O servilismo rafeiro de alguns
institutos de pesquisa e setores dos autoproclamados formadores de
opinião asseguram que Dilma Rousseff será reeleita. Os marqueteiros
estipendiados, pelos milhões de reais, não ficam atrás. O
marqueteiro-mor João Santana já definiu os dois candidatos
oposicionistas como integrantes de um picadeiro de anões. Traduzindo em
linguagem direta: Aécio Neves e Eduardo Campos seriam figuras
liliputianas na vida política brasileira. Na área oficial, enquanto o
secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho adverte que o “bicho
vai pegar”, a candidata Rousseff em 4/3/2013, confessava: “Nós podemos
fazer o diabo quando é a hora da eleição.”
Ante
essa realidade, recorreremos à “restrição mental” de Santo Agostinho:
“Consiste em dizer o que é falso com a intenção de enganar. É a ofensa
mais direta à verdade.” Outro gigante do pensamento cristão Santo Tomaz
de Aquino, complementa: “A mentira é a palavra ou sinal por que se dá a
entender alguma coisa diferente daquilo que se pensa e com a intenção de
enganar.” As eleições gerais desse ano vão comprovar que a
mistificação, arrogância e incompetência na administração dos negócios
públicos brasileiros podem ter os dias contados.
O
atual governo brasileiro atingiu o limite máximo da irresponsabilidade,
onde o desprezo pela opinião pública e a falta de compromisso com idéias
inovadoras é marca registrada. A administração pública, em todos os
níveis, caminha para uma situação de quase pré-falência. Busca apenas o
poder e a sua manutenção seria a consagração de um governo sem rumo e
comprometido com a mediocridade refugadora de desafios. Vamos lá:
rompimento dos princípios da ética e da moralidade; insegurança
jurídica; declínio das atividades industriais; exportação de empregos
para China e Índia; criação de ministérios de utilidade duvidosa em
número recorde na história brasileira; endividamento público recorde;
inflação ascendente e alta de preços com regularidade empobrecendo a
classe média; falência do ensino e da assistência pública à saúde são
fatos normais e ignorados pelos detentores do poder.
A
oposição brasileira, na expressão das candidaturas postas, não pode
tergiversar no enfrentamento desse descalabro de incompetência reinante.
Precisa falar com incisividade em sintonia com o clamor popular que
hoje vive situação de orfandade. Os idos de junho de 2013 comprovaram
essa verdade. Demonstrar que falta ao Brasil um projeto de país que
redefina o futuro que urgencia ser planejado com competência.
Remodelando a estrutura e a infraestrutura do Estado. Nos últimos anos
nenhuma obra de grande importância na infraestrutura foi concluída.
Os
portos e rodovias estão, em sua maioria, em situação de calamidade. Os
hospitais e escolas públicas vivem penoso ciclo de desintegração. Na
agricultura obtemos a cada ano safras recordes, mas os caminhoneiros que
transportam essa riqueza para os portos esperam dias para descarregar.
Agravado com a falta de estrutura de armazenamento.
E
mais: das obras festejadas pelo marketing, a transposição do rio São
Francisco é um engodo, afetando a vida de milhões de nordestinos. A
ferrovia Norte Sul, se aproximando dos 30 anos, está longe de ser
realidade. Tudo isso comprova que os brasileiros, em termos de gestão
pública, convivem com um ciclo de “incompetência vitoriosa”, pela
manipulação da verdade, propaganda massacrante e marqueteiros sendo os
grandes agentes do “planejamento nacional.”
Por
tudo isso e muito mais, dificilmente Dilma Rousseff será reeleita. Nas
três últimas eleições presidenciais, a oposição no segundo turno, teve a
variável de 40 a 45% dos votos. A região nordestina marchava quase
unida com a candidatura do PT. Pernambuco, Bahia, Ceará, Maranhão,
garantiam votação entre 70 a 80%. Agora o quadro mudou. Em Pernambuco, a
candidatura de Eduardo Campos quebrou essa unanimidade. E até o Rio de
Janeiro, onde em 2002, 2006 e 2010, o voto em mais de dois terços era
dos candidatos petistas (Lula e Dilma), a situação está mudando. Em
outros Estados o cenário que vem se desenvolvendo na chamada base aliada
com rupturas, destacadamente no PMDB, não oferece situação de
tranquilidade para o governo. O instinto de sobrevivência das elites
políticas e empresariais brasileiras é como girassol, vivem cultivando o
sol. E o que nasce é mais poderoso do que aquele que se recolhe no fim
do dia.
Hélio Duque é doutor em Ciências, área
econômica, pela Universidade Estadual Paulista (Unesp). Foi Deputado
Federal (1978-1991). É autor de vários livros sobre a economia
brasileira e suplente do Senador Alvaro Dias
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