segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

Queda da bolsa no Brasil cria alvos de aquisição

Queda da bolsa no Brasil cria alvos de aquisição

Queda da bolsa no Brasil cria alvos de aquisição


Por Carolina Mandl e Tatiana Bautzer

 

 

SAO PAULO (Reuters) – A grande atividade em torno de fusões e aquisições nas duas primeiras semanas do ano no Brasil surpreendeu os executivos de bancos de investimento.

Com a economia em recessão, inflação a duplos dígitos e a expectativa de uma eleição presidencial polarizada, muitas empresas perderam valor na bolsa e tornaram-se alvos fáceis de aquisição.

“Há muito tempo não via um início de ano com um volume tão alto de fusões e aquisições”, disse Roderick Greenlees, chefe global de investment banking do Itaú BBA.

O índice Ibovespa caiu 17% nos últimos seis meses, e o real perdeu 5% em relação ao dólar, com as preocupações relativas aos riscos macroeconômicos, piora da disciplina fiscal e incertezas eleitorais.

As empresas mais frágeis são aquelas listadas recentemente na bolsa e que perderam valor de mercado significativo desde suas ofertas públicas iniciais de ações (IPOs), segundo os executivos.

As varejistas de móveis Mobly e Westwing, a empresa de programa de fidelidade Dotz, a companhia de terceirização de serviços Getninjas e a Oceanpact , de engenharia marítima, perderam mais de 70% do valor desde seus IPOs, no ano passado.

“Há muitas empresas listadas de pequeno a médio porte que teriam dificuldades para acessar os mercados de capitais e levantar mais dinheiro, então as fusões e aquisições são uma alternativa mais confiável ou a única alternativa”, disse Gustavo Miranda, chefe de investment banking do Banco Santander Brasil.

O Banco Modal, por exemplo, perdeu quase 60% do valor desde seu IPO em abril, e recebeu uma oferta de aquisição da XP este mês.

A discussão entre as empresas de shopping Aliansce Sonae e BR Malls para uma fusão também ocorrem após queda de mais de 20% das ações de ambas companhias frente a um ano antes. O negócio parece ser motivado pela necessidade de mostrar crescimento e boas notícias aos investidores, mesmo com as dificuldades da recuperação do setor de shoppings.

A BR Malls rejeitou a oferta inicial da Aliansce Sonae, mas as negociações devem continuar. As varejistas Americanas e Marisa Lojas não chegaram a um acordo sobre uma potencial transação no ano passado.

Ricardo Lacerda, presidente-executivo e fundador do banco de investimentos BR Partners, disse que a turbulência recente na bolsa interrompeu planos de empresas recentemente listadas e elas podem ser forçadas a entrar em transações. “Algumas estavam contando com ofertas subsequentes para financiar sua expansão mas não conseguiram captar devido à volatilidade de mercado”, afirmou.

Captar dívida também ficou mais caro para as empresas, com a alta das taxas de juros básicas no ano passado de 2% em março para 9,25% em dezembro.

“Dada a volatilidade que está afetando as ofertas de ações, os volumes de fusões e aquisições em 2022 devem superar os do ano passado,” afirma Hans Lin, co-head de investment banking do Bank of America no Brasil. No ano passado, fusões e aquisições envolvendo empresas brasileiras atingiram 101,6 bilhões de dólares, 152% acima de 2020.

NOVAS OFERTAS

Os executivos de bancos preferem não estimar o volume de ofertas de ações este ano, mas vários esperam que os montantes caiam em relação ao ano passado.

As ofertas de ações levantaram 26,2 bilhões de dólares no ano passado, ligeiramente abaixo dos volumes de 2020 em dólares, mas o número de negócios aumentou 17%, para 78 ofertas.

“Tivemos no ano passado recorde em ofertas de ações, mas 2022 não será tão forte para as emissões como resultado da volatilidade macroeconômica e política”, disse Greenlees, do Itaú.

Algumas empresas já anunciaram planos para ofertas subsequentes, como a processadora de alimentos BRF e a petroquímica Braskem. Também é esperada para junho a privatização da Eletrobras.

Os executivos acreditam que as operações de follow-on serão mais comuns do que IPOs este ano, com os investidores preferindo ativos conhecidos durante períodos voláteis.

“Dependendo da recepção às ofertas subsequentes, o sentimento dos investidores pode melhorar e potencialmente permitir alguns IPOs,” disse Eduardo Miras, chefe da área de banco de investimento do Citi.

 

Ibovespa recua com exterior em sessão de aversão ao risco por tensão geopolítica

 Ibovespa perde patamar dos 120 mil pontos com recuo de blue chips |  Finanças | Valor Econômico

Por Andre Romani

 

 

SÃO PAULO (Reuters) – O principal índice de ações da bolsa brasileira caía nesta segunda-feira, diante de aversão ao risco no mercados internacionais dada a escalada de tensões na Ucrânia.

Investidores também mantinham o foco na expectativa pela decisão de política monetária nos Estados Unidos, enquanto na cena doméstica mercado avaliava a sanção do Orçamento de 2022 pelo presidente Jair Bolsonaro.

Às 11:45, o Ibovespa caía 1,32%, a 107.504,10 pontos. Empresas com atividade ligadas às commodities metálicas pressionavam o índice, enquanto alguns papéis de bancos e frigoríficos ajudavam a conter as perdas. O volume financeiro era de 7,4 bilhões de reais.

Os ativos de risco globais recuavam nesta segunda-feira, com investidores preocupados após a Rússia acumular tropas nas fronteiras com a Ucrânia. Algumas nações incluindo Estados Unidos e Reino Unido ameaçaram impor sanções caso os russos invadam o país vizinho, embora Moscou negue que tenha planos para uma ofensiva.

A aliança militar Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) disse que estava colocando forças em prontidão e reforçando o leste europeu com mais navios e jatos de guerra.

Rússia e EUA estão em negociações, com Moscou exigindo que a Otan retire a promessa de que a Ucrânia poderá se juntar à aliança um dia, e que a organização retire tropas e armas de ex-países comunistas no leste europeu que entraram no grupo após a Guerra Fria.

Os índices de ações nos EUA caíam mais de 1%, estendendo queda das últimas sessões, e o índice de volatilidade CBOE subiu mais cedo em Wall Street para o maior patamar desde o início de dezembro. O índice pan-europeu STOXX 600 também recuava firme.

A semana é importante para os mercados globais, que aguardam pela decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed) na quarta-feira. Embora as expectativas sejam de manutenção da taxa de juros, as atenções estão voltadas para o tom a ser adotado pelo banco central norte-americano e as potenciais pistas a serem divulgadas sobre se o início do ciclo de alta nos juros começará já em março.

Na cena doméstica, a pauta fiscal segue no radar após a sanção do Orçamento de 2022 pelo presidente Jair Bolsonaro, que incluiu previsão de 1,7 bilhão de reais para reajustes de servidores públicos.

A peça ainda projeta 4,9 bilhões de reais para alimentar o fundo eleitoral, enquanto Bolsonaro vetou 3,2 bilhões de reais com o objetivo de recompor verbas de pessoal, menos do que o estimado anteriormente.

DESTAQUES

– VALE ON cedia 1,8% e CSN ON caía 1,9%. Trata-se da terceira queda seguida de ambos os papéis. Os preços do minério de ferro recuaram na Ásia, com traders cautelosos antes do feriado do Festival da Primavera e dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim.

– LOCAWEB ON caía 8,2%, enquanto BANCO PAN PN cedia 6,4%, MÉLIUZ ON tinha queda de 5,7% e INTER UNIT recuava 5%.

– BRADESCO PN subia 1,5% e ON tinha alta de 0,7%, e BANCO DO BRASIL ON avançava 0,6%. Já ITAÚ UNIBANCO PN caía 0,3% e SANTANDER BRASIL UNIT recuava 0,5%.

– PETROBRAS PN caía 0,7% e ON cedia 1,1%, diante de queda nos preços do petróleo devido à alta do dólar — por conta das tensões na Ucrânia — e da perspectiva de aumento de juros nos EUA nos próximos meses.

– IRB BRASIL ON caía 4,2%, estendendo queda da última sessão. A empresa divulgou nesta segunda-feira prejuízo líquido de 113,8 milhões de reais em novembro, enquanto prêmios emitidos caíram 0,5% ante o mesmo período de 2020, enquanto o sinistro aumentou 13,5%.

 – MARFRIG ON subia 4,7%, enquanto JBS ON avançava 0,8%. O preço-alvo da ação da Marfrig foi elevado de 25 para 27 reais por Jefferies.

– HAPVIDA ON avançava 1,5% e INTERMÉDICA ON subia 1,1%, sétima alta consecutiva de ambos os papéis. As empresas planejam finalizar a combinação de seus negócios em fevereiro.

– EMBRAER ON caía 1,1%, após subir quase 5% na abertura. A fabricante de aeronaves recebeu pedidos da companhia de leasing norte-americana Azorra em transação de 3,9 bilhões de dólares.

– AMERICANAS ON caía 1,4%, menos que os pares MAGAZINE LUIZA ON e VIA ON, que cediam 4,5% e 5,5%, respectivamente. As ações de Lojas Americanas deixaram de ser negociados na B3 a partir desta segunda-feira, após combinação de bases acionárias com a Americanas.

"Ameaça". Após EUA, Reino Unido também retira alguns diplomatas de Kiev

Em causa está a "ameaça crescente" da Rússia. Medida surge após os EUA ordenarem a saída de familiares de funcionários da embaixada da Ucrânia. Já o chefe da diplomacia europeia afirmou que a UE não está a pensar ordenar a retirada do seu pessoal diplomático e sublinha que não se deve "dramatizar".

"Ameaça". Após EUA, Reino Unido também retira alguns diplomatas de Kiev

O Reino Unido começou a retirar "alguns funcionários" da embaixada em Kiev, na Ucrânia. Em causa está a "ameaça crescente" da Rússia.

Em comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros e da Commonwealth sublinhou que a embaixada britânica "permanece aberta e continuará a realizar os serviços essenciais".

Segundo o jornal The Telegraph, a medida não foi tomada como resultado de um possível ataque direto aos diplomatas britânicos, mas sim como "uma resposta à crescente ameaça russa e ao potencial risco para os funcionários do Reino Unido".

 Também os Estados Unidos da América (EUA) autorizaram, no domingo, a saída voluntária de diplomatas norte-americanos de Kiev e ordenaram a saída de “familiares elegíveis” da embaixada. Em causa está a “contínua ameaça de ação militar russa”.

“Em 23 de janeiro de 2022, o Departamento de Estado autorizou a saída voluntária de funcionários contratados diretos dos EUA e ordenou a saída de familiares elegíveis da embaixada de Kiev devido à contínua ameaça de ação militar russa”, lê-se num comunicado, citado pela CNN.

Os funcionários podem abandonar a embaixada, se assim o desejarem, e os cidadãos norte-americanos a residir na Ucrânia “devem agora considerar” deixar o país em voos comerciais ou outros meios de transporte, acrescentou o comunicado.

O Aviso Global de Saúde Nível 4, que anteriormente se referia à pandemia de Covid-19, passou a desaconselhar as viagens para a Ucrânia “devido ao aumento das ameaças de ação militar e da Covid-19". Há ainda um alerta para as viagens para a Rússia e a “tensão contínua ao longo da fronteira com a Ucrânia”. 

"Não viaje para a Rússia devido à tensão contínua ao longo da fronteira com a Ucrânia, o potencial assédio a cidadãos dos Estados Unidos, a capacidade limitada da embaixada de ajudar os cidadãos dos Estados Unidos na Rússia, a covid-19 e restrições de entrada relacionadas, terrorismo, assédio por funcionários de segurança do governo russo e aplicação arbitrária da lei local”, lê-se aviso.

O governo norte-americano recusou-se a dar uma estimativa do número de cidadãos a trabalhar na embaixada de Kiev e a residir no país.

Em entrevista à CNN, o secretário de Estado norte-americano Anthony Blinken reiterou que qualquer ataque russo contra a Ucrânia merecerá uma resposta "rápida e dura por parte dos Estados Unidos e da Europa".

Já esta segunda-feira, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, afirmou  que a União Europeia não está a pensar ordenar a retirada do seu pessoal diplomático da Ucrânia, a menos que o secretário de Estado norte-americano partilhe hoje "mais informação" que justifique tal medida.
   
Em declarações à chegada de uma reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, em Bruxelas, que volta a ter como assunto em destaque na agenda a tensão na fronteira da Ucrânia com a Rússia, o Alto Representante da União para a Política Externa e de Segurança, questionado sobre a decisão de Washington de ordenar a retirada das famílias dos diplomatas dos Estados Unidos colocados em Kiev, comentou que não se deve "dramatizar".

 

 https://www.noticiasaominuto.com/mundo/1917538/ameaa-aps-eua-reino-unido-tambm-retira-alguns-diplomatas-de-kiev?utm_medium=email&utm_source=gekko&utm_campaign=morning

 

Entrevista: O que uma gestora com US$ 420 bilhões em gestão pensa sobre o ESG no Brasil



Eletrobras
A matriz energética limpa coloca o Brasil em uma posição de destaque no mundo, avalia a Janus (Imagem: Divulgação/ Eletrobras)

Apesar de o Brasil ser visto internacionalmente como um país que tem perdido a batalha contra o desmatamento da Amazônia, outros aspectos ambientais, sociais e de governança, os critérios ESG, oferecem uma perspectiva positiva.

“O Brasil mostrou-se disposto e capaz de se tornar uma nação sustentável por meio de ações de base, engenhosidade e políticas públicas. Eu diria que o futuro é promissor”, explica Dan Raghoonundon, chefe de pesquisa ESG da Janus Henderson, gestora com cerca de US$ 420 bilhões sob gestão.

Em entrevista ao Money Times, Raghoonundon dá a sua visão sobre como os investidores internacionais têm visto o Brasil, além de uma visão única sobre quem trabalha com ESG no dia a dia e toma decisões de investimentos com base nelas. Confira:

As empresas no Brasil têm alguma vantagem ou desvantagem em relação ao ESG? O fato de termos uma matriz energética limpa nos favorece, ou reduz o espaço para melhorias e, portanto, estamos em desvantagem?

O Brasil deu passos significativos na transição para um planeta mais sustentável, mas ainda há muito a ser feito.

Como você aponta, o Brasil tem uma matriz energética que depende da hidroeletricidade. É importante ressaltar que o país também tem uma política bem estabelecida em energia nuclear, que poderia servir como um apoio juntamente com a hidreletricidade, caso haja necessidade.

Aproveitando a abundante disponibilidade de água, o Brasil também se tornou um ator fundamental na sustentabilidade alimentar global e é um dos principais produtores de vários produtos agrícolas, incluindo mandioca, café, açúcar, trigo, açúcar e proteínas, como carne bovina e aves.

Na frente social, o Bolsa Família foi um projeto social de referência que, desde então, foi replicado em muitos países ao redor do globo. O país fez muito pela igualdade de gênero, principalmente tendo uma mulher como chefe de Estado.

As investigações da Lava Jato lançaram luz sobre o nexo entre o Estado e as empresas no Brasil, e a governança corporativa melhorou consideravelmente desde então. Atualmente, a maioria das grandes empresas adere aos padrões globais de governança corporativa.

Dito isso, o país poderia se sair melhor em áreas como descarte de água e tratamento de esgoto. O desmatamento continua a um ritmo insustentável. A desigualdade é gritante no Brasil e a oferta de serviços básicos, como educação e saúde, está aquém das expectativas da população.

Em suma, o Brasil mostrou-se disposto e capaz de se tornar uma nação sustentável por meio de ações de base, engenhosidade e políticas públicas. Eu diria que o futuro é promissor.

O que conta mais: nossas credenciais ambientais ou a imagem que é mostrada internacionalmente?

O desastre da Barragem de Mariana e os derramamentos de óleo certamente atraíram a imprensa negativa, mas, para seu valor, as autoridades brasileiras responsabilizaram os responsáveis ​​e medidas corretivas foram adotadas após o ocorrido para evitar a repetição dos acidentes. Os protocolos de segurança do Brasil estão alinhados com os padrões globais e o registro é bom em sua maioria.

Dan Raghoonundon
“Podemos esperar com segurança uma melhora rápida nos próximos anos” (Imagem: Divulgação/ Janus)

São muitos os pontos positivos, inclusive o pioneirismo do país em biocombustíveis. O Brasil produz 30% do etanol do mundo e é o segundo maior produtor global. A Agência Internacional de Energia vê a liquidez global do mercado de biocombustíveis triplicar até 2030 em seu cenário net zero, e o Brasil vem aproveitando o momento por meio do programa RenovaBio e do desenvolvimento do etanol de segunda geração.

O Brasil desenvolveu seu primeiro mercado de carbono regulamentado em 2017 sob o programa RenovaBio, que busca obrigar os distribuidores de combustíveis a comprar créditos de carbono chamados CBios de produtores renováveis. O Brasil lançou os carros flex fuel em 2003 e hoje quase 100% dos carros vendidos são flex fuel. Nesse caso, o Brasil demonstrou notável previsão.

Em quais ações ou setores a Janus está investindo em ESG no Brasil? Os investidores têm pedido esse critério?

Todas as mesas de investimento da Janus Henderson Investors incorporam ESG em seu processo de investimento. Acreditamos firmemente que as considerações ESG melhoram as decisões de investimento tanto do ponto de vista da mitigação de risco quanto da geração de retornos superiores. Pesquisas abundantes mostraram que empresas com altas classificações ESG tendem a apresentar desempenho financeiro robusto, e nossa própria experiência sugere o mesmo.

Os investidores estão muito interessados ​​em ouvir sobre nossa avaliação de ESG e a incorporação do fator ESG em nossos processos de alocação e seleção há quase uma década. A Janus Henderson Investors acredita que o setor de gestão de ativos, incluindo nós mesmos, tem um papel fundamental para facilitar a transição contínua, canalizando capital para entidades que valorizam a sustentabilidade.

O ESG é um critério fundamental, ou seja, pode impedir a decisão de investimento de um fundo?

As considerações ESG certamente nos levam a evitar certas empresas e setores. Algumas das principais estratégias ESG que usamos são triagem negativa (ou seja, excluindo empresas ou setores específicos), triagem positiva (ou seja, concentrando-se em setores específicos), investimento de primeira linha (ou seja, selecionando o melhor em relação a ESG), ativismo (ou seja, apresentar petições e votar em assembleias gerais anuais de acionistas) e engajamento (ou seja, reunir-se com o conselho e a administração e tentar convencê-los a ter um melhor desempenho em ESG).

Adecoagro Cana-de-açúcar Sucroenergia
O Brasil produz 30% do etanol do mundo e é o segundo maior produtor global (Imagem: Reprodução/Adecoagro)

A Janus Henderson Investors tomou medidas para fornecer aos analistas de pesquisa e gerentes de portfólio as ferramentas e informações para identificar riscos e oportunidades dentro dos portfólios e tomar decisões de investimento que levem em consideração informações ESG financeiramente relevantes.

Isso inclui a criação de uma equipe de Pesquisa ESG liderada por mim para facilitar a identificação e incorporação de fatores ESG no processo de tomada de decisão de investimento.

Como a Janus avalia o ESG das empresas? São utilizados critérios próprios ou de terceiros?

A Janus Henderson Investors usa um complemento de dados proprietários e de terceiros. A empresa realiza milhares de compromissos relacionados a ESG anualmente, o que apóia nossa avaliação das questões ESG. Nosso envolvimento é personalizado, pois ESG não é uma questão neutra para empresa, setor ou país e precisa ser adaptada às circunstâncias.

Como as métricas objetivas para medir o desempenho ESG estão evoluindo e quando devemos esperar que elas amadureçam?

Subscrevo a opinião expressa pelo falecido economista americano Allan Meltzer de evitar colocar um número numa data. Dito isto, os dados ESG são de qualidade muito melhor agora. Podemos esperar com segurança uma melhora rápida nos próximos anos, à medida que os reguladores domésticos exigem divulgações padronizadas, aumentos de garantia ESG, empresas estabelecem equipes ESG e várias entidades são responsabilizadas em relação ao seu impacto nas pessoas e no planeta.

 

 https://www.moneytimes.com.br/entrevista-o-que-uma-gestora-com-us-420-bilhoes-em-gestao-pensa-sobre-o-esg-no-brasil/?e=

 

sábado, 22 de janeiro de 2022

Ambev anuncia nova gerente de saúde mental e diversidade


Criada em 2020, a diretoria de diversidade, inclusão e saúde mental recebe a fundadora do Carreira Preta como nova líder

 



A cervejaria Ambev anunciou nesta sexta-feira, 21, a contratação de Michele Salles como sua nova head de diversidade, inclusão e saúde mental. A executiva é a segunda a ocupar o cargo criado em 2020, assumindo a diretoria após a saída de Mariana Holanda.

A criação de uma diretoria focada em saúde mental marcou o processo de transformação da cultura organizacional da Ambev, que é conhecida pelo foco em metas e meritocracia.

A empresa se antecipou ao debate dentro da empresa de problemas que têm crescente relevância dentro do mundo corporativo: o estresse crônico e o esgotamento profissional. No início de 2022, entrou em vigor a nova classificação da OMS que coloca a Síndrome de Burnout como um fenômeno ligado ao trabalho.

O objetivo da empresa é construir um ambiente inclusivo e com segurança psicológica. Assim, os temas de diversidade e inclusão ficam nas mãos da mesma diretoria para criar um olhar para o ser humano em sua totalidade.

“Inclusão e saúde mental estão totalmente conectadas, se retroalimentam. Se temos um ambiente de respeito à individualidade e à singularidade, naturalmente a pessoa tende a se sentir incluída e única. Através disso, entregamos uma cultura diversa e de segurança psicológica, conectadas à saúde mental”, diz a nova gerente.

Michele Salles Villa Franca é formada como psicóloga e tem mais de 12 anos de experiência na área de recursos humanos e diversidade. Ela fundou e lidera a Carreira Preta, consultoria de soluções corporativas e educacionais de inclusão.

 

 https://exame.com/carreira/ambev-saude-mental-inclusao-diversidade/



sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

Renner nomeia veterano da Unilever como CFO



Renner (LREN3) diz que não há evidência de vazamento em ciberataque

 

 Renner acaba de nomear Daniel Martins — um veterano com 25 anos de Unilever que começou na multinacional como trainee — como seu novo CFO.

Daniel começará na companhia na segunda-feira.

Na Unilever, Daniel ocupou posições em marketing, vendas e supply chain no Brasil, Espanha e Suíça. 

Foi vice-presidente financeiro na Unilever Americas SupplyChain Company na Suíça, CFO da Unilever Espanha, diretor financeiro de desenvolvimento ao cliente (vendas) e de alimentos na Unilever Brasil, além de ter ocupado outros cargos na área financeira da multinacional.

O cargo na Renner estava vago desde novembro,

Com inovação, o agro nacional é parte importante da solução climática


Exemplos concretos mostram que o setor privado vem avançando no campo de forma sustentável, gerando produtividade ao mesmo tempo que preserva o meio ambiente


Sustentabilidade é, sem dúvida, a palavra que define a era em que vivemos. Diante da emergência climática, buscar soluções verdes é, mais do que nunca, questão de sobrevivência. Mas o que muitos ainda desconhecem é quanto a agropecuária nacional tem contribuído positivamente nesse processo. 

O setor, que representa mais de um quarto do PIB do Brasil, além de ser um dos mais inovadores e bem-sucedidos do país, é também hoje um dos mais sustentáveis do planeta. Graças a investimentos em pesquisa, adoção de tecnologias, gestão responsável dos recursos naturais e busca permanente pela produção sob a premissa da conservação. 

“O Brasil é líder em inovação. Não há outro país tropical com tanta tecnologia agrícola”, comenta Roberto Giolo, pesquisador da Embrapa Gado de Corte. Giolo destaca que o potencial do agronegócio nacional para as questões climáticas é ainda maior, indo além das técnicas de baixa emissão.

“A descarbonização diz respeito à diminuição das emissões, que é um ponto, mas também à remoção de CO2 da atmosfera. E o caminho mais fácil para isso é agricultura e pecuária bem-feitas. É o único setor capaz de fazer isso”, diz.

Tecnologias sustentáveis

- Floresta plantada
- Recuperação de pastagens
- Plantio direto
- Fixação biológica de nitrogênio
- Manejo de dejetos animais
- Integração lavoura-pecuária-floresta
- Terminação intensiva
- Irrigação

Sistemas integrados

Entre as inovações que se destacam nesse contexto, um exemplo é a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), a técnica que mais foi ampliada na última década: saltou de 2 milhões de hectares em 2010 para cerca de 17 milhões atualmente, segundo Giolo. 

A estratégia trata da utilização de diferentes sistemas produtivos (agrícolas, pecuários e florestais) dentro de uma mesma área, beneficiando todas as atividades.

Esse sistema integrado otimiza a utilização da terra, elevando a produtividade, com melhor uso de insumos, diversificação da produção, aumento da fertilidade do solo, recuperação de áreas degradadas, entre outras vantagens. Tudo isso com baixa emissão de gases de efeito estufa (GEE) e, inclusive, retenção de carbono no componente florestal e no solo. 

“Não se vê muito em outros países da forma que acontece aqui: uma agricultura mecanizada e produtiva, e com um componente florestal junto. É um diferencial da nossa agropecuária”, avalia Giolo.

Em 2030, a estimativa da Embrapa é que o Brasil tenha 30 milhões de hectares com algum tipo de sistema de integração.

Em 2030, a estimativa da Embrapa é que o Brasil tenha 30 milhões de hectares com algum tipo de sistema de integração. (João Costa Jr/Embrapa/Divulgação)

Inovação sustentável

Bons exemplos do emprego dessa e outras tecnologias não faltam Brasil afora. Algumas das propriedades rurais do país se tornaram, inclusive, ícones internacionais de respeito ao meio ambiente.

Uma delas é a Fazenda Roncador, em Querência (MT), que trabalha com um sistema produtivo que une pecuária regenerativa e agricultura de alta tecnologia. 

Nos últimos 12 anos, foi implantado por lá um modelo próprio de integração lavoura-pecuária, com gado, pasto, milho e soja, criando um ecossistema com enormes benefícios produtivos, sociais e ambientais. 

Nesse período, a produção de alimentos na propriedade cresceu 57 vezes e a de carne foi ampliada 32%, ao mesmo tempo que a fazenda deixou o papel de emissora de GEE para se tornar uma grande fixadora de carbono. 

“Colhemos amostras do solo de diferentes pontos para descobrir quais lugares tinham maior fixação de CO2. E descobrimos que os melhores eram exatamente onde tínhamos implantado o sistema de integração”, conta Pelerson Penido Dalla Vecchia, diretor-presidente do Grupo Roncador. 

Só na safra 2019/2020, que a fazenda produziu 153 mil toneladas de alimentos, foram capturadas mais de 61 mil toneladas de carbono, o suficiente para compensar as emissões de 35 mil carros durante um ano. Uma demonstração de que o manejo sustentável, quando bem-feito, é bom para o planeta e para os negócios.

“Estamos falando de um desafio da humanidade: a produção de alimento para uma população crescente e a questão do aquecimento global. Por isso, investimos muito em pesquisa, inovação e monitoramento constante, sempre procurando melhorar”, destaca o produtor.

 

Pelerson Penido Dalla Vecchia, da Fazenda Roncador, no Mato Grosso.

Pelerson Penido Dalla Vecchia, da Fazenda Roncador, no Mato Grosso. (JBS/Divulgação)

Outro dado que Dalla Vecchia exibe orgulhoso é o índice de preservação florestal. A Fazenda Roncador é uma das maiores do país, com 147 mil hectares de área, dos quais 47% são de matas nativas e áreas de proteção permanente. 

Há mais de uma década nenhuma árvore é derrubada na propriedade. Ao contrário, são plantadas anualmente 40 mil mudas de espécies nativas para seguir ampliando a cobertura florestal e manter a rica biodiversidade da região. 

“Todo mundo pode reduzir a emissão de carbono. Mas o único lugar que pode fixar é na terra ou nas árvores. Por isso, nossa responsabilidade, como parte da solução para a questão climática, é muito grande. Responsabilidade, mas também oportunidade de interferir positivamente nisso tudo”, ressalta.

As áreas de floresta mantidas pelos produtores rurais, como acontece na Roncador, são outro grande diferencial do agro brasileiro nas questões climáticas. Cerca de 220 milhões de hectares das áreas preservadas do Brasil estão dentro de propriedades rurais, o equivalente a um quarto do território nacional. 

Dados da Embrapa indicam que, em média, 48% da propriedade é destinada à conservação da vegetação nativa, fazendo do produtor brasileiro o único no mundo a utilizar apenas metade de suas terras, sendo a outra metade preservada. 

Bem-estar animal

Mais uma questão em que o Brasil tem evoluído muito nos últimos anos é o bem-estar animal (BEA), outro eixo importante da sustentabilidade. São visíveis os avanços em regulamentação, novos padrões de manejo e conscientização. 

Uma das propriedades mais reconhecidas por suas boas práticas nessa área é a Fazenda Orvalho das Flores, em Barra do Garças (MT), que atua na criação de bezerros. 

Sob o comando da pecuarista Carmen Perez, referência internacional no tema, a fazenda adota uma série de medidas importantes no cuidado dos animais, que incluem, por exemplo, a interação positiva entre homem e animal desde o nascimento, a abolição da marcação a fogo e o desmame amigável.

As ações, como ela explica, são baseadas nos cinco domínios de BEA: nutrição, saúde, comportamento, ambiente e estado mental. “E o meio ambiente está ligado a tudo isso, porque impacta diretamente o bem-estar dos animais”, diz Carmen. 

Por isso, entre as melhorias do processo de produção está, por exemplo, o plantio de árvores para sombra em todos os pastos, trazendo conforto térmico ao rebanho. “Todo ano, a gente planta em torno de 500 mudas”, conta. E ainda há o uso de uma cerca elétrica específica para conter a predação dos bezerros por onças, sem machucá-las. “Essa é uma forma de preservação das onças e da ampliação dessas boas práticas.” 

União faz a força

Para promover essa agropecuária sustentável e de baixo carbono em cada vez mais propriedades, parceria tem sido a palavra-chave. Diversos projetos de fomento e suporte aos produtores vêm dando escala a essas ações. 

“Tecnologia nós temos. O que precisamos é dar capilaridade a elas para que possam ser implantadas por mais e mais produtores”, avalia José Carlos Pedreira de Freitas, coordenador da Liga do Araguaia, iniciativa voltada para o desenvolvimento sustentável da pecuária no médio Araguaia mato-grossense.

Em uma ação pioneira, nascida em 2015, o movimento organizado por produtores rurais da região atua exatamente nesse compartilhamento de conhecimento. Como foco, estão a adoção de práticas de intensificação sustentável na pecuária, atividades de capacitação, incentivo à conservação e restauração de áreas florestais e estímulo a práticas que reduzam as emissões de gases de efeito estufa. 

Para colocar isso em prática, a Liga do Araguaia elabora e implanta projetos em parceria com entidades públicas e privadas, nacionais e internacionais. Seis projetos, dos quais dois já concluídos, estão em andamento hoje, abrangendo 11 municípios da região, 62 fazendas, 130 mil cabeças de gado e 150 mil hectares de pastagens.

Um deles é o Rebanho Araguaia, desenvolvido em parceria com a Friboi, que pertence à JBS, líder global em alimentos à base de proteína.

Segundo Pedreira, o projeto apoia um grupo de 32 fazendas, ao longo de três anos, em seus esforços para melhorar a gestão produtiva e de sustentabilidade, e prevê treinamento e acompanhamento de desempenho. Isso inclui o uso de modernas ferramentas de gerenciamento, de boas práticas e de monitoramento das emissões de GEE.

O coordenador da Liga lembra que, a exemplo de projetos como este, é preciso desconstruir uma percepção errônea que foi criada da pecuária, de que está associada ao desmatamento e, portanto, vai na contramão das questões climáticas. 

“Ao contrário, nossa pecuária é parte da solução. Ano a ano, as fazendas vêm aumentando a produção e diminuindo a quantidade de pasto. É mais produtividade, sem necessidade de novas áreas, com os benefícios da redução da idade de abate dos animais. Isso se chama tecnologia. Tecnologia tropical para uma pecuária a pasto, com enormes ganhos ambientais”.

280 mil toneladas a menos

Em 2016, antes da economia de baixo carbono ser tão discutida, a Liga do Araguaia já trabalhava no monitoramento e medição das emissões e remoções de gases de efeito estufa. O projeto Carbono Araguaia, o primeiro da iniciativa, monitorou com metodologia reconhecida internacionalmente a redução de emissões de GEE em 24 fazendas, representando 79 mil hectares de pastagens, ao longo de cinco anos.

Emissões e remoções foram medidas anualmente e, à medida que as propriedades foram melhorando suas pastagens, reduzindo a idade de abate e aumentando sua produtividade, a curva de emissões foi caindo.

“Chegamos ao fim de cinco anos com uma redução de emissões de cerca de 282 mil toneladas de CO2e (CO2 equivalentes), das quais 114 mil de toneladas de CO2 foram verificadas e validadas por auditorias internacionais. Sem contar 43 mil hectares de pastos recuperados, ampliação do rebanho de 73,1 mil para 107 mil cabeças e redução da idade de abate de 28 para 24 meses”, conta Pedreira.

Bioeconomia da Amazônia

A JBS, que assumiu o compromisso de ser Net Zero até 2040, ainda apoia uma série de ações de desenvolvimento sustentável em toda a Amazônia Legal, por meio do Fundo JBS pela Amazônia

A parceria técnica com a Embrapa, de aprimoramento científico e tecnológico em prol da integração lavoura-pecuária-floresta, é uma delas. “A iniciativa visa aumentar o valor agregado aos produtos da floresta, com inovações para alimentos, matérias-primas e insumos feitos a partir da biodiversidade amazônica”, explica Joanita Maestri Karoleski, presidente do Fundo.  

A parceria faz parte das seis primeiras iniciativas selecionadas pela instituição para trabalhar diferentes atividades no bioma. Elas recebem, juntas, R$ 50 milhões do Fundo, cujos recursos são provenientes de doações da JBS e parceiros.

“O propósito é potencializar a bioeconomia na região, por meio do desenvolvimento científico e tecnológico, gerando renda para as comunidades e preservando a floresta”, completa Joanita.

Podem apoiar o Fundo empresas e instituições brasileiras ou internacionais de qualquer segmento e setor, além de pessoas físicas que tenham interesse em ser parceiras de implantação e/ou investimento financeiro. “Não se faz nada sozinho na Amazônia. Portanto, as parcerias são fundamentais”, ressalta. 

Joanita esclarece que o apoio pode ser a um projeto específico, em conjunto com o Fundo JBS, ou por meio de investimento direto no Fundo JBS pela Amazônia. Além disso, a organização está aberta a conversar com qualquer outra entidade que persiga o mesmo objetivo. 

“Quanto mais organizações trabalhando pelo desenvolvimento sustentável da Amazônia, em especial em parceria com as comunidades locais, melhor e mais legítimos serão os resultados”, diz.

 

 https://exame.com/negocios/com-inovacao-o-agro-nacional-e-parte-importante-da-solucao-climatica/?utm_content=conteudo&utm_campaign=conteudos-jbs&utm_medium=atf&utm_source=exame_negocios_ads