sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Mercado apontará momento de Brasil cortar juro, diz Goldfajn





Lula Marques/Bloomberg
Ilan Goldfajn, presidente do Banco Central
Ilan Goldfajn:
 
Anna Edgerton e Raymond Colitt, da Bloomberg



O Banco Central do Brasil está monitorando a percepção de risco dos investidores no país como uma das condições para um corte de juros, disse seu presidente, Ilan Goldfajn, em entrevista.

Goldfajn concedeu entrevista uma semana após a instituição sinalizar que pode haver espaço para cortes de juros se atingidas determinadas condições, o que inclui as medidas do governo para melhorar as contas públicas.
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O governo do presidente Michel Temer está tentando convencer um Congresso polarizado a aprovar uma série de medidas de austeridade, entre elas limites aos gastos públicos e reduções nos benefícios previdenciários.

As condições para um afrouxamento monetário não serão atingidas com uma única legislação ou em uma data específica, disse Goldfajn.

A cúpula do BC está olhando mais para os investidores para verificar se eles confiam no sucesso de Temer, disse ele, em seu escritório em Brasília.

Quando o ajuste fiscal de Temer estiver no caminho certo “você vai ver imediatamente que o risco Brasil -- medido por CDS, medido pelo Emerging Markets Bond Index e por prêmio de risco -- vai cair”, disse Goldfajn, 50. “As expectativas de inflação vão melhorar e tudo isso vai dar um sinal de que estamos resolvendo a questão fiscal”.

Em 31 de agosto o BC manteve a taxa Selic inalterada em 14,25 por cento, nível mais alto em quase 10 anos, pela nona reunião seguida.

O Comitê de Política Monetária informou nas atas da reunião que está monitorando todos os dados disponíveis para determinar quando deve iniciar a primeira redução dos juros desde 2012. No mercado de swaps, os traders apostam que os cortes começarão neste ano.

 

Apreciação do real


Questionado se o real, moeda de melhor desempenho do mundo neste ano, está descolado dos fundamentos, Goldfajn disse: “Não, porque ao lado do fato de que ele se apreciou, existe outro fato, que ele se depreciou muito mais do que os outros no ano passado”.

Exportadores e alguns economistas alertam para o risco de a valorização do real reduzir o superávit comercial e ampliar o déficit em conta-corrente. Se os investidores perceberem uma piora nas contas externas, o real se ajustará automaticamente, disse Goldfajn.

Mesmo com o governo Temer apresentando as medidas certas para combater os problemas fiscais do país, a economia se recuperará apenas gradualmente no ano que vem, disse o presidente do BC.

“Há varios obstáculos, o caminho é longo, nós vamos ter que trabalhar bastante, mas eu acho que está ficando claro que nós estamos no caminho certo”, disse Goldfajn, que é doutor em Economia pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês).

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

Canadá e Minas discutem oportunidades de negócios



Seminário na FIEMG levantou nichos onde pode haver incremento de parcerias

 

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O Brasil precisa se engajar mais no comércio internacional e o Canadá pode ser a saída para ampliar esta presença brasileira no mercado global, segundo opinião do consultor da Sidera Consult, Roland Saldanha, em seminário na FIEMG no dia 31/08. O evento foi promovido pela entidade, em parceria com a Câmara de Comércio Brasil-Canadá (CCBC), com o objetivo de discutir as oportunidades de negócios entre Minas Gerais e o país norte-americano.

De acordo com Saldanha, o potencial de ganhos do Brasil com o comércio internacional é pequeno se continuar focado apenas nas relações com seus vizinhos sulamericanos. Para ele, o Canadá representa hoje uma das melhores oportunidades de parceria para o país, tanto em negócios como em atração de investimentos.

O fluxo de comércio entre os dois países alcançou US$ 5 bilhões em 2015, com forte participação do setor químico. Neste segmento, as exportações representaram 45% e as importações, 57% do total da pauta brasileira para o Canadá.

O vice-presidente da FIEMG, Aguinaldo Diniz, ressaltou que a parceria com Minas Gerais também vem se consolidando, especialmente em setores tradicionais e relevantes para a economia do estado, como a mineração. Para a FIEMG, há possibilidades de incremento das relações comerciais com o Canadá em setores complementares como alimentos, moda e metal-mecânica, com foco em equipamentos e serviços para mineração e siderúrgia.

O cônsul-geral do Canadá em São Paulo, Stéphane Larue, ressaltou a importância da parceria entre FIEMG e governo canadense como elo de aceleração de negócios.

Petrobras anuncia venda de gasodutos para a Brookfield





Pedro Lobo/Bloomberg News
Petrobras
Petrobras: venda de gasoduto pode ser o maior desinvestimento até o momento do plano da estatal
 
Da REUTERS


São Paulo - A Petrobras concluiu as negociações para vender a unidade de gasodutos Nova Transportadora Sudeste (NTS) para um consórcio liderado pela canadense Brookfield, informou a estatal em fato relevante ao mercado nesta quinta-feira, sem revelar imediatamente os detalhes do negócio.

Na terça-feira, a Reuters noticiou que a Petrobras tinha fechado acordo para vender 90 por cento de sua participação na NTS para um grupo de investidores liderados pela Brookfield Asset Management, por 5,2 bilhões de dólares, segundo uma fonte com conhecimento direto do assunto.
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"Após atendidas as etapas previstas no processo de desinvestimento da Petrobras, os termos e condições finais da operação serão submetidos à deliberação dos órgãos estatutários da companhia e, caso aprovados, serão tempestivamente divulgados ao mercado", limitou-se a dizer a estatal.

Segundo a reportagem da Reuters, o grupo de investidores inclui o fundo de pensões de British Columbia, no Canadá, e os fundos soberanos CIC (China) e GIC (Cingapura).

A fonte acrescentou que a acordo para a venda da NTS será submetido ao Conselho de Administração da Petrobras, e o fechamento do negócio é esperado para o final de setembro.

Se confirmado o valor do negócio, o acordo deverá ser o maior desinvestimento até o momento dentro do plano da Petrobras de vender cerca de 15 bilhões de dólares em ativos em 2015 e 2016.


Grupo dos EUA fecha acordo e assume controle da F-1





Getty Images
Fórmula 1
Fórmula 1: o acordo inclui também um pagamento com dinheiro por parte da Liberty
 
 
Da EFE



Londres - O grupo de comunicação Liberty Media Corp, dos Estados Unidos, acertou a compra de 18,7% das ações da Fórmula 1, em uma operação avaliada em US$ 4,4 bilhões (R$ 14,4 bilhões).

Chase Carey, ex-diretor operacional do grupo 21st Century Fox, será o novo presidente do grupo que controla a principal categoria do automobilismo mundial, substituindo Peter Brabeck-Latmathe, que continuará como parte da direção.
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O atual executivo-chefe da Fórmula 1, Bernie Ecclestone, seguirá no posto. A organização também manterá sua sede em Londres.

"Temos a oportunidade de continua fazendo o negócio crescer e chegar ao próximo nível", afirmou Carey em uma teleconferência com investidores da Bolsa de Nova York.

Carey lembrou que a Fórmula 1 é um esporte que atrai grandes audiências e é muito interesse para os anunciantes devido à variedade demográfica dos torcedores.

A aquisição do grupo por parte da Liberty Media será efetuada em duas fases. A primeira, anunciada hoje, contempla a compra de 18,7% das ações da CVC Capital Partners, que controlava até então a F-1.

Os demais papéis serão adquiridos durante o primeiro semestre de 2017, se a operação tiver sinal verde das autoridades de regulação, do órgão regulador da Fórmula 1 e outras entidades.

O acordo inclui também um pagamento com dinheiro por parte da Liberty, novas emissões de ações e dívida conversível. 



HPE vende divisão de software em acordo de US$ 8,8 bilhões





Divulgação/Hewlett Packard Enterprise
Sede da Hewlett Packard Enterprise, antiga HP
HPE: ficaram de fora do negócio os softwares de gestão de data centers empresa
 
 
 
 
 
São Paulo - A Hewlett Packard Enterprise (HPE) confirmou que vai se desfazer dos ativos de software que não fazem parte de seu negócio principal. Eles serão destacados da empresa e depois fundidos à britânica Micro Focus, em uma transação de 8,8 bilhões de dólares (cerca de 27,9 bilhões de reais).

O movimento é o último da companhia para enxugar sua operação. Em novembro do ano passado, ela protagonizou a maior cisão da história ao separar as atividades de serviços e equipamentos corporativos (que ficou com a HPE) das de computadores e impressoras para o consumidor final (que ficou com a HP).
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Ao fim do acordo, os acionistas da HPE terão 50,1% das ações da Micro Focus, fatia avaliada em aproximadamente 6,3 bilhões de reais. O restante, 2,5 bilhões de dólares, será pago em dinheiro antes do término da fusão.

A transação, que ainda depende de aprovações regulatórias, deve ser concluída no segundo semestre do ano fiscal de 2017.

Toda a unidade de software da HPE entrou no negócio, como os serviços de ADM (Application Delivery Management), de big data, segurança corporativa, governança e gestão da informação e administração de TI, incluindo o Autonomy – grupo britânico adquirido há cinco anos por 11 bilhões de dólares com objetivo de dar mais competitividade à empresa no ramo corporativo.

Ficaram de fora os softwares de gerenciamento de data center, que ficam debaixo de outras divisões da corporação.

"Estamos dando um passo importante para alcançar nossa visão de criar uma companhia que crescerá mais rápido, terá margens maiores e um fluxo de caixa mais forte e estará melhor posicionada para os clientes e para o futuro", disse em nota a presidente da HPE, Meg Whitman.
 

Novos rumos


A Hewlett Packard Enterprise anunciou também que pretende firmar uma parceria com a Linux para usar o sistema operacional SUSE em soluções em nuvem híbrida para empresas.

A nova HPE deve gerar receitas anuais de 28 bilhões de reais e visa conquistar a liderança no mercado de soluções híbridas de TI.

Os serviços de tecnologia terão 22.000 profissionais dedicados e devem representar 25% da receita da companhia após a cisão.

"Serviços e softwares continuarão a ser peças-chave para possibilitar o avanço da nossa estratégia", disse Whitman. "A HPE estará reforçada nas capacidades de software que potencializam e diferenciam nossas soluções de infraestrutura e são críticos em um ambiente de nuvem".

Do outro lado, a empresa combinada com a Micro Focus deve gerar faturamento anual de 4,5 bilhões de dólares e quer ter alcance global com produtos que abrangem TI, operações, segurança, gestão da informação, análise de big data, nuvem e open source.

A empresa terá cerca de 4.000 vendedores pelo mundo. Ela espera melhorar a margem dos ativos de software da HPE em 20 pontos percentuais no terceiro ano após a conclusão do acordo.


BRF afasta Sergio Rosa de comitê após operação Greenfield






Germano Lüders/EXAME.com
Sérgio Rosa na sede da BrasilPrev
Sérgio Rosa: ex-presidente da Previ foi impedido de exercer função ou cargo de direção em empresas
Da REUTERS




São Paulo - O Conselho de Administração da BRF aprovou a suspensão de Sérgio Rosa do cargo de membro do comitê de auditoria da companhia, tendo em vista ordem judicial no âmbito da operação Greenfield.

A decisão foi tomada em reunião extraordinária do conselho da empresa de alimentos. A medida perdurará enquanto houver decisão judicial ou de autoridade competente que impeça Rosa de exercer função ou cargo de direção em empresa ou grupo empresarial ou até nova deliberação do conselho.

A Polícia Federal deflagrou na última segunda-feira operação para investigar suspeita de fraude nos fundos de pensão Previ, Petros, Postalis e Funcef com o cumprimento de mandados judiciais e o bloqueio de 8 bilhões de reais, determinado pela Justiça Federal de Brasília.

Rosa é ex-presidente da Previ.

A Justiça ainda determinou o afastamento imediato de 40 pessoas de função de direção de qualquer empresa ou grupo empresarial.

Temer tem um trunfo para aprovar as reformas fiscais





Beto Barata/PR
Presidente Michel Temer durante entrevista concedida à imprensa chinesa
Michel Temer: políticos mais jovens no Congresso têm uma visão mais favorável às mudanças, o que pode ajudar o presidente
 
Josué Leonel, da Bloomberg


O governo de Michel Temer enfrenta desafios extras para aprovar as reformas fiscais, como ter um mandato curto e operar em meio a um conflituoso quadro pós-impeachment.

Porém também conta com, pelo menos, um trunfo importante e que não existia nas mesmas proporções nos anos 90, quando o governo FHC fracassou na tentativa de mudar as regras da Previdência.
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A grande diferença hoje é que existe um sentido de urgência maior, diante da evidência de que uma crise fiscal grave, que era apenas uma ameaça duas décadas atrás.

“No passado, havia a ideia de que a situação ia ficar insustentável no futuro. Agora, a ideia é que a situação já está ficando insustentável”, diz José Márcio Camargo, economista e sócio da Opus.

Para Camargo, apesar das esperadas dificuldades políticas para aprovar reformas, sobretudo neste período pré-eleitoral, há sinais de que políticos mais jovens que estão assumindo papel de liderança no Congresso possuem uma visão mais favorável a mudanças. “Nos anos 90, as principais lideranças ainda olhavam muito para o passado”.

Muitos desses políticos haviam se formado no período militar, quando o debate era entre ditadura e democracia, não a política fiscal, como hoje. As lideranças mais jovens hoje estariam mais antenadas com os novos desafios, diz Camargo.

O economista da Opus considera que o mercado será exigente no julgamento das reformas que o Congresso vier a aprovar. Concessões políticas serão compreendidas, mas desde que sejam “periféricas”, sem trazer perdas substanciais.

Alguns pontos, diz Camargo, são cruciais. Saúde e educação, por exemplo, não poderiam ficar fora do teto de gastos. No caso da reforma da Previdência, aprovar a idade mínima de 65 anos seria fundamental.

Eventualmente, segundo Camargo, o investidor pode entender se algum ponto tido como importante for flexibilizado, mas desde que haja uma perspectiva de avanço futuro.
Cita, como exemplo, a proposta de a idade mínima de 65 anos para aposentadoria valer também para mulheres.

Seria possível aceitar uma transição, com uma idade mínima agora um pouco menor para as mulheres, mas que vai convergindo para se igualar à dos homens num prazo não muito longo.

O mercado também tende ser compreensivo com prazos, desde que não haja atraso relevante na aprovação das medidas, diz o economista.

No caso da Previdência, por exemplo, faria pouca diferença em termos de prazo enviar a reforma antes ou depois da eleição municipal.

Do ponto das expectativas, contudo, Temer ganharia pontos junto ao investidor enviando a proposta antes. “O governo passaria um sinal de forte comprometimento com as reformas ao mostrar que não teme os custos eleitorais”.

Segundo Camargo, o Brasil já gasta 12% do PIB com a Previdência, o mesmo que a Alemanha, embora tenha apenas 7,5% da população com 65 anos ou mais, contra 21% no país europeu. 

“Se nada for feito, o Brasil vai acabar gastando todo o seu orçamento com a aposentadoria. Não vai sobrar dinheiro para mais nada”, diz o economista, que também é professor da PUC-RJ. Ele lembra ainda que a saída de aumentar impostos para bancar gastos públicos é pouco viável. “A sociedade não aceita mais impostos”.