Almanajé Fotografia/Divulgação/BASF
Evento de cocriação da BASF no MuBE, em São Paulo, chamado Creator Space Tour
São Paulo – Para desenvolver ideias inovadoras e acelerar seus investimentos, a BASF
está pedindo ajuda para pessoas comuns, pesquisadores e clientes. Em
comemoração aos 150 anos da companhia, ela está realizando diversos
eventos pelo mundo, com foco em energia limpa, vida urbana e
alimentação.
Os eventos, chamados de Creator Space Tour, já passaram por Nova Iorque,
Shanghai e Mumbai e ainda irão para Barcelona. Além da participação
física, pessoas também podem sugerir ideias no site do evento.
Recentemente, foi a vez de São Paulo receber a ação da empresa. Durante
uma semana, a BASF reuniu dezenas de pessoas, de pesquisadores a donas
de casa, para discutir como criar soluções para problemas específicos.
A tendência de cocriação já atingiu outras empresas, principalmente para o desenvolvimento de novos produtos, como o caso da Natura e Coca-Cola.
Elisabeth Schick, vice-presidente sênior global de Comunicação e
Relações Governamentais da BASF, falou a EXAME.com sobre como os eventos
mundiais podem acelerar a pesquisa da BASF.
Confira a entrevista a seguir.
EXAME.com - Qual é a ideia da BASF ao idealizar o Creator Space
Tour, além dos outros eventos de comemoração dos 150 anos da BASF?
Elisabeth Schick - A ideia do Creator Space é alcançar nosso público
alvo e outros atores do mercado, como ONGs e políticos. É um passo para
nos aproximarmos da realidade, já que grandes corporações normalmente
são mais focadas para dentro.
EXAME.com - O que esperam alcançar com esses eventos?
Elisabeth Schick - Primeiramente, precisamos pensar em termos de
relações públicas. Uma coisa que precisamos fazer é enviar nossa
mensagem e reforçar nossa marca, mostrar o que a BASF pode fazer. A
outra parte é criação de conteúdo. Esses pequenos grãos de conhecimento
que estamos coletando podem ser muito grandes no futuro.
EXAME.com - O que será feito com as ideias criadas nesse evento?
Elisabeth Schick - No próximo ano, iremos destilar as melhores ideias e
apresentá-las à diretoria, que irá escolher as mais promissoras. Assim,
saberemos onde investir mais dinheiro em pesquisas, para encontrar
soluções mais rapidamente, feitas sob medida para a sociedade. Estamos
falando de investimentos em milhões de euros para trazer essas soluções
mais rapidamente para o mercado.
EXAME.com - Como as pessoas envolvidas nesses projetos serão recompensadas?
Elisabeth Schick - Iremos chegar a soluções mais rapidamente. Quando se
coloca tanta experiência em um só lugar, então as soluções vêm mais
fáceis e são melhores. Elas serão recompensadas se nós atingirmos nosso
objetivo, de fornecer água mais limpa, por exemplo. Nós sozinhos somos
muito pequenos para melhorar o mundo, precisamos de mais gente.
EXAME.com - Quais resultados já podem ser vistos dos eventos?
Elisabeth Schick - Já estão saindo os primeiros resultados do evento de
Mumbai, na Índia, que aconteceu em janeiro. Lá, o evento se focou na
questão da água. Na cidade, os canos são abertos e a água some no ar
quando está quente, além da poluição crítica. Já podemos pensar em
soluções e em como implementá-las, para que a água chegue à cidade.
Também temos um evento semelhante com nossos clientes, como a Unilever e
Bungee. Um dos resultados, em torno do debate sobre mobilidade urbana,
foi um projeto piloto criado com a Daimler. Estamos buscando o ônibus do
futuro, com sistema inteligente e emissão menor e iremos apresenta-lo
na Feira de Automóveis em Frankfurt.
EXAME.com - Por que a cocriação é necessária?
Elisabeth Schick - Os tempos de cientistas solitários, inovando sozinhos
em laboratórios, acabaram. Temos um mundo tão complexo à nossa volta.
Precisamos do conhecimento local, pois não adianta mais ter apenas uma
solução para o mundo todo.
Você precisa dessas mentes. Há tantos especialistas sobre alimentos no
Brasil, por exemplo. Você pode construir sobre esse conhecimento que já
existe para criar coisas novas.
EXAME.com - Para esse tipo de inovação, o time de especialistas que já trabalha na BASF não é o suficiente?
Elisabeth Schick - Acredito que não seja mais possível. Podemos ver na
história da BASF. Começamos com nossos próprios pesquisadores. Agora, já
trabalhamos há décadas com universidades e institutos de pesquisa.
Ainda não é suficiente. Acho que é necessário abrir a mente e se
aventurar em novas perspectivas, conhecendo os hábitos das pessoas para
se chegar a soluções.
EXAME.com - A sociedade pode ajudar e cooperar com grandes companhias?
Elisabeth Schick - Penso que devemos mudar nossa atitude. Às vezes,
grandes corporações são vistas como “os caras maus”. Não temos a
confiança das pessoas e elas não querem cooperar conosco, já que somos
muito poderosas.
Com o Creator Space Tour, pessoas podem perceber que podemos conversar.
Gosto de grandes corporações porque acredito piamente que somos “os
caras do bem”.
EXAME.com - Uma semana é o suficiente para criar uma ideia nova ou inovação realmente útil?
Elisabeth Schick - Sim. Uma semana é pouco tempo, mas já podemos ver
alguns resultados menores. O simpósio de ciência (no Brasil, chamado de
Top Ciência) atua do mesmo jeito. Grandes cientistas especialistas se
preparam de antemão para essa semana e já podemos ver resultados mais
substanciais.
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