segunda-feira, 29 de julho de 2019

Há grande incerteza no comércio global por tensões e restrições, diz OMC


Há grande incerteza no comércio global por tensões e restrições, diz OMC
Sede da OMC, em Genebra - AFP/Arquivos
A Organização Mundial de Comércio (OMC) afirma que existe “grande incerteza para o comércio global”. Em relatório, o diretor-geral da entidade, Roberto Azevêdo, nota que o crescimento do comércio no mundo foi de 3,0% em 2018, pouco acima da alta de 2,9% do Produto Interno Bruto (PIB) global no período, quando em 2017 o avanço do comércio havia sido de 4,6%. “Essa perda de impulso é em parte devida às crescentes tensões comerciais e aos níveis historicamente altos de restrições ao comércio”, afirma Azevêdo.

O levantamento da OMC afirma que medidas restritivas ao comércio estão em alta. Além disso, o comércio continua a ser concentrado, com os dez maiores países nesse quesito ficando com 37% das transações globais. De qualquer modo, as economias em desenvolvimento têm tido papel cada vez mais importante no comércio mundial, diz a OMC.

O volume de mercadorias negociadas globalmente ficou em US$ 19,67 trilhões em 2018, com a China à frente entre os países negociantes, mostra o levantamento da OMC. O aumento nas exportações foi impulsionado sobretudo pelos altos preços de energia, enquanto a Ásia foi o principal contribuinte para um aumento nas importações globais.

Já no quesito serviços, o valor das trocas comerciais no mundo ficou em US$ 5,63 trilhões em 2018, com os Estados Unidos liderando essas negociações. O relatório foi preparado sob o comando de Robert Koopman, diretor da Divisão de Pesquisa Econômica e Estatísticas da OMC, e de Andreas Maurer, chefe da Seção de Estatísticas de Comércio Internacional.

O documento ressalta que o crescimento do comércio e o do PIB no mundo desaceleraram em 2018 conforme aumentaram as tensões comerciais. A desaceleração econômica ocorreu em parte pelo aperto na política monetária, pela maior volatilidade financeira e por altas em tarifas sobre produtos muito negociados em grandes economias. “As tensões comerciais parecem ter contribuído de modo significativo para a desaceleração”, afirma a OMC. “A Europa e a Ásia contribuíram mais para a desaceleração no crescimento das negociações de mercadorias em 2018”, diz ainda o texto.
Além disso, indicadores antecedentes sugerem um crescimento mais fraco do comércio no primeiro semestre de 2019, segundo a OMC.


 https://www.istoedinheiro.com.br/ha-grande-incerteza-no-comercio-global-por-tensoes-e-restricoes-diz-omc/

Uma tênue luz no fim do túnel


Mesmo sem sinais de retomada na economia, o número de empresas que pedem recuperação judicial desaba 18% em 2019. Nada garante, porém, que os resultados se mantenham no longo prazo

Uma tênue luz no fim do túnel
A Lei de Falências, que inseriu o instituto da recuperação judicial no Brasil, em 2005, tem ajudado as empresas a ganhar fôlego até conseguirem se reestruturar financeiramente. O recurso impede que os credores peçam a falência e a penhora de ativos da devedora. De lá para cá, o número de companhias que optaram por esse caminho cresceu. E, agravado pela crise econômica instaurada no país nos últimos anos, atingiu o seu ápice histórico em 2016. Naquele ano, mais de 1,8 mil empresas recorreram a esse expediente em busca de uma nova chance. O curioso, porém, é que mesmo em um cenário ainda pouco favorável, com restrições de acesso ao crédito e elevação dos custos, a taxa de pedidos de recuperação judicial recuou 18% no primeiro semestre de 2019, comparado com igual período, um ano antes.
Virada: Eurico Teles, CEO da Oi, ressalta que a empresa já conseguiu reduzir R$ 46 bilhões da dívida em recuperação judicial (Crédito:Paula Johas/F3)
Esses indicadores sinalizam, a princípio, uma luz no fim do túnel. No entanto, segundo fontes consultadas pela DINHEIRO, eles não traduzem, necessariamente, que essa é uma tendência sustentável e que o pior já passou. Uma das teorias envolve a euforia inicial entre os investidores e empresários em relação à agenda liberal do novo governo. “As empresas acreditaram que haveria uma retomada no curto prazo e decidiram segurar um pouco mais as suas operações”, diz Fábio Astrauskas, economista e CEO da consultoria Siegen, especializada na reestruturação de companhias. O grande problema, ressalta o analista, é que a gestão do presidente Jair Bolsonaro frustrou essa expectativa. “O otimismo já se desfez e enquanto não houver uma visão clara sobre o reaquecimento da economia, a tática de adiar a busca pela recuperação judicial não irá se prolongar.”

DÚVIDA Há mais elementos que colocam o aparente cenário de melhora em xeque. A extensa rede de corrupção revelada pela Operação Lava Jato ajudou a inflar os pedidos de recuperação judicial nos últimos anos. Corroídas pelo envolvimento nesses escândalos, OAS, Galvão Engenharia e UTC são alguns dos nomes que buscaram essa alternativa. A Odebrecht foi um dos poucos grupos que resistiram mais tempo às consequências das investigações. No fim de junho, no entanto, a empresa protocolou o maior pedido de recuperação judicial da história, com dívidas totais estimadas em R$ 98,5 bilhões. Outros casos recentes ganharam destaque, como Avianca, Editora Abril, Saraiva, Livraria Cultura e Grupo Paquetá. “Os grandes grupos têm ativos, acesso a crédito, caixa e mais alternativas para evitar ou adiar o processo”, diz Cláudio Montoro, sócio da Capital Administradora Judicial. “Entre as micro, pequenas e médias empresas, que são a maioria do mercado, as opções são mais escassas. Boa parte já quebrou ou se ajustou.”
Economista da Boa Vista SCPC, Vitor França observa que o universo de empresas de menor porte ganhou ainda mais volume entre 2015 e 2018. Diante da retração do mercado e da alta taxa de desemprego, os brasileiros enxergaram na abertura de pequenos negócios um recurso de sustento ou mesmo de complemento de renda. “Esse movimento levou a um ambiente de alta tomada de crédito que, somado à recessão, resultou na queda de receita, trouxe dívidas e elevou o número de pedidos de recuperação e de falências”, diz França.
Se boa parte das empresas já pagou o preço no passado, há, no entanto, um fator mais consistente que ajuda a explicar o recente recuo no número de pedidos de recuperação judicial: como praticamente ninguém escapou ileso da crise, muitos credores entendem que, pior do que não receber, é não resolver a situação, parar de vender e, até mesmo, ver o cliente fechar as portas. “Existe um ambiente mais favorável para a renegociação de dívidas na própria cadeia”, diz Luiz Marcatti, sócio e CEO da consultoria Mesa Corporate. “Se o fornecedor pressionar demais, pode ver sua carteira de clientes desaparecer.”
Não deu para segurar: entre 2018 e 2019, gigantes como Avianca, Odebrecht e Editora Abril não conseguiram honrar suas dívidas e recorreram à mediação da Justiça (Crédito:Marivaldo Oliveira/Codigo19 | Divulgação)
FÔLEGO Sob esse contexto, entre as empresas que precisaram recorrer à Lei de Falências, a Oi é emblemática. Aprovada em dezembro de 2017, a recuperação judicial da tele, aprovada com o valor de R$ 65 bilhões, era a maior da história até o pedido protocolado pela Odebrecht. À parte a perda da “liderança”, a companhia é um exemplo de uma operação que tenta se reerguer com o fôlego extra dado por essa ferramenta. “A aprovação do plano trouxe maior previsibilidade e clareza para a empresa”, diz Eurico Teles, CEO do grupo. “Desde então, nós fizemos um corte rigoroso de custos, aceleramos investimentos e promovemos uma completa transformação digital da companhia.” De lá para cá, a Oi reduziu sua dívidapara R$ 19 bilhões. Em 2018, o corte de custos trouxe uma economia de R$ 1,4 bilhão, queda de 8% em relação aos gastos do ano anterior. Em janeiro, por sua vez, concluiu um aumento de capital de R$ 4 bilhões. E, entre outras medidas implantadas durante a recuperação, reforçou sua governança com uma nova gestão e Conselho de Administração independentes.

De acordo com Fábio Astrauskas, menos de 50% das empresas que entram em recuperação judicial conseguem se reestruturar completamente do ponto de vista econômico. “Aquelas que fizerem a lição de casa reduzindo custos e ganhando produtividade têm mais chance de retomar o seu nível de atividade”, afirma. Há um consenso entre os especialistas de que, escolhida essa alternativa, é necessário ter em mente que o caminho à frente será árduo. “Muitos desses processos fracassam pelo fato de que, ao primeiro sinal de melhora, os empresários voltam a cometer os mesmos erros que levaram a companhia ao vermelho”, diz Marcatti, da Mesa Corporate. “É essencial entender que a empresa está na UTI e precisa tomar remédios amargos. Não é porque você diminuiu a febre que venceu a infecção.”


sexta-feira, 26 de julho de 2019

Bracell: China será o principal destino da produção do projeto Star

Resultado de imagem para logo da Bracell:

A maior parte da produção de celulose solúvel da Bracell originada do Projeto Star deve ser destinada à exportação, principalmente para China e alguns países da Europa, de acordo com o diretor-geral da companhia, Pedro Stefanini. Já a produção de celulose kraft segue comercializada no mercado doméstico, acrescentou.

A companhia estabeleceu diversas parcerias com escolas técnicas (Etecs) da região para qualificar a população local visando atender ao projeto, segundo Stefanini. “Concluída a expansão da fábrica, a unidade deve empregar 2,1 mil colaboradores diretos de forma permanente, além de 900 terceirizados que já estão em treinamento”, afirmou o executivo ao apresentar o projeto ao governo do Estado de São Paulo nesta tarde de segunda-feira, 29.


Novos negócios


Ao comentar detalhes do projeto, o governador João Dória ressaltou que, somado ao aporte da GM, o governo já contabiliza R$ 21,5 bilhões em investimentos no primeiro semestre de 2019. “Isso, sem contar com a aprovação da reforma da Previdência”, acrescentou.

Em busca de novas oportunidades, em agosto o governo do Estado abrirá escritório de negócios na China e trabalha no momento em uma missão com executivos para a Ásia. Segundo Doria, a missão do governo à China nos próximos dias deve contemplar 12 polos industriais – entre eles o agronegócio, automobilístico, saúde e de calçados.

Moro editou seu próprio AI-5

 

 

O ministro da Justiça editou a norma mais autoritária e restritiva de direitos civis no Brasil desde 13 de dezembro de 1968 

 





O ministro da Justiça, Sergio Moro, fez historia nesta sexta-feira. Editou a norma mais autoritária e restritiva de direitos civis no Brasil desde 13 de dezembro de 1968, quando o presidente-ditador Artur da Costa e Silva promulgou o Ato Institucional n. 5. Sabemos a data exata daquele ato porque foi uma ignominia, um dos piores momentos da história do país. Durante dez anos o habeas corpus foi suspenso. O aparato estatal autoritário prendia, torturava e assassinava cidadãos.

A portaria 666/2019 de Moro não chega a tanto, mas restringe a liberdade de expressão e, na prática, os direitos civis e políticos de todos os estrangeiros em nosso solo. Segundo a norma, já válida, o governo federal poderá expulsar estrangeiros suspeitos de ter envolvimento em diferentes tipos de crime. Expulsar “suspeitos”? O ex-juiz desdenha abertamente do devido processo legal. Os crimes considerados são: envolvimento em práticas terroristas, em grupo criminoso organizado, tráfico de pessoas, exploração sexual infantil, entre outros.

O alvo é óbvio: o jornalista Glenn Greenwald, do The Intercept, que organiza a divulgação de mensagens do ministro e seus asseclas cometendo alguns atos ilegais e outros atos imorais e contra o espírito público. Logo após a prisão de quatro suspeitos pelo hackeamento de mensagens de autoridades políticos (Moro entre elas), “interlocutores do presidente” afirmaram que os supostos hackers podem ser enquadrados como, na prática, terroristas.

Daí a dizer que Greenwald tem “envolvimento em práticas terroristas” seria um pulo lógico, ilegal, e que contaria com apoio não só dos bolsonaristas mais convictos mas também da parcela mais antipetista do país. É este o perigo real.

https://exame.abril.com.br/blog/sergio-praca/moro-editou-seu-proprio-ai-5/

Portaria 666 de Moro é inconstitucional e imoral, diz professora da USP

Texto editado pelo ministro estabelece condições para deportação sumária de "pessoas perigosas"

 





São Paulo — Na manhã desta sexta-feira (26), o Ministério da Justiça e Segurança Pública publicou no Diário Oficial da União (DOU) a portaria 666.

Assinada pelo ministro Sergio Moro, a portaria estabelece condições para deportação sumária de “pessoas perigosas”.

São definidas como perigosas pessoas envolvidas em terrorismo, grupo criminoso organizado ou associação criminosa armada ou que tenha armas à disposição, tráfico de drogas, pessoas ou armas de fogo, pornografia ou exploração sexual infanto-juvenil e torcida com histórico de violência em estádios.

Para as autoridades migratórias definirem quem se enquadra, poderiam usar difusão ou informação oficial de cooperação internacional, lista de restrições de uma ordem judicial ou por compromisso assumido pelo Brasil com um órgão internacional ou país estrangeiro, informação de inteligência de autoridade brasileira ou estrangeira, investigação criminal em curso ou sentença penal condenatória.

Maristela Basso, professora de direito internacional na USP, diz que a portaria é ilegal e inconstitucional:

“Não é da competência do Ministério da Justiça legislar sobre esse tipo de matéria, que entra em conflito com a lei federal”.

A Lei de Migração foi aprovada em maio de 2017 durante o governo de Michel Temer após quatro anos de debates.

O decreto de Moro regulamenta os artigos 45, que trata do impedimento de ingresso, e o artigo 50, que trata da deportação de quem está em situação irregular no país.


Maristela nota que a regulamentação da lei estava prevista, mas não é feita dessa forma por um único órgão e sim por um colegiado com representantes de vários ministérios.

“A portaria tem que respeitar rigorosamente os limites da lei e a proteção dos direitos pretendida pela Constituição, e talvez isso não tenha ficado bem explícito nesse ato”, diz Saulo Stefanone, advogado de direito internacional na Peixot & Cury Advogados.

A portaria fala, por exemplo, em “pessoas que tenham praticado ato contrário aos princípios e objetivos dispostos na CF”.

Thiago Amparo, professor de Direito na FGV de São Paulo, nota que este é um conceito inexistente na ordem jurídica brasileira. Todos os advogados ouvidos criticaram a generalidade na redação.

“O que a portaria faz, perigosamente, é usar conceitos abertos para misturar o que poderia ser justificado com o que pode permitir medidas arbitrárias”, diz Stefanone.

Contexto

 
A edição da norma vem três dias após a prisão de hackers que segundo a Polícia Federal foram responsáveis pela invasão do celular do procurador Deltan Dallagnol e do ministro Moro, assim como de centenas de autoridades.

O jornalista Glenn Greenwald, do site The Intercept, foi o responsável pelo vazamento das mensagens no que ficou conhecido como Vaza Jato e que contou com colaboração de outros órgãos de imprensa como Veja e Folha de São Paulo.

Glenn é americano, mas é casado com o deputado federal David Miranda (PSOL/RJ), com quem tem dois filhos. A Lei de Migração veda a expulsão do estrangeiro com filhos e/ou cônjuge brasileiro.
“A portaria também é ilegal, pois é casuística”, nota Maristela. “As razões que a fundamentam não são juízos hipotéticos”.

A partir de agora, qualquer um que quiser questionar a lei pode entrar com uma ação popular preventiva enquanto órgãos como a OAB (Organização dos Advogados do Brasil) podem entrar com ação imediata de violação de preceito frente ao Supremo Tribunal Federal.
Outra hipótese é que a legalidade da portaria venha a ser questionada em algum caso concreto, onde a decisão caberia ao juiz encarregado.
(Com Clara Cerioni)


 https://exame.abril.com.br/brasil/portaria-666-de-moro-e-inconstitucional-e-imoral-diz-professora-da-usp/

Indústria reduz previsão de crescimento neste ano


CNI estima que desemprego seguirá elevado

Por Agência Brasil

redacao@amanha.com.br
CNI reduz previsão de crescimento da atividade industrial
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) reduziu pela metade sua previsão de crescimento da economia para este ano. No Informe Conjuntural relativo ao segundo trimestre do ano, os economistas da confederação sugerem que, “em um cenário sem mudanças mais substantivas na política econômica”, a economia brasileira crescerá 0,9%. Em abril, considerando os principais indicadores do primeiro trimestre, a entidade previa que a atividade econômica aumentaria 2% em 2019. 

A CNI também revisou para baixo sua estimativa de crescimento da atividade industrial. Ao invés do 1,1% previsto no primeiro trimestre, a situação constatada no segundo trimestre sugere que o PIB industrial não deve se expandir além de 0,4%. Além disso, a indústria reduziu de 2,2% para 1,5% a previsão de crescimento do consumo das famílias e de 4,9% para 2,1% a estimativa para a expansão do investimento.

Em função do que classifica como “o marasmo que dominou a economia” ao longo de todo o primeiro semestre, a confederação estima que a taxa de desemprego continuará elevada, atingindo a 12,1% da força de trabalho. A taxa de desemprego, medida pela PNAD-Contínua Mensal do IBGE, recuou de 12,5% da força de trabalho para 12,3%, na passagem de abril para maio. Apesar dessa ter sido a segunda queda consecutiva do indicador, a CNI considera que a lentidão com que o mercado de trabalho vem reagindo à crise é um “reflexo do baixo dinamismo da economia brasileira”. 

Consequentemente, o crescimento do rendimento médio real e da massa salarial real desacelerou nos primeiros cinco meses do ano, na comparação com igual período do ano passado.

Em seu informe, a CNI afirma que a economia brasileira precisa de estímulos para superar o atual quadro de estagnação. E defende que os poderes Executivo e Legislativo prossigam tocando a agenda de reformas, que a entidade considera fundamentais para permitir o crescimento a longo prazo. No entanto, a adoção de medidas para reativar a demanda a curto prazo não devem ser deixadas de lado, destaca o comunicado. Uma destas medidas de curto prazo é a liberação, para os trabalhadores que têm direito, do saque de parte dos recursos disponíveis em contas ativas e inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e do PIS-Pasep. A medida foi anunciada na quinta-feira (24). 

Na avaliação da CNI, o saque de até R$ 500 por conta, a partir de setembro, pode impulsionar o consumo, mas não prescinde de ações estruturais que favoreçam a retomada do crescimento sustentado, tais como a conclusão da aprovação da reforma da Previdência, a reforma tributária, os avanços nas privatizações e o aperfeiçoamento dos marcos regulatórios.


http://www.amanha.com.br/posts/view/7864

Reforma tributária da Câmara é melhor’


Crédito: Divulgação
Octavio de Lazari, do Bradesco: “Nossa rentabilidade patrimonial voltou a superar 20% ao ano e podemos manter, ou mesmo melhorar, esse percentual” (Crédito: Divulgação)
O presidente do Bradesco, Octavio de Lazari, prefere a reforma tributária patrocinada pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), às demais propostas. Com o argumento de que o texto, apresentado originalmente pelo deputado Baleia Rossi (MDB-SP), é consistente, ele defende a simplificação do sistema brasileiro, com redução do número de impostos para no máximo sete.

Sobre a retomada da economia após um primeiro semestre aquém do esperado, Lazari diz que o Produto Interno Bruto (PIB) só vai deslanchar se a reforma tributária e a independência do Banco Central vierem na sequência da aprovação dos ajustes na Previdência.

“Se a reforma tributária e a independência do Banco Central vierem no bojo da reforma da Previdência, estamos no caminho certo para crescer por muito tempo”, afirmou, em entrevista exclusiva ao Estadão/Broadcast


Abaixo, os principais trechos da entrevista:


A reforma da Previdência está encaminhada e o governo vai liberar R$ 30 bilhões do FGTS. O que falta para a economia brasileira deslanchar?
De fato, a reforma da Previdência está aprovada para gerar o impacto de R$ 1 trilhão de economia, e trazer no bojo duas mudanças importantes: a reforma tributária e a independência do Banco Central. A reforma tributária é valiosa do ponto de vista do investimento. É muito complexa e grande a escala de tributos no Brasil. Empresas têm 350 pessoas só para cuidar disso. A independência do Banco Central, por sua vez, dará confiança para o investidor internacional, principalmente. Se essas duas medidas virem logo em seguida à reforma da Previdência, estamos no caminho certo para crescer por muito tempo.
Qual das propostas de reforma tributária o sr. prefere?
O mais importante é diminuir a quantidade de tributos. Não é o valor da tributação porque não dá para reduzi-lo agora porque temos o (governo) precisa da receita tributária. Mas é preciso diminuir a complexidade dos impostos. Não é só o imposto em si e o trabalho para geri-lo. É tudo que vem depois, a judicialização dos impostos, advogados. Tudo isso é custo, que deixará de existir quando tivermos uma simplificação para seis ou sete impostos no máximo no Brasil.

Qual das reformas tributárias é a mais indicada para mudar essa realidade?
A reforma tributária encaminhada pela Câmara é muito consistente.

Após idas e vindas, o FGTS ainda será eficaz na economia? 
Não podemos imputar ao FGTS a responsabilidade de crescimento da economia. De qualquer jeito, por menos que seja, o FGTS somado ao pagamento do PIS/Pasep, o 13.º salário, vai ajudar. São pílulas de ajuda e boas iniciativas que no todo vão colaborar. Pode parecer pouco porque o saque do FGTS está limitado a R$ 500, mas vai permitir às pessoas consumir mais. Cerca de 70 milhões de brasileiros consumindo mais dá um bolo de dinheiro. Sozinho, porém, o FGTS é ineficaz para a retomada da economia.

Se o recurso do FGTS é mais seguro que folha de pagamento para concessão de crédito, a população terá acesso a empréstimos com juros mais baixos?
Estamos ainda fazendo estudos em torno da linha de crédito com o FGTS como garantia para sabermos quais são os custos. Não sabemos como irá funcionar. Na modalidade que utilizará o fundo de garantia, se tivermos regras boas e a tarifa paga à Caixa for pequena, é para ter taxa de juros inferior, inclusive à do crédito consignado, de 1,8% a 1,7%.

O sr. pode garantir ao cliente Bradesco que o banco não repassará o aumento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSSL) trazido pela reforma da Previdência aos empréstimos?
Não dá para garantir porque não sabemos o que vai acontecer. Tudo depende da concorrência. Mas se pensarmos que até alguns meses não tínhamos mais a CSLL e voltaremos a ter, o impacto no juro não foi tanto assim. Os dados do Banco Central mostram que as taxas até caíram. Nosso desejo é operar com taxas de juros atendendo o desejo dos nossos clientes. Mas tributo é tributo. Nós teremos de pagar. 

Mas os bancos não têm dito que a competição está acirrada?
Se a competição é acirrada e nossos concorrentes não aumentarem a taxa de juros, o Bradesco vai acompanhar.

O ex-ministro Antonio Palocci acusou os bancos de doarem recursos ao PT em troca de favores. O banco abriu alguma investigação por conta disso?
Todos os processos dentro do banco de compliance (atender leis e regulamentos) e segurança são feitos não em função de uma denúncia, mas todos os dias dentro da organização. Estamos super tranquilos com relação a isso. As doações foram feitas a vários candidatos e estão registradas no TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

As denúncias do Palocci não preocupam o Bradesco? 
Não temos preocupação porque não tivemos nenhuma mudança nos nossos números ou lucros absurdos em determinado momento. Também mantemos crescimento consistente há 76 anos. Não precisamos nos valer desses subterfúgios ou artifícios para conquistar resultado e admiração dos clientes. Para, nós, isso não faz sentido. O processo de investigação é um algo contínuo na inspetoria do banco, auditoria interna e externa e também do Banco Central. Os números do Bradesco estão abertos.

Do lado dos investimento, com a ação da Cielo a R$ 6, faz sentido tirá-la da bolsa como o Itaú Unibanco fez com a Rede?
Não. A gente não quer fechar o capital da Cielo, que está se reinventando. Ela é uma empresa vitoriosa, com mais de 40% de participação de mercado e está mostrando com crescimento da base de clientes. É lógico que, com a margem comprimida, a Cielo não vai mais dar o resultado do passado até em função da concorrência e da própria regulação. A Cielo é uma empresa importante no mercado e nossa ideia é permanecer lá e manter o capital aberto.

Significa que o Bradesco está fechado a estrangeiros que queiram comprar a Cielo? Chineses estão de olho na líder, não?
Interessados podem comprar na bolsa. Vamos manter nossa participação por enquanto.

E no ressegurador IRB Brasil Re? O banco pretende se desfazer de ações?
Não. Estamos no IRB como investidores. Só. Tivemos a preocupação de manter essa condição para termos uma porta de saída assim que acharmos que devemos vender. Depois da oferta, a ação do IRB subiu. Por enquanto, vamos manter a nossa posição na empresa. Se vier o crescimento que estamos esperando no Brasil, o IRB tem possibilidade de melhorar ainda mais a rentabilidade.

O Bradesco está mais perto de voltar a ser o segundo banco mais rentável do País?
Sinceramente, não me preocupo com isso até em função do tamanho do patrimônio do Bradesco em relação a seus concorrentes. Obviamente, vou trabalhar sempre para dar o melhor retorno possível. Nossa meta é crescer o retorno.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.