quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Planalto e PT discutem novo nome para liderança do governo


Geraldo Magela/Agência Senado
Senador José Pimentel (PT-CE), relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras, durante reunião para ouvir o ex-diretor Internacional da empresa, Jorge Zelada
José Pimentel: o senador, atual líder do governo no Congresso, deve acumular as duas funções temporariamente
 
Isadora Peron e Ricardo Brito, do Estadão Conteúdo


Brasília - Após a prisão do senador Delcídio Amaral (PT-MS), o Palácio do Planalto e o PT já começam a discutir um nome para substituí-lo na liderança do governo no Senado.

Ainda atônitos com o que ocorreu, os senadores do PT se reúnem na manhã desta quarta-feira, 25, para avaliar a situação do correligionário.

O senador José Pimentel (PT-CE), atual líder do governo no Congresso, deve acumular as duas funções temporariamente. Ele já teria sido chamado para conversar com a presidente Dilma Rousseff sobre o assunto.
A prisão de Delcídio acontece num dia importante para o governo, que esperava votar nesta quarta-feira, o projeto de alteração da meta fiscal. O mais provável, diante do clima de estabilidade, é que a sessão do Congresso seja adiada.

O Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a prisão do senador petista depois que o Ministério Público Federal apresentou evidências de que ele tentava conturbar as investigações da Operação Lava Jato. Delcídio é o primeiro senador preso no exercício do cargo.

PF prende Delcídio do Amaral, do PT, e André Esteves, do BTG




 
 
Andreza Matais, do Estadão Conteúdo
Beatriz Bulla e Julia Affonso, do Estadão Conteúdo


 São Paulo - O Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a Polícia Federal a deflagrar uma operação nesta quarta-feira, 25, que levou à prisão do senador Delcidio do Amaral (PT-MS), investigado pela Operação Lava Jato. O parlamentar teria sido flagrado na tentativa de destruir provas contra ele e prejudicar as investigações.

Também foram presos o banqueiro André Esteves, presidente do BTG Pactual, e Diogo Ferreira, chefe de gabinete do Delcidio do Amaral. Até o momento, não há detalhes sobre as circunstâncias da detenção de ambos. A mesma ação da PF prendeu, um pouco mais cedo, Delcídio, o primeiro senador da República detido durante o exercício do mandato.

Esta é a primeira vez que um senador com mandato em exercício é preso. A PF também fez busca e apreensão no gabinete do petista, no Senado, em Brasília, e nos Estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Mato Grosso do Sul.
A prisão de Delcídio é resultado de uma operação deflagrada pela Polícia Federal, que também tem como alvo empresários. As ações foram autorizadas pelo Supremo. Não se trata de uma fase da Lava Jato tocada em Curitiba, na 1ª instância.

O senador foi preso no hotel Golden Tulip, onde mora em Brasília, mesmo local onde na terça-feira, 24, a PF prende o empresário José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Delcídio foi citado na delação do lobista Fernando Baiano, apontado pela Lava Jato como operador de propinas no esquema de corrupção instalado na Petrobras entre 2004 e 2014. Fernando Baiano disse que o senador teria recebido US$ 1,5 milhão em espécie na operação de compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.

O jornal O Estado de S. Paulo apurou que, pela manhã, o ministro Teori Zavascki convocou uma reunião extraordinária da Turma do STF dedicada à Lava Jato. A reunião da Corte será reservada - algo raro.

De acordo com fonte no tribunal, a sessão foi marcada pelo presidente da Turma, ministro Dias Toffoli, a pedido de Teori, relator dos casos relativos ao esquema de corrupção na Petrobras.

terça-feira, 24 de novembro de 2015

O que a venda da Alpargatas tem a ver com a Lava Jato




Divulgação
Camargo Corrêa
Camargo Corrêa: holding fechou acordo de leniência com o Ministério Público Federal em agosto
 
 
 
São Paulo – A fabricante Alpargatas se transformou no maior conglomerado calçadista da América Latina, com ajuda das Havaianas, ícone da moda brasileira em todo o mundo.

Por trás do negócio, um dos maiores grupos empresariais do país, a Camargo Corrêa, controlava cada passo desde 1982 – até hoje, quando o controle foi vendido para a J&F.

A transação, antecipada por EXAME, rendeu R$ 2,667 bilhões para a antiga dona, um respiro financeiro considerável para quem tem nas mãos uma dívida bilionária de curto prazo e um acerto histórico a cumprir.
A holding precisava levantar o dinheiro depois da empreiteira ter sido uma das 23 envolvidas na Operação Lava Jato, que investiga corrupção na Petrobrás.

A condenação da justiça por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa nas obras da refinaria Abreu e Lima, da Petrobrás, em julho, forçou a empresa a um acerto.

Em 17 de agosto, ela fechou um acordo de leniência com o Ministério Público Federal, em que terá de devolver R$ 700 milhões aos cofres públicos. E é aí que entra a Alpargatas.
 

Em promoção


A fabricante foi colocada à venda, bem como uma fatia da divisão de cimento InterCement e na CPFL, como alternativa para a holding colocar as contas em dia.

A venda já era prevista pelo mercado há anos, mas foi adiantada pela urgência de engrossar o caixa, aliada a retração da economia dentro e fora do Brasil.

De acordo com a edição 1102 de EXAME, o grupo teria entrado no mês de outubro com uma dívida de curto prazo, com vencimento até junho de 2016, de R$ 2,3 bilhões.

Até lá, outro R$ 1,5 bilhão em dívida venceria. Era preciso levantar recursos para reduzir esse endividamento.

Ainda não se sabe se participações em outras empresas precisarão ser vendidas depois da venda da Alpargatas.

“Com esse movimento, a Camargo Corrêa S. A. direciona ainda mais o foco em seu principal segmento de atuação que é o desenvolvimento, construção e operação de infraestrutura”, limite-se a comentar a empresa.

O que se sabe é que a nova dona da Alpargatas deve levar adiante os planos já traçados para as marcas Havaianas, que devem virar até óculos no ano que vem.

Uma maneira de reforçar a conquista global da marca brasileira de chinelos - e a expansão da J&F por meio de negócios diversos. 

4 heranças que a Olimpíada 2016 pode deixar para o Brasil


Renato Sette Câmara/Prefeitura do Rio
Parque Olímpico - Centro de Tênis em novembro de 2015
Parque Olímpico - Centro de Tênis em novembro de 2015
 
 
 
Rio de Janeiro – Daqui a 255 dias, o Rio de Janeiro será palco de um dos maiores eventos esportivos mundiais. A expectativa é de que 300 mil turistas desembarquem na cidade para acompanhar os 17 dias de competições das Olimpíadas 2016.

Hoje a capital carioca se vê transformada em um enorme canteiro de obras, com a construção de uma nova linha do metrô, a finalização dos estádios e arenas olímpicas e outras obras de infraestrutura. Se já dá para respirar quanto a entrega das obras no prazo, o que se discute agora é qual será o legado deixado pelos Jogos depois que a tocha for apagada.

Esse desafio foi tema do EXAME Fórum Olimpíada, realizado nesta terça-feira no Rio de Janeiro. Veja quais serão as principais heranças que os Jogos Olímpicos deixarão para o Rio e para o Brasil, segundo os participantes: 

A Cidade Maravilhosa com mais infraestrutura

Eduardo Paes
, prefeito do Rio de Janeiro, contou que, assim que a cidade foi escolhida como sede, ele decidiu visitar outras anfitriãs para ver o que poderia dar certo em terras brasileiras.
“Em uma conversa com o prefeito de Barcelona, ele me disse que eu tinha duas opções: ou os jogos usariam a cidade ou a cidade usaria os jogos para crescer”, disse. “Desde então, começamos a pensar a Olimpíada como uma justificativa para os investimentos que a cidade precisava”, disse Paes.

Rosane Bekierman
Prefeito do Rio, Eduardo Paes, durante EXAME Fórum em 24/11/2015
Prefeito do Rio, Eduardo Paes, durante EXAME Fórum em 24/11/2015


Em 2009, de acordo com a prefeitura, os sistemas de transporte de alta capacidade carregavam 18% da população do Rio. Em 2017, a expectativa é que 67% da população seja transportada, com a construção de novas linhas de BRT e do metrô carioca. Outros problemas que devem ser atenuados são as enchentes e parte do trânsito, com a ampliação de algumas vias.

Se os esforços são visíveis a cada volta que se dá na cidade, o grande temor é que eles se limitem apenas ao período pré-Jogos. “Não podemos esquecer que a cidade carrega uma dívida histórica em questões de infraestrutura”, disse Vinicius Netto, arquiteto e professor da Universidade Federal Fluminense (UFF). “A minha preocupação é que a atenção seja dispersa em várias frentes antes que o básico seja resolvido. É algo que precisa ter continuidade”.


A promessa de menos elefantes brancos

 
Reaproveitar os espaços construídos para as competições é uma daquelas dores de cabeça comuns a qualquer cidade que abrigue um evento do porte dos jogos. Dado inclusive o histórico brasileiro, não é de se espantar que algumas instalações acabem se deteriorando com o tempo.

No Rio, a promessa é que pelo menos algumas delas ganhem um novo uso, como ginásios e escolas – e, no caso de duas instalações, até novos endereços.
De acordo com o projeto, a Arena do Futuro e o Estádio Aquático serão desmontados como peças de blocos de montar para dar origem a escolas e dois parques aquáticos em outras áreas da cidade.
 

As PPPs como um modelo a ser seguido


Boa parte dos 38,67 bilhões de reais gastos nos Jogos Olímpicos não sairá de cofres públicos, mas do caixa de empresas. No caso das obras de legado, por exemplo, 57% do orçamento é privado. “Parafraseando o ex-presidente Lula, nunca antes na história das olimpíadas tivemos tanto dinheiro privado”, disse Eduardo Paes.

Para Thomaz Assumpção, presidente da consultoria Urban Systems e José Carlos Pinto, sócio-líder da consultoria Ernst & Young no Rio de Janeiro, apesar de não ser inédito, a utilização de parcerias público-privadas, as chamadas PPPs, serão uma boa forma de despertar no país a necessidade da união com o setor privado para o maior desenvolvimento.

“É claro que se fosse pra buscar uma parceria dessas nos dias de hoje, com um ambiente macroeconômico instável, elas poderiam não sair do papel, mas é preciso um esforço do governo para garantir aos investidores que haverá fontes de recurso, segurança jurídica e a taxa de retorno de investimento”, disse Pinto.

“O governo tem hoje uma ingerência sobre as PPPs, mas o papel dele deve ser o de facilitar o desenvolvimento”, disse Assumpção.
 

A venda da marca Brasil e o turismo impulsionado

 
“Somos muito ruins em cacarejar o ovo que a gente põe”. Foi com essa frase que Nizan Guanaes, sócio fundador do Grupo ABC definiu a dificuldade brasileira de vender a marca do país. “Temos uma vocação óbvia que não é utilizada”, disse. “É preciso vender a imagem do país. Se temos a cidade mais bonita do mundo porque ela não é vendida? Temos crise, mas continua tendo um monte de coisa incrível”.

Deixar qualquer turista com brilho nos olhos só de ouvir o nome Brasil é o grande desafio enfrentado atualmente por Henrique Alves, ministro do Turismo. “A Copa teve uma alta aprovação, mas faltou um legado para o país”, disse Alves.

Rosane Bekierman
O ministro Henrique Eduardo Alves, durante Exame Fórum Olimpíada em 24/11/2015


Uma das apostas do ministro para impulsionar a vinda dos estrangeiros é a aprovação de um projeto que acaba com a necessidade de visto de entrada por um prazo de 90 dias. A proposta recebeu diversas críticas após os atentados ocorridos há 15 dias em Paris, na França.

“Não acho que essa isenção vai alterar o que planejamos para a segurança”, rebateu Alves. “Como diria a música, chega de espera, a hora é de fazer acontecer”.

Qual o futuro da dona da Havaianas nas mãos da J&F


Divulgação
Havaianas
Alpargatas: antes de mudar de controle, empresa vendeu Tooper e Rainha para o grupo de Carlos Wizard
 
 
São Paulo – Quinze dias antes de fechar a venda da Alpargatas para a J&F, por R$ 2,67 bilhões, antecipada por EXAME, os controladores da companhia venderam as marcas Topper e Rainha ao grupo do bilionário Carlos Wizard.

Na transação, de R$ 48,7 milhões, o dono da Mundo Verde e Ronaldo Academy, afirmou que o negócio aconteceu porque a Alpargatas queria focar em sua maior marca, a Havaianas.

A mesma resposta foi dada na época pelo presidente da empresa, Márcio Utsch.
“Havaianas é a responsável por metade do nosso faturamento”, disse o executivo. “Sabemos que podemos explorar muito mais a marca e é o que faremos”.

Os planos da companhia para a chinela que se tornou referência do Brasil em vários países, era a de expansão internacional e diversidade de produtos.

Vendida no país em 150.000 pontos comerciais, a marca ganhou novos itens nos últimos anos – além de novas versões, sapatos e acessórios entraram para o portfólio.

A intenção era a de estender os itens Havaianas ainda mais a partir deste ano. Óculos da marca começariam a ser vendidos a partir do segundo semestre de 2016, por meio de um acordo com a Safilo.

A parceria de licenciamento entre as duas, fechada em setembro, permite que a fabricante italiana produza e venda óculos Havaianas para vários países até 2021.
 

Outras frentes


Para a Osklen, o plano era de aumentar as vendas por meio de lojas multimarcas no país, além de começar a produzir roupas femininas.

Atualmente, a marca está presente em cinco países e com lojas próprias em Nova York e Miami, nos Estados Unidos. A intenção também era de, aos poucos, torná-la mais global.

Com o dólar mais alto, outro plano era o de começar a produzir a marca Mizuno nas fábricas da Alpargatas no Brasil até 2017.

“Temos como expandir nossa capacidade produtiva com novos turnos e faremos isso até lá”, contou Utsch.

Nos próximos dois anos, a empresa ainda seguirá fabricando os tênis Topper e Rainha, de forma terceirizada. Planos que devem seguir sem alterações com a mudança de controle.
 

Da fábrica ao varejo


JBS e Alpargatas são negócios distintos, com estratégias semelhantes em alguns pontos.

As duas, gigantes em seus segmentos, conseguiram um feito e tanto: apostaram em marcas e deixaram de ser apenas fabricante para atuar também no varejo.

Havaianas se tornou um ícone mundial, com direito a celebridades fazendo propaganda espontânea e uma equipe de 90 pessoas dedicadas a pensar na marca dentro da empresa.

Na mesma linha, a JBS apostou pesado na criação de uma marca de carne, a Friboi, para impulsionar seus produtos no país.

As iniciativas de uma e outra não deixaram de lado, claro, as exportações crescentes de ambas – um negócio que as protege de volatilidade e de um cenário interno ruim.

"Acreditamos que nossa experiência acumulada em operações globais e no desenvolvimento de marcas fortes irá impulsionar ainda mais a bem sucedida trajetória da Alpargatas" afirmou Joesley Batista, presidente da J&F Investimentos, por meio de comunicado.

Além da JBS, a J&F Investimentos controla Eldorado Brasil, o Banco Original, a Vigor e a Flora, fabricante de itens de higiene, limpeza e cosméticos.
 

Venda de ativos 


A Camargo Corrêa era a principal acionista da Alpargatas desde 1982 e afirma que agora irá “direcionar o foco para seu principal seguimento de atuação, que é o de desenvolvimento, construção e operação de Infraestrutura”.

A holding também é dona da empreiteira de mesmo nome, uma das 23 envolvidas na Operação Lava Jato, que investiga corrupção na Petrobrás, e fechou acordo de leniência para devolver R$ 700 milhões aos cofres públicos.

A venda da Alpargatas é consequência de tal cenário segundo o mercado. Outros ativos da holding, como uma fatia da divisão de cimento InterCement e na CPFL, também estariam à venda. 

6 partidos fecham acordo contra Cunha e obstruirão votações


Gustavo Lima/Câmara dos Deputados
O deputado Rubens Bueno (PPS-PR)
Rubens Bueno: "Vamos a plenário em obstrução total”, disse o líder do PPS
Carolina Gonçalves, da AGÊNCIA BRASIL

Brasília - Líderes de seis partidos na Câmara - DEM, PSDB, Rede, PPS, PSB, Psol – fecharam questão hoje (24) e anunciaram que oficialmente vão obstruir todas as votações da Casa enquanto o presidente Eduardo Cunha (PMDB-RJ) se mantiver no cargo.

O grupo, que esteve reunido durante mais de uma hora para alinhar uma posição de protesto, informou que sequer participará da reunião do Colégio de Líderes, que tradicionalmente ocorre no início da tarde das terças-feiras, quando as legendas definem as votações da semana.

“Vamos comunicar que estamos nos retirando da reunião para ir ao Conselho de Ética e dar todo o apoio. Saindo de lá, vamos a plenário em obstrução total”, afirmou o líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR).
O parlamentar acrescentou que a obstrução às votações não atingirá a sessão do Congresso Nacional, marcada para 19h para apreciação de vetos presidenciais.

Cunha é acusado de adotar manobra para prejudicar a reunião do Conselho de Ética de quinta-feira ( 19 ), quando o colegiado apreciaria parecer preliminar do deputado Fausto Pinato (PRB-SP), que recomendou a continuidade das investigações das denúncias contra o presidente da Câmara.

Em plenário, Eduardo Cunha abriu a Ordem do Dia. anunciando que as sessões em todas as comissões foram declaradas encerradas pouco antes das 11h para início das votações.

Segundo secretário da Mesa, o deputado Felipe Bornier (PSD-RJ), que presidia a Câmara, decretou o cancelamento da reunião do Conselho de Ética, provocando confusão no plenário.

Centenas de parlamentares criticaram a decisão. Em protesto, alguns ficaram de costas para a mesa de comando do plenário.

Outros, atendendo apelo da deputada Mara Gabrilli (PSDB-SP), que ocupa a Terceira Secretária da Mesa, deixaram o local em direção à sala do Conselho, a fim de tentar retomar a reunião.

Mendonça Filho, líder do DEM, chegou a classificar o sentimento do grupo de parlamentares de “revolta com a forma como a presidência da Casa foi usada para inviabilizar o Conselho de Ética”.

Para Alessando Molon (Rede-RJ), o episódio mostrou que Cunha está usando a presidência para inviabilizar o trabalho do Conselho de Ética.

“Diante do que ocorreu semana passada, não podemos voltar atrás. Obstruiremos todas as votações a partir de agora e vamos ao procurador-geral da República (PGR), a quem pediremos o afastamento do presidente.”

O grupo, que também inclui os líderes Chico Alendar (PSOL-RJ) e Carlos Sampaio (PSDB-SP), entre outros parlamentares, marcou uma audiência com o procurador Rodrigo Janot para amanhã (25), às 18h. “Vamos noticiar os fatos”, adiantou Chico Alencar.

Depois do tumulto de quinta-feira, Cunha suspendeu a decisão de Bornier informando que não queria contaminar a Casa com algo que diga respeito a ele.

“A questão de ordem será acatada e respondida a posteriori pelo primeiro vice, de forma a evitar qualquer tipo de decisão que possa afetar o plenário.”

Eduardo Cunha acrescentou que os partidos não conseguiriam atingir número necessário para obstruir as votações.

Para Carlos Sampaio, a "desastrosa entrevista" de Eduardo Cunha tentando justificar seus atos "não só não justificou como zombou da inteligência dos colegas".

Segundo Sampaio, Cunha mostrou  a face "de quem não mede consequências quando está em jogo sua defesa pessoal. Precisamos de alguém que defenda a Casa e o interesse da população brasileira.”

O deputado Júlio Delgado (PSB-MG) informou que, enquanto a oposição estiver em obstrução formal, outros parlamentares do PMDB e de legendas como PT e PCdoB também poderão participar do protesto.

“Sabemos que temos adeptos nos demais partidos. Estamos conclamando que, enquanto fazemos uma oposição real, eles façam uma obstrução branca. Nós faremos de forma oficial e eles de forma oficiosa. Seria uma obstrução branca para retardar o registro e a votação de matérias.” 


Grupo de comunicação ABC é vendido para americano Omnicom




Divulgação
Nizan Guanaes, do Grupo ABC
Nizan Guanaes, do Grupo ABC: era o único grupo de agências de comunicação de capital majoritariamente nacional
 
Fernando Scheller e Mônica Scaramuzzo, do Estadão Conteúdo


São Paulo - O grupo de comunicação brasileiro ABC, do publicitário Nizan Guanaes, fechou a venda de seus ativos para o americano Omnicom, segundo apurou o jornal O Estado de S. Paulo.

O valor do negócio teria ficado em cerca de R$ 1 bilhão. O total pago pelos americanos está próximo ao faturamento líquido anual do ABC, que reúne agências de publicidade como Africa, Pereira & O’Dell, DM9DDB, Escala e Tudo.

O ABC é proprietário de 15 empresas e era o único grupo de agências de comunicação de capital majoritariamente nacional. Além da forte presença na área de publicidade, a empresa também atua nos segmentos de eventos e de relações públicas, com a CDN, segunda maior agência do ramo no País.
De acordo com o ranking elaborado pelo Ibope Media, a Africa foi a quarta maior agência brasileira entre janeiro e setembro de 2015, atrás apenas da tradicional líder Young & Rubicam, da Ogilvy & Mather e da WMcCann.

A Africa comprou mais de R$ 2,5 bilhões em mídia no período (o valor não considera os descontos normalmente oferecidos pelos veículos de comunicação).

Segundo fontes, as conversas com o grupo Omnicom esquentaram nos últimos meses, embora os comentários sobre a venda do ABC para uma multinacional sejam bem mais antigos.

Havia outros interessados no conglomerado capitaneado por Nizan Guanaes - o britânico WPP foi um dos que analisaram o ativo. No entanto, o Omnicom sempre teve a preferência nas negociações, até porque já tinha boa relação com Nizan, pois é sócio da DM9DDB, segunda maior agência do ABC.

Desde o início de 2013, o ABC também tinha o fundo de private equity Kinea entre seus sócios. O braço de investimentos do Itaú pagou R$ 170 milhões por uma fatia de 20% do grupo.

O fundo estava havia quase três anos no negócio e queria se desfazer da operação para investir em outros ativos, como é comum no setor de private equity (que compra participações em empresas).
 

Reorganização


Nos últimos meses, o ABC passou por diversas mudanças. Alguns executivos deixaram o grupo porque não tinham interesse em se tornar funcionários de um conglomerado multinacional.

Há cerca de dois meses, a Loducca perdeu Celso Loducca e teve o nome modificado. A venda para o Omnicom também teria sido a razão para a agência de eventos B.Ferraz ter anunciado a saída do grupo nesta semana.

Houve também algumas modificações internas recentes. A DM9 fechou dois de seus escritórios regionais: o do Rio de Janeiro foi incorporado à África Rio e o de Porto Alegre foi transformado em um escritório de inovação da Pereira & O’Dell, ficando subordinado à operação paulista da agência com sede em São Francisco.

Procurado, o ABC não se pronunciou sobre o assunto. A Omnicom não retornou os contatos da reportagem.

 As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.