG São Paulo |
Divulgação
Milkshakes: entre as opções, torta de maçã e chocolate americano batidos com sorvete de creme
Demorou uma década, e custou um processo judicial, para que o primeiro restaurante da tradicional rede americana de comida casual Johnny Rockets, criada em 1986 em Los Angeles, nos Estados Unidos, seja inaugurada no Brasil em novembro. 

Serão duas unidades até o final do ano na cidade, no Shopping Tietê Plaza e no Shopping Internacional de Guarulhos.

Com ambiente no estilo da década de 1950, a rede é conhecida por oferecer jukebox individuais aos clientes, pelo clima animado entre os garçons, que em algumas ocasiões dançam ao som de Elvis Presley e companhia, e por suas diversas e pouco convencionais opções de milkshakes.

Antonio Augusto Ribeiro de Souza, que foi franqueado do McDonald's durante oito anos, até 2002; e também da rede de comida casual carioca Joe & Leo´s e do Well´s, será o master franqueado exclusivo da marca no País. O investimento, de cerca de US$ 500 mil por loja, sem o valor do ponto, será feito com recursos próprios da família.

No Brasil, os restaurantes, em shoppings e ruas, terão de 230 metros quadrados a 700 metros quadrados. O pedido de música nas jukeboxs será gratuito e haverá refil para refrigerante. O cardápio será composto por cerca de 14 variedades de hambúrgueres acompanhados com batatas fritas, um deles de picanha.

Mas o diferencial parece ser o cardápio de milkshakes, que terá 18 opções em três faixas de preços, entre eles um de torta de maçã batida com sorvete; e outro feito com Ghirardelli, tradicional chocolate da cidade americana de São Francisco. "Também teremos uma opção com Nutella e Ovomaltine", diz Souza. 

O tíquete médio da refeição, que inclui hambúrguer, batata frita e refrigerante, custará R$ 30. "As negociações com fornecedores nacionais ajudaram a manter um preço competitivo. Os custos subiram muito nos últimos anos", conclui Souza.

Em 2010, a rede americana criada em 1986, em Los Angeles, abre seu primeiro restaurante na América Latina, em Santiago, no Chile. 
 
 
Adaptações necessárias 
 
Ao desembarque da rede foi adiado até que, em 2010, a matriz americana entrou com uma ação na Justiça e conseguiu uma liminar para que o restaurante Rocket's, em São Paulo, fosse proibido de usar a marca, que se assemelhava muito à da rede americana.
 
A demora teve impacto nos planos de Souza. Além de vender sanduíches, será necessário agora reforçar a operação com pratos rápidos e saladas a partir do ano que vem, no estilo de concorrentes como Outback e Applebee's, algo que a Johnny Rockets não oferece na maioria de suas lojas. Souza pode até oferecer costelinha de porco, famoso prato da concorrência. 
 
Isso porque, ao contrário de operações menores, com poucos restaurantes (características em 2003), hoje o mercado cresceu, e a concorrência aumentou, principalmente das grandes redes. Os custos do negócio também aumentaram, e Souza mira o almoço executivo para compensá-lo. 
 
Ganhar escala também é necessário para enfrentar custos. Não à toa, a ideia inicial de dez restaurantes triplicou: serão 30 restaurantes nos próximos seis anos.
 
Por outro lado, conta, o atraso teve vantagens: em 2003, a marca era menos conhecida pelos brasileiros, que passaram a viajar mais para os Estados Unidos nos últimos anos. Além disso, o caminho para a comida casual parece já estar pavimentado. 
 
O processo judicial contra a Rocket´s continua em andamento, e a expectativa é que seja finalizado até o ano que vem. "Eles estão proibidos de usar a marca até a conclusão do julgamento. Já nos deram ganhos de causa. Estamos confiantes", conta Souza.
 



Caminho do crescimento


Além das duas lojas em São Paulo ainda este ano, já está confirmada para o ano que vem uma unidade no Shopping West Plaza (zona sul da capital), uma loja de rua no Jardim Paulista (zona sul) e a entrada no Rio de Janeiro.

Mas antes de rumar para outros Estados, cidades do interior de São Paulo também estão na mira da rede em 2014. "O Estado cresceu nos últimos anos, mas o interior cresceu mais", diz Souza. A primeira loja será inaugurada em Sorocaba. Já estão confirmadas também a unidade do Catarina Fashion Outlet, na Rodovia Castelo Branco, em Campinas e Bauru. 

A partir de 2015, a rede deve abrir unidades em Belo Horizonte, Curitiba e Brasília. "Toda a operação será própria. A partir daí, iremos avaliar qual será a melhor maneira de crescer, se por meio de franquias ou investimentos via fundos de capital de risco (venture capital)", conta o empresário. 

Adquirida em junho deste ano pelo fundo de investimento Sun Capital, a rede Johnny Rockets soma por volta de 300 lojas em 20 países. Recentemente, a rede também desembarcou em outras economias emergentes, como Índia, Equador e Honduras. "O Brasil, assim como os países que formam os Brics (China, Índia e Rússia), é muito importante para a rede agora", conclui Souza.

Mulheres gastam mais com cremes, enquanto homens preferem cervejas


Entre as prioridades femininas estão também as tinturas para cabelos e pães. Já os homens desembolsam mais com deo colônias e fraldas descartáveis, além da bebida, diz pesquisa

iG São Paulo  
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Quando estão juntos, homens e mulheres gastam mais com biscoitos, óleos e detergentes em pó


Os três produtos que lideram os gastos das mulheres nos supermercados e lojas físicas são cremes e loções, tinturas para cabelos e pães, segundo estudo da consultoria Kantar Worldpanel, especializada em conhecimento do consumidor. Enquanto isso, os três produtos com os quais os homens mais gastam quando saem às compras são cerveja, deo colônia e fraldas descartáveis.

Quando o homem a mulher estão juntos, os itens que aparecem no topo dos gastos são biscoitos, óleos e detergentes em pó. E o volume gasto, em dinheiro, é bem maior. Quando está sozinha, a mulher gasta em média R$ 12,25 por compra, já o homem desembolsa R$ 10,15. Juntos, fazem compras de R$ 53,14, em média.

O estudo mostra ainda que a ida a pontos de venda para fazer compras é um programa que as pessoas fazem mais frequentemente desacompanhadas: 64% das vezes as mulheres estão sozinhas, enquanto homens sozinhos são 23% do total. As preferências também mudam. “Os compradores solitários buscam no ato da compra suprir necessidades imediatas, ao contrário dos acompanhados que priorizam o abastecimento de produtos”, diz Christine Pereira, Diretora Comercial da Kantar Worldpanel no Brasil.


Crianças

 
Quando estão acompanhados de crianças na hora das compras, o que acontece apenas duas vezes ao mês, o preço médio pago nos produtos é 8% maior. E a sacola tende a voltar para casa com produtos mais saudáveis e inovadores.

Sobre as influências nas decisões de gastos, a pesquisa mostra que a indicação de amigos, familiares e as promoções pesam mais na hora da decisão de compra de bens não duráveis – como alimentos, bebidas, higiene, perfumaria – do que a publicidade em mídia tradicional e do que a confiança na marca.
Metade dos entrevistados declara que promoções interferem na escolha e as sugestões de amigos e familiares podem definir a opção por um produto para 41% deles. Já a publicidade na TV impacta apenas 14% das pessoas, seguida por 7% que afirma ser influenciado por propagandas no próprio ponto de venda, 5% pela confiança na marca e 2% pela publicidade em jornais, revistas e rádio.

Tim Boyle/Getty Images
 
Cerveja: mulheres de até 35 anos bem tanto quanto homens de mais de 35 anos
Cerveja
 
A cerveja, que aparece no topo das prioridades das compras dos homens, está em 54% dos lares brasileiros, segundo a Kantar Worldpanel, cerca de 23 milhões de domicílios. O número de consumidores chega a 44 milhões de indivíduos. 

A pesquisa mostra também que as mulheres mais novas bebem tanto quanto os homens mais velhos.
Cerca de 23% das mulheres de até 35 anos tomam a bebida, enquanto o percentual sobe para 35% entre os homens da mesma faixa etária. Quando têm mais de 35 anos, o número cai para 19% para o sexo feminino e 23% para o masculino.

Nestlé, Samsung e Adidas são as marcas preferidas da classe C


Pesquisa Data Popular aponta também que homens citam marcas de tênis, roupas de esporte e eletrônicos, enquanto as mulheres mencionam alimentos, cosméticos e roupas

Mayara Teixeira , iG São Paulo

Pesquisa divulgada nesta quarta-feira (5) pelo instituto Data Popular indica que 46% dos consumidores da nova classe C não têm uma "marca do coração”. Para Renato Meirelles, diretor do instituto, a falta de preferência decorre dos erros cometidos pelas empresas em suas estratégias de marketing. “O mercado publicitário não sabe o que fazer com a classe C ainda. Não entendem que propaganda boa é a que vende e não a que é premiada”, diz.
Getty Images
Nestlé é apontada como a "marca do coração" de 4,1% da nova classe média
Para o estudo, foram realizadas 22 mil entrevistas com consumidores de 153 cidades brasileiras, e a família da classe C usada nas pesquisas tem uma renda média de R$ 2,5 mil ao mês. No resultado final, a Nestlé ficou em primeiro lugar como a marca favorita de 4,1% dos entrevistados, seguida da Samsung com 3,9% e Adidas e Nike, com 3,7%.

Em geral, a maioria das marcas citadas são da categoria “premium” ou “medium price”. Grande parte delas também é líder de mercado, ou seja, o consumidor da classe C prefere pagar mais caro, porém garantir a qualidade. “Esse consumidor não pode errar, se ele comprar uma marca de arroz que gruda, vai ter que comer arroz grudento o mês todo", diz Meirelles. “As empresas precisam entender que o modelo tradicional de preço baixo que as trouxe até aqui, não é suficiente para conquistar a classe média”.

Entre os homens, a marca preferida é a Adidas (5,8%), seguida da Nike (5,1%) e da Samsung (4,9%). Para as mulheres, a Nestlé repete a liderança (6,3%), em segundo lugar está O Boticário (4,2%) e em terceiro, a Hering (3,1%). Em relação às faixas etárias, os “maduros” preferem também a Nestlé (4,9%), depois a Sony(4,2%) e a Samsung (3,8%). Já entre os jovens, a “marca do coração” é a Nike (4,2%), seguida da Samsung (3,6%) e da Apple (3,2%). Para Meirelles, os números são baixos, pois as marcas não conseguiram coresponder ao crescimento da nova classe média. “Os consumidores procuram marcas como um selo de qualidade, mas não estão encontrando isso”.

As marcas preferidas da Classe C

 

A pesquisa avaliou 17 categorias de produtos, veja os líderes em cada uma delas:
Fonte: Data Popular

A classe C já corresponde por 44% dos gastos no país. Segundo a Ipsos Public Affairs, cerca de 2,7 milhões de brasileiros migraram para o segmento só no ano passado, chegando a 103,054 milhões de pessoas, ou 54% da população total do país. O desafio das empresas está em tornar esse grande contingente em consumidores cativos. Conforme projeção do Data Popular, em 2014 a classe C será representada por 58,3% dos brasileiros, enquanto 26,8% estarão na D.

“O consumidor C ainda não tem marca, essa é uma possibilidade espetacular para que as empresas desenvolvam melhores estratégias”, diz Roberto Meir, publisher da revista Consumidor Moderno. Para ele, as marcas precisam se preocupar com relevância e não em estar na memória do consumidor. “A Omo, por exemplo, aparece em primeiro lugar em todos os Top of Minds, mas é a preferida de 21% dos entrevistados, enquanto o multiuso Veja lidera com 28%”.

As empresas gastam milhões com propagandas que não se comunicam com a classe que mais consome no Brasil. “O consumidor fica feliz porque ganha uma promoção de operadora de celular, mas depois não consegue falar no call center", diz Meirelles. “A pós-venda está ligada a 75% da percepção de marca, para conquistar o coração do consumidor não bastam comerciais de 30 segundos na televisão”.

*Com Agência Estado

'Gatas borralheiras viraram princesas', diz Rocha, da Riachuelo, sobre classe C

Com a proposta de moda acessível, Flávio Rocha conta quais são os desafios da rede varejista no caminho da sofisticação, do crescimento e do fast fashion

Marília Almeida - iG São Paulo 


Tornar a moda acessível. É assim que o presidente da Riachuelo Flávio Rocha define a missão da empresa, controlada pelo grupo têxtil Guararapes, sempre mirando o exemplo e crescimento da espanhola Zara, cujo processo produtivo conheceu há 12 anos.
Divulgação
Flávio Rocha: ampliar o escopo sem descuidar da base da pirâmide
Consumidores que antes se dividiam entre quem tinha renda e informação, e consumia moda, uma minoria da população brasileira, e entre quem não tinha informação nem renda e consumia preço, se tornaram mais exigentes, tanto pelo aumento de renda e ascensão das classes sociais no Brasil quanto, principalmente, pelo avanço da tecnologia na última década,

O resultado disso é um contingente de 14 milhões de "gatas borralheiras que se tornaram princesas", nas palavras de Rocha, que agora têm informação e melhora de renda, mas o orçamento continua limitado para consumir grifes. É a chamada classe média, motivo primordial para a guinada da empresa rumo à sofisticação.

Mas Rocha também planeja conquistar as classes A e B. "O preço alto exclui as compras da baixa renda. Mas o preço baixo não exclui a alta renda. Vemos a Kate Middleton e Michelle Obama usando fast fashion. Hoje, o baixo custo é cool". 

Ampliar o escopo de consumidores é estratégico para a empresa dobrar de tamanho até 2016. Serão mais 200 lojas, cerca de 40 por ano, segundo Rocha.

Grande parte da expansão da Riachuelo será por meio de shoppings centers, muito deles em cidades que ganham seu primeiro centro comercial. "Há um deficit de shoppings, estamos muito aquém dos Estados Unidos, mesmo considerando a diferença de renda. O shopping é interessante porque proporciona um ambiente de formalização do varejo".

Porém, Rocha busca ter cuidado para não perder os consumidores da base da pirâmide. Não é um caminho fácil. Ele mesmo confessa que já errou. "Algumas vezes nos distraímos. Começamos a achar as peças da Chris Barros [estilista] maravilhosas e colocá-las na loja por duas a três vezes mais que nosso preço médio, apesar de significarem um zero a menos para ela". 

Os desafios estão principalmente na equação de rapidez de troca de peças e manutenção do custo. Mas o executivo se inspira no sucesso global do conceito de fast fashion da Zara, mas também da sueca H&M e Forever 21. "É emblemático que, há cinco anos, a Zara tenha ultrapassado a Gap como maior varejista de moda". 

A marca americana, aliás, chega este mês para competir no mercado nacional , enquanto a Zara já tem presença marcada no País. Já houve rumores de que a sueca H&M também pensa em aterrissar em terras nacionais . É o momento de fortalecer a marca e demarcar posição para fazer frente a esta concorrência nada trivial. 


Integração


Rocha aposta na competitividade de ter a fabricação integrada com a rede varejista. Entre as vantagens, a ausência de conflitos entre indústria e varejo, caso pertencessem a acionistas diferentes. "A indústria quer escala, o varejo quer mais opções. Com a integração, conseguimos priorizar moda e terceirizar produtos básicos". 

Até o final deste ano, a integração da cadeia da Riachuelo deve atingir 50%. Essa integração já permite à Riachuelo ter apenas 15% de pedidos comprometidos antes do início de uma coleção. "Ou seja, 85% das decisões de compras são tomadas dentro da estação", conclui Rocha. Hoje são visitados diariamente 10 milhões de estoques. 
 
 
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Fachada da Riachuelo na Rua Oscar Freire: reforço da marca em região valorizada

Isso dá flexibilidade e reduz estoques e perdas. Como consequência, a margem financeira aumenta.. "Sabemos o que vai vender. Desta forma, conseguimos voltar nossa capacidade produtiva para looks vencedores. Conseguimos corrigir o rumo, melhorar o mix". Rocha ambiciona ter todo o processo produtivo integrado, desde à matéria-prima. 


Drible na China

 
A integração entre indústria e varejo e sofisticação a produção também é um modo de ganhar competitividade com relação às importações da China, cujos pedidos chegam a demorar oito meses até chegarem no País, conta Rocha. "A velocidade é fundamental na moda. É temerário comprar produtos com alta informação de moda desta forma". 

A estratégia buscada é então produzir o que é moda por aqui e importar produtos básicos. A importação hoje gira em torno de 20% na Riachuelo, mas chega a 30% na coleção de inverno e cresceu rapidamente. Em 2010, representava 5%. "Nós ainda importamos pouco. Há quem já importe metade da produção", conta.

Na sua visão, a indústria de inverno no Brasil foi extinta. "Ela vivia metade de exportação e metade do mercado doméstico. Acabou a exportação por conta do câmbio", diz. 

Isso limita a estratégia de proporção entre produção nacional e importação. "Na coleção de inverno, tenho de importar produtos básicos e também de moda". O conceito de moda rápida, neste caso, fica comprometido. 

Rocha lamenta o chamado "custo-Brasil" e acredita que, para proteger a indústria têxtil nacional, é necessário que a desoneração recaia sobre a produção nacional, e não sobre a importação. 



Produção de baixo custo

 
Assim como a Zara faz na Galícia, na Espanha, a Riachuelo busca complementar a produção e reduzir seu custo com projetos regionais, agregando trabalhadores de regiões carentes. "Vi na Zara o potencial transformador do negócio. Ainda mais agora. Com a Espanha em crise, a Galícia fica imune. São milhares de lojas que despejam pedidos na região".