sábado, 19 de outubro de 2013

E se o cliente não comprar sua ideia?


Muitas empresas se esmeram para elaborar um produto e só depois refletem sobre como podem vendê-lo. Está na hora de inverter essa lógica

Por Maria Augusta Orofino*

O contexto sociocultural de hoje exige algo primordial de todos os empreendedores: sucesso.     Os tempos mudaram, mas os procedimentos realizados para a apresentação de um novo produto ou serviço, em muitos casos, ainda obedecem aos mesmos princípios do marketing do século passado.      Muitos produtos não se estabelecem  e  fracassam,  mesmo  com  grandes pesquisas de mercado, projetos de design, especificações estruturadas, custos inerentes e campanhas de marketing. Por que isso acontece?

supermercado-foco-350Muitas empresas ainda têm seus departamentos de marketing e desenvolvimento de produto trabalhando de forma isolada, sem dialogar entre si. Nesse contexto, começa a surgir uma nova categoria de empreendimentos. São negócios nos quais se investe tempo em pesquisa, visando a conhecer as potenciais necessidades dos clientes e dos mercados. Eles buscam ouvir o que os futuros consumidores desejam antes de a empresa se comprometer com uma trajetória determinada e com as especificações precisas do produto. Ou seja, o foco é o “Desenvolvimento do Cliente”, a partir das suas dores e reais necessidades.

No modelo tradicional (com foco no “desenvolvimento do produto”), a empresa identifica um potencial mercado e o departamento de pesquisa e desenvolvimento prepara o produto com a equipe técnica – que confere as possibilidades da sua produção. Feito isso, segue para o departamento de custos, que determina o preço final. Só depois dessas etapas, com o produto já elaborado, é que entra em cena o departamento de marketing – que vai procurar uma agência de publicidade para o grande lançamento.

Mas, afinal: onde estão os clientes nesse processo? Desde a primeira etapa, o empreendedor se preocupa em especificar cada aspecto do produto. Contudo, será que é isso que o cliente quer? É disso que ele precisa? Onde ele está? O modelo de desenvolvimento de produto está tão direcionado para a construção e entrega do produto que ignora o processo de descoberta do cliente. Trata-se de um erro fundamental. E fatal.

O foco no desenvolvimento do produto leva as empresas a colocar prioridade na execução em detrimento do aprendizado sobre as necessidades dos clientes. Os executivos que conduzem o processo são contratados para resolver problemas e ampliar faturamento, e não para aprender a partir da experiência do cliente. Partem do princípio de que sua experiência anterior é relevante para o novo empreendimento. Só que essa suposição e essa atitude nem sempre dão certo. Muitas vezes, a necessidade do mercado é bem diferente daquela apresentada pelos clientes já atendidos em ocasiões anteriores.

Os empreendedores poderiam alcançar mais sucesso se, antes de vender um produto, buscassem respostas a algumas perguntas básicas: que problemas nossos produtos podem solucionar? Os clientes consideram esses problemas importantes? O produto tem capacidade de resolvê-los? O modelo de Desenvolvimento de Cliente parte de uma premissa simples, que é descobrir quem são os primeiros clientes da empresa e de que mercado eles fazem parte. Nesse sentido, antes de estruturar uma equipe e um projeto de marketing e vendas, a empresa precisa comprovar que existe o mercado para seu produto e alguém que realmente pagaria pelas soluções que ela pretende desenvolver. São atividades que envolvem teste, aprendizado e descoberta – e que tornam uma empresa única e inovadora.
* Mestre em Gestão do Conhecimento, professora da ESPM-SP e coautora dos livros
Business Model You e Ferramentas Visuais para Estrategistas.

Sabor e paisagem são os deleites do Gastronômade


Evento itinerante de gastronomia aposta em ingredientes brasileiros e menu de chef servido em locações paradisíacas para entreter os comensais

Por Fabiano Mazzei, de Governador Celso Ramos (SC)

Sol ameno das duas da tarde, 24ºC, abreviado pela brisa leve do outono catarinense. A mesa, para 70 comensais, estava posta e lotada: não sobrava uma cadeira sequer. Sobre a toalha de linho branco bordada, o menu previamente determinado pelo chef Luis Salvajoli causava alvoroço. Um banquete seria servido em instantes, onde a pompa que até caberia à cena, cedeu lugar à informalidade dos pés na areia. Era tarde de Gastronômade no premiadíssimo resort Ponta dos Ganchos, em Santa Catarina, e os presentes queriam apenas brindar a dois dos maiores patrimônios brasileiros, a gastronomia e as paisagens dessa terra. Uma tarde de dar água na boca e nos olhos também, de emoção.

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Mesa para 70 pessoas em praia particular
 
O Gastronômade, para quem ainda não conhece, é um evento trazido ao Brasil em 2012 pela empresária paulistana Renata Runge. Inspirada no conceito do evento americano Outstanding in the Field, o encontro propõe reunir na mesma colherada os sabores dos ingredientes e da cozinha do País com ceias armadas ao ar livre ou em locações pitorescas, que remetam à cultura local. “Sempre que me perguntam se terá champagne francês, eu digo que não. O espumante é brasileiríssimo”, explica Runge. “A ideia aqui é mostrar que o Brasil pode, sim, proporcionar uma experiência como esta sem precisar de sotaque estrangeiro.”

Fato, o único sotaque forasteiro ouvido no almoço foi o de um casal de alemães, hóspedes do hotel, que compraram suas cadeiras. O valor médio do convite é de R$ 270, mas, como esta edição estava atrelada ao resort, o pacote de final de semana com o evento incluso girou entre R$ 3 mil e R$ 9 mil. “Graças a parceria com os nossos fornecedores, conseguimos ter um preço bastante acessível”, comentou a organizadora.
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A idealizadora do evento, empresária Renata Runge
 
No menu de quatro pratos, prevaleceu os frutos do mar. No welcome drink de chegada, ostras, anéis de lula e ceviche de robalo com farinha de bottarga – o chamado caviar brasileiro feito com ovas de tainha desidratadas. A entrada foi de tempurá de siri mole Blueshell com vinagrete de manga, seguida de medalha de lagosta. O prato principal honrou a tradição sulista e veio com um macio filé mignon de vitelo de leite deitado em purê de mandioquinha. De sobremesa, chocolates gaúchos da tradicional casa Prawer. E, harmonizando com todos estes sabores, vinhos e espumantes da cave Geisse, também do Rio Grande do Sul, onde o premiado espumante branco Nature 2011 merece menção.
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Ceviche de robalo com farinha de bottarga
 
Com tudo tão brasileiro à mesa, fica difícil não ter aquele sentimento ufanista. Para colaborar, o Ponta dos Ganchos é o que há de mais sofisticado em nossas praias, sob o comando do gerente geral Julio Jost, o que acabou por aguçar ainda mais os cinco sentidos naquelas horas. De fato, o turismo gastronômico de excelência pode ser uma nova e promissora entrada de divisas para o País. Basta seguir os exemplos certos e fazer acontecer.

A temporada do Gastronômade 2013 se encerraria no dia seguinte, em São Paulo. Para o ano que vem, Renata Runge quer ampliar o calendário de 12 para 18 eventos. E está em busca de parceiros privados para uma edição especial do seu almoço (sim, por cerca de R$ 50 mil ele pode ser customizado a uma empresa) no ano da Copa do Mundo no Brasil. Onde seria? Em pleno gramado do estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro. E com o atual ‘Pelé’ das caçarolas nacionais, o chef Alex Atala, no comando. Oxalá este sonho da empresária se torne realidade.

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Filé mignon de vitelo de leite sobre purê de mandioquinha
 
 
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Medalhão de lagosta grelhada sobre mini legumes

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As cores e os sabores das frutas tropicais
 
 
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Almoço no Ponta dos Ganchos foi o penúltimo do calendário de 12 eventos
 
 
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Julio Jost (camisa listrada), gerente do Ponta dos Ganchos, o chef Luis Salvajoli (ao centro) com sua equipe e Renata Runge


A jovem guarda da Brasil Kirin


Desde que a Schincariol foi comprada pelo grupo japonês, a cervejaria de itu perdeu mercado. agora, um grupo de ex-executivos da Unilever quer mudar isso. A receita: misturar a velha e boa organização europeia com a paciência oriental

Por Carlos Eduardo VALIM

Saem as garotas-propagandas devassas, representadas por celebridades como Paris Hilton, Alinne Moraes e Sandy, de contrabando. Entra o septuagenário Erasmo Carlos, uma das maiores estrelas dentre os roqueiros da Jovem Guarda na década de 1960 e dono de hits como É Proibido Fumar, que vai completar meio século no próximo ano. A troca das beldades pelo vovô Tremendão representa bem a mudança de estilo na terceira maior cervejaria do País, desde que a japonesa Kirin adquiriu a Schincariol, por R$ 6,2 bilhões, no fim de 2010. Desaparecem a agilidade, a agressividade e a informalidade de gestão, sobretudo no relacionamento com o Fisco, que chegava até a colocar a família Schincariol em problemas com a Justiça. 
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É uma Brasa, mora!: Erasmo Carlos, veterano da Jovem Guarda, foi recrutado para ajudar
a ampliar as vendas. Mas, pelo jeito, desafinou  
 
 
Passam a ser um mantra o cuidado, a qualidade de processos, os extensos estudos de mercado e até certa lentidão da jovem guarda da empresa, formada pelos controladores japoneses e por um corpo de executivos vindo de gigantes multinacionais de bens de consumo, em especial da anglo-holandesa Unilever. “Para nós, há quatro palavrinhas básicas: metodologia, governança, disciplina e constância”, afirma o CEO da Brasil Kirin, Gino Di Domenico, filho de italianos nascido no Peru e que vive desde os anos 1970 no Brasil.
 
Essa visão ficou clara na estratégia de lançamento dos refrigerantes com fibras Fibz, no começo de outubro. Trata-se do projeto mais importante deste ano da Kirin e faz parte do plano de investimentos da empresa de R$ 1 bilhão até 2014. Mas, apesar de toda a sua relevância, o Fibz demorou 18 meses para chegar ao mercado. Esse tempo foi usado em pesquisas de mercado, estudo do consumidor potencial, escolha das embalagens e na definição do nome do produto. Por tudo isso, a ambição da Kirin com o Fibz não tem limites. “Queremos reinventar a categoria de refrigerantes, que combine sabor com saúde”, diz Maria Inez Murad, vice-presidente de marketing.
 
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Aposta ousada: Di Domenico, da Brasil Kirin, investe em refrigerante
à base de fibras para tentar ganhar mercado no Brasil
 
Essa postura, é claro, dá mais garantias de que lançamentos como o Fibz tenham sucesso no mercado. Para quem observa de fora, no entanto, a empresa parece engessada. Há vários sinais de que isso possa ser verdade. A Kirin já havia perdido a segunda posição do mercado de cervejas para o grupo Petrópolis – a diferença é de apenas 0,25 ponto percentual. Em agosto deste ano, sua marca Nova Schin foi superada pela Itaipava, a principal bebida da concorrente, segundo dados da empresa de pesquisas Nielsen. As vendas de cervejas da Kirin caíram 0,7% no primeiro semestre de 2013, fazendo com que a projeção de faturamento fosse revisada para R$ 4 bilhões neste ano, o que equivale a R$ 120 milhões a menos do que a meta inicial. 
 
Não é um desempenho a ser comemorado, muito menos para soltar rojões. Mas, mesmo assim, é menor do que a queda do mercado, que foi de 2% no mesmo período. Estilo japonês Desde que assumiu o comando da Kirin, Di Domenico, que ocupava a diretoria de operações sob os antigos controladores, dividiu a estratégia da empresa em três etapas. O primeiro ano sob a direção da Kirin foi tomado por uma reestruturação e um avanço na profissionalização que os primos Gilberto e Adriano Schincariol já vinham buscando. “Colocamos o trem nos trilhos, definimos prioridades e o que cada um precisa fazer”, afirma Di Domenico.
 
Uma das missões do executivo foi cortar 25% do portfólio de produtos e acabar com a visão industrial da companhia, de querer vender tudo o que a fábrica podia produzir. “Agora viramos o canhão para sermos uma empresa de bens de consumo, que produz de acordo com a demanda do consumidor”, diz Di Domenico. Os resultados, segundo a empresa, superaram o esperado. O faturamento atingiu R$ 3,6 bilhões no ano passado, R$ 100 milhões acima da meta. O Ebitda de R$ 602 milhões também superou a previsão. “Mudamos de patamar de geração de lucro”, diz Di Domenico. Na sequência, a missão foi iniciar um período de inovações, do qual o Fibz é o principal símbolo.
 
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O conselheiro: Vinicius Prianti, ex-CEO da Unilever e membro do conselho estratégico
da Brasil Kirin, ajuda a definir os planos para o crescimento no Brasil
 
Agora começa a terceira fase. “É o momento da consolidação”, afirma Di Domenico. “Para os japoneses significa um plano de cinco anos, não de seis meses.” Tudo incentivava para que os prazos de decisão se tornassem mais alongados: da cultura nipônica baseada na paciência à grande diferença de fuso horário. Mas o estilo da nova gestão não pode ser creditado apenas aos japoneses. O perfil da direção brasileira também explica muito da postura atual. O engenheiro mecânico Di Domenico, que como diretor de operações respondia pelas áreas de logística e distribuição da Schincariol, foi o preferido dos atuais controladores para conduzir os negócios.
 
Com uma larga experiência na área industrial, construída durante 11 anos na Unilever, ele chegou à empresa de bebidas há seis anos e logo tratou de instituir a metodologia de práticas fabris TPM (sigla para manutenção produtiva total), criada no Japão. O executivo havia trabalhado na Unilever com a metodologia que também era adotada pela Kirin. Como parte dessa missão, Di Domenico implementou o projeto apelidado de “meia seca”. “Eu disse que queria andar na fábrica sem precisar molhar a meia ou cortar o pé”, afirma o executivo. “Hoje não existe companhia de be­­bida no Brasil com o nosso nível de limpeza.”
 
Para complementar essas suas habilidades operacionais, ele foi buscar o auxílio de Vinicius Prianti, um ex-CEO da gigante de bens de consumo anglo-holandesa, para a definição de estratégias comerciais. O executivo chegou para fazer parte, junto com Di Domenico, do conselho estratégico da empresa no Brasil, que também é composto por três japoneses. Prianti é o único brasileiro a fazer parte de um conselho consultivo global da Kirin. Segundo um consultor do mercado, seria ele o homem forte por trás de muitas das principais decisões estratégicas da Kirin no País.
 
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Desde a sua chegada, o corpo de principais executivos é dominado por egressos da Unilever. Além de Prianti, Di Domenico e Maria Inez, o vice-presidente financeiro, Fabio Marchiori, e o de assuntos corporativos, Juliana Nunes. Eles trazem uma cultura de detalhados estudos estratégicos e de processos bem definidos.Maratona O novo estilo da Kirin é pouco comum no setor de bebidas, conhecido por exigir investimentos intensivos em marketing e vendas e pela agressividade de seus maiores rivais, a Ambev e a Petrópolis, em cerveja, e a Coca-Cola e a Pepsico, em refrigerantes.
 
A Petrópolis, por exemplo, se orgulha desse perfil. “Somos ágeis, e quando precisamos tomar uma decisão sentamos com o dono, Walter Faria, e resolvemos na hora”, diz Douglas Costa, diretor de mercado da Petrópolis. “Vamos para cima dos concorrentes. Se pararmos de investir, somos atropelados.” Um exemplo disso está no fato de a Petrópolis estar desembolsando R$ 1,2 bilhão na construção de duas fábricas destinadas a atacar o mercado nordestino, onde a antiga Schincariol tinha uma presença importante. A primeira, inaugurada em agosto, fica em Alagoinhas, na Bahia, de frente para uma linha de produção da Kirin. A segunda será aberta em Itapissuma, em Pernambuco, onde a Ambev também inaugurou uma fábrica no ano passado.
 
A competição entre as cervejarias no mercado do Nordeste não se restringe apenas à construção de fábricas. A Petrópolis fechou acordos para dar o nome de Itaipava aos estádios da Copa do Mundo de Recife e Salvador. Já a Ambev tomou o patrocínio do Carnaval de Salvador, em 2012, depois de ele ter ficado por mais de dez anos com a Schincariol. Para a Kirin, no melhor estilo japonês, a disputa é de uma maratona, não de uma prova de 100 metros raso. A empresa começou há dois anos um plano de chegar a um milhão de pontos de venda no País. No momento, possui mais de 600 mil e, segundo as contas de Di Domenico, serão necessários mais três ou quatro anos para atingir a meta. “Estamos preocupados com o curtíssimo prazo”, diz o executivo. “Mas o foco está no longo prazo.” Resta aguardar para saber se no futuro os vencedores serão os ágeis concorrentes ou a conservadora jovem guarda da Brasil Kirin.
 
 
Quebrando o gelo
 
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Além da Kirin, outra grande empresa de bebidas japonesa abriu os olhos para o mercado brasileiro. A Suntory, fabricante dos mais populares uísques vin­­dos da Terra do Sol Nascente, anunciou que estuda operar uma engarrafadora no País. A empresa, que havia deixado de vender para o mercado brasileiro em 2004, resolveu retornar no ano passado. Desde dezembro, a trading Tradbras importa e distribui as bebidas da marca Suntory aqui. As vendas, que podem chegar a US$ 10 milhões em 2015, e a forte comunidade de japoneses radicada em São Paulo estimulam a estratégia.
Em sua primeira passagem pelo Brasil, a Suntory chegou a ter um restaurante com o seu nome nos Jardins, bairro nobre de São Paulo. 
 
Globalmente, a empresa fatura US$ 21,8 bilhões, com a venda de produtos como licores, cervejas, refrigerantes, cosméticos e alimentos. Mas é por seu uísque que ela é mais conhecida no Ocidente. Em especial depois de ter um papel de destaque no filme Encontros e Desencontros, de 2004, em que o americano Bill Murray interpreta um ator que protagoniza um comercial da marca. A Suntory, assim como a Kirin, faz parte do grupo de quatro grandes empresas de bebidas alcoólicas que dominam o mercado japonês. Além delas, integram esse clube a Asahi e a Sapporo. Entre 2009 e 2010, em um movimento pouco comum entre empresas do mercado japonês, Suntory e Kirin negociaram uma fusão, que acabou não sendo completada.
 

O que é bom para a China é bom para o Brasil


À medida que os chineses caminham para ser a maior potência econômica do mundo, o País ganha a oportunidade de prosperar com os investimentos crescentes do gigante asiático

Por Carla JIMENEZ e Hugo CILO

O lançamento do livro “1283”, do rei Pelé, na semana passada, em São Paulo, era destaque no portal Xinhuanet, a agência oficial de notícias da China. O livro, cujo título faz alusão ao número de gols feitos pelo maior craque de todos os tempos, tem despertado a curiosidade dos chineses. E com razão: o assunto futebol parece ter sido reforçado na pauta do noticiário da mídia local depois da ascensão de Xi Jinping à presidência do país asiático. Discreto pela exigência do cargo, Jinping só não esconde sua paixão pelo esporte bretão. Ele não resiste, por exemplo, a “tuitar” comentários sobre jogos importantes nas redes sociais, um comportamento semelhante ao do ex-presidente Lula, torcedor de carteirinha do Corinthians. 
 
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As afinidades de Jinping com o Brasil e os brasileiros, porém, não se restringem ao futebol. A China vem ampliando na última década sua presença no País nos mais diversos setores e, a partir desta semana, deve aumentar suas apostas no leilão do Campo de Libra, na Bacia de Santos, previsto para a segunda-feira 21. Petróleo é assunto de Estado para os chineses, uma vez que o país depende da importação da matéria-prima para atender à gigantesca demanda gerada pela segunda potência econômica do planeta. Com uma produção interna de quatro milhões de barris por dia, o país importa 6,4 milhões de barris diários para movimentar sua economia.
 
 
E a parceria com o Brasil, que produz 2,2 milhões de barris diariamente, é peça-chave nas estratégias chinesas. Com o Campo de Libra, mais 1,4 milhão de barris serão adicionados à produção nacional, um incremento de 65%. Isso explica por que a participação de três estatais chinesas no leilão, a CNOOC International, a Petrochina e a Sinopec, que se associou à espanhola Repsol, foi vista como natural.
 
 Uma boa notícia para o Brasil, que começa a encontrar sua vocação exportadora diante das reservas comprovadas de 12 bilhões de barris do ouro negro com o Campo de Libra e de outras bacias que ainda estão em prospecção. 
 
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CAPITAL + TECNOLOGIA: os chineses têm o dinheiro e o Brasil, a tecnologia de exploração em águas profundas
 
Dessa forma, a relação entre as duas nações se configura num encontro entre a fome e a vontade de comer. Além do petróleo, o Brasil é grande fornecedor de soja, minério e nióbio para o mercado chinês. “O País está muito bem posicionado, num momento em que a China começa a assumir o papel de maior potência econômica do mundo”, diz Clodoaldo Hugueney, diretor do Centro de Investigação Laboratório do Século XXI, da FAAP, em São Paulo, e ex-embaixador do Brasil na China. Hoje a China importa o equivalente a US$ 1 trilhão em produtos e matérias-primas por ano. 
 
Mesmo com um ritmo de crescimento menor do que no passado – a expectativa é que fique na casa dos 7% em 
2013 –, o apetite por importações cresce à medida que a população ganha poder de renda e o governo estimula o consumo. Na outra ponta, os chineses buscam mercados estratégicos, como o Brasil, para dar espaço à internacionalização das suas empresas. Os dados de estoque de investimento estrangeiro direto, registrados pelo Banco Central, ainda colocam os chineses numa posição modesta: US$ 9,3 bilhões em 2011, enquanto os Estados Unidos, por exemplo, acumulavam quase US$ 600 bilhões naquele ano.
 
“Muitas vezes, o capital chinês entra no Brasil em operações trianguladas, oriundo de outros países”, diz Luiz Afonso Lima, presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais. Seja como for, a ascendência oriental na economia brasileira é inegável. Um levantamento feito por Lima, a partir dos dados da Rede Nacional de Informações sobre Investimentos (Renai), do Ministério do Desenvolvimento, mostra que entre 2004 e o primeiro semestre de 2012 a China anunciou 121 projetos em território brasileiro – de fábricas de celulose a indústria de máquinas, passando pela compra de empresas agrícolas.
 
Juntos, esses anúncios somam mais de US$ 25 bilhões em capital produtivo. Nesses cálculos, não estão incluídos os investimentos em petróleo, mas os chineses já fizeram diversos movimentos importantes no setor. Em 2010 a Sinopec aportou US$ 7,1 bilhões na Repsol do Brasil, garantindo 40% do capital da companhia. Hoje, a Repsol Sinopec extrai petróleo do campo de Sapinhoá, na Bacia de Santos, com reserva estimada em 2,1 bilhões de barris, e no poço Guará-1, em Santos, que pode garantir uma produção de 120 mil barris diários. Em novembro, outro bloco explorado na bacia de Campos dará início a perfurações para encontrar petróleo e gás. O grupo avalia a participação em outros leilões depois de Libra e não descarta aquisições.
 
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Petróleo para eles A presidente da Bomcobrás, Wang Shu Wei (abaixo): joint venture
para construir equipamentos para a cadeia de óleo e gás. A Repsol Sinopec, presidida
por José Maria Moreno (acima), já estuda participar de outros leilões
 
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Também a CNPC, matriz da petroleira Petrochina, já atua no Brasil, associada a outra estatal chinesa, a Bomco, maior fabricante chinesa de máquinas e equipamentos para a cadeia de óleo e gás. Juntamente com a Brasil China Petróleo, importadora criada em 2008, o trio formou uma joint venture, a Bomcobras, que está construindo uma fábrica na cidade de Dias D’Ávila, no Recôncavo Baiano, com um investimento de R$ 150 milhões, que deve ser finalizada em junho de 2014. Inicialmente, sondas, mastros e toda sorte de maquinários serão importados e montados localmente. Mas, em breve, serão fabricados no País, para atender à regra de conteúdo nacional demandado nas licitações.
 
“Quem quer que seja o vencedor do leilão de Libra é nosso potencial cliente”, diz Mateus Men de Sá, gerente de marketing da Bomcobras. A empresa, presidida pela executiva Wang Shu Wei, chinesa residente no Brasil há 25 anos, não descarta montar uma operação financeira no médio prazo, para financiar as vendas para seus clientes. “Sinodependência” A relação mais estreita entre os dois países já levantou críticas apaixonadas contra uma espécie de “sinodependência” brasileira. “É um absurdo Libra ficar com o governo chinês”, vociferou José Serra, o eterno presidenciável do PSDB, na semana passada. “Agora vamos ficar numa situação praticamente de uma quase colônia da China, um neocolonialismo do Brasil em relação à China.” 
 
O ex-embaixador Hugueney tem uma resposta na ponta da língua para esse tipo de crítico. “Isso é um grande besteirol”, diz Hugueney. “Se for assim, o mundo é sinodependente, uma vez que a China não para de crescer e de ganhar importância no comércio exterior de todos os países.” Ele lembra que os Estados Unidos, por exemplo, são o maior exportador de soja para o mercado chinês e o segundo fornecedor de frango. “Somos tão dependentes da China quanto a China é dependente do Brasil.” Para Charles Tang, presidente Câmara de Comércio e Indústria Brasil China, o País é o único entre os emergentes com quem os chineses não têm chances de chegar a conflitos. 
 
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Investimento turbinado: com aval da matriz chinesa, Luis Cury, CEO da Chery Motors no País,
ampliou os recursos para a operação brasileira
 
“O Brasil só terá prosperidade com a China”, diz Tang. Em outras palavras: bem conduzida, a integração de interesses entre os dois países, cujas economias são complementares, vai mostrar que o que é bom para a China também é bom para o Brasil. Ao menos no mundo automobilístico essa profecia já se torna realidade. As montadoras asiáticas estão ampliando seus projetos no País. É o caso da Chery. Antes mesmo de inaugurar a sua linha de produção em Jacareí, no interior paulista, numa fábrica que ficará pronta em abril de 2014, a matriz ampliou de R$ 800 milhões para cerca de R$ 1,2 bilhão os recursos destinados à operação brasileira.
 
A unidade terá capacidade para montar 100 mil carros por ano, inicialmente, e poderá chegar a 150 mil. “A ordem da matriz é conquistar 3% do mercado brasileiro nos próximos cinco anos”, afirma Luis Cury, CEO da companhia no Brasil. “Na China, é consenso que o Brasil é uma fronteira que precisa ser desbravada.” Assim como a Chery, a JAC Motors ampliou de R$ 600 milhões, há dois anos, para R$ 900 milhões, em 2012, e R$ 1 bilhão, neste ano, seus investimentos no País. Sob o comando de Sérgio Habib, a marca está construindo uma fábrica em Camaçari, na Bahia, onde montará também um modelo de caminhão de pequeno porte para uso urbano, chamado de T140. “O otimismo da empresa tem crescido à medida que o setor mostra resistência às oscilações da economia”, afirmou Habib.
 
As montadoras não são as únicas que refletem o apetite chinês pelo mercado brasileiro. A gigante de equipamentos de telecomunicação Huawei, após assumir a liderança no mercado brasileiro em infraestrutura de telefonia celular, no ano passado, à frente da sueca Ericsson, decidiu trazer da China duas novas operações: uma fábrica de aparelhos como modens e smartphones, em Jundiaí (SP), e o departamento de serviços de rede para empresas. Em cinco anos, os investimentos devem superar R$ 700 milhões. “Estamos presentes em praticamente todo o mercado de telefonia”, diz o diretor de operações da empresa, Vinicius Dalben. No setor financeiro, os bancos ICBC e Bank of China também fincaram a bandeira vermelha por aqui (leia infográfico).
 
Se no mundo da tecnologia os chineses são gigantes em franco crescimento, no campo das commodities eles querem ser imbatíveis. Embora a China já seja o maior comprador da soja e do minério de ferro produzidos no País, há um visível empenho para que se torne também protagonista em produção, especialmente no agronegócio. Na semana passada, a Chongqing Grain Group, responsável por um investimento de R$ 600 milhões na Bahia, com a construção de uma esmagadora de grãos no município de Barreiras, anunciou que dobrará os recursos neste ano, para quase R$ 1,2 bilhão. O presidente do Grupo, Yinfeng Wang, afirma que os chineses nunca tiveram tanta pressa para se instalar no País. 
 
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“Essa onda de investimentos representa um novo marco nas relações do Brasil com a China no segmento do agronegócio e abre grandes oportunidades em áreas, como a de fertilizantes”, afirmou Wang. O que já é bom poderia ser ainda melhor. A ofensiva chinesa no agronegócio enfrenta resistência nas alas mais protecionistas no governo, principalmente quando há tentativa de adquirir terras. Em 2011, a Advocacia Geral da União (AGU) endossou um parecer que restringe os investimentos estrangeiros em compra de grandes propriedades brasileiras, sob o argumento de proteção da segurança nacional.
 
Naquele ano, a decisão paralisou R$ 4 bilhões em recursos chineses que estavam sendo utilizados para a compra de áreas rurais, movimento que tem ocorrido em países africanos. “Os chineses só não investem mais na agricultura porque o Brasil não deixa”, diz José Vicente Ferraz, presidente da consultoria Informa Economics FNP. Enquanto o polêmico nó dos investimentos estrangeiros em aquisição de fazendas não é desatado, os chineses estão avançando da porteira para fora, na aquisição de indústrias e na participação de projetos de infraestrutura.
 
Um levantamento do Conselho Empresarial Brasil-China (CEBC) revela que cerca de R$ 7 bilhões serão injetados em setores estratégicos nos próximos dois anos. “O governo brasileiro está estimulando os investimentos em portos, aeroportos, ferrovias e energia”, afirma André Soares, coordenador de pesquisa da CEBC. O setor energético é, de fato, o baú do tesouro. Um relatório da Agência Internacional de Energia divulgado em setembro mostrou que o País recebeu US$ 18,2 bilhões em investimentos chineses entre 2005 e 2012 nessa área. Os recursos no setor devem dobrar até 2020, o que inclui aportes em projetos de petróleo. 
 
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O engenheiro Segen Estefen, professor titular de estruturas oceânicas da Coppe, instituto ligado à Universidade Federal do Rio de Janeiro, lembra que, além do Campo de Libra, disputado nesta semana, há expectativas que outras reservas similares, em águas profundas, sejam encontradas na costa entre o Espírito Santo e Santa Catarina. E o Brasil tem a tecnologia necessária para prospectar esse tesouro. “Só não temos o capital que uma empreitada dessas exige, mas os chineses têm”, diz Estefen. Trata-se, portanto, de um casamento promissor, cuja lua de mel pode começar agora.
 
“Mudança na China abre oportunidades para manufaturados brasileiros”
 
Nascido na Espanha, filho de pai americano e mãe francesa, o professor de Finanças Internacionais da Universi­dade de Pequim Michael Pettis é um especialista em economia chinesa. Na semana passada, Pettis conversou com a DINHEIRO durante um evento organizado pela Acrefi, a entidade das financeiras e bancos, em São Paulo.
 
 
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Como o sr. vê o interesse chinês no pré-sal?
O governo chinês está pressionando suas petroleiras a atuarem com mais vigor no Exterior. Se eu fosse um dos interessados no pré-sal brasileiro, estaria muito preocupado com essa concorrência. 
 
Para o Brasil, é uma boa notícia?
Sem dúvida. Há muitos benefícios para o Brasil no interesse chinês em investir no País. O governo da China percebeu que para ser mais competitivo é importante que suas empresas sejam capazes de se espalhar pelo mundo afora. Foi assim com as companhias americanas, na década de 1920, com as árabes, em 1970, e com as japonesas, nos anos 1980. 
 
Como sr. avalia a mudança na economia chinesa, com menos investimentos e mais consumo?
Embora inevitável, esse reequilíbrio não será simples. É um processo difícil, que envolve decisões políticas com custos econômicos. Ao trocar investimento em infraestrutura por mais consumo, o patamar de crescimento do PIB chinês cairá dos atuais 7% para algo entre 3% e 4% nos próximos anos. 
 
Haverá impacto nos preços das commodities?
Sem dúvida. A China representa 60% do consumo global de minério de ferro. Isso é desproporcional. Acredito que em cinco anos esse consumo será muito menor, derrubando os preços em até 50%. Esse processo de ajuste está apenas no começo.
 
Nesse cenário, o Brasil terá problemas em sua balança comercial... 
É muito importante que o Brasil se livre da dependência de commodities para crescer de forma sustentável. Sei que isso é difícil de ser feito num cenário de preços ainda altos. Por outro lado, o rebalanceamento chinês trará oportunidades para as manufaturas brasileiras e mexicanas.
 
Como isso vai acontecer?
A China só era competitiva com câmbio desvalorizado, juro baixo e salários reduzidos. Mas, agora, essas três variáveis estão se invertendo e suas exportações de manufaturados vão cair nos próximos cinco anos. Vejo aí uma janela de oportunidades para as indústrias brasileiras e mexicanas.
 

Portal do governo reduzirá em 30% prazos de exportação e importação brasileiras

Portal do governo reduzirá em 30% prazos de exportação e importação brasileiras
 
 
 
O secretário de Comércio Exterior do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), Daniel Godinho, anunciou que antes do fim do ano será apresentada a primeira plataforma do site Portal Único de Comércio Exterior. Ele previu que os prazos cairão de 14 para cinco dias nas exportações e de 17 para sete dias nas importações. O secretário de Comércio Exterior explicou que apenas na fase administrativa, uma operação de exportação passa pela anuência de 17 órgãos. Quando o Portal estiver concluído, esta operação será registrada apenas uma vez em única base, que irá repassar a informação para as instâncias necessárias.  Godinho frisou que o processo ainda irá contemplar sugestões de representantes da área de comércio exterior e a realização de uma consulta pública. Na apresentação o titular da Secex destacou um projeto já concluído na área de atuação da Secretaria: o fortalecimento da área de defesa comercial, que incluiu medidas como nova legislação, conferindo mais celeridade e transparência nos processos, e a ampliação de equipes. Fonte: Mdic
 

Confecção brasileira de bordados CDZ quer vender abayas ao Oriente Médio



 
 
Há 12 anos trabalhando com moda, Camila de Zorzi, estilista e proprietária da confecção CDZ, com sede no Rio de Janeiro, cria bordados para marcas famosas no Brasil, como Animale e Osklen. Agora ela decidiu expandir seu mercado, e para bem longe. Quer criar abayas e exportá-las para o Oriente Médio.“Sou apaixonada pelo mundo árabe. Fui para Dubai e Abu Dhabi (nos Emirados Árabes Unidos) e vi que as abayas poderiam ter detalhes melhores. Já estava pensando neste mercado há algum tempo e vi que pode ter um grande potencial”, explica a estilista. A abaya é um robe negro que muitas mulheres usam sobre a roupa, principalmente na região do Golfo. 
 
A viagem para conhecer o mercado no qual pretende entrar aconteceu em junho. Ela conversou com donas de lojas e também com mulheres comuns para conhecer seus gostos. “Eu procurava ficar perto de mulheres nas filhas dos táxis. Falei com aquelas que eu sentia abertura”, revela. E o que ela descobriu? “Elas têm preferência por tecidos que não amassem e gostam muito de brilho”, conta.
 
A ideia de Zorzi não é apenas bordar abayas e sim produzir peças inteiras para vender às mulheres árabes. Para diferenciar seu produto, ela pretende trabalhar com outros tecidos, diferentes dos usados na maioria das abayas.“Elas usam muito poliéster, mas por ter um clima muito quente (na região), achei que dá para introduzir tecidos naturais. Pensei em entrar com um mix de viscose com poliéster ou algodão”, explica.Zorzi conta que pretende criar duas linhas de abayas, uma para o dia e outra, com brilho, para a noite. “As duas linhas serão para o mercado de luxo, porque trabalho com confecções de primeira. São para pessoas ligadas em moda e coisas boas”, afirma.

Contato
CDZ BordadosTel.: +55 21 2545-9699E-mail: cdzbordados@gmail.com
A estilista gaúcha ainda está estudando a melhor forma de entrar com suas abayas no mercado árabe. Para isso, conta com o apoio da Câmara de Comércio Árabe Brasileira. “Vou começar a confeccionar, fazer uma mini coleção, com 20 peças e ver como fica. Também vou criar um site. Devo ir a São Paulo (sede da Câmara) apresentar as peças e começar a trabalhar (para exportar)”, completa.   

 

Consumidor exigente atrai pequenas empresas europeias para o Brasil



 
 
As indústrias europeias, as pequenas e médias empresas francesas, espanholas e italianas buscam negócios no Brasil para aproveitar a ascensão da classe C e atrair o exigente consumidor brasileiro, cada vez mais adepto a produtos de alta qualidade e inovação.

Isso é o que mostra pesquisa, ainda em desenvolvimento, realizada com 110 pequenas e médias empresas europeias com filiais no Brasil, feita pelo Centro de Estudos e Pesquisas América Latina-Europa.  “Todas as empresas que entrevistamos dão uma importância muito alta à inovação, e esse foi um dos motores para elas terem vindo ao Brasil”, explica Florence Pinot de Villechenon, diretora do centro francês.

Para Humberto Cesar López Rizzo, doutorando em economia pela Universidade de Paris Panthéon Sorbonne, que participa da pesquisa, a concorrência na Europa é forte e as empresas olham para o Brasil como um mercado importante para dar vazão a produtos de qualidade.

“O brasileiro é muito exigente e compra artigos de alto valor agregado. As pequenas e médias empresas europeias fazem um esforço tremendo para atender esse público”, acrescenta ele.

E capacidade para agradar os brasileiros é o que não falta. Segundo a pesquisa, 75% dos empreendedores europeus têm pós-graduação, 85% têm experiência internacional e todos falam, pelo menos, três idiomas. “Esses países não trabalham com ‘low cost’ (baixo custo)", defende Florence.

A nova classe média, principal consumidora de produtos com alto valor agregado, está crescendo a cada dia, favorecendo tanto as micro e pequenas empresas brasileiras, quanto as estrangeiras, na avaliação de Renato Meirelles, diretor do Data Popular. Em 2012, 52% da população brasileira (104 milhões de pessoas) eram da classe média. Em 2002, o índice era de 38%.