segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Sensação de trem desgovernado passou, diz Armínio Fraga

 

 

Para o ex-presidente do Banco Central, o Brasil já não está mais à beira do precipício, como nos tempos de Dilma Rousseff






São Paulo – Decorridos quase nove meses desde que o presidente Michel Temer assumiu o cargo, em 12 de maio, o economista Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central, já não vê o Brasil à beira do precipício, como nos tempos de Dilma Rousseff.

Segundo Arminio, apesar de alguns tropeços aqui e ali, da crise política e das incertezas geradas pela Lava Jato, houve uma “mudança de peso” na economia no governo Temer. “Aquela sensação de que o Brasil era um trem desgovernado passou”, afirma.

Ainda assim, ele acredita que a tarefa de recolocar o País nos eixos está longe de acabar e que serão necessários “muitos ajustes e reformas” para isso acontecer. 
 
Nesta entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, Arminio fala também que a volta do crescimento será lenta, porque “não estamos vivendo um ciclo econômico normal”, e que o setor privado tem a sua parcela de culpa na crise.

Com o presidente Michel Temer prestes a completar nove meses no cargo, qual é a sua avaliação do governo?
No geral, a minha visão é de que, desde o afastamento da presidente Dilma Rousseff, houve uma mudança de peso em relação ao que se tinha antes. Apesar do ambiente político carregado, houve algumas reformas importantes.

Agora, existe uma agenda. Boa parte dela foi apresentada antes mesmo do impeachment, o que ajudou bastante. Essa agenda inclui itens importantes, com impacto no longo prazo, como o controle dos gastos públicos e a reforma da Previdência.

Que outras mudanças estão contribuindo para melhorar o cenário econômico?
Além das mudanças que envolvem o Legislativo, vale a pena destacar o que vem acontecendo na Petrobrás, no Banco Central, no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), na Eletrobras e em outros lugares. Isso faz parte desse quadro de mudança que está em curso e já mostra bons resultados.

É verdade que, de vez em quando, uma coisa ou outra negativa acontece. O País vive uma recessão colossal e ainda há muita incerteza, muito sofrimento, pela frente.

Há muita incerteza também em relação ao que vem por aí em 2018, nas eleições presidenciais. Mas, dentro do possível, acredito que o governo tem trabalhado bem.

Qual a sua percepção do governo Dilma?
Eu tinha uma leitura muito negativa do que estava acontecendo no governo anterior. Achava que o Brasil caminhava para o caos. Mesmo. Esse caminho agora foi invertido.

Antes, às vezes, surgiam problemas e eles iam aumentando, porque não eram enfrentados de forma adequada.

Agora, os problemas surgem, mas geram uma reação de correção. Isso é muito bom. Hoje, o Brasil segue vulnerável, mas aquela sensação de que era um trem desgovernado, de que estávamos indo para o precipício, passou.

Não é nada fácil a missão que eles têm pela frente, porque pegaram um quadro de terra arrasada e vêm conseguindo avançar, a despeito de tudo o que está acontecendo no meio político e no Judiciário, que não é pouca coisa, embora seja, obviamente, muito positivo para o País.

O que exatamente o senhor quer dizer quando fala que o governo Temer herdou um “quadro de terra arrasada”?
Houve uma extraordinária deterioração no crédito do governo, nas finanças públicas de forma geral, incluindo os Estados e municípios, que vão exigir um esforço monumental de correção.

Houve também uma impressionante perda de dinamismo e de produtividade, como resultado de uma série de políticas equivocadas adotadas pelo governo anterior, batizadas depois de Nova Matriz Econômica.

O Estado se tornou não apenas um veículo para a adoção de políticas populistas. Ele foi capturado por interesses partidários e por interesses privados.

Em função dessa captura, o Estado fazia mal à economia, para beneficiar alguns poucos, para que ajudassem a perpetuar esse modelo.

Tudo isso se mistura e tem raízes comuns com o que está acontecendo no mundo político. Hoje, isso tudo está sendo exposto – e é uma das coisas boas do que está aí – e aos poucos vem sendo corrigido. Mas não é uma doença de tratamento fácil.

Ao menos o governo Temer parece empenhado em deixar o setor privado trabalhar de uma forma mais solta…
É verdade, mas o setor privado ficou meio viciado nisso tudo. Foi parte nisso tudo. É preciso não isentar de culpa o setor privado.

Enquanto esse modelo complicado não for corrigido, o setor privado não terá condições muito boas para tocar a vida. Isso deixou sequelas. Internamente, sempre fica no ar o receio de uma fadiga no ímpeto reformista.

Do lado externo, as condições foram quase as ideais durante muitos anos, com abundante liquidez e com bons mercados para os nossos produtos.

Hoje, se algo acontecer, se houver outra crise, se a economia chinesa tiver uma desaceleração mais forte, se os juros americanos derem um salto, nós estamos muito fragilizados. Temos de ser realistas.

Depois de dois anos de recessão e outro de crescimento quase zero, o governo prevê um aumento de apenas 1% no PIB em 2017. Não é pouco?
Nós não estamos vivendo um ciclo econômico normal. Ele está embrulhado com todas essas outras questões. Normalmente, quando se vive uma recessão dessa magnitude, a economia tem uma reação natural.

É o famoso ciclo econômico. Chega um ponto em que o ciclo se esgota e começa a se reverter. Em parte, isso está acontecendo, mas, como não é um ciclo normal, a retomada está sendo mais lenta.

Como falei há pouco, as incertezas vão seguir elevadas, não só as externas, que assustam, mas também as internas. Isso também atrapalha. Não tem jeito.

Quais devem ser os próximos passos?
O quadro fiscal ainda é extremamente preocupante, mesmo se contarmos com o sucesso na reforma da Previdência. Houve uma deterioração fiscal equivalente a uns seis pontos porcentuais do PIB (Produto Interno Bruto).

A dívida pública cresceu e vai continuar a crescer por algum tempo. Isso significa que o saldo primário (resultado das contas públicas sem os gastos com os juros da dívida) terá de passar por uma correção maior do que os seis pontos de piora – e isso será muito difícil.

Nós estamos falando de sair de um déficit primário de 3% do PIB para um superávit primário de 4% do PIB ou mais.

Não se deve minimizar o tamanho do desafio. Muito se fez desde o afastamento de Dilma, mas muito ainda terá de se fazer. Não há outra saída. Esse é o drama e vai exigir muita perseverança.

Fora lidar com a questão fiscal, o que mais é preciso fazer?
O desafio fiscal tem de ser complementado por muita coisa no mundo da produtividade. Há muitas reformas e muitos ajustes a serem feitos.

Acredito que faz falta também acelerar um pouco esse ajuste, para reduzir a pressão em cima do Banco Central. O Banco Central tem trabalhado bem e está encontrando espaço para reduzir os juros, em cima da confiança em relação às melhorias que ocorrerão no futuro. Mas, se o ajuste for mais rápido, dará ao Banco Central mais liberdade para administrar a política monetária.

Até que ponto os desdobramentos da Lava Jato podem prejudicar a retomada do crescimento?
Infelizmente, essa é talvez a parte mais difícil se não impossível de se administrar, porque ela tem vida própria – e tem de ter vida própria. Nesse caso, o governo tem de reagir como for possível.

É um elemento que dá esperança de que pode acontecer uma mudança nessa área, para muito melhor. Mas, enquanto ela não ocorre, o meio político seguirá gastando uma energia tremenda com esse assunto.

As pessoas vão continuar esperando a cada dia as notícias, procurando se defender. Isso gasta tempo, espaço de agenda e há também um lado emocional forte. As pessoas estão com medo da prisão, da condenação. Não é fácil, não.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.



Uma saída para a supersafra?





Os silos bolsas podem ser uma alternativa para aumentar a capacidade de estocagem


Da Redação
redacao@amanha.com.br

 Os silos bolsas podem ser uma alternativa para aumentar a capacidade de estocagem

Em 2016, o déficit de armazenagem de grãos da região Sul chegou a 11,6 milhões de toneladas. O índice pode crescer 13% na safra atual, considerando a previsão da colheita de 76,6 milhões de toneladas de grãos e a capacidade estática para armazenagem da região de apenas 63,5 milhões de toneladas – o maior déficit das últimas cinco safras, segundo diagnóstico da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Uma alternativa para aumentar a capacidade de estocagem são os silos bolsas (foto) – tubos plásticos flexíveis que permitem o armazenamento de até 200 toneladas de grãos. O sistema vem conquistando adeptos no Brasil, mas ainda não ultrapassou 10% da produção nacional de grãos, apesar do investimento ser até 70% menor que os métodos convencionais. 

O custo operacional do sistema, incluindo mão de obra, aquisição do silo bolsa e das máquinas auxiliares, é, em média, de R$ 11,90 por tonelada armazenada. Já no silo convencional (de metal ou de alvenaria), o preço estimado pode chegar a R$ 300 por tonelada armazenada somente para o custo da estrutura. Em armazéns terceirizados, de acordo com informações do mercado, esse valor gira em torno de R$ 80 por tonelada armazenada.

Além do baixo investimento, a grande vantagem apontada pelos fabricantes é que o silo bolsa permite escolher o melhor momento de vender a produção, conforme a valorização do mercado, aumentando o lucro dos produtores. “É viável tanto do ponto de vista técnico quanto do econômico, já que é de fácil instalação e reduz o custo operacional, agilizando a logística da colheita e melhorando a capacidade de armazenamento”, afirma Gustavo Bazzano, diretor comercial da Pacifil – fabricante do produto. O sistema pode ser instalado na própria lavoura, e conta com tecnologia de resfriamento que mantém a qualidade dos grãos estocados. A estimativa da empresa gaúcha é que para a safra 2016/2017 sejam utilizadas 90 mil unidades das bolsas em todo o Brasil.

Na visão de Bazzano, o silo bolsa não é um concorrente direto do sistema convencional. “Há produtores, que, mesmo tendo boa capacidade de estoque em silos, utilizam o silo bolsa para melhorar o desempenho, aumentar a produtividade, reduzir custos e acentuar a rentabilidade. É um sistema para complementar e eliminar o déficit de armazenagem do Brasil”, explica.



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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Executivo-chefe do Uber deixa assessoria econômica de Trump

Segundo Kalanick, a participação dele nesse órgão vinha sendo entendida erroneamente como um endosso às políticas do novo governo

 



Washington – O executivo-chefe da Uber Technologies, Travis Kalanick, afirmou que deixa de integrar o conselho de assessoria econômica dos Estados Unidos.

Segundo Kalanick, a participação dele nesse órgão vinha sendo entendida erroneamente como um endosso às políticas do novo governo, liderado por Donald Trump.

O anúncio, divulgado em nota aos funcionários do Uber nesta quinta-feira, é feito após críticas contra a empresa diante de avaliações de que ela apoia o governo Trump.

Algumas celebridades e outras pessoas usaram as redes sociais para pedir às pessoas que deletem o aplicativo da companhia de seus celulares.


Fonte: Dow Jones Newswires

Handbook amplia lista de varejistas em recuperação judicial


Rede paulistana de moda jovem acaba de engrossar a lista das varejistas que precisam renegociar suas dívidas com credores



São Paulo – A rede paulista de moda jovem Handbook acaba de engrossar a lista de varejistas que precisou recorrer à recuperação judicial por causa da retração nas vendas do comércio.

Diante das dificuldades, nada menos que 611 companhias do setor tiveram de pedir recuperação no ano passado, segundo a Serasa Experian. Trata-se de um número 51% maior do que o registrado em 2015.

A Handbook entrou com pedido de recuperação judicial na quarta-feira, na 1.ª Vara de Falências e Recuperação judicial da capital paulista.

A dívida soma R$ 62,6 milhões, pouco abaixo do faturamento do grupo em 2016, de R$ 62,8 milhões. Entre os maiores credores da varejista estão os bancos Itaú, Bradesco, Santander e Banco do Brasil e grupos de shoppings, como BR Malls e Multiplan.

Criada há 25 anos em São Paulo, a Handbook está presente também em shoppings de Minas Gerais, Goiás, Paraná, Santa Catarina, Ceará e Distrito Federal.

A companhia, ao pedir recuperação, seguiu várias outras do setor. Essa lista inclui GEP e Barred’s (de confecções); a B-Mart (brinquedos); e Darom Móveis e Eletrosom (móveis e eletrodomésticos).

Algumas empresas do ramo estão conseguindo evitar a recuperação judicial ao negociar a dívida diretamente com credores, sem a mediação da Justiça.

É o caso da camisaria Colombo, que tem uma dívida de cerca de R$ 1,5 bilhão. O presidente da Colombo, Warley Pimentel, explicou que a negociação direta é facilitada quando a dívida está concentrada em poucos credores – o que é raro em empresas de menor porte.

Para o consultor Marcos Gouvêa de Souza, da GS&MD, a crise econômica foi particularmente prejudicial para pequenas e médias empresas, mais dependentes de crédito. “A recuperação que se verá pela frente será lenta e cautelosa.”


Dificuldades


Entre os problemas que afetaram a Handbook, que tem estrutura verticalizada de produção e criação, estão a queda nas vendas e os altos custos.

Com o dólar mais alto, a vantagem econômica que a empresa ganhou ao transferir boa parte de sua produção do Brasil para a China se dissipou.

Diante dos problemas, a companhia fechou lojas nos últimos meses não rentáveis – o total de unidades caiu de 51 para 37 – e mudou a estratégia de seu negócio.

De acordo com Sergio Setrak Zeitunlian, dono da Handbook, a companhia vai tentar se transformar em uma loja âncora para os shopping centers.

A primeira experiência neste formato foi aberta em Goiânia, no fim de 2016. Além de roupas, a Handbook concentrará, nesses espaços, parceiros que venderão óculos, bijuterias e roupas de ginástica, por exemplo.

“Uma loja âncora atrai muito mais consumidores, o que se reflete em vendas maiores.”

A reestruturação da Handbook é assessorada pelo advogado Bruno Kurzweil, sócio do Thomaz Bastos, Waisberg e Kurzweil Advogados.


As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Com repulsa internacional, Odebrecht deve focar no Brasil


Empresa brasileira foi expulsa do Peru e ainda enfrenta processos movidos pelo Departamento de Justiça dos EUA





Após assumir seus delitos continente afora, a construtora Odebrecht se vê diante de uma repulsa internacional. Além de pagar as multas determinadas pela Justiça, a companhia está sendo banida por um número crescente de países. No dia 24 de janeiro, o presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, anunciou que a empreiteira deverá vender seus projetos e se retirar do país. “Infelizmente, eles estão contaminados pela corrupção. A Odebrecht tem que ir embora. Acabou”, disse à rádio local PPR. Kuczynski considerou a multa paga ao governo, de 10 milhões de dólares, baixa.

No Panamá, que também pediu que a empresa saia do país, a procuradoria denunciou ontem 17 pessoas por corrupção, sendo três ex-funcionários “de alta hierarquia” do governo. O Equador também expulsou a Odebrecht. Além disso, a Colômbia não celebrará mais contratos públicos com a empreiteira. Ao todo, a Odebrecht fechou acordos em 12 países, e pagará multas de 6,8 bilhões de reais. Em vários deles, as investigações estão em curso, e podem levar a novas punições.

Ser banida desses países é um baque e tanto para uma empresa que até pouco tempo tinha 80% de seu faturamento proveniente de contratos com governos principalmente da África e da América Latina. A boa notícia para o grupo vem do Brasil, onde os tentáculos de sua estrutura criminosa mais causaram danos. Segundo o colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, a empreiteira retomou as conversas com o BNDES para a tomada de empréstimos. O mesmo já fizeram outras empresas investigadas na Operação Lava-Jato, como Queiroz Galvão e a OAS. Ou seja: 37 fases da Operação Lava-Jato depois, as empresas mais corruptas do país voltam a negociar com o governo e podem participar de todo tipo de licitação.

Para piorar, com exceção dos 77 executivos da Odebrecht que continuam negociando seus acordos de delação premiada, contam-se nos dedos os executivos que continuam atrás das grades. Das maiores empresas, são eles o próprio Marcelo Odebrecht, ex-presidente da Odebrecht, e Léo Pinheiro, ex-presidente da OAS. Os demais estão cumprindo prisão em suas suntuosas residências.

Pode parecer injusto, mas é o certo? No Brasil, predomina o argumento de manter empregos, não falir empresas com know-how de projetos de construção civil e salvaguardar a economia e as necessidades de investimento em infraestrutura do país. A prioridade, nas investigações, é recuperar os montantes roubados e assegurar que as pessoas respondam por seus atos, não as empresas.

De fato, o Ministério Público Federal do Brasil tem sido mais competente que seus pares em outros países na recuperação de recursos e no estabelecimento de multas. Até agora, dos 38,1 bilhões de reais foram pedidos de volta e deverão ser ressarcidos aos cofres públicos — da Petrobras, inclusive —, incluindo as multas. Deste valor, 10,1 bilhões de reais serão devolvidos por meio de sete acordos com as empreiteiras Andrade Gutierrez, Camargo Corrêa e Carioca Engenharia, além de Braskem, Rolls-Royce e Grupo Setal Óleo e Gás.

Depois de reconhecer o erro, cumprir as penas e pagar as multas, as empreiteiras podem seguir sua vida como se nada tivesse acontecido. Há, porém, um caminho para bloquear essas empresas de celebrar contratos com o governo: o Ministério Público tem movido ações de improbidade na Justiça comum, com efeito prático de impossibilitar a empresa de firmar contratos. Com condenação nesta instância, as empreiteiras não poderiam mais tomar empréstimos do poder público, participar de licitações e ganhar contratos em esferas federal, estadual e municipal de um a cinco anos. Mas com os acordos fechados, as ações são retiradas.

No âmbito administrativo, as empresas podem responder a outro tipo de processo para que sejam consideradas inidôneas. Eles são conduzidos pelo Ministério da Transparência, Fiscalização e Controladoria-Geral da União, a antiga CGU. Desde o início da Operação Lava-Jato, há quase três anos, a CGU abriu procedimentos administrativos contra 29 pessoas jurídicas, mas condenou apenas quatro, todas de menor importância. Foram declaradas inidôneas a Mendes Júnior, Skanska, Iesa Óleo & Gás e Jaraguá Equipamentos Industriais. Outros três processos foram arquivados por falta de provas, contra a NM Engenharia, Egesa e Niplan. Dessas empresas, apenas a Mendes Júnior ainda negocia um acordo de delação premiada.

Das 22 empreiteiras investigadas restantes, segundo a CGU, 12 manifestaram interesse em fazer acordos de leniência, processo rigorosamente igual ao estabelecido pelo MPF para que a empresa se livre da possibilidade de ficar inidônea. Entre as que pretendem colaborar, quatro estão em estágio avançado de negociação, mas nenhum foi firmado – os acordos correm em sigilo na Justiça.

“Há uma falsa percepção de que esses acordos estejam levando muito tempo. Na verdade, os acordos são submetidos a várias instâncias e isso acarreta um prazo maior para o entendimento final”, afirma o ministro da Transparência, Torquato Jardim, em nota a EXAME Hoje. “Temos cronogramas exatos de onde e em que fase está cada uma dessas propostas de acordo, mas como se tratam de ações sigilosas não podemos torná-las públicas até o fechamento, o que reforça a impressão de ser um processo lento”.

Há quem discorde. “No Brasil, há uma situação crônica de impunidade. Todos os governos têm relação com as empreiteiras, o que dificulta punições mais duras. Todos querem se ajudar”, diz um jurista da área sob condição de anonimato.

Quem colabora, segundo a Lei Nº 12.846/13 (a Lei Anticorrupção), tem também como benefício a redução de dois terços do valor da multa, que pode chegar a 20% do faturamento da empresa. Para isso, deve cassar as práticas irregulares e a implementar mecanismos internos de compliance, auditoria e incentivo às denúncias de malfeitos. “Dentro dos trâmites legais do perdão jurídico, mesmo com o MPF, há uma série de exigências de governança antes de retirar as ações”, afirma Elcio Benevides, presidente da empresa de compliance GRC. “O grande exemplo para as autoridades brasileiras é a atitude do Departamento de Justiça dos Estados Unidos no processo de corrupção da Siemens. É o grande benchmarking”.


O exemplo Siemens 


O esquema da Siemens é muito semelhante ao da Odebrecht. A empresa alemã, no início dos anos 2000, pagava altas propinas por contratos de telecomunicações com o poder público em países como Argentina, China, Nigéria, Iraque e Venezuela. O resultado: pagamento de 1,6 bilhões de dólares às autoridades alemãs e norte-americanas. Outro 1 bilhão de dólares foi usado em medidas de compliance. A Siemens se submeteu à Justiça dos Estados Unidos por ter ações na bolsa de Nova York. Depois de fechar os acordos, seguiu sua atuação com governos mundo afora.

Trinta anos antes do escândalo, os Estados Unidos aprovaram uma lei que estipulava processo contra o pagamento de propinas em outros países para empresas instaladas no país. Hoje, o mesmo acontece com a Braskem, do grupo Odebrecht, e a Petrobras, acusada de maquiar efeitos da corrupção ao longo dos anos. A Petrobras, implicada em ação coletiva de seus acionistas, teve seu julgamento suspenso em agosto por tempo indeterminado, alegando que passava por mudanças de governança. A Braskem negocia multa e apresenta também um plano de compliance. O Departamento de Justiça dos Estados Unidos pediu nesta quarta-feira que a petroquímica do grupo Odebrecht pague reparação de cerca de 1,99 bilhão de reais em reparação aos atos de corrupção no país.

A diferença entre alemães, americanos e brasileiros é a coordenação. Nos Estados Unidos, o Departamento de Justiça coordena os processos para que sigam em união, com uma sentença para todos os crimes. As ações são, certa forma, unificadas. No Brasil, as empreiteiras respondem individualmente a vários órgãos reguladores, como Ministério Público, CGU, Receita Federal e Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). “Não vale a pena cada órgão fazer um processo de apuração diferente. Seria mais eficiente centralizar, de forma que as empresas tomariam um susto só, em vez de uma sucessão de sustos”, diz Thomas Felsberg, advogado referência na área de falência e recuperação de empresas. “Uma resposta única ajudaria ao público e às empresas, que podem voltar a trabalhar, depois de acertarem suas dívidas”.

Por ora, a tendência é que todas as envolvidas na Lava-Jato sigam estradas parecidas com a da Delta Engenharia, que chegou a ser considerada inidônea, em meio ao escândalo investigado pela CPI do Cachoeira, que apurava envolvimento do bicheiro Carlinhos Cachoeira em esquema de corrupção e exploração de jogos ilegais, enquanto atuava como lobista da empresa. A decisão foi revertida na Justiça. Sua recuperação judicial foi cumprida em janeiro de 2016 e a empresa voltou a operar, mas acabou enrolada em outra frente.

O dono da empreiteira, Fernando Cavendish, foi denunciado junto ao operador Adir Assad e Carlinhos Cachoeira por um esquema de lavagem de dinheiro com cifras que chegam a 370 milhões de reais na Lava-Jato. Foram pagas propinas para obras de infraestrutura como a reforma do Estádio do Maracanã, firmado com o governo do Rio de Janeiro, e de ampliação da Marginal Tietê, com o governo de São Paulo. Agora, eles negociam delação para se livrar de novo. Reconhecer os erros e pagar as multas é fácil. Mudar o modus operandi é muito mais difícil. O Brasil está dando um voto de confiança.

Ricardo Bellino abre inscrições para mentoria com imersão na Itália




Foram disponibilizadas apenas 25 vagas; o empreendedor, que já teve como sócios John Casablancas e Donald Trump, comandará imersão

Redação, www.administradores.com
Divulgação


O empresário Ricardo Bellino ficou conhecido por trazer a Elite Models para o Brasil, em parceria com um dos maiores mitos do mundo da moda, John Casablancas. Alguns anos mais tarde, tornou-se sócio do magnata e hoje presidente dos EUA, Donald Trump. 

Hoje, consolidado como um dos maiores empreendedores do país, dedica-se a compartilhar sua experiência e ajudar outras pessoas a desafiarem o impossível e concretizarem seus planos de negócios, através da iniciativa Escola da Vida.

Como parte desse trabalho, Bellino vai inaugurar o Centro Permanente de Desenvolvimento Humano e Empreendedorismo, na Itália, e realizará lá, neste ano, mais uma edição de sua mentoria imersiva. São 25 vagas para empreendedores que quiserem aprender diretamente com ele os caminhos que o levaram ao sucesso. O processo completo terá duração de seis meses e o selecionado poderá levar um acompanhante, que deve ser criteriosamente selecionado de forma que esteja alinhado com a proposta do trabalho a ser desenvolvido.


Veja os detalhes da atividade:


- Uma imersão de 5 dias em Comune di Bellino, na Itália, com mentoria individual orientada diretamente pelo próprio Ricardo Bellino, 100% focada em seu projeto de vida e/ou negócio;
- Três webinários exclusivos com Bellino ao longo dos 6 meses;
- Grupo exclusivo no WhatsApp e Facebook;
- Um almoço ou jantar com Bellino e um convidado da rede de relacionamento dele;
- Suporte para elaboração de um “Master Plan” para o seu projeto ou negócio;
- Uma imersão de dois dias na suíte presidencial do WTC Sheraton, em São Paulo, com palestras exclusivas e gala de encerramento com direito a um acompanhante;
- Passagens aéreas, hospedagens, alimentação e experiências inclusas.


Para mais informações e submeter sua proposta para a seleção, acesse: http://www.ricardobellino.com.br/mentoria/

Eleição de Trump pode ter “efeito bumerangue” para Netanyahu


Para acadêmicos e políticos israelenses, a chegada de Trump à Casa Branca fez com que, pela primeira vez, Israel se veja "mais ou menos livre" para decidir

 





Tel Aviv,- Em pleno relançamento desde a posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos, a política de colonização de Israel pode se transformar em um “efeito bumerangue” para o primeiro-ministro do país, Benjamin Netanyahu, em meio às reivindicações da extrema-direita nacionalista de anexar a Cisjordânia.

Círculos acadêmicos e políticos israelenses advertem que a chegada de Trump à Casa Branca gerou uma “nova realidade política” na região, na qual pela primeira vez em sua história Israel se vê “mais ou menos livre” para decidir.

“Acabaram as desculpas”, concordaram a deputada e ex-ministra Tzipi Livni e o chefe do Conselho Regional de Samaria (norte do território ocupado da Cisjordânia), Yossi Dagan, na recente conferência anual do Instituto de Estudos de Segurança Nacional.

Robert Danin, da Universidade de Harvard, argumentou que “a dinâmica no terreno em momentos nos quais há um governo mais simpatizante (com Israel) é realmente um bumerangue”.

Após sucessivos presidentes americanos que tiveram como política de Estado a posição de que o território ocupado em 1967 é fundamental para a solução de dois Estados e que os assentamentos são “ilegítimos”, a eleição do imprevisível Trump “devolve a Israel a pergunta de que tipo de Estado quer ser e qual tipo de acordo” busca com os palestinos.

Por pressões dos ultranacionalistas, em particular o ministro da Educação, Naftali Benet, Netanyahu autorizou desde a posse de Trump a construção de mais de 6.000 casas em território palestino ocupado, incluindo Jerusalém Oriental, o que faz temer uma colonização em massa que acabe com a viabilidade de um Estado palestino.

Ontem, em uma tímida crítica comparada com as do ex-presidente Barack Obama, o novo governo americano disse que estas construções “podem não ajudar” nos esforços pela paz, mas lembrou que Trump ainda não adotou uma posição oficial sobre as colônias.

Trump e Netanyahu vão se reunir no próximo dia 15.

A comunidade internacional considera as colônias ilegais, conforme especificou na resolução 2334 do Conselho de Segurança da ONU, em dezembro do ano passado.

A extrema-direita israelense quer aproveitar a nova situação para ganhar terreno e conseguir seu histórico sonho: derrubar definitivamente os Acordos de Oslo (1993).

“Pela primeira vez em 50 anos, Israel deve determinar seu próprio destino. Devemos nos perguntar o que queremos, e há duas opções: soberania israelense em área C ou um Estado palestino (..) controlado pelo terrorismo como em Gaza”, afirmou Benet na conferência do Instituto de Estudos de Segurança Nacional ao pedir abertamente a anexação de 60% da Cisjordânia.

Para Benet, Israel deveria criar um “cantão” sob um regime autônomo que incluísse as zonas A e B da Cisjordânia, onde vive a maioria dos palestinos, e anexar o restante ao país, junto com sua população.

A ex-ministra Tzipi Livni, de tendência mais moderada, defende por sua vez uma separação unilateral ou dentro de um acordo para que Israel continue a ser um “Estado judeu” por maioria demográfica e “democrático” em seus valores.

“A cantonização é inviável e enganosa porque todos sabemos que não pararão na zona C”, alertou, ressaltando que, desta forma, 2,5 milhões de palestinos ficariam dentro de Israel.

Entre as duas opções está Netanyahu, ideologicamente inclinado pela colonização (“ninguém a defende mais do que eu”, afirmou em várias ocasiões), mas sujeito à responsabilidade de governo e ao equilibrismo político.

Como exemplo está a recente evacuação da colônia de Amona, ordenada pela Suprema Corte e que lhe valeu duras críticas de ultranacionalistas ansiosos por uma “mudança drástica”.

“O primeiro-ministro ficou sem desculpas nem bode expiatório (em referência ao ex-presidente americano Barack Obama) para jogar a culpa por sua relativamente contida política de crescimento nos territórios”, disparou o comentarista do jornal “Ha’aretz” Yossi Verter.

Os primeiros sinais de pressão foram vistos antes mesmo da posse de Trump, com um leque de propostas como a regularização retroativa de cerca de 50 colônias ou a de convencer Washington a transferir sua embaixada de Tel Aviv para Jerusalém.

Netanyahu sempre dependeu das pressões da Casa Branca para conter seus próprios impulsos ideológicos, e agora, além disso, precisa delas para não se transformar em uma marionete de Benet, que tenta assumir liderança do campo nacionalista.