quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

BTG Pactual (BPAC11) atinge R$ 1 trilhão sob gestão e administração


Volume é o dobro do apresentado há menos de um ano e meio; marca inédita se deu por meio de expansão orgânica e via aquisições 

 

O BTG Pactual (BPAC11) informou nesta quarta-feira, dia 2, ter alcançado a marca histórica de 1 trilhão de reais em ativos sob gestão e administração (AuM e AuA, na sigla em inglês). Trata-se do dobro do valor apresentado em setembro de 2020, há um ano e quatro meses. O crescimento acelerado ocorre em meio às estratégias de expansão orgânica e via aquisições do maior banco de investimento da América Latina. 

“Gostaria de agradecer imensamente aos nossos clientes pela confiança em nossa instituição. Continuaremos focados em garantir excelência e inovação no atendimento e serviços prestados”, afirmou em nota Roberto Sallouti, CEO do BTG Pactual

Entre as aquisições recentes do BTG estão a da corretora Necton Investimentos, da Universa (que inclui a gestora Vitreo e a maior casa de análises do país, a Empiricus) e a Fator Corretora, entre outras.

Nos últimos dias, o banco ainda anunciou a compra da corretora Elite Investimentos e da carteira de varejo da Planner, que irão aumentar ainda mais o volume sob o guarda-chuva do BTG quando incorporadas após as aprovações regulatórias.

A crescente massa de investidores de varejo, por sinal, tornou-se um dos principais focos do banco, que tem se reforçado no segmento de assessoria. Os reflexos se mostram presentes em seu balanço.

No terceiro trimestre, dado mais recente divulgado, o BTG Pactual teve captação líquida -- net new money -- de 87,7 bilhões de reais, a segunda maior de sua história, somente atrás dos 98 bilhões de reais apresentados no período anterior.

O maior avanço apresentado em seu último resultado trimestral se deu na unidade de negócios da Asset Management, que, sozinha, captou 50 bilhões de reais e chegou na ocasião a 542 bilhões sob gestão e administração, de um total de 942 bilhões de reais do banco de investimentos no período. 

Na ocasião, a divisão de negócios de Wealth Management & Consumer Banking chegou a 400 bilhões de reais em ativos sob gestão e administração.

Os números do quarto trimestre de 2021 serão divulgados ao mercado no próximo dia 16.

 

https://exame.com/negocios/btg-pactual-bpac11-atinge-r-1-trilhao-sob-gestao-e-administracao/

Apetite por startups cresce, e mais de 90% das empresas querem investir

 

Pesquisa da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP) mostra o cenário do investimento corporativo em startups no país

 


Com a pandemia deixando as empresas de cabelo em pé na busca por soluções para atender o público e, ao mesmo tempo, manter a eficiência, a inovação que vem das startups tem sido mais do que bem-vinda. Nesse cenário, o investimento feito por empresas em startups, o chamado corporate venture capital (ou CVC), tem crescido a um ritmo considerável e 61% das empresas brasileiras já têm algum tipo de iniciativa. Entre as que não têm, 92% já estão de olho nisso. Os dados são da pesquisa “Corporate Venture Capital no Brasil”, elaborada pela Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP) e seu recém-lançado comitê dedicado ao assunto.

Em 2015, o número de iniciativas de investimento corporativo ainda era incipiente, mas a reviravolta causada pela pandemia e a digitalização acelerada dos negócios reverteu esse cenário. O relatório mostra que mais da metade (55%) das iniciativas empresariais de investimento em startups surgiu nos últimos dois anos. Para chegar ao resultado, a ABVCAP analisou as respostas de mais de 30 empresas associadas.

Na esteira da digitalização dos negócios, o modelo Corporate Venture Capital é cada vez mais procurado por empresas que querem acelerar empreendedores e, em contrapartida, criar conexões com ideias e soluções que beneficiem o negócio. Muitas companhias criam novas verticais estratégicas e ambientes de testes a partir do investimento em startups. Essa decisão é o que leva 75% das empresas a declarar que possuem objetivos mistos (financeiros e estratégicos) ao criarem braços de CVC.

“Foi realmente uma surpresa”, diz Sandro Valeri, coordenador do Comitê de CVC da ABVCAP. “Imaginávamos que empresas ainda consideravam apenas o resultado financeiro como benefício do CVC, mas a situação é diferente, e já há uma visão de longo prazo”.

De acordo com Valeri, a maturidade do ecossistema de inovação brasileiro também contribui para o bom momento do CVC no país. Em 2021, o mercado de investimento de risco em startups movimentou volume recorde e o Brasil teve 11 novos unicórnios — a conjuntura inspira empresas a copiar a bem-sucedida ideia de fomentar pequenas companhias de base tecnológica.

A pesquisa mostra que os valores comprometidos pelas empresas em iniciativas de Corporate Venture Capital ainda são tímidos. Cerca de metade dos CVCs têm menos de R$ 100 milhões investidos, enquanto apenas 30% afirmam possuir mais de R$ 100 milhões alocados em fundos e iniciativas para esse fim.

A justificativa, mais uma vez, está no fato dos CVCs brasileiros ainda serem recentes. A mesma lógica se aplica ao analisar a quantidade de exits concluídos (última etapa do investimento): 80% das empresas ainda não realizaram nenhuma saída. “É comum, afinal, essas empresas ainda não concluíram o ciclo de investimento”, diz Valeri. De acordo com a ABVCAP, o ciclo médio de investimento de empresas em startups dura de cinco a dez anos.

O futuro do CVC

Daqui para a frente, a tendência é que a indústria de CVC abandone o status de “nascente” para “pujante”. A expectativa é de que o número de iniciativas de Corporate Venture Capital cresça na casa “das dezenas” em 2022, segundo Rosario Cannata, coordenador do Comitê de CVC da ABVCAP. “Isso acontecerá porque as iniciativas de CVC irão equilibrar o desejo de grandes empresas por resultados imediatos e estratégias de longo prazo”.

Segundo os especialistas da ABVCAP, as quantias comprometidas para iniciativas de CVC também devem crescer, na medida em que o ritmo de expansão das startups continua acelerado e as próprias iniciativas corporativas ganham mais solidez da porta para dentro. “Hoje vemos que esse valor é pouco, mas as quantias baixas estão associadas ao risco, porque empresas não podem comprometer muito capital em iniciativas recentes”, diz Cannata. “No futuro, essa quantia será bem maior”.

Ao que tudo indica, a aversão ao risco também deixará de ser uma realidade. Hoje, a maioria das startups investidas por braços de CVC estão em estágios iniciais de desenvolvimento, em rodadas Pré-Seed, Seed, e série A e B, com valores que chegam aos R$ 10 milhões. O cenário, segundo a ABVCAP, deve mudar. “A convivência com esse modelo, o grande número de projetos e os bons resultados vão motivar a chegada do CVC a rodadas série C em diante”.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

Região Sul registra alta de 95% em fusões e aquisições no ano passado

 



Por Redação Economia SC   

 
 Foto de Vista Superior De Negócios Escritório Estação De Trabalho Com  Letras De M A Ou Fusão E Aquisição e mais fotos de stock de Fusões e  Aquisições - iStock

 

 

O três estados do Sul do Brasil realizaram 297 fusões e aquisições no ano passado, o que representa aumento de 95,4% na comparação com o mesmo período do ano anterior, quando foram registradas 152 transações.

Os dados constam na pesquisa da KPMG feita trimestralmente sobre fusões e aquisições. Segundo o levantamento, de janeiro a dezembro, foram 121 transações no Paraná, pelo menos 98 em Santa Catarina e 78 no Rio Grande do Sul.

    “Mesmo diante dos efeitos da crise da pandemia na economia brasileira, o desempenho no Sul indica a força e a resiliência do ambiente de negócios nos três estados e confirma o potencial de crescimento da região”, resume o sócio-líder da KPMG na região Sul, João Panceri.

A pesquisa destacou ainda que as operações de fusões e aquisições no Brasil tiveram desempenho recorde, registrando ao todo 1.963 transações nos últimos doze meses, alta de 59%.

Região Sul             2021    2020
Paraná                     121       60
Santa Catarina          98       46
Rio Grande do Sul    78       46
Total                         297      152

 
 - via https://economiasc.com

Sony compra desenvolvedora de videogames Bungie em acordo de US$ 3,6 bilhões


Acordo segue a aquisição de quase US$ 70 bilhões da Activision Blizzard pela Microsoft e o acordo da Take-Two para comprar a Zynga este mês

Estande com logotipo da Sony PlayStation na 'GDC Game Developers Conference', na Califórnia
Estande com logotipo da Sony PlayStation na 'GDC Game Developers Conference', na Califórnia Foto: Justin Sullivan/Getty Images

Reuters


A Sony Interactive Entertainment vai adquirir a desenvolvedora de videogames Bungie Inc em um acordo avaliado em US$ 3,6 bilhões, disseram as empresas na segunda-feira (31), tornando este o terceiro negócio este mês em um setor de jogos em rápida consolidação.

A Bungie, com sede em Bellevue, Washington, que trabalhou na série de videogames Halo, se separou da Microsoft Corp e se tornou uma empresa privada em 2007.

 O acordo segue a aquisição de quase US$ 70 bilhões da Activision Blizzard pela Microsoft e o acordo da Take-Two para comprar a Zynga este mês.

A Bungie trabalhou em vários títulos de jogos populares, incluindo “Marathon”, “Myth” e “Destiny”.

Economia chilena cresce 10,2% em 2021, diz banco central


Rápida recuperação da economia local gerou pressões inflacionárias, levando o banco a acelerar a retirada do impulso monetário que aplicava desde 2020

Bandeira do Chile
Bandeira do Chile Elias Almaguer/Unsplash

Por Fabian Cambero, da Reuters

A economia chilena registrou crescimento de 10,2% em 2021, em meio a uma rápida recuperação do impacto que sofreu com a chegada da pandemia de coronavírus, informou o banco central nesta terça-feira (1).

O Indicador Mensal de Atividade Econômica (Imacec), que representa cerca de 90% do Produto Interno Bruto (PIB) do país sul-americano, registrou alta anual de 10,1% em dezembro, apoiado por um bom desempenho de serviços e comércio.

 “Todos os componentes do Imacec cresceram em relação ao mesmo período do ano anterior, com destaque para a contribuição das atividades de serviços e, em menor escala, do comércio”, disse o banco em nota.

“Este resultado foi explicado, em parte, pela maior abertura da economia, pelas medidas de apoio às famílias e pelos saques parciais dos fundos de pensões”, acrescentou.

A rápida recuperação da economia local gerou pressões inflacionárias, levando o banco central a acelerar a retirada do impulso monetário que aplicava desde a chegada da pandemia em março de 2020.

Em termos dessazonalizados em relação a novembro, a atividade apresentou queda de 0,4%.

 

 https://www.cnnbrasil.com.br/business/economia-chilena-cresce-102-em-2021-diz-banco-central/

468 anos: SP é uma das 100 melhores cidades do Brasil para fazer negócios


Maior cidade do país completa 468 anos neste dia 25 de janeiro e figura como a melhor cidade para fazer negócios no comércio, educação e setor imobiliário

 


O município de São Paulo faz 468 anos nesta terça-feira, 25 de janeiro. E a maior metrópole do país é uma das 100 melhores cidades para fazer negócios. O ritmo acelerado de vacinação contra a covid-19 fez com que a capital paulista ganhasse o título em três das seis categorias do ranking, lançado no fim do ano passado (comércio, educação e setor imobiliário).

No último boletim divulgado pela prefeitura de São Paulo, na segunda-feira, 24, a cidade tem toda a população adulta com o esquema completo de vacinação, e avança na imunização de crianças, com cerca de 10% de vacinados com pelo menos uma dose na faixa etária de 5 e 11 anos.

O ranking das melhores cidades para fazer negócios é elaborado anualmente pela consultoria Urban Systems, com exclusividade para EXAME, em seis segmentos econômicos: educação, comércio, serviços, indústria, mercado imobiliário e agropecuária. Para chegar à lista do mercado imobiliário, foram analisados nove indicadores, entre eles, novos domicílios em quatro faixas de renda e saldo de empregos, nas cidades com mais de 100 mil habitantes.

A consultoria também avaliou o ritmo de vacinação e taxa de letalidade da covid-19 em cada um dos municípios, no dia 15 de outubro do ano passado, para uma fotografia de comparação.

Dos três setores em que São Paulo ficou em primeiro lugar no ranking, o mercado imobiliário nunca parou durante a pandemia de covid-19.  Desde o primeiro decreto de restrições, a construção civil foi considerada essencial. Apesar da incerteza inicial, o ritmo de obras foi retomado e cresceu.

De janeiro a junho do ano passado, os lançamentos totalizaram 27.114 unidades, superando o recorde anterior do primeiro semestre de 2019, com o registro de 20.157 unidades lançadas. O impacto positivo medido foi também reflexo da baixa taxa básica de juro, a Selic, que estava na casa dos 2% em 2020. Agora, ela está em 9,25% ano ano.

No começo da pandemia, a cidade foi uma das mais impactadas no setor comercial, com o fechamento de mais de 50.000 postos de trabalho entre janeiro e agosto. No ano passado, o saldo do setor, no mesmo período, já foi positivo, com mais de 7.000 empregos a mais entre desligamentos e contratações.

Apesar do avanço da variante Ômicron do coronavírus e recorde de casos, o número de mortes está mais controlado, resultado da vacinação. Mesmo assim, a prefeitura decidiu, no começo deste ano, diminuir a capacidade de grandes eventos para 70%. Outra decisão foi o adiamento dos desfiles de escola de samba para o feriado de Tiradentes, em abril. A tradicional festa popular brasileira impacta diretamente no comércio.

"A decisão foi tomada em respeito ao atual quadro da pandemia de covid-19 no Brasil e a necessidade de, neste momento, preservar vidas e somar forças para impulsionar a vacinação em todo o território nacional", disse a nota conjunta assinada pelo prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB), e Eduardo Paes (DEM), prefeito do Rio de Janeiro, que também decidiu adiar o evento.

Também muito impactado pela pandemia, o setor de educação precisou se adaptar à nova realidade, com o ensino remoto. Na educação básica, quase 6% dos alunos de todo o país estão na capital paulista. Já na educação superior, a cidade tem cerca de 920.000 estudantes, o que equivale a 10,7% de todos os matriculados no Brasil.

Com a volta das atividades presenciais obrigatórias e o fim do distanciamento entre os alunos, os números ficaram positivos: de janeiro a agosto de 2021, foram criados 9.401 empregos, em comparação a 2020.

 

 https://exame.com/brasil/468-anos-sp-e-uma-das-100-melhores-cidades-do-brasil-para-fazer-negocios/

Como o Brasil se tornou essencial na estratégia global da Lacoste


Com investimento em redes sociais, novas lojas e agora à frente da subsidiária da América Latina, o Brasil se torna peça-chave na estratégia global da Lacoste. A meta: dobrar o faturamento da região nos próximos cinco anos 

 

O primeiro post da conta do Instagram @lacostebrasil foi publicado no dia 28 de julho do ano passado. Trata-se de um carrossel com duas imagens de René Lacoste, fundador da marca esportiva que leva seu nome: um retrato de frente e uma foto do ex-jogador de tênis na quadra. Quando a conta foi aberta, a meta era terminar 2021 com 120.000 seguidores. Em dezembro, o número já passava de 1 milhão, com alto engajamento. Esse feito revela dois fatos. O primeiro: somos realmente o país das redes sociais. O segundo: o Brasil virou uma aposta da marca, uma espécie de cabeça de chave em sua estratégia global. O Instagram brasileiro é o único regional autorizado.

“O Brasil é um dos quatro países com prioridade estratégica para a marca, ao lado de Estados Unidos, França e China”, afirma Pedro Zannoni, CEO da Lacoste para a América Latina. Zannoni, um ex-tenista profissional que chegou a ser patrocinado pela Lacoste, foi contratado em meados de 2020 com a missão de estruturar a subsidiária regional. Até então, cada país respondia para a matriz. O bloco hoje é formado por Brasil, Argentina, Uruguai, Chile, Colômbia, Peru, América Central e Caribe. “Dessa forma conseguimos unificar processos, calendário de lançamentos e discurso”, diz o executivo.

Zannoni esteve em novembro passado em Barcelona para participar de um encontro global de lideranças da marca. Saiu de lá com metas bem definidas — e arrojadas. A principal: dobrar o faturamento da região nos próximos cinco anos. A Lacoste, que pertence à holding suíça Maus Frères, não divulga números. Zannoni, porém, revela as ferramentas para atingir esse crescimento. Uma delas é o foco na comunicação. A área de marketing recebeu neste ano o dobro de investimento, destinado principalmente a ações em redes sociais com influenciadores, da elite à periferia (veja quadro abaixo).

Outra estratégia passa pelo aumento no número de pontos de venda. A Lacoste conta hoje com cinco lojas próprias, 13 outlets e 42 franquias, além do e-commerce e da presença em centenas de marketplaces e lojas multimarcas. Nos próximos dois anos, a ideia é triplicar o número de lojas próprias, a maioria com um conceito chamado Le Club Evolution, com uma linguagem visual que simula uma arena de tênis. O número de franquias deverá passar para 65, e a quantidade de outlets será mantida.

O incentivo à produção local deve ajudar na estratégia de crescimento. Dois anos atrás, 90% dos calçados, por exemplo, eram importados. Hoje, mais da metade vem de fornecedores nacionais. Tudo é homologado pela matriz. Nem uma etiqueta pode ser produzida sem aprovação. Parte das clássicas camisas polo já vinha de uma fábrica própria na Argentina e de um produtor no Peru. Agora elas começam a ser feitas aqui. Dessa forma, a marca se protege do câmbio alto e melhora a margem de lucro. “Também nos dá flexibilidade. Se um tom de azul vendeu bem, não preciso esperar uma remessa de fora para repor o estoque”, diz Zannoni.

Catherine Spindler, chief brand officer da Lacoste: potencial de crescimento no Brasil em calçados, roupas íntimas e femininas

Catherine Spindler, chief brand officer da Lacoste: potencial de crescimento no Brasil em calçados, roupas íntimas e femininas (Divulgação/Divulgação)

O embaixador Guga Kuerten

A Lacoste foi fundada por René Lacoste em 1933, com as clássicas polo para a prática de tênis. No Brasil, a Paramount Têxteis, do empresário paulistano Fuad Mattar, pai do ex-tenista Luiz Mattar, manteve o licenciamento por 26 anos. Em 2008, a Lacoste, então avaliada em 1 bilhão de euros, foi comprada pela holding suíça Maus Frères. No mercado brasileiro, nesse mesmo ano, a marca passou a ser administrada por uma joint-venture entre a Devanlay Ventures do Brasil e a companhia argentina Vesuvio. Em 2018, a empresa francesa passou a ser a única acionista de suas operações na América Latina. 

“O Brasil é um país querido pela Lacoste por vários motivos”, diz Catherine Spindler, chief brand officer global da marca. Uma dessas razões, diz a executiva, é a base de fãs. Uma pesquisa mundial conduzida em setembro passado apontou que o Brasil foi o país em que a imagem da marca mais cresceu. Contou para isso, de acordo com Spindler, o lançamento da única conta da Lacoste no Instagram além da global. “Temos grandes ambições no Brasil, onde o potencial de crescimento é significativo. Também é uma grande satisfação ter o lendário Guga como um amigo querido.”

René Lacoste, fundador da marca: camisas polo em tecidos mais leves revolucionaram a roupa para a prática de tênis nos anos 1930 e reforçam até hoje o legado esportivo

René Lacoste, fundador da marca: camisas polo em tecidos mais leves revolucionaram a roupa para a prática de tênis nos anos 1930 e reforçam até hoje o legado esportivo (Divulgação/Divulgação)

Como embaixador global da marca, Gustavo Kuerten participa de alguns lançamentos e eventos por ano, como o torneio de Roland Garros, em que foi tricampeão. A admiração pelo logo do crocodilo, diz, vem do início de carreira. “Na Copa Davis, a equipe brasileira era dividida entre os mais jovens e os profissionais. Uma vez, eu, o Márcio Carlsson e o André Sá decidimos bagunçar o quarto do Fininho [Fernando Meligeni], do Jaime [Oncins], do Fernando Roese. Quando chegamos ao closet do Nico [Luiz Mattar], vimos as roupas arrumadinhas, as polos da Lacoste dobradinhas, parecia até vitrine. Aí não tivemos coragem, pelo respeito a toda aquela elegância.”

Calendário da moda

Guga ajuda a criar a conexão com a herança da marca. A Lacoste se posiciona como uma marca de fashion sport, entre a moda e o esporte, no segmento premium. A camisa polo básica é vendida a 450 reais. Não é barato — mas uma peça similar em uma marca de luxo, como a Zegna, pode custar cinco vezes mais. A ligação entre esporte e moda é recente. O tweed era utilizado em peças para cavalgada no começo do século passado. A Adidas criou forte conexão com artistas de hip hop, e grifes de moda, como Balenciaga, se inspiraram no surfe para apresentar suas coleções na passarela. Mas nenhuma marca esportiva tem uma presença tão forte no universo fashion. Recentemente, a Lacoste trocou a Semana de Moda de Nova York, mais comercial, pela Paris Fashion Week, que dita tendências — e é nesse território que a Lacoste quer trafegar.

A partir do próximo ano as coleções verão e inverno serão unificadas em todos os mercados. Tradicionalmente, o que é mostrado nos desfiles na Europa no verão, por exemplo, demora seis meses para chegar ao Brasil. “Teremos de fazer adaptações. Talvez não faça sentido trazer uma jaqueta grossa no nosso verão”, diz Zanno­ni. Está prevista para este ano uma exposição em um museu brasileiro. Essa é uma estratégia adotada por marcas de luxo como Chanel e Dior em espaços como o Metropolitan, em Nova York, e o Louvre, em Paris. Com isso, as grifes saem do patamar do consumo e se posicionam como arte. A exposição brasileira deve trafegar entre as colaborações com cantores de rap e a conexão com o tênis, traduzidas hoje no patrocínio a Novak Djokovic e Daniil Medvedev, tenistas número 1 e 2 do ranking mundial. Djokovic foi notícia recentemente pela deportação da Austrália, por se recusar a se vacinar contra a covid. Resta saber qual será a repercussão em imagem para a Lacoste.

 (Arte/Exame)

A Lacoste vive hoje um momento muito mais favorável, diferentemente do que acontecia nos anos 1990, quando a marca passou por uma popularização excessiva, que atingiu seu prestígio como um forehand. Na época, algumas medidas foram adotadas. Lojas menores foram fechadas e peças foram tiradas das promoções das lojas de departamento. Também houve o início do rejuvenescimento das coleções, com cortes e cores com informação de moda e colaborações com marcas de luxo, uma forma de atingir um público diferente do consumidor clássico da polo lisa. Os resultados vieram. No Brasil, a operação cresceu dois dígitos em 2021 em relação a 2019, antes da pandemia.

Loja da Lacoste em Paris: a herança do tênis é reforçada pelo conceito Le Club Evolution, com referências às quadras

Loja da Lacoste em Paris: a herança do tênis é reforçada pelo conceito Le Club Evolution, com referências às quadras (Divulgação/Divulgação)

O principal desafio hoje da Lacoste é atingir o segmento feminino. Mais mulheres entram nas lojas, mas para comprar itens masculinos. A preferência das consumidoras brasileiras é por cores chamativas e modelagens justas. “Alinhadas com todos os nossos mercados, temos ambições em categorias de grande potencial, como roupas femininas. Vamos oferecer em breve uma nova coleção que materializa nossa visão, que permitirá às mulheres abraçar sua feminilidade em sua vida diária”, diz ­Catherine Spindler.  

 

LACOSTE NA QUEBRADA

A grife abraça a ideia de que faz sucesso nas periferias e forma parcerias com artistas de rap | André Lopes

MD Chefe: mudança de visão da marca

MD Chefe: mudança de visão da marca (Divulgação/Divulgação)

É esperado ver Maurizio Gucci, o herdeiro da maison francesa protagonista do filme Casa Gucci, de polo Lacoste voltando de uma partida de tênis. Assim como os mimados adolescentes espanhóis da série Elite, na Netflix. Mas o que dizer quando jovens da série Sintonia, ambientada em um bairro fictício em São Paulo, aparecem com peças da marca? A cena exemplifica bem como a grife agora compõe estilos nos rincões das comunidades brasileiras. 

O caminho para a periferia, quase sempre, é via música. Nos últimos tempos, a Lacoste se tornou rima e fonte de inspiração para uma dezena de canções de rap, em composições que retratam mais a ostentação para mostrar superação do que a crítica social tão característica do gênero. “Hoje eu porto Lacoste porque eu posso. Até o senhor René hoje me chamará de sócio”, dizem os versos cantados pelos artistas Kyan e Kayblack. No clipe, ambientado em um conjunto habitacional, todos vestem a marca. 

Na música Rei Lacoste, MD Chefe, também vestido de Lacoste, canta: “Se abrir o meu closet, vira um pântano dentro de casa. Estrearam a loja nova bem no meio da minha sala”. Segundo o artista, citar a marca transfere parte de seu status a quem ouve a música. “É uma forma de se sentir bem pelo que está vestindo e pela conquista da compra”, diz. A julgar pelos 60 milhões de ouvintes no YouTube, MD tem razão. Em setembro, a marca chamou o rapper para ser modelo de uma coleção e usou o ensaio no novo plano de engajamento no Instagram. “Eles entenderam que uma música como a minha é uma força imbatível, uma mudança de visão sem volta”, diz o músico.

A parceria da Lacoste com artistas nacionais tem sido orgânica, ou seja, a marca cede as roupas, mas neste ano devem ser assinados acordos comerciais com cerca de 20 influenciadores, de socialites a jovens de comunidades. A associação de artistas de rap com marcas de luxo não é nova. A moda é tema das letras desde os anos 1990. O americano Tupac e os brasileiros dos Racionais já listavam suas grifes favoritas nas letras, com faixas repletas de citações a Gucci, Prada e Versace. Tome-se, como outro exemplo, o cantor americano ASAP Rocky, que depois de tanto cantar e rimar sobre a Dior se tornou um dos principais embaixadores da marca. Faturou tanto com a parceria que deixou a carreira da música e agora vive de ser o rosto da grife.

 

 https://exame.com/revista-exame/curte-esse-crocodilo/