Fábio Rodrigues Pozzebom/ABr
Contra as doações: Mendes afirmou ainda que a "pouca capacidade" de que
dispõe a Justiça Eleitoral em fiscalizar vai agravar ainda mais o
problema
Brasília - O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF)
Gilmar Mendes reafirmou sua posição contrária à proibição de
financiamento empresarial de campanha e disse que o assunto ainda vai
gerar "uma grande confusão".
"Com essa fórmula a gente vai montar talvez o maior laranjal. Nós
estamos ganhando várias Copas do Mundo: estamos ganhando a copa do mundo
de corrupção, perdemos a Copa do Mundo verdadeira, e também estamos
ganhando a Copa do Mundo de laranjas, nesse sentido mais negativo",
disse.
O ministro ponderou que a decisão da presidente Dilma Rousseff em vetar o
financiamento empresarial de campanha "é normal" já que houve uma
decisão da Justiça em relação ao tema.
"Se o Supremo sinalizou que a doação privada de empresas é
inconstitucional, então a presidente fez a avaliação que poderia fazer. A
sua assessoria só poderia chegar a essa conclusão."
Mendes afirmou ainda que a "pouca capacidade" de que dispõe a Justiça
Eleitoral em fiscalizar vai agravar ainda mais o problema. "Um serviço
de avião, um carro emprestado, a rigor é uma doação, como fiscalizar
tudo isso?", questionou. "Nós estamos apelando de novo para o simbólico e
isso não vai ser positivo."
O ministro comentou a iniciativa dos parlamentares, que estudam
apresentar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) para permitir a
doação de empresas a campanhas políticas. Segundo ele, não há um
controle preventivo de constitucionalidade e a PEC "pode ter sentido".
"Vamos ter que discutir a PEC", disse. Questionado se esse tipo de
medida pode criar uma guerra de poderes, Mendes afirmou que sim. "Pode
ocorrer, nós já tivemos alguns casos. Aí tem a discussão sobre se a
matéria é cláusula pétrea ou não", disse.
Ao criticar novamente a decisão do Supremo em relação ao financiamento
de campanha, Mendes disse que não se pode declarar inconstitucional um
modelo apenas por "não gostar dele".
"É preciso respeitar um pouco a inteligência das pessoas", afirmou,
destacando que o Supremo precisa de vez em quando calçar "as sandálias
da humildade". "Não quero ser futurólogo, mas tudo indica que vamos ter
uma grande confusão."
Mendes conversou na manhã desta quarta-feira, 30, com o presidente da
Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e com o presidente do Senado, Renan
Calheiros (PMDB-AL), no Congresso.
Segundo ele, o tema das conversas foi Código de Processo Civil.
"Estou conversando sobre o CPC, a questão da admissibilidade uma vez que
a Câmara deve votar daqui a pouco essa matéria e a gente precisa saber
dessa matéria no âmbito também do Senado para que haja um encaminhamento
uma vez que o CPC novo entra em vigor em março do ano que vem."
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