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Embraer: a empresa pretende competir por contratos com outras companhias além da Azul
Idiana Tomazelli, do Estadão Conteúdo
Rio - A Azul não é obrigada a adquirir aviões da Embraer,
reforçou nesta quarta-feira, 12, Nelson Salgado, vice-presidente de
Relações Institucionais e Sustentabilidade da fabricante de aeronaves,
após participar de evento no Rio.
Esta semana, a Azul ameaçou desistir de uma encomenda de 30 jatos
Embraer E-2, modelo que chega ao mercado em 2018, com opção de compra de
mais 20 aviões, por discordar da proposta de retirar o limite de
subsídio para os voos regionais.
O Programa de Desenvolvimento da Aviação Regional (Pdar) previa o
pagamento de subsídio a metade dos assentos, com limite de 60 assentos
por voo, mas houve proposta para eliminar o teto, o que provocou a
reação da Azul.
Após a polêmica, o texto foi aprovado no formato original, com limitação para o número de lugares subsidiados.
"A Azul não tem obrigação nenhuma de comprar avião da Embraer. Se ela
chegar à conclusão de que deve comprar avião de outro tipo, ela vai
fazer isso e nós vamos seguir nossa vida tocando o negócio", disse
Salgado, em linha com as declarações do presidente da Embraer, Frederico
Curado.
Até o momento, o contrato da compra dos aviões não foi fechado, há apenas uma carta de intenções, segundo o executivo.
"Competimos em aviação regional no mundo inteiro, com japoneses,
russos, com todo mundo. Se o mercado for desenvolvido no Brasil, nós
vamos competir aqui também. Se não for desenvolvido, como disse nosso
presidente ontem, a vida continua. Estamos acompanhando o processo, não é
nada de vida ou morte", acrescentou o vice-presidente.
Segundo ele, com o desenvolvimento do mercado de aviação regional, a
Embraer pretende competir por contratos com outras companhias além da
Azul.
Com a aprovação do plano de aviação regional, Salgado disse que as
próximas etapas envolvem a definição, pelas companhias aéreas, do tipo
de avião adequado para cada rota, seja de pequeno, médio ou grande
porte. De acordo com ele, a escolha deve depender da densidade (ou seja,
a procura) da rota.
"O que os incentivos não podem fazer é distorcer essa escolha e fazer
com que alguém selecione um avião diferente por conta do tipo de
incentivo", disse o executivo.
"Eu acho que poderia levar a distorção, sim", acrescentou, quando
questionado sobre o dispositivo de limitar o subsídio a 60 assentos.
Apesar disso, ele não vê a Embraer como a maior beneficiada. "Não só a
Embraer, todos os produtos menores apropriados para aviação regional.
Não existe um centavo de imposto de importação (sobre aviões)", citou o
executivo.
Além dos subsídios, o Pdar - estabelecido pela Medida Provisória 652 -
liberou o capital estrangeiro em companhias aéreas brasileiras,
permitindo que grupos estrangeiros sejam donos de 100% de uma empresa
aérea no Brasil, e a construção de aeroportos privados para uso público.