Marcelo Camargo/Agência Brasil
Dilma: a posição do governo é "reconhecer as dificuldades financeiras" e
demonstrar que está preparado para tomar todas as "medidas de caráter
emergencial"
Isadora Peron, do Estadão Conteúdo
Brasília - Em reunião de emergência convocada após o país perder o grau de investimento do Brasil, a presidente Dilma Rousseff pediu unidade do governo e determinou agilidade nos anúncios das medidas para reverter a situação.
A expectativa é que as primeiras decisões relativas a cortes de gastos
sejam anunciadas nesta quinta-feira, 10, à tarde durante entrevista que
será concedida pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
Segundo um ministro que participou do encontro, a posição do governo é
"reconhecer as dificuldades financeiras" e demonstrar que está preparado
para tomar todas as "medidas de caráter emergencial" que são
necessárias para adotar uma forte "política de austeridade fiscal".
Depois de patrocinar sucessivas tentativas frustradas de criação ou
aumento de impostos, o Palácio do Planalto está convencido de que o
melhor caminho é "cortar na própria carne", ou seja, investir na chamada
reforma administrativa e diminuir os gastos da máquina pública.
As decisões não serão anunciadas de uma vez só, mas a conta-gotas,
conforme forem sendo definidas pela equipe econômica. Não entraria,
neste primeiro momento, a lista de quais ministérios serão cortados.
Apesar de garantir que Dilma não pretende acabar com nenhum programa
social, o mesmo ministro ouvido pela reportagem afirmou que será feito
um "pente-fino" nos benefícios que são pagos pelo governo, para
"combater todo tipo de fraudes" e otimizar os gastos. Um exemplo das
medidas que o Planalto pretende adotar é fazer um recadastramento do
chamado seguro defeso, alvo de diversas denúncias de irregularidades.
Após a decisão da S&P, Dilma reuniu hoje os principais ministros do
governo no Planalto para discutir como reagir ao rebaixamento. O
vice-presidente da República, Michel Temer, também participou do
encontro. O peemedebista é um dos que sempre defendeu a tese de que,
antes de elevar impostos, o governo deveria diminuir despesas.
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