quarta-feira, 8 de maio de 2019

Grupo Positivo vende sistema de educação por R$ 1,6 bilhão


A aquisição não inclui outros negócios, que abrangem 13 colégios, universidade, curso pré-vestibular e gráfica

Da Redação

redacao@amanha.com.br
Grupo Positivo vende sistema de educação por R$ 1,6 bilhão


O Grupo Positivo fechou por R$ 1,65 bilhão a venda do sistema de educação Positivo para a Arco Educação, que surgiu no Ceará em 2006. A unidade adquirida vende produtos e serviços (como apostilas e orientação pedagógica) para 3,4 mil escolas privadas no país, sob a marca Positivo. O negócio, que atende a 650 mil alunos e tem 3 mil escolas conveniadas em todo o Brasil, depende da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). A expectativa é de que os trâmites estejam concluídos em seis meses.

A aquisição não inclui outros negócios do Grupo Positivo, que abrangem 13 colégios, universidade, curso pré-vestibular, gráfica e o sistema de ensino Aprende Brasil, que atende escolas públicas. O faturamento desses negócios no ano passado somou R$ 849 milhões. As negociações com a Arco duraram cerca de um ano. Além da venda, as tratativas incluíram parcerias de longo prazo para que a gráfica do grupo continue a imprimir os materiais do sistema de ensino Positivo, que também continuará a ser utilizado pelas escolas próprias do grupo.

Segundo o acordo, metade do pagamento será feita no fechamento do negócio e a metade restante em cinco anos. Não haverá pagamentos em 2020, 10% serão quitados em 2021 e 2022 e 15% em 2023 e 2024. Com a aquisição do Positivo, a Arco Educação vai ganhar em escala e passará a atender a 4,8 mil escolas e mais de 1,2 milhão de estudantes. No ano passado, a Arco faturou R$ 381 milhões.
O foco do Positivo é se concentrar, a partir de agora, nas atividades de ensino. O grupo estuda novas oportunidades de negócios na educação. Segundo a companhia paranaense, aquisições não são descartadas e sondagens já foram feitas em várias regiões. 

http://www.amanha.com.br/posts/view/7471

terça-feira, 7 de maio de 2019

Chinesa CNOOC quer expandir produção no Brasil, avalia leilão do pré-sal



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RIO DE JANEIRO (Reuters) - A petroleira chinesa CNOOC quer expandir a produção no Brasil e está avaliando participar de rodada de licitação de áreas de petróleo e gás do Brasil, prevista para este ano, disse o presidente da unidade brasileira da companhia, Sheng Jianbo.

Além do leilão de petróleo no pré-sal, em 7 de novembro, o Brasil prevê realizar uma outra rodada de venda de campos na importante região produtora, dos excedentes da área da cessão onerosa, marcada para 28 de outubro.

A CNOOC, que já é parceira da Petrobras na mega área de Libra, avalia que esse projeto no pré-sal da Bacia de Santos está progredindo bem, com o Teste de Longa Duração produzindo 58 mil barris de óleo equivalente ao dia, disse Jianbo.

Ele disse também que a empresa busca parceiro para Bloco-592, no Espírito Santo.



(Por Rodrigo Viga Gaier; edição de Roberto Samora)

Hapvida fecha acordo para comprar grupo São Francisco por R$5 bi, diz fonte



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SÃO PAULO (Reuters) - A operadora de planos de saúde Hapvida chegou a um acordo para adquirir o grupo rival São Francisco Saúde por 5 bilhões de reais, disse uma fonte com conhecimento do assunto.

A Hapvida, que deve anunciar o acordo ainda nesta terça-feira, usará quase 3 bilhões de reais de seu caixa para financiar o negócio e também emitirá dívida. O blog financeiro Brazil Journal noticiou mais cedo sobre o negócio



Carolina Mandl

Brasil deixa ranking de países mais confiáveis para investimento estrangeiro


País aparecia no levantamento da consultoria A.T. Kearney desde o primeiro ranking, em 1998.

Por G1

O Brasil deixou de ser um país confiável para o investimento estrangeiro. Ao menos é o que indica o ranking da consultoria A.T.Kearney, que lista os 25 países mais confiáveis – e do qual o Brasil saiu pela primeira vez desde que o levantamento foi desenvolvido, em 1998. Sem o Brasil, nenhum país da América do Sul aparece no ranking. 

"A ausência de quaisquer países sul-americanos entre os 25 é notável, entretanto, dado que o Brasil foi incluído em todas as edições anteriores do ranking", aponta o estudo. Em 2018, o país já aparecia na 25ª e última posição. 

Posição do Brasil no ranking de confiança para investimento estrangeiro
 
Pela primeira vez, país não aparece no levantamento em 2019
 
Fonte: A.T. Kearney
 
O ranking é feito a partir de pesquisas com 500 executivos de companhias líderes mundiais. Ele é calculado com base em perguntas sobre a probabilidade das empresas dos pesquisados em fazer um investimento direto em mercados específicos ao longo dos três anos seguintes. 

Enquanto aqui a confiança cai, os Estados Unidos seguiram na primeira posição pelo sétimo ano seguido, "provavelmente refletindo seu grande mercado doméstico, continuada expansão econômica, impostos competitivos e capacidades tecnológicas e de inovação", aponta o estudo, que ressalta, no entanto, que a recente volatilidade das políticas podem estar reduzindo a atratividade. 

Alemanha aparece em segundo lugar, seguida pelo Canadá e Reino Unido. Já a China tombou no ranking, caindo para a 7ª posição – a pior desde o início do estudo.

Países mais confiáveis para investimento estrangeiro


Posição País  
1 Estados Unidos
2 Alemanha
3 Canadá
4 Reino Unido
5 França
6 Japão
7 China
8 Itália
9 Austrália
10 Cingapura
11 Espanha
12 Holanda
13 Suíça
14 Dinamarca
15 Suécia
16 Índia
17 Coreia do Sul
18 Bélgica
19 Nova Zelândia
20 Irlanda
21 Áustria
22 Taiwan
23 Finlândia
24 Noruega
25 México

quinta-feira, 2 de maio de 2019

Brasil tem 300 startups do agronegócio e investimento de R$ 100 milhões ao ano


Brasil tem 300 startups do agronegócio e investimento de R$ 100 milhões ao ano
As agritechs, como foram batizadas as startups de tecnologia para o agronegócio, já formam um grupo de cerca de 300 companhias no País, que investem cerca de R$ 100 milhões ao ano e são capazes de oferecer ao produtor qualquer tipo de serviço. Mas a falta de conectividade nas fazendas e de integração dos dados gerados por diferentes dispositivos são desafios, segundo especialistas presentes no Fórum Inovação, realizado ontem pelo ‘Estadão’ e pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), na Agrishow, em Ribeirão Preto (SP).

Guilherme Raucci, responsável pela área de novos negócios da Agrosmart, avalia que as startups serão responsáveis por gerar tecnologia para resolver quase todo o desafio de fazer o campo produzir cada vez mais para alimentar a humanidade no futuro. “Não há mais área disponível para grandes expansões de produção e a mão de obra é cada vez mais escassa no setor. É preciso aumentar a produtividade e essas empresas são o caminho para isso”, disse. “Mas os dados não são integrados e, no Brasil, apenas 14% das propriedades rurais têm conectividade”, emendou o executivo.

Diante da lentidão ou da falta de interesse em levar a internet para o campo – já que 90% das propriedades do Brasil são de pequeno porte e 67% dos produtores não utilizam tecnologias que dependam de conexão -, as principais montadoras do setor assumiram uma das pontas desse problema e até montaram “pools” com outras empresas. Uma dessas iniciativas é o ConectarAgro, formado por grandes grupos do setor – como a CNH Industrial, a Agco e a Jacto – com empresas de tecnologia e telefonia.

“O projeto irá levar internet para as propriedades de um modo que realmente conecte tudo, de forma simples, com um sistema aberto e acessível para o pequeno e grande agricultor”, explicou Marco Aurélio Milan, especialista de produto na área de agricultura de precisão da New Holland, uma das marcas da CNH Industrial.

Desafios. Além de lidar com os gargalos tecnológicos, as agritechs encaram novas demandas do agronegócio brasileiro. Caroline Capitani, gestora de design digital e inovação da Ilegra, conta ter recebido pedidos de empresas do setor de seguros agrícolas. Esse aquecimento coincide com a ideia do governo federal de drenar mais recursos para as seguradoras e menos para o crédito agrícola na próxima safra, a partir de julho.
Trazer soluções tecnológicas e financeiras para o agricultor motivou a criação da Inter Chains, companhia que trabalha com o conceito de blockchain – uma base de dados capaz de fazer registro de operações monetárias, analisar dados, servir como um registro digital de negócios e até atuar na rastreabilidade de uma propriedade. “A avaliação por meio do blockchain, com toda a cadeia integrada, é capaz de gerar um rating do produtor, o que facilitará na hora de tomada de crédito, por exemplo”, explica Eduardo Figueiredo, sócio da companhia, que gerencia cerca de 2 milhões de hectares.

Os antigos gargalos físicos do agronegócio em um País continental como o Brasil também geram oportunidades para as startups. É o caso da Alluagro, empresa que nasceu para fornecer serviços compartilhados de máquinas para produtores rurais, nos moldes do que já é oferecido por aplicativos de transportes em grandes cidades. “É economia compartilhada, pela qual conectamos prestadores de serviços e produtores rurais. É levar o trator mais próximo à fazenda”, explicou Marco Aurélio Chaves, um dos sócios da empresa.


As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Arezzo abocanha o mundo

Líder no segmento de calçados femininos para o público A e B, a empresa brasileira aposta na internacionalização dos seus produtos para conquistar o mercado externo

 

Crédito: Divulgação
Apetite global: Alexandre Birman comanda o império fundado pelo pai desde 2013 e conseguiu elevar o faturamento em 9,8%. Seu objetivo agora é fazer esses números subirem com a operação internacional (Crédito: Divulgação)

Desde que assumiu a presidência da Arezzo&Co, há sete anos, Alexandre Birman teve de se acostumar a ter equilíbrio sobre o salto alto. Para comandar a empresa líder no segmento de sapatos e bolsas para o público A e B no Brasil, o empresário precisou andar por caminhos tortuosos. Ao suceder seu pai, Anderson, que criou a companhia em 1972, Alexandre encontrou um cenário diferente dos anos anteriores. A pior crise econômica da história do País aparecia como seu principal desafio. Mesmo com esse cenário desfavorável, o grupo formado pelas marcas Arezzo, Schutz, Ana Capri, Alexandre Birman, Fiever e Owme conseguiu manter o resultado no azul. Em 2017, a receita líquida chegou a R$ 1,4 bilhão, um crescimento de 9,8% em relação ao ano anterior.

Para dar sequência a esse processo de expansão, o caminho traçado pela empresa é o mercado internacional, que hoje responde por cerca de 10% do faturamento da operação. Neste ano, serão seis lojas nos Estados Unidos. Em 2019, o grupo tem capacidade de, pelo menos, triplicar esse número com o desembarque em países na Europa e na Ásia. “Começamos a internacionalização com um projeto-piloto com a Schutz, em Nova York”, diz Alexandre Birman (leia a entrevista “A nossa melhor saída é ir além do território brasileiro” ao final da reportagem). “Tivemos bons resultados e hoje estamos apostando nossas fichas na internacionalização”, afirma o empresário.

Com 618 lojas espalhadas pelo Brasil, o grupo iniciou a operação para abocanhar no mercado externo em2012, quando a Schutz abriu as portas na Madison Square Avenue, em Nova York. Hoje, a marca está presente com três lojas na cidade e na Califórnia. Além dela, a marca Alexandre Birman também está em Nova York. Para conquistar os pés fiora do Brasil, Alexandre contratou o americano Wayne Kulkin, ex-CEO da Stuart Weitzman, marca de calçados de luxo, que comanda a operação internacional. Em agosto do ano passado, a companhia montou um conselho consultivo para detalhar as estratégias que seriam necessárias para a expansão.

Kulkin foi convidado para fazer parte desse conselho. Oito meses depois, veio o anúncio da sua contratação. “Eu nunca imaginei trabalhar em outra empresa de sapatos, mas a Arezzo&Co tem potencial de ser um grande player global”, diz Wayne. “Isso é encantador para mim.” Nos 26 anos que ficou à frente da Stuart Weitzman, a companhia multiplicou em 4.000% o faturamento. Com os bons resultados, a marca foi vendida por US$ 574 milhões para a COACH, em 2015, que tem valor de mercado de US$ 9,9 bilhões e receita de US$ 4,5 bilhões. “Esperamos um grande impulso nos nossos negócios internacionais com o Wayne”, diz Birman.


Embaixadoras informais: a cantora Lady Gaga (à esq.) postou em suas redes sociais uma foto com a bota Schutz e a atriz Kate Hudson exibe um sapato da marca Alexandre Birman em evento
Por enquanto, Kulkin está concentrado em calçar as americanas e já começou com o pé direito em sua estratégia para tornar as marcas do grupo desejadas. Em dezembro do ano passado, a cantora Lady Gaga, ícone do pop, divulgou uma foto em suas redes sociais vestindo uma bota da marca Schutz durante a turnê de divulgação do seu novo disco, em Oklahoma. Após a exposição, a empresa enviou um novo carregamento do modelo “Lace Up” às lojas americanas devido à enorme procura. “A Schutz é um gigante pronto para despertar”, diz Wayne.
Os Estados Unidos movimentam US$ 20 bilhões no segmento calçadista e apresentam potencial de 10% para o crescimento da marca Schutz. A estratégia é ocupar um espaço no mercado americano.

 Os sapatos serão vendidos em uma faixa de preço de US$ 150, valor acima dos importados da China, que custam US$ 100, e abaixo dos de luxo, comercializados por mais de US$ 300. “Nos Estados Unidos, não existe monomarca que atue nessa faixa de preço”, diz Alberto Serrentino, sócio fundador da Varese Retail. “O que existe nesse mercado que a Schutz vai atuar são marcas de vestuário como Tory Burch que trazem para suas lojas alguns sapatos, mas são mais clássicos e reduzidos em volume.”

Com um apelo de design mais fashion, a Schutz corresponde a 33% do faturamento da companhia no Brasil. Ela foi criada em 1995 por Alexandre, quando ele tinha apenas 18 anos. O empresário queria um calçado diferente do produzido pelo pai. “Ele me disse que se eu quisesse mesmo isso teria que criar minha própria empresa”. No início, a Schutz nasceu com a proposta de calçados esportivos, mas logo mudou sua estratégia para os sapatos femininos, principal negócio da família. Em 2005, com apenas dez anos de negócio, a marca já exportava 60% de seus produtos. Mas não foi o sucesso que fez o pai se render ao talento do filho. Com as marcas indo de vento em popa, o fundo de private equity Tarpon propôs a junção das duas formando a holding Arezzo S.A.

O fundo comprou 25% da nova empresa e investiu R$ 76,3 milhões para a expansão de lojas e franquias. O grupo saiu então de 228 unidades para as atuais 449 franquias e 37 lojas próprias das marcas Arezzo e Schutz. Nesses 12 anos, somaram-se ao portfólio a Ana Capri, marca jovem com foco em calçados flats sem salto; a Alexandre Birman, de sandálias e sapatos de luxo; a Fiever, de tênis para os públicos feminino e masculino; e, neste ano, a Owme, com a proposta de oferecer sapatos confortáveis. “Estamos arriscando um passo à frente com Schutz e Alexandre Birman no mercado internacional”, diz Alexandre. “Mas Wayne também vê potencial na Arezzo, Fiever e Ana Capri.”


Loja pioneira: primeira unidade da marca foi inaugurada em 2012, na Madison Square Avenue, em Nova York (Crédito:Divulgação)
Além de consolidar a Schutz no mercado americano, a companhia também tem a missão de conquistar a Europa. O grupo vai abrir neste segundo semestre um escritório e um showroom em Milão, na Itália. O país é uma referência em sapatos de luxo com uma fabricação anual de 200 milhões de pares e receita de € 14 bilhões. “Essa operação vai facilitar a nossa venda”, diz Aline Penna, diretora de Relações com os Investidores da Arezzo&Co. “Podendo ver o produto, os diretores de lojas de departamento e o potencial consumidor se convencem com mais facilidade da qualidade do sapato.”

Assim como a Schutz, a marca que leva o nome de Alexandre já conquistou muitas famosas. Os sapatos Alexandre Birman foram usados por atrizes e cantoras americanas como Kate Hudson, Demi Moore, Jessica Alba e Katy Perry. Antes mesmo de abrir sua primeira loja em território americano, a grife estava presente em lojas de departamento (tanto que uma das estratégias é fortalecer os laços com Bergdorf Goodman e Bloomingdale’s). Em 2009, a grife foi convidada a vestir os personagens do seriado americano Gossip Girl. No oitavo episódio da terceira temporada, Blair Waldorf, protagonista da trama, aparece usando um Peep-toe Booties. A personagem chegou a chamar os sapatos de “sagrados”. O modelo virou um hit no mercado internacional e a partir daí o nome de Alexandre caiu no gosto das celebridades. A marca já corresponde a 22% do faturamento no mercado externo da companhia. “Apesar de Alexandre Birman ser uma marca importante e bem posicionada, o foco maior tem de ser na expansão da Schutz, onde o mercado consumidor é maior”, diz Alana Imaizumi, analista do Citi.
O desafio, com toda essa movimentação em busca de novos mercados, é não tirar os olhos das operações no Brasil e do principal carro-chefe do grupo, a marca Arezzo. Responsável por 57,3% do faturamento da empresa, a marca quer atingir mil lojas no futuro – atualmente são 382. A estratégia é oferecer um modelo menor, de 40 m2, é ideal para entrar em cidades do interior, onde não há condições de investir em uma loja convencional. No ano passado, a empresa vendeu 12 milhões de pares de calçados e 1,2 milhão de bolsas. “Um dos pilares do sucesso das marcas está justamente na velocidade de lançar itens ligados à última moda com preços competitivos”, diz Elton Morimitsu, analista sênior de pesquisa da Euromonitor International. “A estratégia é parecida com a da Zara no Brasil, que traz tendências de moda a preço acessível.”

Mas nem sempre a história foi só de ganhos. Na década de 1990, Anderson apostou na transferência da fábrica, localizada em Minas Gerais, para Campo Bom, região do Vale dos Sinos, no Rio Grande do Sul. De 1970 até 1990, o local foi o coração do pólo calçadista brasileiro. Empresas americanas compravam sapatos brasileiros produzidos na região. A Nine West, um dos grandes expoentes desse momento, chegou a ser responsável por 50% da exportação brasileira de sapatos. Mas, quando Anderson chegou ao Vale dos Sinos essa era de “ouro” do “made in Brazil” já estava acabando. Com a implantação do Plano Real, a moeda americana ficou equiparada à brasileira e o mercado asiático começou a atrair a indústria calçadista, em razão dos preços baixos da mão-de-obra. Na época, a Arezzo também fez algumas importações de tênis da China, mas por contadas flutuações cambiais no Brasil perdeu dinheiro com a operação. O episódio fez Anderson apostar ainda mais na produção interna. “Diziam que eu era louco de vir para o Sul”, diz Anderson. “Loucos foram o que não aproveitaram a mão de obra especializada que ficou aqui.”

Foi também nos anos 90 que Anderson deu outro passo arriscado. Decidiu parar de vender para multimarcas para investir em sua própria rede de varejo. A primeira loja Arezzo foi aberta na Oscar Freire, bairro dos Jardins, em São Paulo. Na época, o jornal Folha de São Paulo cravou: “Mineira adota estratégia suicida: investe mais para vender menos”. “Confesso que fiquei preocupado ao ler isso”, diz Anderson. “Realmente investíamos mais e até hoje fazemos isso, mas hoje nossa história mostra que deu certo.” O fundador da Arezzo, que vendia ovo de porta em porta no interior de Minas Gerais, transformou a empresa calçadista, que nasceu no fundo de uma garagem, em um império bilionário. Durante os anos à frente da empresa, ele conquistou o mercado nacional. Agora, seu filho trabalha para fazer o mesmo no mundo.

“A nossa melhor saída é ir além do território brasileiro”


O que faz o sr. acreditar que a internacionalização será bem-sucedida?
Hoje, somos líderes no Brasil no segmento de calçados e bolsas femininas para o público A e B, com 30% de participação. Não conhecemos nenhum país em que a empresa líder tenha um marketshare dessa magnitude. Começamos a internacionalização com um projeto-piloto com a Schutz, na Madison Square Avenue, em Nova York. Em 2009, um ano após o lançamento da Alexandre Birman, também já estávamos nas principais lojas de departamento de luxo nos Estados Unidos. Tivemos bons resultados e hoje estamos apostando nossas fichas nessa internacionalização.

Se a internacionalização começou em 2012, por que só agora a empresa decidiu apostar nessa frente?
Em 2015, refizemos nosso planejamento estratégico e vimos que somos dominantes em três pilares: na geografia, que é o Brasil; na categoria de produtos, que são sapatos e bolsas; e no público-alvo, que são as mulheres da classe A/B. Para continuar crescendo, a gente precisava optar por não ser dominante em um desses três. Então, a nossa melhor saída é ir além do território brasileiro, porque julgamos que poderíamos nos tornar uma empresa global.

A companhia contratou um executivo para comandar a operação internacional. Por que escolheram Wayne Kulkin?
Montamos um conselho, em 2016, para alinhar melhor as estratégias para a expansão internacional. Convidamos o Wayne, ex-CEO da Stuart Weitzman, com 25 anos de experiência no setor calçadista, para participar. Ele vinha quinzenalmente para o Brasil para as nossas reuniões, tinha uma postura flexível, apresentava boas ideias e estava alinhado com o nosso negócio. Ele é um executivo com visão 360 graus e que entende muito sobre o business. Conseguiu transformar a Stuart Weitzman em uma empresa de US$ 10 milhões para uma companhia de US$ 400 milhões de faturamento. Esperamos um grande impulso nos nossos negócios com ele.

Muitas celebridades aparecem usando a sua marca. Como conquista esse público?
Não sei se tenho uma reposta precisa para isso. Sempre sonhei em criar uma marca que as celebridades usassem. Mas nunca paguei, foi acontecendo. O segredo é ter um bom relacionamento, só isso.

Por que o senhor não gosta do termo CEO?
Não gosto de nenhum tipo de título. Essa função hierárquica não funciona com a nova geração. Superior e subordinado, então, são muito retrógradas para o momento em que estamos vivendo. Aqui, a pessoa não tem cargo. Costumo chamar meus colaboradores de chefe, gosto que me vejam como alguém que eles podem bater um papo, trocar uma ideia sem essas questões formais de CEO.

“2019 será um ano de construção e transformação”

Wayne Kulkin, diretor executivo de operações internacionais da Arezzo&Co


O que motivou o sr. a assumir a operação internacional do grupo?
A companhia tem o maior potencial entre as empresas globais de calçados. Enquanto o ciclo médio entre design, indústria e varejo é de seis meses em outras companhias, as marcas da Arezzo&Co conseguem fazer o mesmo entre quatro e oito semanas.

Qual é sua estratégia para o crescimento no mercado internacional?
Nossos dois maiores focos são as marcas Alexandre Birman e Schutz. A primeira é um grande tesouro global e está pronta para crescer nos Estados Unidos, na Europa, no Oriente Médio e na Ásia. Queremos abrir lojas monomarca para mostrar a qualidade do nosso produto.Para a Schutz, a chave é aumentar o reconhecimento da marca. O preço médio é de US$ 150 dólares para um produto 100% couro. Não há nada comparável nos Estados Unidos.

Por que esses produtos podem conquistar o mercado externo?
Podemos mostrar de forma pioneira ao mundo que temos a habilidade de produzir sapatos com muita qualidade e design em pouco tempo. Basicamente, pegar o conceito fast fashion de uma marca como a Zara e aplicar no universo dos sapatos.Qual é o projeto para 2019?
O próximo ano será de construção e transformação para as duas marcas nas quais estamos focados, com resultados que impactarão as marcas nos dois anos subsequentes.


 https://www.istoedinheiro.com.br/arezzo-abocanha-o-mundo/

Rappi recebe aporte de US$ 1 bilhão do SoftBank


Além do valor recorde, a Rappi ainda captou dinheiro de outros investidores, fechando a rodada de investimentos com US$ 1,4 bilhão

 

Rappi recebe aporte de US$ 1 bilhão do SoftBank
Entregadores da Rappi em Bogotá - AFP

A startup colombiana Rappi anunciou que recebeu um aporte no valor de US$ 1 bilhão. do conglomerado japonês SoftBank, conhecido por fazer grandes (e certeiras) apostas em novas iniciativas ligadas a economia. O valor é recorde e sem precedentes nos mercado de iniciativas disruptivas na América Latina. O maior até então havia sido sido uma rodada de investimentos do iFood que rendeu ao aplicativo de entregas de restaurantes US$ 500 milhões.

Além do valor recorde, a Rappi ainda captou dinheiro de outros investidores, fechando a rodada de investimentos com US$ 1,4 bilhão. O aplicativo que tem como proposta entregar de tudo já havia ganhado o título de unicórnio ao atingir valor de mercado de pelo menos US$ 1 bilhão em setembro de 2018. Agora a empresa visa expandir sua atuação em mercados onde já está presente, entrar em novos países da América Latina além de lançar novos produtos e serviços.

O aporte da Rappi foi feito pelo Vision Fund, fundo do SoftBank que gere US$ 100 bilhões. A tendência é de que o investimento seja repassado para o Innovation Fund, criado recentemente pelo banco japonês e que é focado em negócios inovadores da América Latina. Caso isso aconteça, um quinto do capital gerido pelo novo fundo já teria destinatário. Em comunicado, Marcelo Claure, diretor de operações do SoftBank disse que “em menos de quatro anos, a Rappi se tornou uma das startups que mais cresce na América Latina, o que demonstra a imensa oportunidade da região”.

Em 2017, o Vision Fund investiu US$ 100 milhões no aplicativo de transportes 99. No ano passado o mesmo valor foi aportado na startup de entregas Loggi.

Até novembro do ano passado, a Rappi tinha 3,6 milhões de usuários, um quinto deles no Brasil. A startup não divulga dados atualizados, mas afirma ter superado tais números. Nos próximos três anos, o empreendimento de delivery projeta chegar a 80 milhões de usuários.


 https://www.istoedinheiro.com.br/rappi-recebe-aporte-de-us-1-bilhao-do-softbank/