quarta-feira, 18 de março de 2015

JBS focará no crescimento orgânico em 2015





AFP
Funcionário trabalhando em um frigorífico da JBS
Frigorífico da JBS do Brasil: a alimentícia também traça como prioridades o foco na excelência operacional e a redução do ciclo de capital de giro 

Renato Oselame, do Estadão Conteúdo
 
 
São Paulo - Em balanço trimestral divulgado na quarta-feira, 11, a JBS informa que planeja focar em seu crescimento orgânico em 2015, e indica que não deve fazer mais em aquisições este ano. 

Seguindo essa linha, a companhia tem como prioridade a diminuição do custo de sua dívida e contínua redução da alavancagem, que encerrou o ano passado em 2,1 vezes.

Sem entrar em detalhes, a alimentícia também traça como prioridades o foco na excelência operacional, a redução do ciclo de capital de giro, a geração de caixa livre e a melhora em seus ratings corporativos.

Além disso, também são objetivos da JBS a redução da alíquota efetiva do Imposto de Renda, o retorno sobre o equity (ROE) e melhora nos resultados do lucro líquido e do lucro por ação.


Perspectivas nos EUA


Em carta a investidores, analistas e colaboradores, Wesley Batista diz esperar uma melhora no consumo de proteínas nos Estados Unidos, ocasionada pela "redução do custo de energia e a melhora da renda disponível do americano". 

As famílias do país têm desfrutado de um aumento em seu poder de compra devido ao recuo nos preços internacionais do petróleo.

Com o alívio sobre os combustíveis, espera-se que o consumo, um dos principais motores da economia dos Estados Unidos, ganhe fôlego.

Também neste país, Batista destaca os resultados da subsidiária Pilgrim's Pride, cujo bom desempenho foi "fruto de uma gestão comprometida com o baixo custo de produção, altos níveis de produtividade e otimização do mix de vendas".

Aquisição da Bertelsmann no Brasil esbarrou no preço

 
 
 
 
 
 
 
A gigante alemã de mídia e educação Bertelsmann está negociando a compra da brasileira Affero Lab, maior empresa de educação corporativa do país. Fundada em 2010 a partir da fusão de três startups de educação cariocas, a Affero faturou 140 milhões de reais no ano passado. 

As negociações, que começaram em 2014, estão esbarrando no preço oferecido pelos alemães. Segundo EXAME apurou, a Bertelsmann acenava com uma oferta de 230 milhões de reais, mas reduziu a proposta para 170 milhões de reais — a diminuição foi atribuída à crise econômica brasileira e à taxa de crescimento da Affero em 2014, menor do que o projetado. 

Caso as negociações fracassem, a empresa brasileira pode abrir conversas com outros potenciais interessados. Procurada, a Affero Lab informou que o controle não está à venda. A Bertelsmann não comentou.

Dilma diz que governo está "expurgando males" de séculos





Roberto Stuckert Filho/PR
Dilma Rousseff durante cerimônia de lançamento do Pacote Anticorrupção
Dilma Rousseff durante cerimônia de lançamento do Pacote Anticorrupção

Rafael Moraes Moura, do Estadão Conteúdo
 
Anne Warth e Ricardo Della Coletta, do Estadão Conteúdo
 
Brasília - A presidente Dilma Rousseff afirmounesta quarta-feira, 18, que seu governo tem "compromisso de enfrentar a impunidade", "não transige com a corrupção" e, no combate aos desvios, está "expurgando males que carregamos há séculos". 

"O sistema patrimonialista de poder no Brasil sempre confundiu público e privado", disse.
De acordo com ela, existe uma "herança nefasta" construída no País.

"O Brasil moderno exige que isso seja superado. O Brasil de hoje não é e não pode ser patrimonialista", declarou a petista.

Dilma disse ainda que, diferentemente de governos passado, sua administração age ao tomar conhecimento de malfeitos.

"Temos o compromisso e a obrigação de enfrentar impunidade, que alimenta corrupção", disse.
A presidente participou hoje de uma cerimônia no Palácio do Planalto de lançamento de um pacote anticorrupção, um conjunto de medidas encaminhadas ao Congresso Nacional e que era uma das promessas de campanha da petista.

A avaliação do governo é que a maior parte das pessoas que foram às ruas no último domingo protestar contra o governo tinha como motivação a indignação com o escândalo de corrupção revelados na Petrobras.

Dilma alegou que as medidas anunciadas hoje "fortalecem a luta contra a impunidade" e contra a corrupção. "Nós vamos enfrentar essa questão de forma bem aberta", disse. 

"Abrimos um processo e as discussões levarão o País a marchar no enfrentamento à corrupção". Segundo ela, esse enfrentamento deve ser visto como uma política de Estado, "sistemática, implacável e constante".

"Vamos e temos de fortalecer instituições públicas. Instituições fortes garantem virtuosidade nas práticas políticas, administrativas e legais", argumentou a petista.


Pacote


Dentre as medidas lançadas, há um projeto que criminaliza a prática do caixa 2 eleitoral.
"No Brasil, não há até hoje uma lei que assegurasse que lavagem de dinheiro e caixa 2 eleitoral fossem crime", disse Dilma.

Também consta do rol de propostas a criminalização do enriquecimento ilícito, além da elaboração de projeto de lei de ficha limpa válido para os cargos de confiança no âmbito do Poder Executivo. 

O pacote anticorrupção também inclui a apresentação de proposta de emenda constitucional que permita o confisco de bens oriundos de atividade criminosa, improbidade e enriquecimento ilícito e a edição de um decreto que regulamenta a lei anticorrupção.

Dilma disse que a lei anticorrupção - uma "lei da empresa limpa - "não visa apenas a repreensão de desvios, mas incentiva o setor privado a adotar medidas de transparência, integridade e prevenção."

Durante a solenidade realizada hoje no Palácio do Planalto, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, também informou que será criado um grupo de trabalho coordenado pelo Ministério da Justiça para discutir propostas para tornar mais ágeis processos judiciais que envolvam a prática de ilícitos contra o patrimônio público.

Real fraco é retrato do empobrecimento do Brasil





Alexandre Battibugli / EXAME
Consumo em loja de roupas
Consumo de roupas: no setor têxtil, a substituição de itens importados já começou



São Paulo - Um dos símbolos dos “anos dourados” que o Brasil viveu na década passada foi o real forte. No auge de nossa festa, em outubro de 2010, precisávamos de apenas 1,65 real para comprar 1 dólar — então enfraquecido pela crise financeira de dois anos antes. Aquela cotação dava a sensação de que estávamos perto da riqueza.

Viajar para o exterior e consumir produtos importados eram escolhas ao alcance de um número de consumidores nunca antes visto na história deste país. Com esse passado recente tão vivo na memória, os brasileiros agora experimentam a sensação inversa: a de que nossas opções estão minguando na mesma medida que a moeda nacional rola ladeira abaixo.

No fechamento desta edição, em 9 de março, a cotação do dólar em relação ao real havia chegado a 3,13. Ou seja, quase a metade do poder de compra que nossa moeda tinha no ápice virou pó. E, dizem os analistas em uníssono, a desvalorização não só veio para ficar como tende a prosseguir nos próximos anos. “O país tentou ir além do que era possível e agora precisa fazer um ajuste à realidade via câmbio”, diz Marcelo Kaiath, diretor de renda fixa e variá­vel do banco Credit Suisse.

O galope do dólar neste início de ano — foram 18% de valorização nos primeiros 68 dias de 2015 — pode dar a impressão de que o ajuste começou há pouco. Na verdade, a moeda americana vem se apreciando frente ao real desde 2011. Há por trás desse movimento diversos fatores.

Um deles é mundial: a economia americana entrou em recuperação e, já há algum tempo, ensaia um aumento de juros, o que provoca a atração de dinheiro para os Estados Unidos e valoriza o dólar. As outras razões são locais.

Desde que a presidente Dilma Rousseff assumiu o primeiro mandato, a economia brasileira só perde fôlego. Interferências em diversos setores e contas públicas em deterioração tornaram-se constantes. 

Até o ano passado, o governo atuava para conter a oscilação da moeda: desde maio de 2013, o Banco Central (BC) injetou 115 bilhões de dólares no mercado para evitar a depreciação do real.

Depois que o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, anunciou que o BC não intervirá mais para segurar o dólar, o câmbio voltou a ser flutuante de verdade — e, consequentemente, a refletir mais o dia a dia do país.

Assim é que fatos como as desavenças de Dilma com o Congresso passaram a pressionar diretamente as cotações, somando-se a um quadro de incertezas que inclui o petrolão, o risco de racionamento de energia e a sucessão de indicadores negativos da economia que vêm à tona. O resultado é que nenhuma moeda no mundo perdeu tanto valor quanto o real — a segunda colocada, a lira turca, teve depreciação de 5% no ano.

Nada indica, por ora, que o cenário mudará tão cedo. Por isso, as projeções mais conservadoras, como a do banco Santander, apontam o dólar a 3,40 reais em 2018. A consultoria Tendências vai além: dólar a 3,61 em 2018 e a 3,77 em 2019. Mas a mudança deve ser vista como um “choque de realidade”.

Nos últi­mos anos, o Brasil gastou além da conta e acumulou uma série de problemas insustentáveis. Para citar apenas dois: os déficits em transações correntes e nas contas públicas. O primeiro é o saldo das operações em dólar do Brasil com o mundo (não entram nessa conta investimentos estrangeiros diretos).

Depois de saldos positivos de 2003 a 2007, o indicador, puxado pelo aumento das importações, entrou no vermelho. No ano passado, o déficit chegou a 4,2% do PIB. O limite aceito para um país em desenvolvimento é 4%. Em dólares, o déficit foi de 90 bilhões — o terceiro maior do mundo, atrás apenas de Estados Unidos e Reino Unido.

O buraco nas contas públicas, que em 2014 su­pe­rou os 6% do PIB (pior que o da combalida Grécia), é outro dado insustentá­vel. A consultoria MB Associados criou um índice de vulnerabilidade, que mede o grau de exposição da moeda a turbulências domésticas e internacionais. Numa lista de 19 países emergentes, o Brasil só está à frente da Venezuela.

A desvalorização do real tem diversos efeitos e o mais visível é o aumento da fogueira da inflação. O economista e consultor Alexandre Schwartsman calcula que uma alta de 10% no dólar pode adicionar até 0,7 ponto percentual ao índice oficial de preços, que terminou fevereiro em 7,7% no acumulado dos últimos 12 meses.

A inflação força o Banco Central a elevar a taxa básica de juro, que já está em 12,75%, apesar do cenário recessivo. Inflação e juros em alta tiram poder aquisitivo da população. Não é por acaso que o consumo cresce mais em períodos de real valorizado do que nos momentos opostos.

Um estudo realizado pela consultoria Tendências mostra que, de 2004 a 2013, quando o dólar estava mais barato, a renda das famílias cresceu à média anual de 5,5%; e as vendas no varejo, a 8%. Nos próximos anos, com o dólar mais caro, o rendimento familiar deve crescer em média 1,6%; e o varejo, 2,2%. Em outras palavras, a festa do consumo ficou no passado.

Parte da influência do dólar na inflação se dá pelo encarecimento de itens importados que não podem ser substituídos por similares nacionais. O grupo francês Saint Gobain, que atua no Brasil nos ramos de fabricação e varejo de material de construção, estuda o repasse da alta dos insumos importados.

Eles chegam a representar 30% do custo de alguns produtos. “Como a inflação sobe mais depressa do que a possibilidade de cortar custos, precisaremos aumentar os preços”, diz Thierry Fournier, presidente do Saint Gobain. O aumento, ao longo de 2015, deve ficar entre 5% e 6%.


Efeito vantajoso


Já as indústrias que exportam esperam um efeito benéfico com a desvalorização do real. “Acreditamos que o dólar vá ficar acima de 3 reais, o que nos dá uma vantagem competitiva”, diz Luís Gustavo Iensen, diretor internacional da fabricante de motores elétricos WEG, de Santa Catarina.

Iensen projeta que, ao se confirmar o cenário, a fatia das exportações no faturamento da WEG poderá aumentar 10 pontos e chegar a 60% nos próximos cinco anos. Outro efeito vantajoso para a indústria é a chance de substituir importações. Boa parte do aumento da demanda por bens de consumo na última década foi atendida por produtos vindos do exterior.

“O período de apreciação cambial coincide com a virada na balança comercial da indústria: de um superávit de 6 bilhões de dólares, em 2006, para um déficit de 109 bilhões, no ano passado”, disse Armando Monteiro, ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, em entrevista a EXAME.

No setor têxtil, que fechou o ano passado com déficit de 6 bilhões de dólares — 94% dele causado por artigos asiáticos —, as mudanças já começaram. Confecções nacionais estão ampliando as vendas para substituir roupas que as lojas importavam. A Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção estima queda de 6% nas importações e aumento de 5% nas exportações neste ano.

Esse movimento não deverá reverter o quadro geral, que aponta uma queda da produção de 0,5% em 2015. “A saída para amenizar a retração no mercado interno é exportar mais, e o câmbio atual­ oferece oportunidades para isso”, diz Rafael Cervone, presidente da associação e sócio da Technotex, confecção do interior paulista.

Mas não dá para esperar um boom de exportações. A recente valorização do dólar foi em boa medida corroída pela inflação, que se manteve sempre perto do teto da meta de 6,5% nos últimos anos. Com ajustes calculados pela inflação, o real ainda é considerado valorizado.

Nas contas de Nelson Marconi, professor de economia da Fundação Getulio Vargas, a preços de 2015, o dólar se manteve acima de 4 reais entre 1999 e 2004 — o pico foi de 5,86 em 2002. O patamar atual está, portanto, bem abaixo do que atingiu naquele período. “A desvalorização do real poderia ser maior se a inflação fosse menor”, diz Marconi. De todos os ângulos que se olhe, há ainda muito ajuste pela frente.

Suíça repatria US$120 mi ligados à corrupção na Petrobras



Paulo Whitaker/Reuters
Logotipo da Petrobras visto em refinaria em Cubatão
Logotipo da Petrobras visto em refinaria em Cubatão: as apurações descobriram mais de 300 contas em mais de 30 bancos na Suíça, que teriam sido usadas no esquema 


 
 
Zurique - A Procuradoria-Geral da Suíça informou nesta quarta-feira que cerca de 120 milhões de dólares em ativos congelados por conta das investigações de corrupção na Petrobras estão sendo repatriados ao Brasil.

"A liberação de mais de 120 milhões de dólares reflete a clara intenção da Suíça de tomar uma posição contra o mau uso de seu centro financeiro para propósitos criminosos, e visa a devolução dos recursos de origem criminosa aos legítimos donos", disse a procuradoria-geral em comunicado nesta quarta-feira.

O valor liberado é apenas uma parte do total de cerca de 400 milhões de ativos congelados em contas na Suíça em função das investigações envolvendo o escândalo da Petrobras.

A procuradoria suíça informou que desde abril do ano passado iniciou nove investigações sobre o caso Petrobras, com o objetivo de apurar cerca de 60 relatórios sobre transações suspeitas apontadas pela operação Lava Jato, que apura um esquema de pagamento de propina com recursos de licitações fraudadas na estatal, com envolvimento de políticos, empreiteiras e ex-diretores da petroleira.

As investigações envolvem oito cidadãos brasileiros, além de pessoas ainda não identificadas.

De acordo com a nota da procuradoria, as apurações descobriram, até o momento, mais de 300 contas em mais de 30 bancos na Suíça, que aparentemente foram usadas em processo de pagamento de propina no esquema.

O comunicado foi divulgado após dois dias de trabalhos entre o procurador-geral da República do Brasil, Rodrigo Janot, com o seu colega suíço, Michael Lauber, em Brasília.

Acusações de corrupção na Petrobras têm abalado o Brasil, com partidos de oposição pedindo ao Supremo Tribunal Federal (STF) investigação do envolvimento da presidente Dilma Rousseff no caso.

Dilma tem negado ter conhecimento sobre a corrupção na Petrobras enquanto era presidente do Conselho de Administração, em período em que muitos dos supostos desvios aconteceram. Ela tem defendido uma investigação completa.

quinta-feira, 12 de março de 2015

Mais de 80% de candidatos ao Fies podem ficar fora


Divulgação
Sala de aula
Sala de aula: as instituições de ensino passaram a buscar alternativas para atenuar a situação financeira de seus estudantes 


Juliana Schincariol, da REUTERS
 
 
Rio de Janeiro - Cerca de 80 por cento dos calouros que pretendem usar o financiamento estudantil do governo federal podem ficar fora do programa, e as instituições de ensino passaram a buscar alternativas para atenuar a situação financeira de seus estudantes após as mudanças do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). 

O Ministério da Educação (MEC) já sinalizou que o cadastro de novos alunos ficará restrito a um terço do efetuado no ano passado, disse à Reuters Romário Davel, consultor da Hoper, uma das principais consultorias focadas no mercado de educação do país. 

Ele acrescentou que o número pode ser ainda menor que o divulgado pelo ministério. 

"Na prática, a queda é de mais de 80 por cento de alunos do Fies", disse, referindo-se às dificuldades dos alunos entrantes em se cadastrar no programa neste ano. Ao final de fevereiro, entidades do setor educacional esperavam uma demanda de 500 mil estudantes para novos contratos.

Após anunciar mudanças nas regras do financiamento no final do ano passado, o MEC optou por fechar o sistema do Fies para cadastro e reabri-lo entre 23 de fevereiro e 30 de abril. Até então, ele estava disponível continuamente.

Desde então, os alunos vêm enfrentando lentidão e instabilidade no sistema, além de novas regras que vão sendo conhecidas a conta-gotas. Para os novos contratos, os estudantes estão ficando em média seis horas em frente ao computador para conseguir efetivar uma inscrição, disse Davel, da Hoper. 

Tradicionalmente, o primeiro semestre representa cerca de 35 por cento do número total de alunos de uma instituição de ensino, também segundo a consultoria.

Além da pressão sobre a captação de alunos, o resultado financeiro das instituições de ensino também deve ser prejudicado, segundo a consultoria. A margem de contribuição dos alunos iniciantes costuma ser mais alta do que a de veteranos, devido a atividades acadêmicas de custo menor para as empresas. 

"Há expectativa de queda significativa em número (de alunos), mas no resultado financeiro o impacto será ainda maior", disse Davel, estimando que os primeiros impactos aparecerão nos balanços do primeiro trimestre, tradicionalmente o mais relevante para as companhias.


CORRENDO POR FORA


Enquanto isso, cresce o espaço para o crédito estudantil privado, cuja representatividade ainda é ínfima no país. Em 2014, o desembolso do governo para o Fies chegou a quase 14 bilhões de reais para 1,9 milhão de estudantes, segundo dados do Fundo Nacional de Desenvolvimento para Educação (FNDE).

A Ideal Invest, que oferece o programa de financiamento estudantil Pravaler e tem o Itaú Unibanco como um dos sócios, afirma ser o único participante do mercado que oferece uma linha de crédito para toda a graduação e repassou cerca de 1 bilhão de reais desde 2006 a 50 mil alunos.

"A gente espera que mais do que dobre nos próximos três anos com o aumento da demanda", disse o diretor-executivo da Ideal Invest, Carlos Furlan. A companhia de ensino superior Estácio adiantou os planos de oferecer o serviço de financiamento no segundo semestre e fechou uma parceria com o Pravaler.

Além da Estácio, a Anima Educação também avalia formas de facilitar o crédito a seus alunos, por meio da oferta de uma combinação de financiamentos.

"A gente lançou de maneira mais forte o Pravaler e estamos discutindo internamente com outros parceiros como a gente pode financiar este aluno", disse o diretor-presidente da companhia, Daniel Castanho, na teleconferência de resultados da empresa em fevereiro. Enquanto isso, o Santander Brasil está entre bancos que oferecem alguns produtos de crédito para educação e que avalia ampliar linhas ao segmento.

"Isso (oferecer uma linha de crédito para graduação) pode virar um plano futuro para o Santander", disse o superintendente do Santander Universidades, um programa do banco, Daniel Mitraud. Atualmente a filial brasileira do banco espanhol oferece crédito para gastos extraordinários, como para renovação de matrículas.

Porém, o Santander Brasil reconhece que o Fies ainda é um produto "imbatível" para o cliente, por conta dos juros de 3,4 por cento ao ano. "Um banco dificilmente consegue produzir um produto destes, a gente precisa acompanhar um pouco mais para avaliar o que efetivamente vai acontecer", acrescentou o executivo ao ser questionado sobre oportunidades abertas pelas mudanças no Fies.


RENOVAÇÃO DO FIES 


Enquanto alunos tentam se inscrever no Fies e escolas avaliam mecanismos próprios de financiamento, entidades que representam o setor movem múltiplos processos contra o MEC.

Uma das principais queixas refere-se à regra definida pelo ministro da Educação, Cid Gomes, de autorizar acesso ao Fies apenas às escolas que reajustaram as mensalidades este ano em até 6,4 por cento. 

No Rio Grande do Sul, onde o reajuste médio das mensalidades foi de 7,5 por cento, a orientação do sindicato local é para as instituições de ensino cobrarem a diferença dos alunos. 

A decisão, segundo o presidente do Sindicato do Ensino Privado (Sinepe/RS), Bruno Eizerik, visa ser uma medida paliativa enquanto não sai uma liminar na Justiça pedida pela entidade contra as mudanças no Fies.

"Vamos fazer aditamentos com 6,41 por cento enquanto não sai a liminar. E se houver a diferença, que se cobre do aluno", disse ele. 

O sindicato espera que o resultado do pedido de liminar seja conhecido na próxima semana. A ação faz parte de uma estratégia da Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep) para que os sindicatos estaduais entrem com suas próprias ações na Justiça contra as novas regras do Fies, enquanto aguardam por uma decisão judicial nacional.

Até o momento, instituições de Alagoas, Sergipe e Rondônia tiveram pedidos de liminar concedidos, o que suspendeu algumas das mudanças no Fies nestes Estados, como a exigência de nota mínima no (Enem) para alunos e a trava sobre reajuste das mensalidades.

Kroton e Anima afirmaram que até o momento, a diferença entre o financiamento e a mensalidade não está sendo cobrada para alunos que possuem Fies. 

A Anima, cujo aumento médio foi de 8 por cento, disse que avalia como vai reaver esta diferença, seja por meio de pedido de ressarcimento ao governo federal ou orientação para que os alunos paguem o valor ou contratem outro financiamento.

No grupo Ser Educacional, o aumento médio das mensalidades foi de 7 por cento e a diferença será cobrada.

"O valor desta diferença fica em torno de 2 a 6 reais para o nosso ticket médio", disse o presidente da empresa, Jânyo Diniz.

Rede varejista inglesa é vendida por apenas uma libra





Simon Dawson/Getty Images
Rede de lojas de departamento do Reino Unido BHS
BHS: o grupo de investidores, chamado Retail Acquisitions, foi criado especialmente para comprar a rede 





São Paulo - A BHS, rede de lojas de departamento do Reino Unido, foi vendida para um grupo de investidores. O inusitado dessa transação é o seu valor simbólico, de apenas uma libra.

O grupo, chamado Retail Acquisitions, foi criado especialmente para comprar a rede. Ele é dirigido pelo ex-banqueiro Keith Smith, que se especializou em criar empresas de fachada para aquisições.
A empresa foi vendida sem nenhuma dívida, mas por um valor apenas simbólico.

A BHS fazia parte do grupo Arcadia, que também concentra as varejistas TopShop, Burton e Evans. O Arcadia é controlado pelo Sir Philip Green e sua família, por meio da Taveta Investments. 

Então British Home Stores, ela  foi adquirida por Sir Philip Green pelo valor de 200 milhões de libras. Foi inaugurada em 1928 por um grupo de empreendedores americanos. 

Acabou perdendo apelo nos últimos anos entre seu público feminino, ao mesmo tempo em que não se adaptou ao comércio eletrônico. A varejista perdeu mais de 800 mil consumidores nos últimos cinco anos, a medida em que o seu público vai envelhecendo. A média de idade é de 55 anos para cima.

O negócio emprega mais de 11 mil funcionários e tem 171 lojas próprias no Reino Unido, além de 88 franquias na Rússia e no Oriente Médio. A rede amargou perdas de mais de 70 milhões de libras no último ano. O prejuízo foi ainda maior em 2012, quando atingiu 116 milhões de libras.

“A BHS continua desafiadora, e esse setor do varejo continua sendo difícil, ainda que o forte crescimento online ajudou a consolidar o desempenho no ano passado”, segundo o relatório anual de resultados, divulgado pelo Arcadia Group em agosto do ano passado.

O grupo Retail Acquisitions afirmou que o objetivo é expandir a rede de alimentos, colocando-se no nível do concorrente Simply Food. O BHS Food está sendo testado em três unidades, por enquanto. Eles também irão ampliar as vendas de artigos para casa.