sexta-feira, 7 de abril de 2017

No pós-Brexit, risco para Reino Unido é fechar acordos ruins

 

 

"É tudo sobre política doméstica britânica, não um debate racional sobre os benefícios de ser membro da UE", diz professor que treina negociadores

 








São Paulo – Depois de oficializar o Brexit na semana passada, o Reino Unido tem agora dois anos para acertar os termos de saída e redefinir a sua relação com a União Europeia.

A tarefa é hercúlea e os britânicos estão em uma posição fragilizada, já que a prioridade europeia é não deixar que eles saiam declarando vitória.

Para deixar claro que ser anti-UE não é ser anti-globalização, o Reino Unido aposta em acordos com terceiros países.

Mas isso é algo que exige tempo, capacidade técnica e que pela lei só pode ser feito após o Brexit estar totalmente concluído.

“O governo britânico pode ficar tentado a concluir acordos rápidos que teriam mais impacto político de demonstrar que o Reino Unido pode operar fora da UE. Mas estes não serão bons acordos em termos de ganhos de bem-estar e resolução de conflitos regulatórios”, diz Steve Woolcock.

Ele é professor na London School of Economics que está ajudando a preparar negociadores para o time de Liam Fox, secretário do Comércio.

Por e-mail, Woolcock respondeu a algumas questões de EXAME.com. Veja a entrevista:


EXAME.com – Os economistas foram praticamente unânimes em sua oposição ao Brexit e disseram que o impacto seria sentido antes mesmo que ele se concretizasse. Mas a economia britânica tem se mostrado resiliente e até cresceu mais do que o previsto em 2016. O que aconteceu?
Steve Woolcock – O impacto econômico de sair da União Europeia vai acontecer quando o Reino Unido de fato sair, e ao longo do tempo, devido ao menor acesso ao mercado comum europeu.
No curto prazo, o país se beneficiou de uma desvalorização cambial que estimulou a inflação e as exportações.

É importante para a União Europeia que o Brexit não seja visto como um sucesso, sob pena de estimular outras debandadas. Mas o que eles perdem se não houver nenhum acordo?
Os 27 países do bloco perderão acesso garantido ao mercado britânico, e as exportações da UE estarão sujeitas a tarifas mais altas. No balanço, é o Reino Unido que perde mais.

O Reino Unido está legalmente impedido de fazer negociações comerciais com outros países até que o Brexit esteja plenamente resolvido. No entanto, eles querem sinalizar que estão abertos para o mundo e por isso dizem que estão tendo conversas preliminares e genéricas com vários parceiros. Mas como você define esse limite?
Não estou certo de que você consiga definir esse limite. Está claro que nenhum acordo pode ser concluído, mas que o Reino Unido pode explorar opções com outros países.

Mas um dos limites para isso é a capacidade: qualquer conversa detalhada exigiria uma pesquisa considerável e capacidade administrativa, que está inteiramente focada nas negociações com a Europa.

Mas os novos acordos serão bons acordos?
Depende do que você chama de bom. Acordos economicamente significativos, aqueles que vão além de remover algumas tarifas e lidam com questões regulatórias, demoram bastante tempo.

O governo britânico pode ficar tentado a concluir acordos rápidos que teriam mais impacto político de demonstrar que o Reino Unido pode operar fora da UE. Mas não serão bons acordos em termos de ganhos de bem-estar e resolução de conflitos regulatórios.

O Mercosul é um possível alvo?
O problema aqui é a agricultura. O Reino Unido pode oferecer essa parte, mas com alguns custos domésticos, e há também a questão das margens de preferência para a ACP [grupo de países da África, Caribe e Pacífico] e para os estados da Commonwealth [grupo de ex-territórios britânicos] em produtos como açúcar.

A primeira-ministra Theresa May disse no começo do ano que “nenhum acordo é melhor do que um acordo ruim”. Mas há algo pior do que voltar para as regras da OMC (Organização Mundial do Comércio)?
Não. Não há nada pior do que voltar para as regras da OMC. Isso de “nenhum acordo é melhor que acordo ruim” é por razões políticas domésticas.

“Acordo ruim”, nesse caso, quer dizer um acordo que não satisfaz a ala do Partido Conservador cética em relação à União Europeia.

Lembre-se que isso tudo é sobre a política doméstica britânica, e não um debate racional sobre os benefícios de ser um membro da UE.

Existe algum lado bom do Brexit? Algum caminho possível para que o Reino Unido ganhe, ou pelo menos não perca, força no palco internacional?
O governo atual apresenta isso como uma grande oportunidade para o Reino Unido desempenhar um papel de liderança em comércio global.

O melhor cenário-base é aquele onde o Reino Unido faça um papel de facilitador que ajuda a fazer emergirem acordos em comércio, investimento e meio ambiente em nível multilateral.

O país não tem a influência suficiente para liderar. O problema com isso é que a maior parte das grandes economias ainda não está pronta para alcançar acordos (um exemplo é a administração de Donald Trump nos Estados Unidos).


O que se sabe sobre o ataque dos EUA à base aérea na Síria


Na noite de ontem, a base síria de Al Shayrat foi atacada por 59 mísseis lançados a partir dos navios americanos

 





A base aérea síria de Al-Shayrat, alvo de um ataque americano de mísseis de cruzeiro, foi o ponto de decolagem dos aviões que lançaram um ataque químico atribuído ao regime de Damasco, segundo o Pentágono.

59 mísseis

 

A base de Al Shayrat, na província central de Homs, foi atacada às 00h40 GMT (21h40 de Brasília, quinta-feira) por 59 mísseis Tomahawk lançados a partir dos navios americanos USS Porter e USS Ross, que estavam no Mediterrâneo oriental.

De acordo com o Pentágono, os serviços de inteligência americanos determinaram que os aviões que lançaram o ataque químico contra a localidade de Khan Sheikhun haviam decolado a partir desta base.

A base era conhecida como lugar de armazenamento de armas químicas antes de 2013 e do desmantelamento do arsenal químico sírio, indicou o capitão Jeff Davis, porta-voz do Pentágono.

A agência oficial síria Sana informou que o ataque “provocou a morte de nove civis, entre eles quatro crianças, deixou sete feridos e ocasionou importantes destruições em casas das aldeias de Al Shayrat, Al Hamrat e Al Manzul”, próximas à base.

A Sana não informou se este balanço inclui o relato de seis mortos fornecido pelas forças armadas sírias.

 

Aviões, hangares, radar


As primeiras avaliações do bombardeio mostram que ocorreram “grandes danos ou destruição de aviões” e de infraestruturas da base, “diminuindo a capacidade do governo sírio para realizar ataques”.

Os mísseis Tomahawk estabeleceram como alvo principalmente “hangares aéreos reforçados”, tanques de armazenamento de petróleo, munições, defesas antiaéreas e radares.

Mas a pista não foi atacada, declarou o capitão Davis, contrariando indicações fornecidas em um primeiro momento por um responsável americano.

O general H.R McMaster, conselheiro de segurança nacional do presidente Trump, afirmou que os americanos evitaram atacar o lugar “onde pensamos que gás sarin é armazenado”.

“Não desejamos criar um risco para civis nem para ninguém”, acrescentou.

Segundo o diretor do Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), Rami Abdel Rahman, “o aeroporto foi quase totalmente destruído: os aviões, a pista, o depósito de combustível e as instalações de defesa aérea foram pulverizados”.

Enquanto isso, o correspondente da rede de televisão Rossiia 24, Evgueni Poddoubni, que se dirigiu ao local, afirmou que “nove aviões sírios das Forças Armadas foram destruídos” pelo bombardeio americano.

Nas imagens é possível ver ao menos dois aviões intactos em seus hangares de concreto armado, enquanto escombros não identificáveis cobrem o solo. Também é possível ver o impacto de uma bomba que escureceu a pista de pouso, que ficou, no entanto, em bom estado.

 

Os russos informados


O capitão Davis indicou que “todas as precauções foram tomadas para executar o ataque com um mínimo de riscos” para os funcionários presentes na base e principalmente os russos que estavam ali.

O ataque “não tinha como alvo as pessoas”, disse.

Segundo ele, os russos foram advertidos antes do ataque através de uma linha de comunicação especial instalada por militares americanos e russos desde o outono (boreal) de 2015 para evitar qualquer incidente aéreo entre seus aviões no céu sírio.

Ocorreram “múltiplas conversas” com os russos na quinta-feira através da linha especial, indicou. Afirmou que os militares americanos conheciam “o local preciso” da base utilizado pelos militares russos.

 

“Resposta proporcional”


O porta-voz americano deu a entender que não há a intenção de repetir o ataque.

“Foi uma resposta proporcional” ao ataque a Khan Sheikhun destinada a “dissuadir o regime de utilizar armas químicas novamente”.

“Será decisão do regime se serão realizados outros (bombardeios), isso será decidido com base em seu comportamento futuro”, acrescentou.
  
 
 

Rússia acusa EUA na ONU por “violação da lei internacional”


"Classificamos este ataque como uma violação flagrante da lei internacional e um ato de agressão", afirmou o representante de Moscou na ONU

 




A Rússia acusou nesta sexta-feira na ONU os Estados Unidos de terem violado a lei internacional ao lançarem um ataque militar contra o regime de Damasco na noite desta quinta-feira, depois de um suposto ataque químico que deixou mais de 80 mortos.

“Os Estados Unidos atacaram o território soberano da Síria. Classificamos este ataque como uma violação flagrante da lei internacional e um ato de agressão”, afirmou o representante de Moscou na ONU Vladimir Safronkov, durante uma reunião de emergência do Conselho de Segurança dedicado ao ataque americano.



Chip Inside é a primeira empresa do Sul a receber aporte do Criatec 3

O fundo de apoio ao empreendedorismo e inovação tem R$ 230 milhões para startups da região

 

Por Dirceu Chirivino

 

dirceu@amanha.com.br
Chip Inside é a primeira empresa do Sul a receber aporte do Criatec 3

A criatividade dos engenheiros Thiago Martins e Leonardo Guedes, fundadores da startup Chip Inside (foto), lhes rendeu o benefício do primeiro aporte do Criatec 3. O fundo de apoio ao empreendedorismo e inovação é representado no Sul do Brasil pelo BRDE e o Badesul e tem como gestora a Inseed Investimentos. 


A Chip Inside começou a ser concebida dentro da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), em 2010. O sistema atende o rebanho bovino de produção leiteira. O principal produto desenvolvido pelos engenheiros foi uma coleira com chip. O aparelho, atrelado ao pescoço da vaca, coleta, com altos níveis de precisão, os níveis de ruminação, a atividade e a ociosidade do animal durante 24 horas por dia. A ruminação revela parâmetros de saúde, nutrição e reprodução do animal.  A medição do tempo de atividade serve para avaliar condições de saúde, manejo e reprodução. Já o tempo de ócio revela alterações de saúde do bovino. 

O Sistema C-tech HealthyCow, como foi batizado pelos seus criadores, além de efetuar o diagnóstico precoce de doenças,  é capaz detectar o ciclo de cio dos animais, permitindo a inseminação nos momentos adequados. Os dados recolhidos pelas coleiras são enviados automaticamente para antenas distribuídas dentro da propriedade, sempre em intervalos de uma hora. O Cowmed ssistant, uma equipe técnica da Ship Inside, recebe e analisa os dados coletados que ficam centralizados em um computador da propriedade. As informações são enviadas via WhatsApp para o produtor.

O Criatec 3, lançado no ano passado, conta com recursos da ordem de R$ 230 milhões para companhias da região Sul. Com atuação em todo o país, reúne 13 cotistas entre bancos de desenvolvimento, agências de fomento estaduais, corporações e investidores privados. O fundo já avaliou 936 oportunidades e hoje tem oito empresas em fase final de efetivação de investimento. “A tecnologia de automação tornam-se ferramentas necessárias para o crescimento da cadeia do leite no Brasil e é neste movimento que o negócio da Chip Inside se encaixa perfeitamente”, avalia Alexandre Alves, diretor da Inseed Investimentos, gestora do Criatec 3.

 http://www.amanha.com.br/posts/view/3848


Zürich Airport detalha investimentos para o Aeroporto Hercílio Luz

 

 

Balint Szentivanyi afirmou que a empresa projeta um aporte de R$ 500 milhões na primeira etapa do contrato de concessão

 

Da Redação

 

redacao@amanha.com.br
Zürich Airport detalha investimentos para o Aeroporto Hercílio Luz


A empresa vencedora do leilão de concessão do Aeroporto Internacional Hercílio Luz, a suíça Zürich Airport apresentou seus planos de investimentos para Florianópolis ao governador Raimundo Colombo nesta quinta-feira (6). O contrato oficial da concessão será assinado no final de julho e a partir daí a empresa terá o prazo de 26 meses para concluir a primeira etapa de investimentos obrigatórios, o que inclui o novo terminal de passageiros. O governo do Estado reafirmou o compromisso de antes desse prazo entregar a duplicação do novo acesso ao Sul da Ilha de Santa Catarina, que também beneficiará diretamente os usuários do aeroporto.

O vice-presidente da Zürich Airport, Balint Szentivanyi, afirmou que a empresa projeta um investimento da ordem de R$ 500 milhões na primeira etapa do contrato de concessão. Além do novo aeroporto, a empresa vai construir novos fingers (pontes de embarque que fazem a ligação entre o terminal e as aeronaves) e um novo estacionamento com 2,5 mil vagas, entre outras melhorias. “Será um grande ganho para toda a comunidade de Florianópolis e também para a promoção do turismo catarinense, que já responde por 12% da nossa economia”, destacou Colombo.

 http://www.amanha.com.br/posts/view/3847

quinta-feira, 6 de abril de 2017

R$ 600 milhões para nada? Mercedes pode fechar fábrica em SP

 

 

A Mercedes-Benz pode fechar uma fábrica inaugurada há apenas um ano em São Paulo, segundo Philipp Schiemer, presidente da empresa no Brasil

 




São Paulo — A montadora alemã Mercedes-Benz já pensa em fechar uma fábrica que inaugurou há pouco mais de um ano em Iracemápolis, no interior de São Paulo. O problema não é a recessão, mas a incerteza sobre o que vai acontecer com o programa de benefícios fiscais que levou a Mercedes a decidir montar a fábrica — a terceira no país e, hoje, a única que produz automóveis (as outras duas fazem caminhões e ônibus). O programa, que foi batizado de Inovar-Auto, estabeleceu cotas para a importação de veículos e deu incentivos a montadoras que passassem a produzir no país.

Foi anunciado em 2012, com prazo de validade até o fim deste ano — e executivos do setor temem que, se o governo não extinguir de vez os benefícios, deve pelo menos reduzi-los. Se ele terminar e não houver nenhuma contrapartida, a fábrica de Iracemápolis deixará de ser rentável e poderá ser fechada, segundo disse a EXAME o alemão Philipp Schiemer, presidente da Mercedes no Brasil desde 2013. A missão de Schiemer ao assumir o cargo era fazer a empresa retomar o primeiro lugar nas vendas de caminhões no Brasil, posição perdida para a MAN em 2012 — a Mercedes voltou a ser líder no ano passado. Foi uma vitória comemorada discretamente, já que as vendas de caminhões encolheram 30% em 2016.

Exame – A fábrica de automóveis da Mercedes foi inaugurada em plena recessão. O investimento fez sentido?
Philipp – Essa unidade fabrica cerca de 10 000 automóveis por ano, metade de sua capacidade. A crise reduziu a demanda, por isso não abrimos totalmente a unidade e, assim, controlamos os custos. Essa questão está resolvida. O maior problema, não apenas da Mercedes como também de outras montadoras que inauguraram fábricas para produzir automóveis premium, é o futuro do Inovar-Auto. As fábricas de carros de alto padrão surgiram no Brasil como consequência desse programa, que pode ser modificado ou mesmo extinto no fim do ano. Dependemos mais disso do que da economia, porque a crise vai passar e as vendas vão voltar a crescer.

Exame – A fábrica pode ser fechada?
Philipp – Sim, essa é uma possibilidade se a unidade deixar de ser rentável. É claro que seria ruim perder o investimento de 600 milhões de reais, mas não perderíamos o mercado, porque os carros continuarão a ser vendidos, só que importados. Fábricas que produzem de 20 000 a 30 000 veículos por ano nunca serão tão competitivas como as que fabricam 300 000 unidades, a não ser que tenham incentivos.

Exame – Por que a Mercedes decidiu construir a fábrica, já que o Inovar-Auto sempre teve data para acabar?
Philipp – Ficamos sem opção. O programa estabeleceu uma cota de importação de 4 800 veículos por ano, bem menos do que vendemos. Se não fizéssemos a fábrica, perderíamos competitividade — temos uma rede de concessionárias para manter aqui, e a conta não fecharia. Era isso ou sair do mercado. Não posso falar pelas outras montadoras, mas certamente estão todos preocupados. A Anfavea [associação que representa as montadoras] está discutindo soluções com o governo e acredito que o programa possa mudar para melhor.

Exame – Mudar como?
Philipp – Poderia se tornar uma política industrial de longo prazo. É preciso facilitar a entrada de novas tecnologias no Brasil para podermos agregar valor e competir no mercado mundial. Gosto do modelo da Embraer, de importar mais e exportar mais também. Saiba mais: Mercedes-Benz cria campanha ambiciosa sobre a vida adulta

Exame – A maior parte do resultado da Mercedes no Brasil depende da venda de caminhões e ônibus, segmentos muito afetados pela crise. Quando a recuperação deve começar?
Philipp – Começamos neste ano vendendo menos do que em 2016. Nosso negócio depende, essencialmente, de juros baixos, porque a maioria dos clientes financia a compra, e do crescimento econômico. Sabemos que o mercado de caminhões vai voltar, porque é responsável por 60% do transporte no país, mas, para isso acontecer, o PIB precisa voltar a crescer. Se as reformas forem aprovadas, o que contribuirá para a retomada da economia, é possível que a situação de nosso mercado melhore no segundo semestre. Haveria uma ajuda com incentivos para a troca da frota brasileira, hoje uma das mais velhas do mundo.

Exame – Como foi retomada a liderança no mercado de caminhões?
Philipp – Em 2013, nossos custos eram elevados, as fábricas estavam ineficientes e os produtos pouco atraentes. Investimos 730 milhões de reais na modernização das fábricas e dividimos a produção: a fabricação das cabines acontece na unidade de Juiz de Fora [Minas Gerais] e a montagem em São Bernardo do Campo [São Paulo]. Ainda estamos comprando novas máquinas para São Bernardo para que, em 2019, essa seja uma das fábricas mais modernas da companhia no mundo. Para melhorar a oferta, fizemos pesquisas e nos comparamos com os concorrentes. Quase toda a linha de produtos mudou: aumentamos o conforto, reduzimos o consumo de combustível e diminuímos a necessidade de revisões para manutenção, por exemplo. Mas também tivemos de demitir: 5 500 funcionários saíram, a maioria por meio de um programa de demissão voluntária. Isso representava 40% do nosso quadro. Com todas as mudanças, ganhamos cerca de 20% de produtividade.

O desafio de construir a ponte entre agências e consultorias

 

 

Fabiano Goldoni alerta para a necessidade de um novo modelo

 

 

Por Fabiano Goldoni*


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Tem sido bastante frequente as declarações e artigos em veículos especializados afirmando que as consultorias vão acabar com as agências de propaganda. Para ter uma ideia desse cenário: a divisão Interactive Experience (iX) da IBM foi considerada a maior agência digital do mundo pela revista de publicidade, marketing e mídia Ad Age. A iX possui mais de 10 mil funcionários que trabalham em criação, digital e analytics para clientes como a Nestlé, Visa, L.l.bean e Air Canada. A empresa faturou cerca de US$ 1,9 bilhão em 2015.

Acredito que nem tudo está perdido para as agências, pois não tenho dúvidas de que alguns irão encontrar uma forma para virar a chave do novo modelo. Certamente players históricos que construíram o negócio da publicidade até hoje vão desaparecer. Acontece em qualquer indústria em transformação. Porém, os que forem ágeis o suficiente para mudar sua metodologia irão resistir e encontrar seu lugar. Tenho certeza disso. Estamos entrando na era dos especialistas em comunicação e branding conectados, de fato, com o resultado no negócio. Parece simples na teoria, mas na prática é o maior desafio que essa indústria já passou. 

Qual é a fórmula das consultorias? Não é segredo como elas funcionam. O que existe de diferente entre o modelo da consultoria e da agência é o padrão mental (também conhecido no Brasil como mindset) de abordagem do desafio da comunicação na era digital. O mindset da consultoria é baseado em agrupar plataformas de dados e gestão do negócio do anunciante e conectar diretamente nas plataformas de comunicação e aferição de mídia. Em resumo, investimento e resultado de ponta a ponta sem dar espaço ao empirismo. 

Não confiando somente em focus group e pesquisas com um punhado de consumidores. Tudo isso com margem zero para qualquer subjetividade na tomada de decisão. Dados são o novo combustível desse novo modelo. Porém, sabemos que comunicação de marca não se baseia somente na frieza dos dados. É preciso estabelecer uma conexão emocional com o consumidor, gerar envolvimento e ter relevância. Não foi à toa que recentemente a Accenture Digital contratou um dos maiores diretores de criação do mercado publicitário. Está claro que existe uma ponte entre estas duas margens do rio: agências e consultorias. O desafio é construir essa ponte o mais rápido possível. 

O anunciante não compra mais exposição de marca, criatividade, inteligência, relacionamento com veículos, atendimento próximo ou seja lá qual o diferencial da agência. Isso fica claro neste novo cenário da digitalização dos negócios. O anunciante compra resultado que pode ser medido de ponta a ponta: do conteúdo ao checkout do e-commerce e também da loja física. 

O Alright Summit 2017 abordará este novo cenário no keynote do Leo Cid Ferreira, Chief Strategy Officer da Accenture Digital no dia 28 de abril (leia mais detalhes aqui). O Alright Summit é um evento para convidados da Alright e seus parceiros. Inscreva-se aqui preenchendo o formulário.

*Sócio da Alright Media, braço do hub de tecnologias de mídia digital Alright, empresa promotora do Alright Summit 2017. O evento, que tem a parceria de AMANHÃ, vai debater como o meio digital está transformando o marketing e a publicidade. 

http://www.amanha.com.br/posts/view/3837