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Standard and Poor's: a agência não tem prazo para promover nova mudança no rating ou na perspectiva
Luciana Antonello Xavier e Fernando Nakagawa, do Estadão Conteúdo
São Paulo e Nova York - A diretora-gerente de ratings soberanos da Standard & Poor's (S&P),
Lisa Schineller, deixou claro nesta quinta-feira, 10, que, ainda que o
governo esteja lento nas suas ações nas áreas fiscal e econômica, a
agência espera que a atual administração siga tentando avançar.
"Esperamos que o governo esteja em ação ainda que atrasado. Não esperamos inação", disse.
"O ritmo da ação, no entanto, tem sido lento, e esperamos demora no
avanço. No longo prazo, no entanto, esperamos melhora no lado fiscal",
acrescentou, em teleconferência.
Para Lisa, embora seja esperada mais "turbulência" pela frente, maior
deterioração fiscal, econômica e do cenário político, a agência não tem
prazo para promover nova mudança no rating ou na perspectiva.
"Quando houver execução mais sólida no curto e médio prazos, perspectiva pode mudar", disse.
A diretora afirmou ainda que a S&P olha para a combinação da
dinâmica fiscal e para a execução dessa política, salientando que "o
contexto político pode dificultar o avanço no lado fiscal". Ao falar do
avanço esperado no lado fiscal, Lisa frisou que a agência olha para os
dois lados, o da receita e dos gastos. "É uma combinação", explicou.
Lisa disse também que a questão da retomada do crescimento da economia
está no foco da agência e reconhece que o cenário externo se mostra
adverso. "O crescimento é importante e vamos olhar a adoção de mais
medidas que possam mudar esse cenário tão desafiador."
Sobre a Petrobras, Lisa disse que as denúncias de corrupção envolvendo a
estatal não somente têm colaborado para a piora da economia como afetam
a própria empresa.
"Notamos que a dinâmica da Petrobras enfraqueceu no último ano",
afirmou. Por outro lado, Lisa citou que o governo "tem provido suporte
extraordinário e necessário (à empresa)".
Levy e BC
Ainda que o Brasil tenha saído da categoria de grau de investimento,
tanto o trabalho do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, como do Banco
Central foram de algum modo reconhecidos por Lisa.
"O ministro da Fazenda está fazendo tudo o que pode em termos de gastos
não discricionários", afirmou, em teleconferência. "Mas o cenário de
baixo crescimento torna essa política mais desafiadora", completou.
Sobre o BC, Lisa disse que "a política monetária do Brasil é
comparativamente forte e um ponto a ser destacado" em relação a outros
países com o mesmo rating, ressaltando o esforço do Banco Central em
"reancorar as expectativas de inflação".
Também no lado positivo, a diretora da S&P disse que o Brasil tem
uma grande estrutura institucional e está à frente de seus pares de
rating.
A agência rebaixou na quarta-feira, 9, o rating soberano do Brasil de
BBB- para BB+, mantendo a perspectiva negativa da nota, tirando do País o
selo de bom pagador e colocando-o na categoria de grau especulativo.
Em 2008, a S&P foi a primeira das três principais agências de
classificação de risco a elevar o Brasil à categoria grau de
investimento. Atualmente, as duas outras agências, Moody's e Fitch,
ainda mantêm o Brasil como grau de investimento.