Atuação:
Consultoria multidisciplinar, onde desenvolvemos trabalhos nas seguintes áreas: fusão e aquisição e internacionalização de empresas, tributária, linhas de crédito nacionais e internacionais, inclusive para as áreas culturais e políticas públicas.
Repórteres em homenagem ao cinegrafista Santiago Andrade: em dois anos,
o Brasil despencou 12 postos na classificação, ocupando o 111º lugar
Paris - O grau de liberdade de imprensa piorou no Brasil em 2013, e o país é o pior das Américas em número de jornalistas mortos.
A advertência foi feita nesta quarta-feira, 12, em Paris, pela
organização não-governamental Repórteres Sem Fronteira (RSF), que não
poupou críticas a Brasil e Estados Unidos. Em dois anos, o país
despencou 12 postos na classificação, ocupando o 111º lugar, por culpa
dos riscos das coberturas de crime organizado e corrupção.
O Brasil, que no ano passado aparecia em 108º lugar, perdeu três
posições. Para efeitos de comparação, a Argentina aparece em 55º lugar. À
frente do País aparecem ainda a República Centro-Africana, nação em
guerra e sob intervenção internacional, em 109º lugar, e Uganda, em
110º.
"Ricos por sua diversidade, Estados Unidos e Brasil deveriam enaltecer a
liberdade de informação como norma jurídica e como valor. A realidade
está infelizmente longe de corresponder a essa ambição", diz a RSF.
Segundo o levantamento, as mortos de profissionais pesaram em 2013.
"Com cinco jornalistas mortos ao longo do ano, o Brasil aparece no
sinistro ranking como o país mais mortífero do continente para a
profissão, um lugar ocupado até então por um México bem mais sangrento."
Só durante os choques acontecidos durante as manifestações de junho, 114 "atores de mídia"
- jornalistas e outros profissionais de imprensa, além de
jornalistas-cidadãos - ficaram feridos, alerta a organização. "A
repressão policial muito forte que o Brasil sofreu em 2013 também se
abateu sobre os atores de informação", completa o texto.
Para Camille Soulier, responsável do Escritório Américas da RSF, as
manifestações no Brasil - que a organização chama de "Primavera
brasileira" - "foram graves para a liberdade de imprensa.
"A polícia é responsável por mais de dois terços das agressões", disse
Camille ao Estado, advertindo para a alta "polarização" política no
país, que segundo a organização favorece a violência contra jornalistas.
"E, a julgar pela morte recente de um cinegrafista (Santiago Andrade,
da Band), o ano não começa bem."
Crime organizado e corrupção
Além dos protestos, a RSF destaca o crime organizado e as ameaças e
agressões que jornalistas do interior do país sofrem por investigarem ou
denunciarem a corrupção, o tráfico de drogas e o de matérias-primas.
A ONG , que critica ainda a concentração dos veículos de imprensa nas
mãos de "dez grupos familiares que compartilham o espaço de difusão" e
menciona as pressões jurídicas que pairam sobre o jornalismo no Brasil.
"As injunções de censura contra os veículos de mídia e contra
jornalistas engarrafam os tribunais, atendendo a pedidos de políticos
servidos por uma justiça complacente", diz o relatório.
No mundo, Síria é ocaso mais alarmante. O relatório anual da RSF foi
divulgado nesta quarta-feira e chama a atenção para o aumento dos casos
de censura, cibervigilância e repressão contra os "lançadores de alerta"
- como o ex-agente americano Edward Snoden. De acordo com a
organização, a Síria foi o País mais mortal para jornalistas no mundo no
ano passado, mas os três piores do mundo para a prática da profissão
continuam os mesmos: Turcomenistão, Coreia do Norte e Eritreia, onde não
há imprensa livre e independente.
Kindle Paperwhite: Amazon anunciou na semana passada que passaria às vendas físicas do tablet de leitura no Brasil
São Paulo – Quais são os planos futuros da Amazon no Brasil? Dias após o anúncio de que a maior empresa de varejo online do mundo iniciaria suas vendas físicas de Kindle no país, essa é uma das perguntas que mais intriga o mundo dos negócios no país.
Ao que parece, a resposta é guardada a sete chaves pela empresa. Mas,
em entrevista exclusiva a EXAME.com, Alexandre Szapiro, presidente
executivo da companhia no Brasil, dá algumas pistas sobre o que podemos
esperar da Amazon no país, seus diferenciais em relação à concorrência e
como eles encaram o consumidor brasileiro.
EXAME.com - O que podemos esperar do início da venda de Kindles
para o Brasil? Há alguma projeção de vendas ou de crescimento no país
por conta do lançamento? Alexandre Szapiro - Estou muito feliz com o desempenho
da Loja Kindle de eBooks no Brasil, mas não comentamos planos futuros e
nem podemos falar de projeção de vendas.
EXAME.com – Como a Amazon vê o consumidor brasileiro? Alexandre Szapiro – Algumas pessoas dizem que
brasileiros não gostam de ler. Eu enxergo o assunto de uma outra
maneira. Acredito que o brasileiro é apaixonado por leitura, mas o
acesso a livros não é fácil. Há muitos municípios no Brasil que não têm
nenhuma livraria local e, além disso, o preço dos livros muitas vezes é
um impeditivo.
Acredito que o que fizemos em pouco mais de um ano de operação no
Brasil com vendas de livros online tem trazido resultados: lançamos
promoções variadas de eBooks e nos dedicamos a trazer para os clientes
Amazon mais e melhores livros em formato digital.
EXAME.com – O que a Amazon trará de diferencial para o mercado brasileiro? Alexandre Szapiro – Nossa expectativa é a de melhorar a
experiência do cliente ao oferecer, por exemplo, um atendimento que
liga para eles na hora em que precisam de ajuda, em vez de colocá-los em
uma interminável espera.
Além disso, quando um usuário Amazon.com.br comprar um Kindle pelo
site, o e-reader virá pré-registrado. Quando ele retirar o produto da
caixa e conectar-se à internet, os livros da biblioteca do cliente serão
baixados e ele pode começar a ler imediatamente.
EXAME.com – Com a venda física, a Amazon entra mais diretamente
no mercado das grandes distribuidoras de livros como a Saraiva. Qual a
estratégia para lidar com essa concorrência? Alexandre Szapiro – Nosso objetivo é dar aos clientes
mais opções de compra. Estamos oferecendo aos nossos clientes mais
canais de distribuição onde eles possam encontrar o Kindle. Vale
ressaltar que o que estamos anunciando é a venda da nossa linha de
leitores digitais Kindle, que já estavam à disposição de clientes em
lojas da Livraria da Vila, Casa & Vídeo (Rio de Janeiro), CTIS
(Brasilia), Pontofrio.com, Extra.com, entre outras.
EXAME.com – Nos Estados Unidos, a Amazon possui sua própria
estrutura logística, mas aqui optou por terceirizar a operação. Por que? Alexandre Szapiro – Temos parceria com empresas com
conhecimento dos desafios brasileiros e estamos unindo isso ao que
conhecemos de quase 20 anos da Amazon operando varejo nos Estados Unidos
e em outros países.
EXAME.com – O início dessas operações pode abrir as portas para
o oferecimento de produtos variados, como ocorre nos Estados Unidos? Alexandre Szapiro – Não comentamos planos futuros. O
que podemos dizer hoje é que anunciamos nesta última semana o início da
venda de Kindles pelo site Amazon.com.br. Ainda é muito cedo para
comentar sobre a venda de produtos físicos pelo site.
“Nenhum país sério cobra imposto para
medicamento”, diz presidente executivo da Associação Brasileira de Redes
de Farmácias e Drogarias, Sérgio Barreto
Remédios: segundo Barreto, dos quase 34% de tributação, cerca de metade são cobrados pelo governo federal
Representantes da indústria farmacêutica entregaram na tarde de hoje
(12) ao presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves, e ao
presidente do Senado, Renan Calheiros, um abaixo assinado com mais de
2,6 milhões de assinaturas pedindo a redução de impostos para remédios.
Para o presidente executivo da Associação Brasileira de Redes de Farmácias
e Drogarias (Abrafarma), Sérgio Mena Barreto, medicamentos devem ser
tratados como mercadorias essenciais, e portanto, devem ser livres de
impostos. “Nenhum país sério cobra imposto para medicamento”, diz.
Segundo o deputado Walter Ihoshi (PSD-SP), que coordena a Frente
Parlamentar para a Desoneração de Medicamentos, enquanto a tributação de
remédios no Brasil alcança o patamar de 34%, em outros paises esse
número não passa de 6%. De acordo com o deputado, a frente busca uma
legislação que possa colocar os medicamentos no patamar da cesta básica,
que está zerada de impostos federais (PIS/Cofins).
Segundo Barreto, há cerca de 20 projetos de lei tramitando no Congresso
que tratam desse assunto e que podem ser tratados com celeridade. Ele
também ressaltou à Agência Brasil que o governo controla o preço dos
medicamentos e seria o responsável por garantir que a isenção de
impostos fosse repassada ao consumidor.
A campanha, encabeçada pela Abrafarma e pela Associação da Indústria
Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), também vai levar as assinaturas
ao Ministério da Saúde e aos governos estaduais. Segundo Barreto, dos
quase 34% de tributação, cerca de metade são cobrados pelo governo
federal.
Segundo os organizadores do movimento, a redução dos impostos vai
permitir que 50 milhões de brasileiros que não têm acesso a medicamentos
possam comprar esse produto.
Henrique Eduardo Alves defende que essa não é uma pauta da frente
parlamentar, e sim da Câmara. Ele pretende criar uma comissão especial
para tratar do assunto. Calheiros também se mostrou favorável à causa e
disse que terá a desoneração dos medicamentos como assunto prioritário
do Senado em 2014.
Logo do Google: o maior foco da atuação do Fisco está na forma de recebimento de publicidade dessas empresas
Brasília - As estrangeiras de tecnologia que atuam na internet, como Google, Facebook e Apple, estão no radar da Receita Federal.
Segundo informou uma fonte do governo ao Broadcast, serviço de
informações da Agência Estado, o Fisco brasileiro estuda mudanças na
tributação dessas empresas para fechar brechas na legislação brasileira
que estariam levando à evasão fiscal e prejudicando a concorrência com
as empresas brasileiras.
A avaliação da área técnica é de que existe uma "zona cinzenta" na
legislação que precisa ser resolvida. "Esse mercado precisa ser melhor
regulado", disse a fonte. Por isso, a ofensiva fiscal do governo.
O maior foco da atuação do Fisco está na forma de recebimento de
publicidade dessas empresas. Elas são pagas pelos serviços prestados com
cartões internacionais, que não têm visibilidade na documentação de
suas filiais brasileiras. Dessa forma, recebem o pagamento em outros
países.
O entendimento é de que a receita fica em outros países e esses lucros
não obedecem às regras da concorrência a que todos as empresas se
submetem.
Como informou na segunda-feira o Broadcast, a ofensiva fiscal contra
essas empresas foi aberta pelo ministro das Comunicações, Paulo
Bernardo.
Com base em levantamentos da área econômica do governo, Paulo Bernardo
anunciou a disposição do governo de investigar a atuação dessas
empresas. Só o Google recebeu mais de R$ 3 bilhões em publicidade no
Brasil em 2013.
Entre os problemas, um dos mais preocupantes é uma rachadura na passarela, utilizada apenas há duas semanas
NAYARA ARAÚJO
Pela
terceira vez em menos de seis meses o viaduto da UFMT (Jornalista
Clóvis Roberto) é alvo de polêmica e irregularidade em sua construção. O elevado foi inaugurado há duas semanas pelo governador Silval Barbosa (PMDB).
Após erro que culminou na demolição de vigas e problemas de drenagem na saída do viaduto em direção ao centro,
agora, a obra tem preocupado a população em função de rachaduras,
fissuras e falhas nas chamadas juntas estruturais, também conhecidas
como juntas de dilatação.
Rodrigo Vargas
Obra tem isopor na junta de dilatação ao longo da estrutura de concreto
Neste caso, o consórcio assegurou que o material (isopor) foi
retirado por terceiros. “E já programou o reparo, providenciando o
acabamento necessário. O evento não traz nenhum prejuízo à estrutura,
que está sendo usada pela população desde o dia 11 de dezembro". As
falhas já podem ser vistas a olho nu por qualquer um que passe pelo
local. A existência de “vácuos” na ligação entre uma estrutura (junta
de dilatação) e outra causa a impressão de que o elevado não oferece
segurança à população. Entre os problemas um dos mais
preocupantes é uma rachadura na passarela, utilizada apenas há duas
semanas. Em decorrência dos defeitos, a insegurança der passar pela obra
recém-inaugurada tem sido tema de diversos compartilhamentos via rede
social. O Consórcio VLT Cuiabá/Várzea-Grande, responsável pela
execução da obra e de outras para implantação do Veículo Leve sobre
Trilhos (VLT), admitiu a falha e garantiu que já está trabalhando no
conserto.
Segundo o pronunciamento, feito por meio de nota, o uso
de isopor nas juntas de dilatação dos guarda-corpos e guarda-rodas e na
laje do pavimento é necessário para "conter" o concreto, no caso da
expansão, evitando fissuras.
Ainda conforme o Consórcio VLT, a
estrutura de isopor serve para suportar efeitos da variação do clima.
Eles garantem que em alta temperatura o concreto expande e na baixa
temperatura retrai. “As obras envolvendo concreto estão sujeitas
a vibrações, movimentações e dilatações, causadas pelo trânsito de
veículos, condições de uso e mudança de temperatura”, alegaram.
OUTROS PROBLEMAS
Mayke Toscano/Secom-MT
Obra do viaduto teve problemas estruturais levantados pela população e Imprensa
O viaduto, que custou R$ 23 milhões, estava previsto para ser entregue
em agosto. Contudo, mesmo que o secretário da Secopa, Maurício
Guimarães, não admitisse o atraso, em junho foi constatada a ocorrência
de falhas na obra. O erro estava no acabamento de um dos pilares
instalados para o assentamento das vigas pré-moldadas que suportam a
pista. Os pilares estavam localizadas no eixo 4. Na ocasião,
especulava-se que a falha era relativa a um erro de cálculo estrutural
do viaduto, informação que foi negada pelo Secretário da Copa. Para
corrigir o problema, foi necessária a demolição das vigas transversinas
para remoção das vigas pré-moldadas e das transversas. O erro e a demolição fez com que a entrega do elevado atrasasse, uma vez que houve paralisação de 40 dias nos trabalhos. Dias
após a inauguração bastou uma chuva para o viaduto se transformar em um
verdadeiro caos. A entrega parcial da obra – que só será concluída
totalmente daqui dois meses com a rotatória do córrego do barbado - e a
ausência de drenagem culminaram em um verdadeiro “rio” no entorno da
construção. O consórvio VLT não listou prazo para solucionar os problemas.
Veja nota na íntegra do Consórcio VLT:
“O
Consórcio VLT Cuiabá-Várzea Grande informa que as obras envolvendo
concreto estão sujeitas a vibrações, movimentações e dilatações,
causadas pelo trânsito de veículos, condições de uso e mudança de
temperatura. Para melhor preparar essas estruturas, oferecer
maior durabilidade e evitar possíveis e futuros danos em decorrência do
uso ou da variação climática, são executadas juntas estruturais, também
chamadas de juntas de dilatação. No caso da variação do clima, por
exemplo, em alta temperatura o concreto expande e na baixa temperatura
retrai. Essas juntas servem para “conter” o concreto, no caso da
expansão, evitando fissuras. Para suportar esses efeitos, o
Consórcio VLT usou isopor nas juntas de dilatação dos guarda-corpos e
guarda-rodas e na laje do pavimento utilizou junta “Jeene”,
procedimentos comuns nas obras da construção civil. No caso do viaduto
da UFMT, o Consórcio VLT informa que o material (isopor) foi retirado
por terceiros, e já programou o reparo, providenciando o acabamento
necessário. Na fissura ocorrida na passarela também será feito o
reparo. O Consórcio VLT frisa que o evento não traz nenhum prejuízo à
estrutura, que está sendo usada pela população desde o dia 11 de
dezembro."
O servilismo rafeiro de alguns
institutos de pesquisa e setores dos autoproclamados formadores de
opinião asseguram que Dilma Rousseff será reeleita. Os marqueteiros
estipendiados, pelos milhões de reais, não ficam atrás. O
marqueteiro-mor João Santana já definiu os dois candidatos
oposicionistas como integrantes de um picadeiro de anões. Traduzindo em
linguagem direta: Aécio Neves e Eduardo Campos seriam figuras
liliputianas na vida política brasileira. Na área oficial, enquanto o
secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho adverte que o “bicho
vai pegar”, a candidata Rousseff em 4/3/2013, confessava: “Nós podemos
fazer o diabo quando é a hora da eleição.”
Ante
essa realidade, recorreremos à “restrição mental” de Santo Agostinho:
“Consiste em dizer o que é falso com a intenção de enganar. É a ofensa
mais direta à verdade.” Outro gigante do pensamento cristão Santo Tomaz
de Aquino, complementa: “A mentira é a palavra ou sinal por que se dá a
entender alguma coisa diferente daquilo que se pensa e com a intenção de
enganar.” As eleições gerais desse ano vão comprovar que a
mistificação, arrogância e incompetência na administração dos negócios
públicos brasileiros podem ter os dias contados.
O
atual governo brasileiro atingiu o limite máximo da irresponsabilidade,
onde o desprezo pela opinião pública e a falta de compromisso com idéias
inovadoras é marca registrada. A administração pública, em todos os
níveis, caminha para uma situação de quase pré-falência. Busca apenas o
poder e a sua manutenção seria a consagração de um governo sem rumo e
comprometido com a mediocridade refugadora de desafios. Vamos lá:
rompimento dos princípios da ética e da moralidade; insegurança
jurídica; declínio das atividades industriais; exportação de empregos
para China e Índia; criação de ministérios de utilidade duvidosa em
número recorde na história brasileira; endividamento público recorde;
inflação ascendente e alta de preços com regularidade empobrecendo a
classe média; falência do ensino e da assistência pública à saúde são
fatos normais e ignorados pelos detentores do poder.
A
oposição brasileira, na expressão das candidaturas postas, não pode
tergiversar no enfrentamento desse descalabro de incompetência reinante.
Precisa falar com incisividade em sintonia com o clamor popular que
hoje vive situação de orfandade. Os idos de junho de 2013 comprovaram
essa verdade. Demonstrar que falta ao Brasil um projeto de país que
redefina o futuro que urgencia ser planejado com competência.
Remodelando a estrutura e a infraestrutura do Estado. Nos últimos anos
nenhuma obra de grande importância na infraestrutura foi concluída.
Os
portos e rodovias estão, em sua maioria, em situação de calamidade. Os
hospitais e escolas públicas vivem penoso ciclo de desintegração. Na
agricultura obtemos a cada ano safras recordes, mas os caminhoneiros que
transportam essa riqueza para os portos esperam dias para descarregar.
Agravado com a falta de estrutura de armazenamento.
E
mais: das obras festejadas pelo marketing, a transposição do rio São
Francisco é um engodo, afetando a vida de milhões de nordestinos. A
ferrovia Norte Sul, se aproximando dos 30 anos, está longe de ser
realidade. Tudo isso comprova que os brasileiros, em termos de gestão
pública, convivem com um ciclo de “incompetência vitoriosa”, pela
manipulação da verdade, propaganda massacrante e marqueteiros sendo os
grandes agentes do “planejamento nacional.”
Por
tudo isso e muito mais, dificilmente Dilma Rousseff será reeleita. Nas
três últimas eleições presidenciais, a oposição no segundo turno, teve a
variável de 40 a 45% dos votos. A região nordestina marchava quase
unida com a candidatura do PT. Pernambuco, Bahia, Ceará, Maranhão,
garantiam votação entre 70 a 80%. Agora o quadro mudou. Em Pernambuco, a
candidatura de Eduardo Campos quebrou essa unanimidade. E até o Rio de
Janeiro, onde em 2002, 2006 e 2010, o voto em mais de dois terços era
dos candidatos petistas (Lula e Dilma), a situação está mudando. Em
outros Estados o cenário que vem se desenvolvendo na chamada base aliada
com rupturas, destacadamente no PMDB, não oferece situação de
tranquilidade para o governo. O instinto de sobrevivência das elites
políticas e empresariais brasileiras é como girassol, vivem cultivando o
sol. E o que nasce é mais poderoso do que aquele que se recolhe no fim
do dia.
Hélio Duque é doutor em Ciências, área
econômica, pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). Foi Deputado
Federal (1978-1991). É autor de vários livros sobre a economia
brasileira e suplente do Senador Alvaro Dias
O ex-diretor da Agência Nacional de Energia
Elétrica diz que o governo contrariou as leis de mercado – e que
corremos até risco de apagão durante a Copa
A quarentena faz bem ao professor Edvaldo Alves de Santana. Livre de
amarras após deixar seu posto de diretor na Agência Nacional de Energia
Elétrica (Aneel) e “sem cerimônia para dar notícia ruim”, Edvaldo pode
falar o que pensa sobre o setor elétrico – após 39 anos de trabalho (13
na agência, oito deles como diretor). Ao deixar a Aneel no final do ano
passado, Edvaldo fez várias críticas em uma mensagem. Ele afirma que o
governo – com a ajuda da Aneel – errou na medida provisória que reduziu as contas de luz e gerou uma conta de R$ 22 bilhões a pagar pelo contribuinte brasileiro.
ÉPOCA – Por que temos tantos apagões?
Edvaldo Santana – A explicação não é tão direta. As empresas
reclamam muito que, nos últimos dez anos, o foco tem sido a redução da
tarifa. Então a Aneel aperta muito nos custos. Pode ser que essa redução
de receita tenha sido excessiva, a ponto de as empresas instalarem
equipamentos que não seriam os mais adequados.
ÉPOCA – Ao sair da Aneel, no final do ano, o senhor enviou uma
mensagem dizendo que o governo errou na medida provisória que reduziu o
valor da conta de luz. Por quê?
Edvaldo – Tudo isso tem de ser feito conforme regra de
mercado, para não tirar os incentivos (às empresas). A conta foi errada.
Pagaram-se R$ 12 bilhões em indenizações às usinas. Elas reclamam mais
R$ 10 bilhões. Quem ajudou o governo, a própria Aneel, infelizmente se
envolveu com isso, fez a conta errada. Não conhecia todo o sistema a
ponto de orientar a conta da maneira mais correta.
ÉPOCA – O senhor disse que, nesse caso, a Aneel se envolveu em
um “vale-tudo, a ponto de esconder notas técnicas”. Que notas eram
essas?
Edvaldo – Dois diretores da Aneel participaram (das negociações no governo), mas não como Aneel. Eles iam lá individualmente. O Nélson Hubner (então diretor-geral da Aneel) e
o próprio Romeu Rufino, o diretor-geral atual. Eu também, se fosse
chamado, participaria. Talvez eu, como não tenho a menor cerimônia para
dar notícia ruim, fosse descartado. Como não era a Aneel que participava
oficialmente, as notas técnicas feitas não foram aprovadas pela
diretoria. Mas seguiram para o ministério e para a EPE (Empresa de Pesquisa Energética) como
se fossem. Se fosse para a diretoria aprovar, não seriam aprovadas sem
audiência pública. É ali, em audiência pública, com transparência, que
se resolve todo esse problema.
ÉPOCA – O governo fez pressão pela redução da tarifa?
Edvaldo – O governo tinha uma boa ideia na mão e não soube
usar os instrumentos ideais para pô-la em prática. Aí acabou fazendo uma
coisa dificílima de consertar. Não sei se a hora era aquela. Como posso
reduzir o preço de um produto que pode faltar? Foi como dizer ao
consumidor: “Pode consumir que o custo da energia está baixo”. E o custo
da energia está elevado. A gente tem de dizer a verdade para o
consumidor. Foi um equívoco muito grande da Aneel.
"A chuva não cai, e o risco de racionamento é bem maior hoje
do que em outubro passado"
ÉPOCA – Foi feito rápido demais?
Edvaldo – Não. Levou mais de um ano. Se tivessem aproveitado
todo esse tempo para ouvir as pessoas que deveriam ser ouvidas, teria
sido muito melhor. As pessoas que estavam mais envolvidas, pelo que sei,
não têm o conhecimento total. Alguns não sabem nem o que significa
passar o risco regulatório para o consumidor. Não têm a menor noção.
ÉPOCA – Quem eram essas pessoas?
Edvaldo – O (Maurício) Tolmasquim (presidente da EPE), os diretores da EPE, o (Márcio) Zimmermann (secretário executivo do Ministério de Minas e Energia), o Nélson Hubner, o Romeu (Rufino)...
Desses que eu listei aí, não tem um só deles que tenha um conhecimento
profundo de operação do sistema. Nenhum deles. Não tem como você colocar
só cinco, seis pessoas numa sala, e essas pessoas terem o conhecimento
total para fazer uma mudança de tal profundidade como essa.
ÉPOCA – Corremos risco de enfrentar um novo racionamento?
Edvaldo – O governo tem dito que o risco de racionamento é
zero. Na realidade, o risco nunca é zero. Eu diria que, hoje, o risco
está bem maior do que em outubro passado. Os reservatórios que
interessam, do Sudeste e do Nordeste, começam a encher a partir de
novembro. O tempo está passando, e a chuva não está caindo. Com isso, há
o risco maior de haver racionamento. (Esse risco, no entanto) é bem
menor que em 2001/2002, porque hoje há muitas térmicas. Desde que se
queira pagar pelo custo da térmica, o risco de racionamento é muito
menor.
ÉPOCA – Há risco de termos apagões durante a Copa do Mundo, já que o consumo crescerá?
Edvaldo – A Copa do Mundo
não afetará de maneira significativa o consumo de energia elétrica. Se
fosse assim, todos os anos a Coelba, da Bahia, e a Celpe, de Pernambuco,
teriam de fazer reforço para receber 1 milhão de pessoas durante quatro
dias do Carnaval. Quando o governo começou com essas obras da Copa,
vários Estados e empresas aproveitaram e colocaram como se fossem obras
da Copa obras que, na verdade, não eram da Copa. A Copel (companhia de
energia do Paraná) queria colocar como obra da Copa um cabo submarino
adicional para a Ilha do Mel. Se tiver corte de carga durante a Copa,
pode ter certeza: não foi por causa da Copa, foi porque há problemas
maiores.
ÉPOCA – Mas e se a seca continuar?
Edvaldo – Aí vem outro problema que eu acho uma brutalidade
enorme com o consumidor. Até a semana passada, havia 13.000 megawatts de
termelétricas acionados (energia comprada quando falta energia das hidrelétricas). Se (o governo) pedisse
para cada um de nós desligar uma lâmpada, não precisaria acionar essas
térmicas. Essa térmica faz com que o consumidor tenha de pagar uma conta
mais cara. É assim porque o governo não quer falar em conservar
energia, porque fica parecendo racionamento. Na realidade, é explicar ao
consumidor que, se todos fizermos muito pouco, não precisamos pagar
tanto.
ÉPOCA – Em geral, o governo atribui os apagões a fatores aleatórios ou climáticos, como um raio ou uma queimada. Somos azarados ou essas explicações são inverossímeis?
Edvaldo – O caso do raio, em outubro de 2009, naquela
subestação de Itaberá é um bom exemplo. De todos esses apagões, foi o
maior deles. Uma, duas horas após o acidente, as autoridades vieram à
televisão, para dizer que tinha sido um raio. O relatório de
fiscalização da Aneel, que aplicou uma multa de mais de R$ 30 milhões em
Furnas, não fala em raio. Como as autoridades começaram a falar em
raio, Furnas investiu uma fortuna em equipamentos para reforçar os
para-raios. Para mim, gastou dinheiro à toa, porque foi problema de
manutenção nas instalações. O presidente do Conselho de Administração da
Eletrobras é o secretário executivo do ministério (de Minas e Energia, Márcio Zimmermann).
Ele também é o presidente do Conselho de Administração do ONS. O
presidente do Conselho de Administração do ONS não pode ser a própria
pessoa que controla 70% do sistema de transmissão. Se ele e o
diretor-geral do ONS falam que foi raio, e tentam justificar o raio,
dali em diante toda a cadeia para apuração da realidade fica
comprometida. Furnas procurou desqualificar o relatório da Aneel, em
lugar de usar o relatório para fazer as melhorias cabíveis. O caso da
queimada (no Piauí, em agosto do ano passado): é impossível uma
queimada numa linha de transmissão que transporta 1.000 megawatts
provocar a derrubada do sistema em 10.000 megawatts.
ÉPOCA – Temos mais problemas de gestão ou de infraestrutura no sistema elétrico?
Edvaldo – Temos problemas de infraestrutura, com obras
atrasadas por problema ambiental. Hoje, a capacidade de transmissão é
mais que o dobro da carga, portanto o problema de infraestrutura não é o
que provoca grandes ocorrências. O total de carregamento do sistema de
transmissão em situação normal é de apenas 30% do que poderia passar num
dia. O sistema funciona com folga de 70%. Na Europa, esse índice de
carregamento é quase 60%. A rigor, há mais transmissão do que precisaria
– desde que o controle e a coordenação fossem mais adequados.
ÉPOCA – O senhor falou que, perto de o senhor sair, houve um retrocesso. Que retrocesso é esse?
Edvaldo – É o Tesouro voltar a pagar a conta (da energia). Tirou-se o incentivo, via mercado, para os geradores fazerem o que deveriam fazer para ganhar dinheiro. Essa intervenção (da medida provisória que reduziu a conta de luz)
tira todo o incentivo para a empresa buscar a eficiência. Já foi assim
até 1998 e não deu certo. Gerou uma conta de US$ 27 bilhões que o
Tesouro teve de pagar. Agora, voltou a ser como era na época mais triste
do setor elétrico.