Rafael Motta
Do UOL, em Santos (SP)
Do UOL, em Santos (SP)
O tronco da bananeira, que normalmente é descartado após a colheita das
frutas, começa a ser transformado em papéis de parede, revestimento
para móveis e capas de cadernos.
Uma empresa instalada recentemente em Itariri (SP), no Vale do Ribeira
está ajudando os produtores de banana locais a se desfazer do material, e
de maneira rentável.
A fibra da planta vem sendo processada e transformada em novos produtos
pela Tamoios Tecnologia, com sede em São Paulo e que, em outubro,
inaugurou uma unidade industrial em Itariri (SP).
O município é um dos maiores produtores de banana da região, com 72,7
mil toneladas colhidas no ano passado --a porção paulista do Vale do
Ribeira produziu 811 mil toneladas no ano passado.
Alguns produtos feitos da fibra do tronco da bananeira --chamado de
pseudocaule-- são capas para cadernos, blocos de anotações, cadernetas
com elástico e papéis de parede (que podem inclusive ser tingidos).
Cada tronco de bananeira rende de cinco a sete capas para cadernos
Segundo Eliane Seiko Maffi Yamada, sócia-proprietária da Tamoios, um
tronco serve para a produção de cinco a sete capas para cadernos.
"Estamos comprando 90 pseudocaules por semana. Nossa ideia é expandir [a
aquisição] para algo entre 200 e 300 semanalmente em 2014".
Os pseudocaules são comprados por metro cúbico. Cada metro cúbico
equivale a aproximadamente 15 troncos (cada um com 1,5 metro de altura,
em média) e é adquirido por R$ 35.
"Ainda estamos na fase de testes dos materiais para construção civil,
como isolantes termoacústicos, e para decoração", afirma a empresária.
"Os produtos são feitos a partir do material que desenvolvemos, um
revestimento sustentável com múltiplas possibilidades de uso, como papel
de parede, revestimento de móveis, design de objetos, etc. Arquitetos e
decoradores ainda estão fazendo ajustes finais", afirma a empresária.
Tronco da planta é descartado após colheita das bananas
Normalmente, após a colheita das bananas, o tronco da planta é cortado e
descartado pela maioria dos produtores. Apenas uma pequena parte tem
máquinas para picar o tronco (duro demais para que isso seja feito
manualmente) e transformá-lo em adubo.
Se a árvore em que já foi feita a colheita não for retirada do solo,
pode atrair um tipo de besouro (broca) que põe ovos na planta.
As larvas do besouro se alimentam de tecidos do pseudocaule, e podem fazer tombar a bananeira. Sem controle, a plantação pode ser infestada.
As larvas do besouro se alimentam de tecidos do pseudocaule, e podem fazer tombar a bananeira. Sem controle, a plantação pode ser infestada.
ideia de aproveitamento da fibra veio de uma artesã local
Eliane Yamada afirma que a ideia de aproveitar a fibra surgiu em 2008,
quando um dos sócios da empresa conheceu uma artesã de Itariri que
fabricava capas de almofadas, caixas e cestos à base de troncos de
bananeira.
Com ajuda de professores da Esalq/USP (Escola Superior de Agricultura
Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo, em Piracicaba), a
tecnologia usada pela empresa para o processamento da fibra foi
desenvolvida e aguarda pela concessão de patente.
O objetivo da Tamoios é conseguir da IMO-Control (Instituto de Mercado
Ecológico, com matriz na Suíça) uma certificação de Comércio Justo. De
acordo com Eliane Yamada, o documento comprovará o caráter sustentável
da fabricação e das mercadorias produzidas com a fibra da bananeira.
De artesã a gerente de produção
A artesã que deu origem ao investimento da Tamoios em pesquisas com a
fibra da bananeira é Genilda Bezerra de Morais. Ela começou a trabalhar
com o produto há 18 anos, ao se interessar por um curso de geração de
renda para mulheres então oferecido pela prefeitura de Itariri.
Genilda aprimorou sua técnica e seus conhecimentos com professores da
Esalq e transmitiu o que aprendeu a outras comunidades do Vale do
Ribeira. Contratada pela Tamoios, tornou-se gerente de produção e
pesquisadora da unidade industrial recém-inaugurada pela empresa na
cidade.
"Mesmo eu tendo uma empresa pequena [com participação de outros
artesãos locais], não era uma produção consistente. Alguns de nós
comprávamos troncos dos sitiantes locais. Mas agora, com a empresa
[Tamoios], se deu uma organizada no processo", comenta.
Ampliar
Em
parceria com produtores, a Embrapa já colhe as primeiras safras
experimentais de maçã em cinco hectares no Nordeste. A fruta, que
precisa de clima frio, é tradicionalmente produzida no Sul do país.
Clique nas fotos acima para conhecer o trabalho dos pesquisadores para
adaptar a maçã ao calor Leia mais Divulgação/Agropecuária Sem Fronteiras
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