Para Rémy Cointreau, queda de vendas na China não cheira bem

A conta é simples: se o chinês não bebe, o francês não fatura - e é exatamente isso que está acontecendo

 

Saulo Pereira Guimarães, de

 

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Há algo de podre na Rémy Cointreau: novas regras da cúpula chinesa minguaram negócios

São Paulo - A Rémy Cointreau, fabricante francesa de conhaques, licores e aguardentes, viu seu lucro líquido cair 20% entre março e setembro desse ano na comparação com 2012 - fechando o período em cerca de 70 milhões de euros. Entre outros motivos, está a China e a decisão do governo do país de maneirar nos gastos com bebidas alcóolicas no fim de ano.

"O Ano Novo Chinês, que cai em 31 de janeiro de 2014, geralmente traria um vendaval de vendas, com líderes do Partido Comunista oferecendo banquetes regados a conhaque e trocando garrafas que custam 200 dólares ou mais", afirmou a Bloomberg Businessweek. Entretanto, parece que a banda não vai tocar assim em 2013.

Medidas anti-extravagância baixadas pelo presidente Xi Jinping ameaçam as contas da Rémy, companhia na qual mais de 50% da receita é proveniente da venda do conhaque Rémy Martin.

"Os últimos seis meses na China foram duros e as coisas não devem melhorar muito no futuro próximo", afirmou Fréderic Pflanz, chefe executivo da empresa, em entrevista ao jornal inglês Financial Times.

Ressaca financeira

Em balanço divulgado nessa semana, a Rémy Cointreau revela o tamanho da sua ressaca financeira. Entre março e setembro, o faturamento da empresa alcançou 558 milhões de euros - registrando queda de 3,6% em relação ao mesmo período de 2012.

A venda de aguardentes e licores aumentou 10,2% e rendeu à companhia por 120 milhões de euros. Já a comercialização do conhaque Rémy Martin caiu 10,4%. A empresa atribui o tombo à "temporária desaceleração nas vendas na China".

"O grupo está confiante na capacidade do seu modelo de agregação de valor de levar a empresa de volta a um crescimento constante", afirmou a Rémy Cointreau em comunicado.

De acordo com a Businessweek, a China foi até 2012 o país que mais gastou com a importação de conhaque no mundo. Com o novo cenário, já não se sabe se a potência manterá a posição. Em meio à onda de pessimismo, as ações da Rémy Cointreau caíram ontem.