O Conselho de Ministros aprovou na quinta-feira a resolução que autoriza o encaminhamento do futuro contrato
São Paulo – O governo de Portugal iniciou ontem as negociações finais para comprar cinco jatos cargueiros KC-390, da Embraer,
com opção de aquisição para mais um avião. O pacote inclui o
fornecimento de um simulador de voo para instrução das tripulações, mais
peças, componentes, documentação técnica e treinamento de equipes de
suporte em terra. O Conselho de Ministros aprovou na quinta-feira a
resolução que autoriza o encaminhamento do futuro contrato.
O valor da encomenda e os prazos de entrega serão definidos nas
próximas semanas, de acordo com o ministro português da Defesa, Azeredo
Lopes. As aeronaves vão substituir a frota de seis C-130H Hércules,
americanos, operados pela Força Aérea do País em missões de transporte
pesado, resgate e socorro. Os valores da compra não foram revelados, mas
são estimados entre 350 milhões e 480 milhões, com financiamento de
longo prazo. A operação faz de Portugal o primeiro cliente internacional
da Embraer no programa do novo KC-390. Ontem, a Embraer Defesa e
Segurança (EDS) não comentou a operação comercial.
Em Lisboa, analistas destacaram que a aquisição promoverá um salto de
qualidade na aviação militar, mas terá dificuldades para superar as
restrições orçamentárias: os recursos destinados à Defesa em 2017 são de
218 milhões. As compras totais de material militar estão limitadas a
250 milhões.
Segundo Lopes, os gastos serão feitos em parcelas, durante
vários anos, o que permitirá a compatibilização com o orçamento. O
ministro revelou que o governo considera um modelo por meio do qual os
custos podem ser rateados entre diversos serviços de administração
pública interessados no avião. A Embraer tem instalações industriais em
Alverca, e em Évora. Seções inteiras da aeronave sairão dessas fábricas.
Porte. Com 35,2 metros de comprimento, duas turbinas, 4.815 km de
alcance e capacidade para transportar até 23 toneladas de carga, o
KC-390 é o maior avião já desenvolvido no Brasil. Mais de 50 empresas
brasileiras participam do projeto, que conta ainda com a parceria da
Argentina, de Portugal e da República Checa.
O compartimento de carga do avião tem 18,54 metros de comprimento,
3,45 metros de largura e 2,95 de altura. O espaço é suficiente para
acomodar equipamentos de grandes dimensões, além de, no viés militar,
blindados, peças de artilharia, lançadores de foguetes e aeronaves leves
semimontadas.
O avião também pode transportar até 80 soldados equipados ou 64
paraquedistas em uma configuração de transporte de tropa. O peso máximo
para cargas é de 23 toneladas. Como reabastecedor, o KC-390 será capaz
de transferir combustível em voo para aviões e helicópteros.
O voo inaugural, em fevereiro de 2015, marcou o início da fase de
testes dos dois protótipos, prevista para durar até 2018, quando começam
as entregas, informou a Embraer. Em maio de 2014, a Força Aérea
Brasileira assinou o pedido de aquisição de 28 aeronaves.
As 28 unidades para a FAB serão entregues ao longo de doze anos. Com
valor total de R$ 7,2 bilhões, o contrato prevê o fornecimento de um
pacote de suporte logístico, que inclui peças sobressalentes e
manutenção.
“O KC-390 será a espinha dorsal da aviação de transporte da Força
Aérea Brasileira”, disse o comandante da Aeronáutica, tenente brigadeiro
do ar Nivaldo Luiz Rossato.
Na FAB, os cargueiros KC-390 deverão cumprir todas as missões
atualmente realizadas pelos C-130 Hércules, como transporte de tropas e
de carga, lançamento de paraquedistas, busca e combate a incêndios,
remoção de feridos e ações humanitárias. Para isso, o avião deverá ser
capaz de pousar em pistas sem asfalto e operar em ambientes que vão do
frio glacial da Antártica até o calor da Amazônia. O uso de turbinas a
jato permitirá alcançar uma velocidade de até 870 km/h. O C-130 Hércules
alcança até 671 km/h.