quinta-feira, 10 de outubro de 2013

O trabalho do futuro é portátil

Especialistas em trabalho apontam tendências para as relações profissionais, o escritório e até as cidades. saiba como isso mudará seu dia a dia

sxc.hu
Home office
Home office é uma das tendências para o futuro


São Paulo - O escritório está se adaptando a um novo tipo de trabalho, no qual comunicação, criatividade e inovação são tão importantes quanto efciência. "Esses ambientes refetem a compreensão de que um bom lugar para trabalhar precisa proporcionar conforto e qualidade de vida para que o profssional renda o máximo", diz o inglês Philip Ross, ceo da UnWork, consultoria de inovação no trabalho.

É assim que ele enxerga a vida profissional nos próximos anos. As novas tecnologias também permitem a superação de barreiras de tempo e espaço. o lugar de trabalho deixa de ser a sede da empresa  para ser qualquer ponto da cidade — a sala de casa, um café ou um galpão de trabalho coletivo.

Essas transformações criam novos hábitos: com quem trabalhar, o que fazer no tempo livre ou onde se encontar para uma reunião. As cidades também são reconfguradas de acordo com as mudanças. "Trabalho é algo que se faz, não um lugar para onde se vai”, diz o arquiteto André Brik, de Curitiba, autor do livro Trabalho Portátil, e um dos especialistas que traçaram o mapa do trabalho do futuro que você confere a seguir.

Escritório mais flexível

As empresas caminham para expedientes mais fexíveis. Mesmo indústrias baseadas em turnos, como Bosch e Volvo, já adotam horários alternativos. As hierarquias também passarão  a ser mais moldáveis. Em vez de linhas de comando rígidas, os funcionários se organizarão em redes colaborativas. "Liberdade passa a ser uma condição para trabalhar bem”, diz Tennyson Pinheiro, da consultoria Live/Work, de São Paulo.

Made in USA











Revista IstoÉ
05/2013
Por Ricardo Amorim
 


Há anos, a produção da indústria brasileira está estagnada em níveis atingidos no final de 2008. Ao invés de enfrentar as causas estruturais da baixa competitividade da nossa indústria – infraestrutura precária, carga tributária excessivamente elevada, ambiente de negócios instável e produtividade da mão de obra muito baixa – o governo preferiu concentrar seus esforços em desvalorizar o real e conceder algumas isenções tributárias temporárias e concentradas em poucos subsetores. Em paralelo, agiu para reduzir as margens de lucro e a rentabilidade dos negócios em vários setores, como elétrico, financeiro, mineração e petrolífero. Empresários, preocupados, reduziram investimentos.

A forte concorrência chinesa tem sido uma realidade para a indústria brasileira e para toda a indústria global. Já passou da hora de nos prepararmos para outra competição, agora com a indústria americana.


Como alertei ainda em 2010, a crise dos países desenvolvidos é na essência causada por excesso de endividamento. Ela só pode ser resolvida com um forte aumento de poupança e diminuição do consumo por lá. Acontece que menos consumo levará a menos crescimento, mais desemprego e salários menores.


Este processo é exatamente o reverso da medalha do que está acontecendo no Brasil e nos países emergentes. Aqui, o crédito sobe, o desemprego cai e os salários aumentam, sustentando a expansão do consumo e ganhos socioeconômicos.


O único instrumento de estímulo macroeconômico que restou aos países ricos são doses cavalares de impressão de dinheiro, com a consequente desvalorização de suas moedas. Com salários menores e moedas desvalorizadas, a perda de participação na produção industrial mundial de todos os países desenvolvidos na última década será revertida em algum momento nos próximos anos.


Nos EUA, este momento já está chegando. Não bastassem o dólar em desvalorização há uma década e os salários em contração em termos reais há seis anos, ocorre uma revolução na produção de energia, que deve levar os EUA de maior importador mundial de petróleo a exportador ainda nesta década. Tudo isto está reduzindo substancialmente o custo de se produzir nos EUA e aumentando a competitividade da indústria americana.

Por outro lado, tão cedo o consumo dos americanos não retomará a pujança anterior à crise de 2008. Isto significa que os produtores americanos direcionarão partes crescentes do que é produzido lá para outros mercados, aumentando sua participação nas vendas para o resto do mundo, incluindo o Brasil. Os EUA voltarão a ofertar produtos de menor valor agregado e retomarão mercados há muito perdidos. Prepare-se para o retorno do Made in USA.


Pode demorar mais para sentirmos seus efeitos, mas processos similares estão acontecendo na Europa e no Japão. Em paralelo, o crescimento chinês migra gradualmente para mais consumo interno e serviços, reduzindo o ritmo de crescimento da demanda por nossos metais e minerais.


Com mais competição dos desenvolvidos e menor fome chinesa por nossas matérias primas, o Brasil precisa urgentemente fortalecer seu potencial produtivo, estimulando investimentos, melhorando a infraestrutura, reduzindo os impostos permanentemente e qualificando sua mão de obra. O modelo de crescimento baseado na expansão do consumo, adotado pelo Brasil nos últimos 10 anos, se esgotou. O fraco crescimento e a aceleração da inflação deixam isso claro. Não dá mais para postergar soluções. A hora de cuidarmos do Made in Brazil está passando.

Apresentador do Manhattan Connection da Globonews, colunista da revista IstoÉ, presidente da Ricam Consultoria, único brasileiro na lista dos melhores e mais importantes palestrantes mundiais do Speakers Corner e economista mais influente do Brasil segundo o Klout.com.


quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Após Economist, NY Times e Wall Street Journal criticam economia do Brasil

Do UOL, em São Paulo 
 
Duas semanas depois de a revista britânica "The Economist" criticar a economia brasileira, dois dos mais influentes jornais do mundo também destacaram o país em suas páginas.
 
O americano "The New York Times" fez editorial em que elogia os avanços "impressionantes" dos governos Lula e Dilma, mas ataca a falta de estrutura, a concentração de renda e os impostos e afirma que a presidente não cumpriu promessas feitas após os protestos que sacudiram o país em junho.
 
O também americano "Wall Street Journal", especializado em negócios e finanças, aponta o endividamento excessivo da nova classe média como uma das causas para o esfriamento da economia.
  • Capa da revista "The Economist" há 2 semanas
  • Capa da mesma revista em novembro de 2009
Há duas semanas, a "Economist" publicou uma capa que mostra o Cristo Redentor como um foguete que cai após decolar. O título foi "Será que o Brasil estragou tudo?".
 

Brasil precisa de reformas políticas e investimento público, diz editorial

 

No editorial "Os próximos passos do Brasil", o "NYT" elogiou programas sociais dos governos Dilma e Lula, como o Bolsa Família, frisando que houve redução na pobreza e na mortalidade infantil e melhorias na saúde. Mas o editorial pede "reformas políticas e projetos de investimento público para retomar o crescimento e manter a inflação sob controle".
 
O texto lembra dos protestos em junho e diz que a presidente Dilma Rousseff, em resposta às manifestações, fez promessas de reforma política e investimento em infraestrutura, mas não as cumpriu. O jornal assinala que haverá eleição presidencial no próximo ano.
 
Para o "NYT" a renda do brasileiro cresceu, mas a concentração ainda é alta. Entre os problemas citados, estão inflação, crescimento baixo no ano, impostos altos, falta de estradas e ferrovias e portos em más condições.
 
Sobre custo de vida, o texto menciona que os gastos com alimentos e moradia em São Paulo são mais altos do que em cidades similares em outros países.
 
Também critica a educação e pede uma reforma no setor. Cita a má-colocação do país em testes internacionais de matemática, leitura e ciências.
 
O editorial relaciona o programa Mais Médicos, que está importando médicos de outros países, à "falta crônica de profissionais". Segundo o jornal, "o governo precisa construir mais universidades".
 

Endividamento da nova classe média chama atenção do "WSJ"

 

Na reportagem "A conta chegou para a classe média do Brasil", o "Wall Street Journal" aponta o endividamento excessivo da nova classe média como uma das causas para o esfriamento da economia.
 
Também cita a redução de exportações para a China. Além disso, mostra que a indústria nacional teve problemas porque o real estava forte (as exportações caíram por causa disso).
 
A inflação alta (em torno de 6% em 12 meses) também preocupa. E isso tem obrigado o Banco Central a aumentar os juros, o que deve apertar ainda mais a economia (com juros altos, a economia tende a crescer menos, porque as empresas não se expandem tanto e os consumidores cortam compras a crédito).
 
A reportagem mostra que muitos brasileiros tiveram acesso pela primeira vez ao crédito, fizeram muitos financiamentos e não estão conseguindo pagar.
 
Os problemas do Brasil são um alerta para outros emergentes, diz o WSJ: no Brasil, na Indonésia e na África do Sul, o rápido crescimento de uma nova classe média tirou milhões da pobreza nos últimos dez anos.
 
Isso deu acesso a crédito e consumo pela primeira vez, mas os fez se afundarem em dívidas. O jornal cita a explosão de venda de carros como efeito do crédito fácil.

Brasil volta a ter o maior juro real do mundo


Com a nova elevação na taxa Selic, Brasil voltou a ocupar o primeiro lugar no ranking mundial de juro real

Marcos Santos/USP Imagens
Dinheiro: moedas sobre notas de Real

O Brasil não ficava na primeira posição do ranking desde março de 2012, quando a taxa Selic era de 9,65%

São Paulo - A alta de 0,5 ponto percentual na Selic levou o Brasil de volta para a primeira posição no ranking mundial de juros reais. O levantamento, que é feito todo mês pelo site MoneYou, aponta que com a nova taxa de juros em 9,5% ao ano, a taxa brasileira de juro real (taxa básica descontada a inflação dos últimos 12 meses) passou de 2,6% para 3,4%.

O Brasil não ficava na primeira posição desde março de 2012. A escalada de volta para o topo começou em maio deste ano, quando o Copom elevou a Selic para 7,5% ao ano e o Brasil pulou do sexto para o quarto lugar do ranking. Em agosto, ficamos com a 3º posição. 

A média mundial entre os 40 países pesquisados foi negativa em 0,3%, contra 0,6% negativos no levantamento anterior.

Depois do Brasil, a maior taxa de juro real é a da China (3,3%), seguida por Chile (2,9%) e Hungria (2,3%). Na outra ponta, com as menores taxas, estão Venezuela (-20,5%), precedida por Hong Kong (-3,8%), Turquia (-3,1%) e Holanda (-2,2%).

Veja a tabela com os juros reais nos 40 países:

  País Taxa Real
1 Brasil 3,40%
2 China 3,30%
3 Chile 2,90%
4 Hungria 2,30%
5 Grécia 1,80%
6 Coréia do Sul 1,70%
7 Polônia 1,40%
8 República Tcheca 1,40%
9 Argentina 1,30%
10 Índia 1,30%
11 Malásia 1,10%
12 Tailândia 1,10%
13 Taiwan 1%
14 Colômbia 1%
15 Suécia 0,90%
16 Filipinas 0,80%
17 Portugal 0,30%
18 México 0,30%
19 Espanha 0,20%
20 Suíça 0,10%
21 Austrália 0,10%
22 Áustria 0,10%
23 Canadá -0,10%
24 Dinamarca -0,20%
25 Israel -0,30%
26 Bélgica -0,40%
27 França -0,40%
28 Itália -0,40%
29 Rússia -0,60%
30 Japão -0,90%
31 Alemanha -0,90%
32 Indonésia -1,10%
33 Estados Unidos -1,20%
34 África do Sul -1,30%
35 Cingapura -1,90%
36 Reino Unido -2,10%
37 Holanda -2,20%
38 Turquia -3,10%
39 Hong Kong -3,80%
40 Venezuela -20,50%
  Média Geral -0,30%

Eike teria contratado advogados nos EUA diante de default


O ex-bilionário contratou o escritório americano para representá-lo enquanto a OGX considera solicitar proteção contra insolvência

David McLaughlin e Steven Church, da
Divulgação
Plataforma de petróleo da OGX

Plataforma de petróleo da OGX: a petrolífera está considerando solicitar proteção contra insolvência até o final deste mês

Nova York e Washington - O ex-bilionário Eike Batista contratou o escritório de advocacia americano Quinn Emanuel Urquhart Sullivan LLP para representá-lo enquanto sua companhia petrolífera considera solicitar proteção contra insolvência, segundo duas fontes do setor.

A Quinn Emanuel foi contratada para trabalhar na reestruturação e em possíveis litígios contra Batista nos EUA, afirmaram as fontes, que solicitaram o anonimato porque não estão autorizadas a falar publicamente.

A OGX Petróleo Gás Participações SA está considerando solicitar proteção contra insolvência até o final deste mês, afirmaram duas fontes do setor na semana passada. O processo seria levado a cabo no Rio de Janeiro, onde a OGX está sediada, afirmaram as pessoas, que solicitaram o anonimato porque as discussões são privadas.

Embora Batista esteja negociando com os credores para evitar que a construtora naval OSX Brasil SA sofra o mesmo destino, o resultado mais provável é que ambas as companhias procurem proteção legal, disseram as fontes.

A companhia, parte central do grupo de commodities de Batista, não realizou um pagamento de títulos por US$ 45 milhões em 1 de outubro, deixando o empresário à beira do maior default corporativo da América Latina depois que os depósitos petrolíferos, cujo valor ele estimou em US$ 1 trilhão, resultaram ser fracassos comerciais.

Um representante da EBX, a matriz de Batista, não retornou as ligações telefônicas e e-mails, depois do horário comercial no Rio de Janeiro, solicitando comentários sobre a contratação da Quinn Emmanuel.
Capítulo 15


As companhias sediadas fora dos EUA podem solicitar proteção judicial no país conforme o Capítulo 15 da sua lei de insolvência. As companhias utilizam esse capítulo para proteger seus ativos nos EUA enquanto reorganizam suas operações sob a jurisdição de um tribunal de insolvência no exterior.

No caso de companhias americanas em bancarrota, ocasionalmente o dono de uma companhia contrata advogados independentes daqueles da companhia.

Quando Los Angeles Dodgers declarou-se em bancarrota, o então dono da companhia, o desenvolvedor imobiliário Frank McCourt, contratou seus próprios advogados, que representaram seus interesses na negociação da venda por US$ 2 bilhões do time profissional de beisebol. Outro grupo de advogados representou o time.

A Quinn Emmanuel é especialista em litígios corporativos. Os advogados do escritório trabalharam em litígios ligados às bancarrotas da operadora energética Enron Corp., da operadora de futuros Refco Inc. e da operadora petrolífera SemGroup LP, conforme o site da companhia.

Brasil com obras da Copa e de infraestrututura é oportunidade para a Ciber


 
 
 
A Ciber Equipamentos Rodoviários, produtora de máquinas e tecnologias para construção de rodovias e mineração, sabe que está no lugar exato e no momento certo. Preparando-se para receber grandes eventos esportivos e vivendo o período pré-eleitoral, quando governantes querem mostrar serviço e obras pipocam por todos os lados das cidades, o Brasil concentra seus esforços no investimento em infraestrutura. 

O desenvolvimento de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos se tornou a única saída para o país voltar a crescer - como indicou Tatiana Pinheiro, economista sênior do Santander. O cenário, portanto, não poderia ser mais promissor para a empresa gaúcha que, entre outros equipamentos, fabrica usinas de asfalto. Segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transporte (DNIT), pouco mais de 13% das rodovias brasileiras são pavimentadas “O percentual é muito baixo comparado ao resto do mundo. Existe uma lacuna grande para ser preenchida”, avalia Jandrei Goldschmidt, gerente de marketing da Ciber. 

A previsão da Ciber, subsidiária do grupo alemão Wirtgen, é fechar o ano com o faturamento de R$ 400 milhões. Para isso, a empresa reforçou sua presença na região nordeste com a abertura, recentemente, de uma revendedora em Pernambuco. A intenção é atender um mercado promissor: “O nordeste vem muito forte em termos de infraestrutura. No primeiro semestre, despontou bastante a demanda por equipamentos na Bahia e Pernambuco”, conta Goldschmidt. Entre 70 e 80% dos clientes da Ciber são empreiteiras e grandes construtoras, mas setores do governo e o exército também utilizam as máquinas produzidas na fábrica de Porto Alegre. É o caso da prefeitura do Rio de Janeiro, outro mercado para o qual a Ciber tem dedicado especial atenção diante dos investimentos que estão sendo realizados no município à espera da Copa do Mundo e Olimpíada.  

Além de o momento ser propício para o aumento da demanda pelos equipamentos para obras rodoviárias, a Ciber conta com outro ponto a favor: a valorização do dólar. A empresa comercializa usinas de asfalto, de produção 100% brasileira, para toda América Latina, África, Oceania e sul da Ásia. A única preocupação reside na cotação do euro, pois parte das máquinas é importada da Alemanha. Mas como 70% dos produtos são nacionais, produzidos em Porto Alegre, a balança comercial da Ciber tende a ficar positiva.

O setor de máquinas e equipamentos no Brasil não teve um bom desempenho no primeiro semestre de 2013. No acumulado do ano (janeiro a julho), teve queda de 7,7% no faturamento em comparação ao mesmo período de 2012. Porém, Goldschmidt destaca que a proximidade das eleições 2014 pode dar um ânimo ao segmento: “A tendência é que até o ano que vem, o mercado se aqueça”. No entanto, as obras brasileiras estão sempre às voltas com incertezas e burocracias que podem representar uma ducha de água fria no crescimento do setor. Segundo Goldschmidt, empresas deste setor trabalham com a probabilidade de greves, falta de mão de obra qualificada e embargos das construções. “A instabilidade é uma constante, o que dificulta andamento da cadeia produtiva e as projeções para o futuro”.  Fonte: amanha.com.br

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Brasil: País passou de importador a celeiro do mundo!


Agronegócio


O Brasil era importador de alimentos até os anos 70. Hoje é um dos celeiros do mundo. O gatilho das transformações das últimas duas décadas ajuda a explicar não só o que ocorreu na agricultura, mas também o que não ocorreu na indústria.


“Até 1990, o Brasil era um país comercialmente isolado do mundo e com políticas paternalistas para a agricultura”, recorda Roberto Rodrigues. “O Plano Collor deu o primeiro golpe”, diz ele, com o descasamento entre índices, que pôs fim aos juros negativos para o crédito agrícola; a abertura comercial e o fim dos órgãos que controlavam a produção e o comércio, como os institutos do Açúcar e do Álcool (IAC) e Brasileiro do Café (IBC).

“Toda a produção e exportação dos produtos da cana de açúcar eram reguladas pelo IAC”, recorda Pedro Camargo. “Havia cotas para cada produtor, que precisava de autorização para ampliar sua usina – um sistema cubano.” Só era permitida a exportação do açúcar do Nordeste. Collor extinguiu o IAC e São Paulo tornou-se o maior exportador de açúcar do mundo.

Na pecuária, por causa de doenças, o Brasil não exportava carne bovina, e vendia pequena quantidade de aves, lembra o empresário. “Quando um setor atende apenas o mercado interno, seu crescimento está condicionado ao aumento da população ou do poder aquisitivo.”

“O Plano Real deu o golpe final”, continua Rodrigues. “Os preços agrícolas caíram 20% e as dívidas, corrigidas pela TR, duplicaram de um ano para o outro. Quem tinha crédito rural quebrou. Além disso, mais da metade da renda rural vinha do overnight (os juros pagos pelos bancos, na esteira da superinflação).” Hoje, os produtores estão capitalizados: 40% da safra tem financiamento próprio.

“A liberalização comercial diminuiu os impostos sobre fertilizantes importados”, diz Camargo. “E os choques de liberalização provocam investimento em tecnologia.” Os planos Collor e Real fizeram uma “tríplice colisão”, resume Rodrigues: comércio, inflação e políticas públicas.

Mais adiante, em 1996, a Lei Kandir retirou o ICMS sobre produtos agrícolas exportados, os únicos que pagavam esse imposto. “O setor não precisou de ajuda”, constata Camargo. “Foi só o Brasil deixar de ser antiagrícola.”

Fonte: Portal do Agronegócio