quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Caminhoneiros dão ultimato a Dilma: ” Não queremos acordo. Saia do governo ou iremos parar o país”



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Os mesmos caminhoneiros que organizaram uma mega paralisação da categoria em fevereiro de 2015 tentam articular uma nova mobilização para a próxima segunda-feira (09)

O grupo pede a saída da presidente Dilma e alega que o governo não cumpriu os acordos feitos com a categoria na época:
  • Redução do preço do óleo diesel
  • Cancelamento das multas aplicadas a quem aderiu à greve
  • Lei que regulamente a aposentadoria com 25 anos de trabalho
“As reivindicações não foram atendidas. Agora não queremos negociar, não aceitaremos acordo. Queremos a renúncia da presidente”, afirmou o organizador da manifestação, Ivar Luiz Schmidt.
Ivar foi um dos responsáveis responsável por liderar a paralisação de fevereiro, que afetou a distribuição de combustível pelo país e fez com que o preço da gasolina chegasse a cinco reais o litro em algumas cidades.

Especialista Inglês via ONU diz que 'lei antiterrorismo' é um golpe que ameaça a liberdade no Brasil


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Até os ingleses da ONU já viram que uma lei feita por um congresso cuja maioria responde por crimes na justiça, com apoio de um governo que 'governa' por decretos, que não tem sequer 5% de aprovação real da população consciente, só pode resultar em repressão e censura.
04 passos pra uma Venezuela: desemprego em massa, desabastecimento, caos, repressão dura e implacável, disfarçada de 'defesa da democracia'>>>

O QUE DIZ BEN EMERSON, ESPECIALISTA INGLÊS NA ONU?

***O projeto de lei 101/2015 tenta definir os crimes de terrorismo no Brasil, permitindo ainda a criação de procedimentos investigatórios e processuais. A proposta foi encaminhada ao Senado em agosto, depois de já ter sido aprovada pela Câmara dos Deputados.
No dia 28 de outubro, o Senado aprovou a lei, que agora voltará a ser discutida pelos deputados. Um dos problemas identificados pelos relatores da ONU se refere à modificação feita no texto pelo Senado.
"Lamentamos que o atual projeto de lei excluiu um artigo anterior que estabelecia uma salvaguarda importante que garantia que a participação em manifestações políticas e em movimentos sociais não fosse considerada no âmbito dessa lei,” disse o documento da ONU.
O alerta foi emitido por Ben Emmerson, relator especial sobre a promoção e proteção dos direitos humanos e das liberdades fundamentais na luta antiterrorista, David Kaye, relator especial sobre a promoção e proteção do direito à liberdade de opinião e expressão, Maina Kiai, relator especial para os direitos da liberdade de reunião e associação pacífica, e Michel Forst, relator especial para a situação de defensores de direitos humanos.
“Os Estados têm o dever de proteger a sociedade civil e os direitos fundamentais para sua existência e seu desenvolvimento, como os direitos à liberdade de associação e reunião pacífica e à liberdade de expressão”, defenderam os relatores. “Definições imprecisas ou demasiado amplas sobre terrorismo abrem a possibilidade do uso deliberadamente indevido do termo.
Por isso, legislações que visam combater o terrorismo devem ser suficientemente precisas para cumprir com o princípio de legalidade, a fim de evitar que possam ser usadas contra a sociedade civil, silenciar defensores de direitos humanos, blogueiros e jornalistas, e criminalizar atividades pacíficas na defesa dos direitos das minorias, religiosos, trabalhistas e políticos”, apontaram.
Para a ONU, "quando leis voltadas para a promoção da segurança podem afetar as liberdades fundamentais, os Estados devem sempre assegurar que os princípios de necessidade, proporcionalidade e não discriminação sejam inteiramente respeitados".
“As medidas contra o terrorismo que têm um impacto negativo na capacidade de ONGs para atuarem de forma efetiva e independente estão fadadas a ser, em última instância, contraproducentes na redução da ameaça imposta pelo terrorismo.” ***(Com informações de Estadão)

PMDB JÁ ARTICULA QUEDA DE DILMA


PMDB PODER


(PAINEL)Um novo script está em curso: Uma operação que poderá inviabilizar o mandato de Dilma Rousseff sem precisar recorrer às pedalas do TCU. Segundo o plano articulado pelo PMDB com a ajuda de integrantes da oposição, o Congresso só aprovaria a mudança da meta fiscal de 2015 no ano que vem, levando o governo a fechar dezembro infringindo as leis Orçamentária e de Responsabilidade Fiscal em uma só tacada. A irregularidade sustentaria um pedido de impeachment “sob medida” na largada de 2016.

Nó Caso a nova meta prevendo o deficit primário de 2,05% do PIB não seja aprovada, todos os atos fiscais do Executivo em 2015 se tornariam irregulares.

Operação-padrão A cúpula do PSDB discute nos bastidores como proceder oficialmente. Integrantes da oposição na Comissão Mista de Orçamento falam em obstruir as sessões do Congresso para impedir a votação.

Aperitivo Peemedebistas lembram que, em 2014, quando o governo tinha mais força do que agora, uma das sessões para aprovar a alteração da meta passou de 16 horas.


http://painel.blogfolha.uol.com.br/2015/11/05/pmdb-e-oposicao-articulam-novo-plano-para-impeachment-de-dilma/

terça-feira, 3 de novembro de 2015

Financiamento é alternativa para enfrentar alto custo da arbitragem






O alto custo é considerado um dos principais empecilhos para que as empresas resolvam suas diferenças em um processo arbitral. Diante desse quadro, não demorou aparecer empresas de financiamento como alternativa para as companhias com limites orçamentários. E, como tudo é negócio, a possibilidade de ganho financeiro é a força por trás dessa relação. Prática comum no exterior, a modalidade começa a aparecer no Brasil.

Financiamentos de arbitragem (e também de contenciosos) é um negócio como outro qualquer, estabelecido para gerar lucros. Empresa privadas, que atuam à semelhança de qualquer instituição financeira, investem em casos de demandantes com grande potencial de lucro, em troca de uma comissão sobre a indenização que derivar da arbitragem ou do contencioso.

Embora o objetivo dessas empresas privadas seja apenas o lucro, isso não fica explícito em seu marketing. Ao contrário, em seus sites essas empresas se promovem com frases tais como “Promova os direitos jurídicos globalmente”, “Acesse a Justiça sem custos”, “Ganhe retornos extraordinários”.

Eufemismos à parte, a legitimidade do sistema é questionada na Inglaterra. Lá, todo o processo é sigiloso e não se sabe, realmente, quem está bancando o demandante. Também não é possível saber se a empresa financiadora tem algum tipo de ligação com o árbitro escolhido para decidir o caso. Já houve um movimento, na Inglaterra, para regulamentar e obrigar as partes a revelar as informações sobre o financiamento, mas isso nunca foi para a frente.


Avaliação dos riscos

Como se trata de um investimento de risco, o financiamento só é aceito caso seja identificada uma boa chance de vitória da parte que busca o aporte. Para isso, os agentes financeiros contam uma equipe, além de ajuda de consultorias especializadas, para estudar cada caso detalhadamente.

Antes de tomar uma decisão de investimento, as empresas levam em consideração: 1) o valor e a complexidade da demanda; 2) o valor do investimento; 3) a probabilidade de sucesso da demanda; 4) se existem outras partes interessadas na demanda; 5) a jurisdição em que a arbitragem será realizada; 6) a instituição arbitral que administra o caso; 7) facilidade de execução da decisão da arbitragem.

O valor mínimo da indenização também é um fator na tomada de decisão. Tem de ser de pelo menos US$ 20 milhões. Para potenciais indenizações abaixo desse valor, existe um outro sistema, chamado "crowdfunding" (financiamento pelo povo). Isso significa que o financiamento é feito por investidores particulares, reunidos em sites que promovem esse tipo de atividade.


Possibilidade de lucro

"Se o cliente não ganha o processo arbitral e não obtém uma compensação econômica, a empresa não ganha nada e perde o investimento", explica Narghis Torres, CEO da LexFinance, empresa de financiamento de arbitragem que atua no Brasil desde o início do ano. Em troca do financiamento, ele conta que a companhia cobra uma porcentagem dos ganhos. O executivo ressalta que não se trata de um empréstimo, mas de investimento.

A advogada Vânia Wongtschowski Kleiman, do Wongtschowski & Zanotta advogados conta que a taxa de sucesso cobrado pelos investidores no exterior varia normalmente de 15% a 50% do valor que a parte receberá. No entanto, segundo ela, há outra forma de cobrança feita por quem financia. "Há casos em que é negociado um múltiplo do valor investido, independentemente do valor que a parte irá receber", diz.

Essas instituições podem investir, por exemplo, US$ 1 milhão em um processo de indenização de US$ 20 milhões, para lucrar US$ 3 milhões — um lucro dificilmente obtido em qualquer investimento no mercado financeiro em curto ou médio prazo.


Crescimento no Brasil

Um das empresas que presta consultoria e assessoria em arbitragem é a Hill Internacional, que possui escritórios em mais de uma centena de países. De acordo com Marcello Guimarães, vice-presidente de Óleo e Gás da Hill Internacional, há cerca de 30 arbitragens no Brasil que contam com financiadores e a tendência é crescer.

Ele aponta que, além da crise econômica que passa o Brasil, as Olimpíadas no Rio de Janeiro em 2016 e o desencadeamento da operação "lava jato" estão colaborando para o crescimento da arbitragem no país.

"O centro de arbitragem da Câmara de Comércio Brasil-Canadá é a que mais cresce no mundo. Há uma grande demanda mas o custo da arbitragem é alto e hoje a situação econômica não é favorável. Por isso o mercado criou uma alternativa que é esse financiamento da arbitragem por agentes financeiros", diz.

Visão semelhante tem Paulo Macedo, especialista em arbitragem do L.O. Baptista-SVMFA. De acordo com ele, esse fenômeno ainda é novo no Brasil e tem sido bastante discutido desde o início do ano devido a crise. Para Macedo, a iniciativa é positiva. "Isso possibilita, entre outras coisas, um equilíbrio entre as forças numa disputa. O fato de uma empresa estar em dificuldade econômica deixa de ser um fator que fortaleça a outra parte. No Judiciário isso é comum. O fator econômico torna uma parte mais forte que outra. Esses fundos, ao financiarem a arbitragem, reequilibram a questão", explica.

O financiamento de arbitragem não se resume ao pagamentos dos custos. Todas as despesas relativas aos procedimentos (por exemplo, honorários de árbitros, advogados e peritos) podem ser pagas pelos investidores. De acordo com a advogada Vânia Wongtschowski, em outros países o financiamento de arbitragem pode ser até mesmo durante o procedimento arbitral, seja para pagar as despesas já efetuadas, seja para financiar as despesas que ainda faltam.

Há 'exagero' sobre papel do BNDES na economia, diz presidente do banco



(Reuters)
Presidente do BNDES, Coutinho está à frente do banco desde 2007
Desde o governo Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) assumiu o papel de principal provedor de crédito no Brasil.

A partir da crise internacional de 2008, as operações do banco federal de fomento passam por um boom sem precedentes, infladas por transferências de recursos feitas pelo Tesouro Nacional – o governo emprestou R$ 511 bilhões ao BNDES de 2008 a julho deste ano.

A medida, contudo, contribuiu para derrubar as contas do governo - a dívida pública subiu quase meio trilhão de reais no período. A aposta no BNDES como indutor do desenvolvimento também não impediu a queda geral no investimento (que no ano passado teve o pior resultado desde 1999) e a recessão mais grave dos últimos 25 anos.

À frente do banco desde 2007, o economista Luciano Coutinho afirmou, em entrevista à BBC Brasil, que há "certo exagero" sobre o papel do BNDES na economia nacional. "A gente não influencia 100% do investimento."

Para o presidente do banco, o desânimo dos empresários – pela primeira vez desde 2002 os pedidos de financiamento ao BNDES foram menores do que os desembolsos do órgão – reflete a "grande incerteza reinante" no cenário econômico do país.

"O BNDES é um banco grande, poderoso, mas há um certo exagero. A gente não influencia 100% do investimento. Há um pedaço grande feito por empresas muito pequenas, ou relacionado a áreas com as quais temos pouco relacionamento, ou porque são empresas em áreas mais difíceis, que não têm histórico (de crédito)", disse.

 

CPI


Com a economia em baixa, o banco foi lançado no meio da atual crise política – a Câmara dos Deputados criou uma CPI em agosto para investigar a atuação do BNDES de 2003 a 2015, citando indícios de "empréstimos eivados de corrupção e com critérios questionáveis do ponto de vista do interesse público".

O presidente do banco, no entanto, prefere não abordar temas polêmicos, como a investigação no Congresso e o papel da instituição nas chamadas "pedaladas fiscais" - suposto uso de bancos públicos para financiar o Tesouro (o que é ilegal) e maquiar contas públicas.

Em geral, Coutinho rebate as críticas sobre o custo fiscal das injeções de dinheiro do Tesouro no BNDES citando o retorno das operações em impostos, empregos e investimentos. "Os empréstimos de longo prazo do BNDES financiam investimentos que em boa medida não ocorreriam na ausência desse crédito", escreveu, em artigo recente.

E questionado sobre as "pedaladas fiscais" em sessão na CPI do BNDES em agosto, Coutinho rejeitou o uso do termo e defendeu as operações do banco com o Tesouro. "O BNDES não adiantou recursos próprios, operou em um programa com dotação estabelecida em lei, e com recursos providos pelo próprio Tesouro para a operação do programa, de maneira que não é de forma alguma uma operação de financiamento do BNDES à União", disse na ocasião.

 

BNDES e austeridade

  (Thinkstock)
Pela primeira vez desde 2002, BNDES recebeu menos pedidos de financiamento do que desembolsos
Diante da queda livre da demanda por crédito do BNDES (a retração recente é de quase 50%), o presidente do banco prefere não estimar até quando o investimento irá segurar a retomada da economia ─ fala em "virar o jogo um pouco mais para a frente".

Ex-professor da presidente Dilma Rousseff na Unicamp, Coutinho afirma que o banco "já se adaptou" aos tempos de ajuste fiscal. "Racionalizamos o uso do recurso mais precioso, que é TJLP (taxa de juros de longo prazo, a mais baixa oferecida pelo banco), para infraestrutura, energia, porque o mercado não consegue prover empréstimos de prazo longo suficiente."

Por novas regras anunciadas neste ano para tentar aumentar o financiamento privado, o BNDES atrelou a captação de recursos com base na TJLP à emissão de debêntures (títulos de crédito para captar recursos). Quem buscar 50% do empréstimo via TJLP terá que levantar 25% no mercado de capitais com emissão de debêntures.

"Hoje a debênture está muito cara, porque a (taxa) Selic está alta, mas nossa expectativa é quando virar o jogo, um pouco mais para a frente, essa parceria com o mercado de capitais será muito relevante. Essa é uma inovação no campo financeiro: estimular um ganha-ganha com o mercado de capitais", disse o presidente.


Dúvida sobre fundo


Coutinho esteve em Londres na semana passada. Uma de suas tarefas na capital britânica foi buscar novos financiadores para o Fundo Amazônia, criado em 2008 para bancar iniciativas de combate ao desmatamento e uso sustentável da floresta.
Em setembro, o governo da Noruega, principal doador do fundo gerenciado pelo BNDES, anunciou o repasse da última parcela. Até 2014, o fundo somava doações de R$ 2 bilhões – 96% da Noruega, 3% do governo da Alemanha e 1% da Petrobras.
"A preocupação hoje é muito mais com o futuro e a sustentação do fundo, diante do reconhecido desempenho positivo. A grande dúvida é se conseguiremos assegurar um outro ciclo de avanço profundo", disse Coutinho, citando compromisso recente de apoio feito pelo governo alemão.
"Claro que fundraising (levantamento de fundos) para tomar dinheiro emprestado é moleza para o BNDES. O BNDES levanta dinheiro com muita facilidade, mesmo agora após o downgrading do Brasil. Outra coisa é você levantar grana doada. É bem mais difícil, porque em geral vai ter que vir do orçamento aprovado de algum país."

Transparência

O requerimento de criação da CPI do BNDES na Câmara, assinado por deputados de oposição, critica a existência de "contratos secretos" no banco e cobra transparência da instituição. Maior financiador da usina de Belo Monte, o banco também foi acusado de sonegar informações sobre relatórios ambientais da obra de R$ 30 bilhões.

O presidente do BNDES cita restrições legais para a divulgação de certas informações. "Muitas vezes pede-se acesso a documentos internos do banco que revelam a intimidade do cliente, um problema do cliente. Somos obrigados por lei a resguardar certas informações. Não podemos opor sigilo aos órgãos de controle, à Justiça, mas para uma entidade privada temos que ser cautelosos."

 

Etanol

 

 (Reuters)

Inundado por empréstimos do BNDES no passado, setor do etanol enfrenta grave crise

Um dos "campeões nacionais" do BNDES ─ setores privilegiados pelo banco na concessão de crédito ─ foi o etanol, que hoje enfrenta uma grave crise, com endividamento e fechamento de empresas. Ao menos 60 usinas fecharam as portas e outras 70 se tornaram insolventes desde 2008. Um dos principais responsáveis pela retração foi a política do Planalto de congelamento do preço da gasolina, que tornou o etanol menos atraente ao consumidor.

Responsável pela aceleração dos estímulos ao setor, Coutinho diz que essa indústria está "começando a respirar" e defende as ações do banco – foram R$ 11 bilhões em crédito a usinas em sua gestão.

"O banco teve um papel importante em financiar a expansão do setor. Depois, com a crise internacional, trabalhou com o sistema bancário para evitar uma quebra sistêmica. O setor enfrentou um período mais recente de margens comprimidas por conta do preço da gasolina, mas o banco permaneceu sempre como um esteio, especialmente com os programas para renovação de canaviais", disse Coutinho, que fala com entusiasmo de financiamento do banco para produção de etanol de segunda geração (produzido da palha e bagaço da cana) e para genética da cana.

E diante de reclamações de usineiros sobre as novas linhas do BNDES para financiamento de estocagem, Coutinho diz que agora o dinheiro barato vai para "coisas muito nobres", e não mais para capital de giro. "O banco não tem folga em TJLP, porque o Tesouro cessou a transferência de recursos ao BNDES. Então o banco tem que priorizar a TJLP para projetos novos, de infraestrutura, com prazo de maturação longo, leiloados publicamente ou inovação tecnológica, coisas muito nobres. Foi feito o melhor esforço possível dentro do que estava ao alcance da instituição nas circunstâncias de 2015."

Como o esforço da Suíça para limpar imagem de paraíso para dinheiro sujo ajuda a Lava Jato




Foto: Thinkstock


A Suíça está reformando suas práticas bancárias e passou a cooperar em investigações
Após vários escândalos de evasão ilegal de dinheiro e forte pressão internacional, a Suíça tenta mudar sua imagem de paraíso fiscal e destino seguro e sigiloso para dinheiro adquirido por meio de atividades ilegais.

O país está reformando suas práticas bancárias e passou a cooperar de maneira mais espontânea em investigações sobre contas secretas de estrangeiros no país, como vem ocorrendo atualmente no caso da Lava Jato.

O maior passo nesse sentido foi dado recentemente pelo Conselho Nacional (a câmara baixa do Parlamento) do país, que aprovou, em setembro, a troca automática de informações tributárias com administrações fiscais internacionais a partir de janeiro 2018.

Na prática, isso porá fim ao famoso sigilo bancário suíço, praticado desde o século 19 e regulamentado por uma lei de 1934.

As instituições financeiras do país serão obrigadas a comunicar ao Fisco suíço os dados bancários de estrangeiros, que serão repassados às autoridades fiscais dos países dos titulares das contas.

Em maio, a Suíça já havia firmado com a União Europeia (da qual o país não faz parte) um acordo sobre a troca automática de informações fiscais de cidadãos europeus não residentes na Suíça.

Para analistas, o fim do sigilo bancário suíço é uma etapa importante para a "normalização" do país, criticado durante décadas por sua falta de transparência e sua recusa em cooperar com as administrações tributárias ou a Justiça de países estrangeiros em casos de investigações fiscais.

"A Suíça tem sofrido forte pressão internacional. A transparência fiscal está no foco da comunidade internacional nos últimos dois anos", disse à BBC Brasil Monica Bhatia, chefe do secretariado do Fórum Mundial para a Transparência e Troca de Informações Tributárias, integrado por 129 membros, entre eles a Suíça e o Brasil.

"Há cada vez menos lugares para esconder dinheiro no mundo. Estamos avançando fortemente nesta direção", assegura Bhatia.

O fórum foi criado em 2000, organizado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). No total, 96 países já se comprometeram a realizar a troca automática de informações tributárias.

A Suíça sofreu pressão nos últimos anos sobretudo dos Estados Unidos. Em 2009, o banco suíço UBS aceitou - sob a ameaça de ter sua licença retirada nos Estados Unidos - entregar à Justiça americana o nome de algumas centenas de clientes acusados de fraude fiscal, apesar de não haver, na época, um acordo de cooperação administrativa com o país.

 

Cooperação com o Brasil

  Foto: Thinkstock
A Suíça sofreu pressão sobretudo dos Estados Unidos 

Contas não declaradas representam evasão fiscal, mas isso não significa que os recursos foram obtidos com atividades ilegais. Para evitar que o país receba recursos de práticas criminosas como tráfico de armas ou corrupção – o que afeta sua imagem - a Suíça tem reforçado sua colaboração com investigações internacionais.

O Ministério Público (MP) suíço informou em março ter bloqueado cerca de US$ 400 milhões ligados ao escândalo da Petrobras, dos quais US$ 120 milhões já foram devolvidos ao Brasil.

"O escândalo de corrupção no Brasil afeta a praça financeira suíça e seu sistema de defesa contra lavagem de dinheiro. Por isso, o Ministério Público da Confederação tem todo o interesse em participar da melhor forma possível por meio de suas próprias investigações para elucidar esse escândalo", afirma um comunicado do órgão suíço.

O MP da Suíça informou que as investigações permitiram descobrir mais de 300 contas suspeitas ligadas à operação Lavo Jato em cerca de 30 bancos do país

Em abril, a Suíça também devolveu ao Brasil US$ 19,4 milhões (cerca de R$ 77,4 milhões) ligados a uma organização criminosa que negociava decisões judiciais, desmantelada na operação Anaconda.

O dinheiro havia sido depositado na Suíça pelo ex-juiz federal João Carlos da Rocha Mattos.
Em 2009, entrou em vigor um acordo de cooperação judicial em assuntos penais entre o Brasil e a Suíça.

"A cooperação entre os dois países, que já é forte, será facilitada", havia afirmado, na época, o MP suíço.

Houve outros casos de colaboração com o Brasil. Alguns exemplos: em 2010, a Suíça bloqueou uma conta de US$ 13 milhões de Fernando Sarney, filho do ex-presidente José Sarney. Em 2013, o Ministério Público do RS obteve o bloqueio de contas na Suíça de um advogado acusado de arquitetar um esquema de fraudes no sistema do ICMS do Rio Grande do Sul.

Para mostrar seu empenho na luta por "limpeza", o país lançou, em setembro, um serviço online para permitir denúncias anônimas à polícia de supostos atos de corrupção.
Foto: AFP
Segredo bancário é praticado na Suiça desde o século 19
"A nova plataforma tem o objetivo de apoiar de forma eficaz a luta contra a corrupção internacional, o que representa um dos principais objetivos do Ministério Público da Confederação", diz um comunicado.

No ano passado, o escritório suíço de luta contra lavagem de dinheiro (MROS, na sigla em inglês) recebeu 1,7 mil denúncias de atividades suspeitas (assinaladas pelos bancos do país), um recorde - que representa aumento de 25% na comparação com o ano anterior.

Apesar do fim do segredo bancário previsto para 2018, a Suíça permanece o primeiro centro offshore do planeta, com mais de US$ 2,1 trilhões de ativos privados depositados por clientes estrangeiros.
Sua participação de mercado no "private banking" internacional é de 25%, segundo a associação dos bancos estrangeiros na Suíça.

Caso HSBC


E em meio aos esforços de limpar a imagem de seus bancos, continuaram a aparecer escândalos de evasão fiscal e lavagem de dinheiro, como o ocorrido no início deste ano com a filial suíça do banco britânico HSBC, no caso batizado de "Swissleaks”.

Segundo dados vazados por um ex-funcionário da filial, o banco facilitou a abertura de contas sem se importar com a origem dos recursos e ainda ajudando clientes com dicas sobre como contornar tributos - um esquema de evasão fiscal que envolveu mais de 100 mil contas de clientes e de 20 mil empresas offshore que movimentaram mais de 180 bilhões de euros.

Nesta segunda-feira, começou na Suíça o julgamento de Hervé Falciani, ex-analista de informática do HSBC que furtou os documentos do banco e os repassou para o Fisco francês, no final de 2008.

Falciani foi indiciado por "espionagem econômica, furto de dados e violação do segredo bancário e comercial" e decidiu não comparecer ao seu julgamento no Tribunal Penal Federal suíço.

Cidadão francês, ele reside na França e não será extraditado.

Já o HSBC pagou cerca de US$ 40 milhões às autoridades suíças para encerrar as investigações por lavagem de dinheiro com fatores agravantes contra o banco.
 
*Colaborou Marina Wentzel, da Basileia, Suíça

 http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2015/11/151101_suica_dinheiro_lk

Conselheiro da Petrobras e sindicalistas são presos em ato


Ueslei Marcelino/Reuters
Tanque da Petrobras em Brasília
Tanque da Petrobras: eles foram autuados por desacato a dois policiais militares, algemados e levados para duas delegacias da região
 
Antonio Pita, do Estadão Conteúdo

Rio - O conselheiro de Administração da Petrobras, Deyvid Bacelar, e dois integrantes do Sindicato dos Petroleiros da Bahia (Sindpetro-BA) foram presos na noite de segunda-feira, 2, em ato pela greve dos trabalhadores da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), na região metropolitana de Salvador.

Eles foram autuados por desacato a dois policiais militares, algemados e levados para duas delegacias da região. O conselheiro diz ter sido agredido durante a prisão.

"A viatura avançou com velocidade sobre os militantes que abordavam os trabalhadores. Eles se exaltaram e deram voz de prisão por desacato, por questionarmos os motivos da abordagem. Fui imobilizado de forma violenta, algemado e agredido o que me deixou cheio de hematomas", relatou o conselheiro ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.
Também foram presos o diretor do Sindpetro, Agnaldo Cosme, e o fotógrafo Wandeick Costa. Todos foram liberados por volta das 4h30 desta terça-feira (3), após o registro da ocorrência. A confusão ocorreu por volta das 23h30 da segunda-feira, segundo Bacelar, quando os policiais teriam exigido que o fotógrafo apagasse os registros de uma reunião com diretores da Refinaria.

"Houve uma articulação entre a gerência da refinaria para desmobilizar o movimento, prendendo as lideranças", afirmou Bacelar. "Fizemos registros de fotos e vídeos do encontro do gerente-geral com dois policiais. Menos de uma hora depois, os policiais avançaram sobre os militantes tentando apagar as fotos. Houve exaltação e fomos presos por desacato", completou.

Cerca de 80 militantes do sindicato abordavam os funcionários da refinaria para garantir a adesão ao movimento grevista, iniciado no último domingo, 1º. Os sindicalistas foram encaminhados à delegacia de Candeias e de São Francisco do Conde, onde fica a refinaria. O exame de corpo de delito será feito no início da tarde para confirmar as agressões.

Procurada, a Polícia Militar (PM) informou que foi acionada por denúncias de "obstrução da rodovia", mas que a viatura teve passagem obstruída. "Quando os policiais solicitaram a retirada dos objetos foram agredidos verbalmente, sendo Wandiack preso por desacato. Em seguida, Agnaldo Cosme da Cruz Soares Júnior e Deyvid Souza Bacelar da Silva também foram presos por tentar impedir a condução do detido à delegacia", informa o comunicado.

Em nota, o Sindipetro-BA classificou a prisão de "arbitraria e orquestrada" contra o movimento, e classificou a ação da PM de "abuso de poder e autoritarismo". O sindicato informou ainda que estuda "tomar as medidas jurídicas cabíveis para garantir a liberdade e o livre exercício da greve pelos trabalhadores".

Ainda de acordo com Deyvid Bacelar, pela manhã o clima é de tensão no acesso à refinaria. O policiamento foi reforçado com 12 viaturas. "Pelo que vi ontem (2) a noite e hoje (3), há uma tendência de tensão cada vez maior. É um momento crítico", relatou. "É triste ver um abuso ocorrer em um governo popular que ajudamos a eleger", completou.

A greve deflagrada no último dia 1º de novembro envolve a paralisação parcial de 43 unidades de produção. Também há adesão de terminais de distribuição da Transpetro, além de refinarias, segundo a Federação Única dos Petroleiros (FUP).