quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Loja de sapatos deve obedecer prazo de troca de 90 dias


Sapatos, bolsas e cintos são bens duráveis e por isso a loja que comercializa esses produtos deve obedecer o prazo de troca de 90 dias previsto no artigo 26, inciso II, do Código de Defesa do Consumidor. De acordo com o desembargador Marcelo Buhatem, da 4ª Câmara Cível Cível do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, bens duráveis são aqueles que, como o próprio nome sugere, não se extinguem com o uso. Produtos que levam tempo para se desgastar, podendo ser utilizado muitas vezes.

O colegiado julgou recurso no qual uma loja que vende sapatos, bolsas e cintos defendia que o prazo para troca de seus protudos era de 30 dias, pois se enquadrariam na categoria de não duráveis. A ação foi movida pelo Ministério Público, que após ser informado que a empresa não respeitava o prazo previsto no CDC. Em primeira instância, a loja foi condenada a pagar danos materiais e morais por lesar os consumidores e obrigada a observar o prazo de 90 dias para troca de produtos, sob pena de multa diária de R$ 10 mil. Inconformada, a empresa então ingressou com Apelação Cível.

Ao analisar o recurso, o relator desembargador Marcelo Buhatem afastou a alegação do comerciante, de que seus produtos são não duráveis. Em seu voto, o desembargador explica que bens duráveis são aqueles sujeitos ao desgaste natural, enquanto bens não duráveis acabam se extinguindo.

“Se do consumo de determinado produto decorre a sua normal e até mesmo gradual extinção, nada mais razoável que se lhe enquadre como não durável o que ocorre, por exemplo, com os alimentos in natura e mesmo congelados. Diferentemente, temos com o produto durável, pois concebido, em sua essência e desde que em circunstâncias de normal fruição, para espraiar a sua utilização por incerto e elastecido período de tempo que se, por óbvio, não é eterno, também não é de tal modo efêmero como se dá como um alimento, que se extingue com o próprio consumo”, esclarece.

O desembargador afirma que não é preciso perícia para conlcuir que sapatos, bolsas e cintos não são produtos que se extinguem com sua normal utilização, apenas gera o desgaste. “Portanto, enquadram-se como sendo de natureza durável incidindo, por isso, o prazo previsto no inciso II do artigo 26 do CDC”, complementa.

Em seu voto o relator observou ainda que ao defender a natureza jurídica dos produtos dela como não duráveis a loja acaba por, "curiosa e porque não dizer contraditoriamente, colocar em xeque a sua própria qualidade e boa fama porquanto afirma, ainda que por via oblíqua, que a simples e normal utilização de tais cintos, bolsas e sapatos ocasiona a sua automática destruição o que, com a devida vênia, não ocorre quando se trata de tais bens”. O voto do relator foi seguido por unanimidade.

Clique aqui para ler a decisão.

Cacau Show abre loja e prepara aquisições


Por Letícia Casado | De São Paulo
 
Silvia Costanti/Valor / Silvia Costanti/Valor 
 
Costa, da Cacau Par, dona da Cacau Show e da Brigaderia: "É a nossa postura de investimento: gera caixa e reinveste"
 
A fabricante e varejista de chocolates Cacau Show inaugura hoje um novo modelo de loja, de metragem maior e com produtos e serviços "premium". A nova unidade da rede fica na avenida Faria Lima, próximo ao shopping Iguatemi, na zona sul de São Paulo. A iniciativa de abrir um espaço mais sofisticado faz parte do plano de expansão da Cacau Par, holding formada pelas marcas Cacau Show e Brigaderia, que se prepara para fazer outra aquisição em 2014.

A Cacau Par planeja crescer focando em "negócios mais exclusivos", diz Alexandre Costa, presidente da holding e da Cacau Show. "Estamos olhando aquisições e devemos anunciar algo no ano que vem", diz ele. A aquisição será "na área de alimentos, no canal de franquias". Em setembro, ele comprou 50,1% da rede de dez lojas Brigaderia.

A Cacau Par tem US$ 50 milhões para investir em aquisições entre 2013 e 2014 - o valor inclui a compra da Brigaderia. No momento, a holding está "olhando três ou quatro empresas" da região Sudeste, sendo que com uma as conversas estão "em estágio avançado", diz Costa. Mas a Cacau Par não está fazendo auditoria nas informações financeiras ("due diligence") em nenhuma dessas empresas.

Na Cacau Show, a holding está investindo R$ 45 milhões entre 2013 e 2014 em novos equipamentos e melhorias nas instalações. A marca tem cinco fábricas, em São Paulo e no Paraná, que suportam o crescimento da produção "até 2015", diz Costa. A empresa estuda montar uma sexta unidade "em outra região do Brasil".

No ano que vem, também em São Paulo, a Cacau Show deve abrir uma loja-conceito ("flagship store"), para mostrar todo o portfólio e testar produtos. A unidade que inaugura hoje é um novo modelo de loja, com 120 m² (a maior da rede), onde vai oferecer "experiências" ao consumidor - deixar o cliente criar a sua própria trufa de chocolate, por exemplo. Nos outros quatro modelos de loja - de quiosque a café -, a metragem não passa de 32 m².

Todos os investimentos saem do caixa da Cacau Par. "É a nossa postura de investimento: gera caixa e reinveste. É nossa política", diz Costa. "Por enquanto", nem linha com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) o grupo tem, acrescenta.

A Cacau Par não vai contratar banco ou escritório de advocacia para assessorá-la nas aquisições, pois tem equipes internas que fazem esse trabalho. "Somos muito procurados por empresas menores que querem experimentar um crescimento maior", diz Costa.

A Cacau Show deve ter até dezembro 1.540 lojas (sendo 20 próprias) e faturar R$ 2 bilhões, 32% a mais do que em 2012. O valor inclui as vendas de produtos feitos nas cinco fábricas aos franqueados. As dez lojas da Brigaderia devem vender R$ 12 milhões este ano, 20% a mais do que no ano passado.

Energia elétrica mais cara deve influenciar IPCA de novembro, diz IBGE


Por Elisa Soares | Valor
 
Scott Eells/Bloomberg



RIO  -  Entre os itens que podem influenciar a formação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em novembro, está a energia elétrica, cuja tarifa aumentou em três Estados nas última semana. A elevação mais significativa ocorreu em Porto Alegre, onde o insumo custa 13,30% mais caro desde 25 de outubro.

Em São Paulo, a energia teve aumento de 6,85% em 23 de outubro. O Rio de Janeiro, por sua vez, terá aumento de 6,20% nas tarifas a partir desta quinta-feira. O Rio também teve aumento de 6,27% na tarifa de água e esgoto a partir do dia primeiro deste mês.

A coordenadora de índices de preços do IBGE, Eulina Nunes, chamou atenção para o fato de que os preços da energia elétrica voltaram a cair em outubro. A queda nas tarifas, estimulada por medidas de governo, tem dado contribuição importante para conter as pressões inflacionárias. O item recua 17,27% no ano, maior queda em toda série histórica. 

"A queda da energia elétrica está tendo papel importante no IPCA", avaliou Eulina. No ano, o conjunto habitação sobe 2,15%, pressionada pelo aumento no aluguel, mas que é amenizada justamente pela queda nas tarifas de energia, explicou a coordenadora.  Em outubro, houve queda de 0,58%, ante alta de 0,36% em setembro. No caso específico da queda da energia elétrica no mês, o que influenciou foi o ajuste na alíquota de PIS/Pasef e Cofins, que é definida mensalmente para cada distribuidora.

Outro possível impacto na formação do IPCA de novembro, é o cigarro, que aumentou 13% a partir do último dia dois em todos os locais exceto Rio Grande do Sul, Minas Gerais, São Paulo e Paraná.


Recuo do ritmo da inflação de serviços é pontual


A inflação do setor de serviços desacelerou de 0,63% para 0,52% entre setembro e outubro, mas esta foi uma queda pontual, segundo Eulina. Não houve taxas menores de forma generalizada neste setor. "Não chamaria a queda de serviços de importante, foi queda concentrada no item passagem aérea", explicou Eulina. "Se mais itens tivessem recuado teria outra visão", afirmou.

Entre os grupos não alimentícios que pressionam o IPCA, por sua vez, aluguel residencial e o empregado doméstico foram os índices que mais pressionaram a inflação no mês de outubro, seguido de roupa feminina, que segundo Eulina, tem a ver com a alta do algodão, e com a entrada e saída de coleções. O automóvel novo também subiu na passagem mensal e anual, em função da recomposição do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), que vem sendo feita ao longo do ano.

Piora percepção de estrangeiro com o Brasil

Por Aline Oyamada | De São Paulo
 
A falta de transparência nas contas fiscais do governo brasileiro, a incerteza gerada pela proximidade das eleições presidenciais e outros impasses do setor corporativo são os principais motivos citados por executivos do mercado financeiro para explicar a mudança no humor do investidor estrangeiro com os ativos do país, hoje considerados menos atraentes que há alguns meses.

Evidência desse receio é a curva de Credit Default Swap (CDS) - seguro contra um eventual calote soberano - do Brasil, que se descolou da dos vizinhos da América Latina. Ontem, o CDS brasileiro para um título de dez anos era cotado a 240,5 pontos-base, 81,7 pontos acima do México e 66,4 superior ao da Colômbia. No primeiro semestre do ano, a diferença entre o prêmio brasileiro e mexicano era bem menor, por volta de 25 pontos.

A preocupação com a falta de comprometimento do governo com as metas fiscais é um ponto citado de forma recorrente por economistas e gestores de recursos quando explicam o porquê da cautela com o país. Os chefes da área de investimentos em mercado de dívida de emergentes da gestora Babson Capital, Ricardo Adrogue e Brigitte Posch, engrossam esse coro. "O mercado está reagindo à falta de clareza no quadro fiscal. O governo poderia fazer muito melhor se tivesse mais transparência e metas críveis", diz Adrogue. A Babson Capital tem US$ 182 bilhões em ativos sob gestão.

Brigitte afirma que o debate acerca do momento em que o Federal Reserve, o banco central dos EUA, vai iniciar a desaceleração do seus estímulos prejudicou a atratividade dos ativos emergentes como um todo, mas especificamente no caso do Brasil, há fatores adicionais desincentivando as aplicações. Entre eles, diz ela, está a posição mais intervencionista do governo em determinados setores, as mudanças nas tarifas de energia e a renegociação dos contratos de concessão, e o aumento no número de calotes entre emissores brasileiros desde 2012, citando OGX, Lupatech, Banco Cruzeiro do Sul. "Todos esses pontos, combinados, deixaram os investidores mais cautelosos em relação a aumentar suas alocações no Brasil", afirma ela.

Apesar do menor apetite dos estrangeiros por investimentos em portfólio no Brasil, as empresas de fora não parecem ter cancelado seus planos de expandir os negócios no país. Executivos de bancos de investimentos responsáveis por áreas que auxiliam a expansão de multinacionais, entre outras transações financeiras, afirmam que as companhias em geral estão mais cautelosas com os mercados emergentes, mas que o Brasil continua a ser um dos destinos preferidos.

Fernando Iraola, responsável pela área de produtos corporativos do Citi na América Latina, confirma que o Brasil continua a ser um mercado chave. "Não há incerteza quanto ao fato de que o mercado brasileiro continuará a crescer, a questão é o passo desse crescimento", diz. "Qualquer companhia que tiver uma aspiração global não pode se permitir não expandir para o Brasil", completa. O responsável pela mesma área do Citi no Brasil, Adoniro Cestari, pondera que algumas companhias estão repensando seus investimentos até que haja mais clareza sobre o cenário econômico, mas diz que ainda há muito interesse. "O mercado brasileiro é gigante, o montante de investimentos que precisam ser feitos aqui é enorme", afirma.

Os executivos da área de "Global Transaction Banking" (GTB) do Deutsche Bank também mantêm a percepção que investir no Brasil continua a ser de interesse das companhias estrangeiras. "Ainda há muitas oportunidades. Há, claramente, investimentos significativos a serem feitos em infraestrutura e há investidores domésticos e estrangeiros interessados nesses projetos", afirma Susan Skerrit, responsável pela área nas Américas.

Segundo Robério Costa, economista-chefe do Rabobank Brasil, o descolamento do CDS brasileiro evidencia que a maior cautela com o país não é explicada apenas pelo receio dos investidores com os mercados emergentes. "Se fosse um movimento global, o mesmo teria ocorrido com México, Colômbia e outros semelhantes. O Brasil está pagando um prêmio superior ao dos outros países porque tem riscos diferenciados", afirma. Entre os principais fatores que mantêm os fluxos mais contidos, diz, estão a deterioração das contas fiscais, a menor credibilidade do BC na percepção do mercado e a proximidade das eleições, que naturalmente geram incerteza.

Com o menor apetite por Brasil, os fluxos para a América Latina foram redirecionados. "O México foi o que absorveu a maior parte, mas os outros países, como Colômbia e Chile, também se aproveitaram a redução de atratividade do Brasil", diz.

Falta de clareza na área fiscal mantém mercados inquietos

 
 
 
 
Por Claudia Safatle e Aline Oyamada | De Brasília e São Paulo
 
O agravamento das contas públicas e o distanciamento entre o Planalto e o setor privado inquietaram ainda mais os mercados, já descontentes com a política econômica do governo. O ex-ministro Antonio Delfim Netto, conselheiro informal da presidente Dilma Rousseff, critica o expansionismo fiscal. "Estamos caminhando para um déficit fiscal de 3% do PIB neste ano e de 4% em 2014. Esse é o déficit nominal, que não passava de 2,5% do PIB", alertou em entrevista ao Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor.

O ex-ministro chama a atenção para a desconstrução que está sendo feita da institucionalidade fiscal envolvendo Estados e municípios. Está no Congresso proposta de mudança retroativa do indexador da dívida desses entes. A medida vai estimular o endividamento e, mesmo que melhore o investimento, estimulará a inflação, uma vez que o país está perto do pleno emprego. Soma-se a isso iniciativa que desobriga a União de compensar o descumprimento do superávit primário dos demais membros da Federação.

"Nós construímos um sistema político em que, se o governo federal não tiver a proteção da lei, não consegue resistir à pressão das unidades federadas. A probabilidade, portanto, é de se caminhar para o desequilíbrio fiscal", disse o ex-ministro. "A perspectiva de que se está caminhando para uma situação fiscal pior é que está gerando esse mal-estar todo", acrescentou, ressalvando que o governo tem mudado para melhor. "Se o governo conseguir restabelecer a confiança, vamos assistir a uma mudança muito importante da economia".

Essa situação tem abalado o humor do investidor estrangeiro. A desconfiança está refletida na curva do "Credit Default Swap (CDS)", indicador que mede o risco de se investir no país. Ontem, o CDS do Brasil chegou a 240,5 pontos-base - 81,7 pontos acima do indicador do México e 66,4 pontos maior que o da Colômbia.

"O mercado está reagindo à falta de clareza do quadro fiscal. O governo poderia fazer muito melhor se tivesse mais transparência e metas críveis", diz Ricardo Adrogue, um dos chefes da área de investimento da gestora Babson Capital. Isto não significa que o Brasil tenha deixado de ser um dos principais destinos de investimento na América Latina, mas, aos poucos, tem perdido espaço para México, Chile e Colômbia.

Indicadores da Vale foram bons de ponta a ponta, diz Ferreira


Por Francisco Góes | Valor
 
Leo Pinheiro/Valor

RIO  -  (Atualizada às 11h37) A Vale conseguiu um desempenho muito bom “de ponta a ponta” nos indicadores financeiros do terceiro trimestre, divulgados na quarta-feira à noite, afirmou o presidente da mineradora, Murilo Ferreira.

O executivo citou a recuperação no volume de produção de minério de ferro no terceiro trimestre. A empresa, segundo ele, vem aproveitando melhor as sazonalidades da produção em 2013. Ele também citou os ganhos obtidos com os esforços de redução de custos e despesas, que permitiram garantir um lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) de US$ 16 bilhões em nove meses do ano, quase 9% maior do que no mesmo período de 2013.

Ferreira também falou sobre as negociações para a venda de mais uma participação acionária na Valor da Logística Integrada (VLI), empresa de carga geral da mineradora. Ele disse que as negociações para a venda da última tranche estão na fase final e que, após a conclusão, a Vale deve ficar com uma fatia inferior a 40% na empresa.


Desinvestimento


Segundo Ferreira, a Vale vai continuar com a venda de ativos não estratégicos. Além da alienação de fatia na Valor da Logística Integrada (VLI), a companhia já comunicou que analisa se desfazer de suas participações na área de alumínio e de bauxita, entre outros. A empresa também busca compradores para os navios supermineraleiros Valemax.

Ferreira disse que algumas áreas nas quais a empresa analisa desinvestimentos estão em fase madura. “Teremos um fim de ano com muito trabalho, assim como início de 2014”, afirmou. Ele, no entanto, não quis antecipar detalhes, a espera da confirmação do negócio. 

O executivo afirmou ainda que serão feitos alguns anúncios se os trabalhos nos quais a empresa está envolvida tiverem sucesso. As possíveis vendas vão permitir que a Vale mantenha a dívida controlada.

Ferreira negou que a recomendação de venda de ativos feita ao conselho de administração da companhia se relacione com o programa de refinanciamento de dívidas (Refis) sobre o lucro de controladas e coligadas no exterior. A Vale discute dívidas bilionárias com a Receita Federal na Justiça. O presidente afirmou que no balanço da companhia é possível observar a cautela dos administradores quanto ao endividamento. Segundo ele, a prudência sobre o fluxo de caixa também decorre da necessidade de grandes dispêndios de capital que a Vale está fazendo em dois projetos prioritários: o de minério de ferro S11D, em Carajás (PA), e o de carvão, em Moatize, em Moçambique.


Investimentos


O diretor-executivo de fertilizantes e carvão da Vale, Roger Downey, disse que a empresa vem monitorando de perto a situação em Moçambique com consulta, inclusive, a embaixadas no país. A situação social é tensa no país africano com o aumento de sequestros e aumento da violência. "A situação inspira cuidados, mas não se prevê uma escalada para o conflito", disse.

A expansão de Moatize, em uma segunda fase, com a construção de um corredor ferroviário, é um dos projetos prioritários da Vale.

Segundo Downey, a empresa continua trabalhando normalmente nas suas operações de produção de carvão metalúrgico e mineral em Moatize, onde tem cerca de 10 mil empregados. "’Bussines as usual’ lá", disse Downey.

No fim da semana passada, foi noticiado que a Rio Tinto, mineradora concorrente da Vale, mandou retirar familiares de empregados de Moçambique. Na ocasião, a Vale informou que monitorava a situação, mas que não havia nenhuma decisão sobre retirar empregados do país. 

Desoneração em folha para construção civil começa a valer



A desoneração de folha de pagamento destinada à construção civil, prevista na Lei 12.844/2012, entrou em vigor na última sexta-feira (1º/11). Com a lei, as empresas do ramo passam a recolher a contribuição patronal, que antes era de 20% sobre os salários, na forma de 2% sobre o faturamento bruto. Apesar de positiva, a medida é criticada por especialistas.

"Depois de tantas indas e vindas, entrou em vigor a desoneração para este segmento, com evidentes restrições, pois somente incidirá sobre obras novas, a partir de 1º de abril de 2013. Claro que é apenas da contribuição patronal, o que já gerará algum alívio, muito embora apenas temporário”, afirma Ana Paula Oriola de Raeffray, do escritório Raeffray Brugioni Advogados.

A desoneração é válida até 31 de dezembro de 2014 para as empresas de construção civil enquadradas nos grupos de construção de edifícios; instalações elétricas, hidráulicas e outras instalações; obras de acabamento; e outros serviços especializados para construção — grupos 412, 432, 433 e 439 da Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAES).

Apesar da redução em encargos à maioria das empresas do ramo, o texto pode gerar dúvidas que deverão ser adequadamente trabalhadas na regulamentação, afirma o advogado especialista em direito tributário, Piraci Oliveira, do Piraci Oliveira Sociedade de Advogados. “Ao eleger a CEI como marco à utilização do novo instituto, o legislador esqueceu-se que, muitas vezes, a responsabilidade pela inscrição não é das construtoras. Da forma como hoje está redigida, haverá obras fora da desoneração contratando ‘construtoras’ desoneradas, em nítido descompasso ao setor”, argumenta.

A advogada Ana Paula Oriola de Raeffray critica ainda as contribuições incidentes sobre a folha de salário. De acordo com ela, esta é uma forma de custeio superada, pois é fundada apenas na relação formal de trabalho. “Na Europa esta forma de tributação já sofria questionamento no final de década de 50. No Brasil ainda ela subsiste. É apenas mais uma figura que deveria ser extirpada do nosso sistema tributário caduco, como ocorre com o ICMS, com o IPI, etc".

Theodoro Vicente Agostinho, consultor do Simões Caseiro Advogados, afirma que a desoneração é um instrumento válido de economia financeiro para determinadas empresas, porém, num primeiro momento é temerário para a Seguridade Social, pois diminui drasticamente sua receita, mesmo a União garantido que suportará a diferença.

Ele afirma também que a desoneração na folha de pagamento não é vantajosa para todos, “uma vez que nem sempre o recolhimento sobre o faturamento será melhor, basta imaginarmos uma empresa, abarcada pela desoneração que fatura muito e tem um número pequeno de funcionários. Para essa empresa a Desoneração não é interessante, mas não existe a opção, ou seja, uma vez que o setor foi contemplado, é obrigatória a adesão”.