Fellipe Sampaio/SCO/STF/Fotos Públicas
Procurador-geral da República, Rodrigo Janot: Suíça diz estar
impressionada com a coragem da luta contra a corrupção no MP brasileiro
Zurique - O Ministério Público da Suíça
elogia o trabalho da Procuradoria-Geral da República do Brasil e diz
estar "impressionado com a coragem" da luta contra a corrupção no MP brasileiro.
Em discurso realizado na manhã desta segunda-feira, 14, em Zurique,
Michael Lauber, procurador-geral da Suíça, fez questão de citar o caso
de corrupção da Petrobras na abertura da reunião anual da Associação
Internacional de Procuradores.
Rodrigo Janot, procurador-geral da República, estava programado para fazer um discurso, mas acabou cancelando a viagem diante de sua posse.
"Estamos impressionados pela coragem deles (brasileiros )", afirmou
Lauber. "Eles lutam com convicção e com a certeza de estar fazendo a
coisa certa, com o respeito ao estado de direito", completou. Brasil e
Omã foram os únicos países mencionados no discurso a um plenário para
procuradores de todo o mundo.
A colaboração entre o Brasil e a Suíça permitiu o congelamento de mais
de US$ 400 milhões em contas relacionadas com os ex-funcionários da
Petrobras.
" Queremos lutar contra a corrupção de forma séria ", disse Lauber. "
Contribuímos, portanto, com diversos países e sabemos que isso é crucial
para levar casos adiante ", comentou.
Entretanto, o governo suíço também afirma que outras praças financeiras
receberam valores potencialmente superiores aos que foram depositados
nos bancos do país alpino em propinas relacionadas ao esquema de
corrupção na Petrobras.
"Sabemos que há mais dinheiro fora daqui", disse o responsável pelo
Departamento de Direitos Internacional da chancelaria suíça, Valentin
Zellweger.
Segundo ele, outras praças financeiras têm ainda mais dinheiro que a
Suíça cuja origem seria o esquema na estatal brasileira. "Mas elas não
comunicam", declarou.
Questionado sobre como os bancos acabaram aceitando esses milhões de
dólares de ex-executivos da Petrobras sem questionamentos, o embaixador
insistiu que a estrutura montada foi "sofisticada".
Segundo ele, o dinheiro depositado passou por várias sociedades antes de
chegar até as contas na Suíça. Zellweger insistiu que era difícil ver
em muitas ocasiões que o dinheiro se referia a pessoas politicamente
expostas.
Mas ele mesmo admitiu que o sistema financeiro suíço precisa "fazer
mais" para evitar tais situações.
"Não temos um sistema 100% limpo. Mas
nosso objetivo é o de minimizar os riscos", comentou.
Para o embaixador, a Suíça fez prova de transparência ao anunciar a
existência de US$ 400 milhões bloqueados nas contas do país. Uma
investigação foi aberta em abril de 2014 e, em março de 2015, o
Ministério Público do país revelou 300 contas em 30 bancos diferentes
com dinheiro fruto da corrupção.
Em julho, a Suíça ainda anunciou que estava ampliando a investigação
para também tratar da Odebrecht. Do total bloqueado, US$ 120 milhões
foram devolvidos aos cofres brasileiros.
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