Governo acusa a UE de se expor ao ridículo; sugere cortar fundos de quem não for solidário
Luis Doncel
Berlim
Há meses que o Governo alemão tenta convencer os países membros da União Europeia em acertar uma distribuição mais equitativa dos refugiados.
Mas depois que os ministros do Interior não conseguiram entrar em
acordo por um sistema de cotas e em plena crise que levou países como a Alemanha,
Áustria e Eslováquia a colocar controles na fronteira, Berlim agora
aumenta o tom e ameaça com represálias se os países da UE –especialmente
os do Leste, entre eles a Hungria, República Tcheca e Eslováquia, os
mais contrários às cotas obrigatórias– não cederem.
O Governo de Angela Merkel
resistiu até agora, pelo menos diante dos microfones, em lançar
acusações duras contra os países da Comunidade Europeia e em anunciar
medidas de pressão. Essa atitude já mudou.
“Não acontece nada aos países que se negam [a aceitar cotas]. Por
isso precisamos começar a falar de medidas de pressão”, disse o ministro
do Interior, o democrata-cristão Thomas de Maizière, em uma entrevista
ao canal de televisão ZDF.
De Maizière acrescentou que “a minoria não solidária” é formada por
países que recebem muitos fundos estruturais”, indo na mesma direção do
presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker: aqueles que se
negarem a aceitar uma determinada porcentagem de refugiados poderão
sofrer alguma represália econômica. “Se não encontrarmos um caminho,
teremos um problema muito grande na Europa”, concluiu o ministro.
Nesta terça-feira, a Comissão Europeia afirmou que “não há base
legal” para reduzir ajudas estruturais aos países que rejeitem acolher
refugiados. “Os acordos de cooperação e programas operacionais para o
atual período de programação não oferecem uma base legal para reduzir os
fundos estruturais e de investimento europeus atribuídos”, explicou, em
uma entrevista coletiva, o porta-voz do Executivo comunitário,
Margaritis Schinas, ao ser perguntado pela proposta alemã.
O número 2 do Governo e líder dos socialdemocratas, Sigmar Gabriel,
também usou palavras duras para descrever o que ocorreu na
segunda-feira, em Bruxelas. “A Europa voltou a fazer um papel ridículo”,
afirmou Gabriel, que no dia anterior tinha elevado a 1 milhão o número
de pedidos de asilo que a Alemanha poderá receber este ano, em vez da
atual previsão oficial de 800.000.
O vice-chanceler considera inaceitável que a Alemanha se torne o
“pagador de toda a Europa” e que o restante dos países “participe quando
se trata de receber dinheiro mas não quando precisa assumir
responsabilidades”. Gabriel afirmou que a atual crise imigratória
representa uma ameaça maior que a da Grécia.
http://brasil.elpais.com/brasil/2015/09/15/internacional/1442310294_020877.html
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