Ueslei Marcelino/Reuters
Thomas Traumann, ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social: "A
presidente Dilma e 'o burocrata Levy' formam uma dupla inesperada"
São Paulo - Thomas Traumann, ex-ministro da Secretaria de Comunicação
Social da Presidência da República do governo Dilma Rousseff, afirmou em
artigo publicado no jornal Folha de S.Paulo que a petista depende, "por
ironia do destino", do "burocrata" Joaquim Levy, seu ministro da Fazenda, para concluir o mandato no prazo regimental, em 2018.
No artigo, Traumann recorda que antes de Levy ir para o atual governo,
Dilma contava a história de "um burocrata" que em 2005 foi até o Palácio
do Planalto para falar que o FMI havia autorizado o governo federal a
investir R$ 500 milhões em saneamento no país, recursos que sua gestão,
dez anos depois, investia em uma só cidade. O burocrata era Levy, então
secretário do Tesouro do Ministério da Fazenda.
Já no cargo de ministro, neste segundo mandato da petista, o ex-
ministro da Comunicação Social diz que ele sempre encontrava uma maneira
de falar do rombo nas contas públicas e não se sensibilizava com as
exposições de seus colegas sobre a necessidade de recursos, mesmo para
as áreas sociais.
"Por tudo isso, Dilma e Levy formam uma dupla tão inesperada", diz,
reiterando que um reconhece no outro as melhores intenções, mas
discordam de quase tudo o mais.
Traumann conclui o artigo dizendo que o ritmo do processo de um eventual
pedido de impeachment de Dilma Rousseff será dado não pela Lava Jato,
TCU, TSE ou disputas com o PMDB, mas sim pelo bolso do cidadão, com
fatores baseados em índices como desemprego, inflação e queda no
consumo.
Ele destaca que isso pode levar milhões às ruas, gerar pânico no mercado
financeiro e esfacelar a base governista. Portanto, reitera que Dilma
depende do sucesso do "burocrata Levy" para continuar presidente até
2018.
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