Destino do acordo que simplifica procedimentos alfandegários e acelera o comércio global parece agora depender de um acordo direto entre ministros
Logo da OMC na sede da organização: Câmara Internacional de Comércio
diz que o acordo agregaria 960 bilhões de dólares à economia mundial e
criaria 21 milhões de empregos
Genebra - As exaustivas negociações da Organização Mundial do Comércio (OMC)
a respeito do primeiro acordo global de livre comércio foram
abandonadas na madrugada desta segunda-feira, sem um acordo sobre o
texto a ser apresentado no mês que vem numa reunião ministerial em Bali.
O destino do acordo que simplifica procedimentos alfandegários e acelera o comércio
global parece agora depender de um acordo direto entre os ministros que
irão se reunir na conferência bienal da OMC, a ser realizada na ilha
indonésia.
A Câmara Internacional de Comércio diz que o acordo agregaria 960
bilhões de dólares à economia mundial e criaria 21 milhões de empregos,
sendo 18 milhões em nações em desenvolvimento. O pacto também reavivaria
a confiança na OMC como um fórum para negociações comerciais.
O acordo proposto inclui elementos da Rodada Doha de negociações
comerciais, que foi iniciada em 2001, mas fracassou repetidamente na
busca por um acordo na década subsequente.
O diretor-geral da OMC, o brasileiro Roberto Azevêdo, forçou os
diplomatas dos 159 países membros a passarem por árduas dez semanas de
negociações, na esperança de definirem o texto a ser aprovado pelos
ministros.
Na sexta-feira, Azevêdo disse ter esperança de concluir um acordo no
fim de semana. Mas a sessão final de negociação em Genebra terminou às
7h (4h em Brasília) sem acordo.
Taco Stoppels, conselheiro da missão holandesa junto à OMC, disse pelo
Twitter que Azevêdo "encerrou a reunião simplesmente agradecendo a
todos. O texto não está pronto".
Pessoas envolvidas nas negociações disseram que os participantes
chegaram perto de um acordo, mas que o progresso em alguns momentos foi
glacial. "Passamos nove horas em um parágrafo hoje de manhã. Mais uma
vez, uma experiência de quase morte", disse um participante na noite de
domingo.
Questões não resolvidas incluem um plano indiano para estoque de safras
que estaria isento das regras da OMC sobre subsídios, e uma contestação
ao embargo econômico dos EUA a Cuba. A Turquia também tem preocupações
sobre as novas regras a respeito de trânsito de mercadorias, e a América
Central resiste à eliminação dos despachantes aduaneiros.
Azevêdo falará aos embaixadores da OMC durante uma reunião do Conselho
Geral do organismo na terça-feira, quando o trabalho será formalmente
apresentado à conferência ministerial.
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