A falta de
transparência nas contas fiscais do governo brasileiro, a incerteza
gerada pela proximidade das eleições presidenciais e outros impasses do
setor corporativo são os principais motivos citados por executivos do
mercado financeiro para explicar a mudança no humor do investidor
estrangeiro com os ativos do país, hoje considerados menos atraentes que
há alguns meses.
Evidência desse receio é a curva de Credit Default Swap (CDS) - seguro contra um eventual calote soberano - do Brasil, que se descolou da dos vizinhos da América Latina. Ontem, o CDS brasileiro para um título de dez anos era cotado a 240,5 pontos-base, 81,7 pontos acima do México e 66,4 superior ao da Colômbia. No primeiro semestre do ano, a diferença entre o prêmio brasileiro e mexicano era bem menor, por volta de 25 pontos.
A preocupação com a falta de comprometimento do governo com as metas fiscais é um ponto citado de forma recorrente por economistas e gestores de recursos quando explicam o porquê da cautela com o país. Os chefes da área de investimentos em mercado de dívida de emergentes da gestora Babson Capital, Ricardo Adrogue e Brigitte Posch, engrossam esse coro. "O mercado está reagindo à falta de clareza no quadro fiscal. O governo poderia fazer muito melhor se tivesse mais transparência e metas críveis", diz Adrogue. A Babson Capital tem US$ 182 bilhões em ativos sob gestão.
Brigitte afirma que o debate acerca do momento em que o Federal Reserve, o banco central dos EUA, vai iniciar a desaceleração do seus estímulos prejudicou a atratividade dos ativos emergentes como um todo, mas especificamente no caso do Brasil, há fatores adicionais desincentivando as aplicações. Entre eles, diz ela, está a posição mais intervencionista do governo em determinados setores, as mudanças nas tarifas de energia e a renegociação dos contratos de concessão, e o aumento no número de calotes entre emissores brasileiros desde 2012, citando OGX, Lupatech, Banco Cruzeiro do Sul. "Todos esses pontos, combinados, deixaram os investidores mais cautelosos em relação a aumentar suas alocações no Brasil", afirma ela.
Apesar do menor apetite dos estrangeiros por investimentos em portfólio no Brasil, as empresas de fora não parecem ter cancelado seus planos de expandir os negócios no país. Executivos de bancos de investimentos responsáveis por áreas que auxiliam a expansão de multinacionais, entre outras transações financeiras, afirmam que as companhias em geral estão mais cautelosas com os mercados emergentes, mas que o Brasil continua a ser um dos destinos preferidos.
Fernando Iraola, responsável pela área de produtos corporativos do Citi na América Latina, confirma que o Brasil continua a ser um mercado chave. "Não há incerteza quanto ao fato de que o mercado brasileiro continuará a crescer, a questão é o passo desse crescimento", diz. "Qualquer companhia que tiver uma aspiração global não pode se permitir não expandir para o Brasil", completa. O responsável pela mesma área do Citi no Brasil, Adoniro Cestari, pondera que algumas companhias estão repensando seus investimentos até que haja mais clareza sobre o cenário econômico, mas diz que ainda há muito interesse. "O mercado brasileiro é gigante, o montante de investimentos que precisam ser feitos aqui é enorme", afirma.
Os executivos da área de "Global Transaction Banking" (GTB) do Deutsche Bank também mantêm a percepção que investir no Brasil continua a ser de interesse das companhias estrangeiras. "Ainda há muitas oportunidades. Há, claramente, investimentos significativos a serem feitos em infraestrutura e há investidores domésticos e estrangeiros interessados nesses projetos", afirma Susan Skerrit, responsável pela área nas Américas.
Segundo Robério Costa, economista-chefe do Rabobank Brasil, o descolamento do CDS brasileiro evidencia que a maior cautela com o país não é explicada apenas pelo receio dos investidores com os mercados emergentes. "Se fosse um movimento global, o mesmo teria ocorrido com México, Colômbia e outros semelhantes. O Brasil está pagando um prêmio superior ao dos outros países porque tem riscos diferenciados", afirma. Entre os principais fatores que mantêm os fluxos mais contidos, diz, estão a deterioração das contas fiscais, a menor credibilidade do BC na percepção do mercado e a proximidade das eleições, que naturalmente geram incerteza.
Com o menor apetite por Brasil, os fluxos para a América Latina foram redirecionados. "O México foi o que absorveu a maior parte, mas os outros países, como Colômbia e Chile, também se aproveitaram a redução de atratividade do Brasil", diz.
Evidência desse receio é a curva de Credit Default Swap (CDS) - seguro contra um eventual calote soberano - do Brasil, que se descolou da dos vizinhos da América Latina. Ontem, o CDS brasileiro para um título de dez anos era cotado a 240,5 pontos-base, 81,7 pontos acima do México e 66,4 superior ao da Colômbia. No primeiro semestre do ano, a diferença entre o prêmio brasileiro e mexicano era bem menor, por volta de 25 pontos.
A preocupação com a falta de comprometimento do governo com as metas fiscais é um ponto citado de forma recorrente por economistas e gestores de recursos quando explicam o porquê da cautela com o país. Os chefes da área de investimentos em mercado de dívida de emergentes da gestora Babson Capital, Ricardo Adrogue e Brigitte Posch, engrossam esse coro. "O mercado está reagindo à falta de clareza no quadro fiscal. O governo poderia fazer muito melhor se tivesse mais transparência e metas críveis", diz Adrogue. A Babson Capital tem US$ 182 bilhões em ativos sob gestão.
Brigitte afirma que o debate acerca do momento em que o Federal Reserve, o banco central dos EUA, vai iniciar a desaceleração do seus estímulos prejudicou a atratividade dos ativos emergentes como um todo, mas especificamente no caso do Brasil, há fatores adicionais desincentivando as aplicações. Entre eles, diz ela, está a posição mais intervencionista do governo em determinados setores, as mudanças nas tarifas de energia e a renegociação dos contratos de concessão, e o aumento no número de calotes entre emissores brasileiros desde 2012, citando OGX, Lupatech, Banco Cruzeiro do Sul. "Todos esses pontos, combinados, deixaram os investidores mais cautelosos em relação a aumentar suas alocações no Brasil", afirma ela.
Apesar do menor apetite dos estrangeiros por investimentos em portfólio no Brasil, as empresas de fora não parecem ter cancelado seus planos de expandir os negócios no país. Executivos de bancos de investimentos responsáveis por áreas que auxiliam a expansão de multinacionais, entre outras transações financeiras, afirmam que as companhias em geral estão mais cautelosas com os mercados emergentes, mas que o Brasil continua a ser um dos destinos preferidos.
Fernando Iraola, responsável pela área de produtos corporativos do Citi na América Latina, confirma que o Brasil continua a ser um mercado chave. "Não há incerteza quanto ao fato de que o mercado brasileiro continuará a crescer, a questão é o passo desse crescimento", diz. "Qualquer companhia que tiver uma aspiração global não pode se permitir não expandir para o Brasil", completa. O responsável pela mesma área do Citi no Brasil, Adoniro Cestari, pondera que algumas companhias estão repensando seus investimentos até que haja mais clareza sobre o cenário econômico, mas diz que ainda há muito interesse. "O mercado brasileiro é gigante, o montante de investimentos que precisam ser feitos aqui é enorme", afirma.
Os executivos da área de "Global Transaction Banking" (GTB) do Deutsche Bank também mantêm a percepção que investir no Brasil continua a ser de interesse das companhias estrangeiras. "Ainda há muitas oportunidades. Há, claramente, investimentos significativos a serem feitos em infraestrutura e há investidores domésticos e estrangeiros interessados nesses projetos", afirma Susan Skerrit, responsável pela área nas Américas.
Segundo Robério Costa, economista-chefe do Rabobank Brasil, o descolamento do CDS brasileiro evidencia que a maior cautela com o país não é explicada apenas pelo receio dos investidores com os mercados emergentes. "Se fosse um movimento global, o mesmo teria ocorrido com México, Colômbia e outros semelhantes. O Brasil está pagando um prêmio superior ao dos outros países porque tem riscos diferenciados", afirma. Entre os principais fatores que mantêm os fluxos mais contidos, diz, estão a deterioração das contas fiscais, a menor credibilidade do BC na percepção do mercado e a proximidade das eleições, que naturalmente geram incerteza.
Com o menor apetite por Brasil, os fluxos para a América Latina foram redirecionados. "O México foi o que absorveu a maior parte, mas os outros países, como Colômbia e Chile, também se aproveitaram a redução de atratividade do Brasil", diz.
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