quarta-feira, 21 de setembro de 2022

Kavak firma acordos financeiros de US$ 810 milhões


Crédito: Kavak Divulgação

A startup Kavak fechou acordos financeiros de US$ 810 milhões (Crédito: Kavak Divulgação)


A Kavak, startup mexicana especializada na compra e venda digital de carros seminovos, firmou acordos financeiros de mais de US$ 810 milhões com HSBC, Goldman Sachs e Santander, para apoiar sua operação.

Os acordos concedem a empresa até US$ 675 milhões vindos do HSBC, por meio de contrato de venda de recebíveis futuros, a serem executados, no qual o HSBC concorda em adquirir direitos sobre recebíveis referentes a parte dos financiamentos originados pela Kavak.

Além disso, a Kavak assinou linha de crédito de US$ 100 milhões com o Goldman Sachs, e outra de US$ 35 milhões com o Santander.

Os recursos serão utilizados para o desenvolvimento do modelo de negócios, além de fortalecer a infraestrutura e estoque da empresa, continuando a sua consolidação no mercado latinoamericano.

Empresa compra os carros que vende

O modelo de negócios da Kavak é diferenciado já que a empresa não faz intermediação. A empresa compra de fato os seminovos, recondicionando os veículos antes de disponibilizá-los para venda a outros consumidores em suas plataformas digitais. O unicórnio ainda desenvolveu uma tecnologia financeira que permite democratizar o acesso ao carro onde pessoas com diferentes perfis de crédito podem ter acesso à compra de um automóvel.

A Kavak está presente em 80% do mercado da América Latina, com operações no México, Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Peru e, recentemente, na Turquia, sua primeira operação fora do continente americano. Ao redor do mundo, a Kavak conta com um inventário atual de mais de 30 mil carros.


https://www.istoedinheiro.com.br/kavak-firma-acordos-financeiros-de-us-810-milhoes/

 



 

Grupo Itapemirim tem falência decretada pela Justiça de SP

Saiba quem é o dono da Itapemirim, que teve bens bloqueados pela Justiça -  Economia - Estado de Minas


SÃO PAULO (Reuters) – O Grupo Itapemirim teve nesta quarta-feira falência decretada pela 1° Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo.

A decisão, assinada pelo juiz João de Oliveira Rodrigues Filho, vem após o pedido de falência do grupo pela administradora judicial EXM Partners.

Rodrigues menciona dívidas de 106,2 milhões de reais do grupo, com base em dados de maio de 2022, enquanto o passivo tributário inadimplido era de 2,39 bilhões de reais até outubro de 2021. Também são citadas obrigações trabalhistas, entre outras, na decisão.

O Grupo Itapemirim pediu recuperação judicial em março de 2016 e viu a situação piorar ao longo dos anos, em derrocada que teve seu auge público com a suspensão das operações da companhia aérea Ita no final do ano passado.

Na sentença, o juiz mencionou que o gestor judicial citou situação de “terra arrasada deixada pela antiga gestão sob o comando do senhor Sidnei Piva de Jesus e sua equipe, bem como vêm encontrando dificuldades na obtenção de todas as informações pertinentes ao bom andamento da empresa e, sobretudo, da recuperação judicial”.

Além disso, a nova gestão viu sucateamento da frota da companhia. Segundo mencionado na sentença, até o final de junho a empresa tinha 19 ônibus com documentação pendente, “110 com diversos problemas de manutenção estacionados em várias garagens do Brasil, 62 ônibus em condições deploráveis, sem qualquer condição de uso ou com custo inviável para serem restaurados”.

(Por Andre Romani)



 

Itaú BBA corta BTG Pactual para ‘market perform’; unit cai mais de 4%


Itaú BBA corta BTG Pactual para ‘market perform’; unit cai mais de 4%

Sede do BTG Pactual em São Paulo




(Por Paula Arend Laier)

 

 

Itaú BBA corta BTG Pactual para ‘market perform’; unit cai mais de 4%

Itaú BBA corta BTG Pactual para ‘market perform’; unit cai mais de 4%

Sede do BTG Pactual em São Paulo


(Reenvia matéria para alterar redação de ‘market perform’ no título)

 

(Reuters) – Analistas do Itaú BBA cortaram a recomendação das units do BTG Pactual para ‘market perform’, bem como reduziram o preço-alvo para 31 reais, de 34 reais anteriormente, de acordo com relatório a clientes nesta quarta-feira.

Às 12:02, as units do BTG caíam 4,66 %, a 26 reais, pior desempenho do Ibovespa, que cedia 0,7%.

Pedro Leduc e equipe afirmaram que os resultados do maior banco de investimentos da América Latina têm sido ótimos e que estavam mudando pouco suas estimativas, mas que discordavam dos múltiplos.

Eles destacaram que o retorno para o patrimônio (ROE) de 20% do BTG não é mas um diferencial em relação aos grandes bancos e a expansão de 12% esperada para o lucros em 2023 é semelhante, com desafios iguais se o crédito corporativo se deteriorar.

Na visão dos analistas, o múltiplo de preço sobre lucro estimado para 2023 do BTG, de 12 vezes, contra 6,5 vezes de bancos, significa um grande prêmio embutido nos negócios de alto crescimento/tarifas do BTG.

Leduc e equipe avaliaram, contudo, que se o humor no mercado melhorar por causa de juros globais, apostas em grandes bancos ou nomes de crescimento têm mais espaço para um ‘re-rating’.

No caso de as coisas piorarem, acrescentaram, o BTG ainda tem um alto prêmio de múltiplo versus grandes bancos, com menor amortecimento nas estimativas e um prêmio implícito robusto em outros negócios.

As novas projeções do Itaú BBA apontam lucro líquido de 7,987 bilhões de reais em 2022 e de 8,935 bilhões de reais em 2023, ante estimativas anteriores de 8,073 bilhões de reais e 9,009 bilhões de reais, respectivamente.

Para o ROE recorrente, eles veem agora em 19,5% neste ano e 18,7% no próximo. Antes, esperavam 19,7% e 18,8%, respectivamente.

(Por Paula Arend Laier)

 

segunda-feira, 19 de setembro de 2022

Instituições estão prontas para enfrentar Bolsonaro se ele contestar resultado eleitoral


Crédito: REUTERS/Carla Carniel

Manifestantes protestam a favor da democracia na Avenida Paulista, em São Paulo (Crédito: REUTERS/Carla Carniel)


Por Anthony Boadle e Ricardo Brito

 

BRASÍLIA (Reuters) – Enquanto o presidente Jair Bolsonaro (PL) prepara as bases para contestar uma possível derrota nas eleições de outubro, os tribunais, a liderança do Congresso, os grupos empresariais e a sociedade civil estão cerrando fileiras para reforçar a confiança na integridade do voto.

Mesmo os líderes das Forças Armadas, agora mais envolvidos no governo do que em qualquer outro momento desde a ditadura militar entre 1964 e 1985, oferecem garantias privadas a ex-colegas de que não querem participar de uma ruptura da ordem democrática, de acordo com ex-funcionários com laços estreitos com a liderança militar.

O resultado dessa equação é um incendiário populista de extrema-direita que está atrás nas pesquisas de intenção de voto, com pouca margem de manobra institucional para tirar o processo eleitoral dos trilhos, mas com apoiadores radicais suficientes para encher as ruas com manifestações furiosas se ele contestar o processo eleitoral como muitos esperam.

“Existe uma certeza nessa eleição: o presidente Bolsonaro somente aceitará um resultado, que é a vitória dele. Qualquer outro resultado será objeto de contestação. Isso é uma certeza absoluta. A dúvida é apenas quanta tensão o presidente Bolsonaro criará em torno dessa questão e como ele fará essa contestação”, disse Camilo Onoda Caldas, diretor do Instituto Luiz Gama e Pós-doutor pela Universidade de Coimbra em Democracia e Direitos.

Quando pressionado em entrevistas, Bolsonaro diz que respeitará o resultado da eleição desde que a votação seja “limpa e transparente”, sem definir nenhum critério.

Muitos acreditam que isso deixa espaço para turbulências após a votação. Autoridades eleitorais alertam para uma revolta inspirada na invasão do Capitólio dos Estados Unidos, em Washington no ano passado, se Bolsonaro perder para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como apontam as pesquisas.

Há mais de um ano, Bolsonaro vem insistindo em sua teoria sem provas de que as pesquisas estão mentindo, o sistema de votação eletrônica do Brasil está aberto a fraudes e os ministros do Supremo Tribunal Federal, que atuam no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e supervisionam as eleições, podem fraudar a votação a favor de Lula.

Mesmo um dos assessores de campanha de Bolsonaro, que pediu anonimato para falar livremente, não pode descartar manifestações violentas pós-eleitorais se o presidente contestar os resultados: “Bolsonaro é absolutamente imprevisível. Pode haver problemas”.

Bolsonaro mostrou que pode mobilizar facilmente dezenas de milhares de apoiadores, como fez nas manifestações do 7 de Setembro neste mês. Os manifestantes citaram as grandes multidões como evidência de que as pesquisas de opinião estão distorcidas e a fraude eleitoral é a única esperança de Lula.

“Se Lula ganhar a certeza de uma fraude vai ser muito grande. Então a população realmente vai ficar indignada, e uma população indignada fica fora de controle. Só Deus sabe o que pode acontecer”, disse Winston Lima, líder de atos bolsonaristas em Brasília e capitão da reserva da Marinha.

Determinadas a evitar isso, as grandes instituições brasileiras passaram o ano passado tentando se antecipar a Bolsonaro.

O Congresso votou contra sua pressão pelo voto impresso. Autoridades eleitorais criaram uma “comissão de transparência” com especialistas em tecnologia, grupos cívicos e órgãos governamentais para revisar as medidas de segurança e endossar as melhores práticas eleitorais. Um número recorde de observadores estrangeiros está vindo ao país para monitorar a eleição.

Líderes empresariais também redigiram declarações públicas expressando sua confiança no sistema eleitoral. O ministro do STF Dias Toffoli disse a jornalistas em São Paulo que o empresariado entendeu que uma ruptura com a democracia seria “suicídio econômico”, dado o risco de sanções da Europa e de outras potências ocidentais.

Aliados como os Estados Unidos também sinalizaram de forma pública e privada o que esperam da segunda maior democracia do Hemisfério Ocidental.

O diretor da Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA), Bill Burns, disse no ano passado aos assessores de Bolsonaro que ele deve parar de lançar dúvidas sobre o sistema de votação eletrônica do Brasil, informou a Reuters em maio.

Especialistas em eleições internacionais elogiaram as urnas eletrônicas do Brasil por acabar com a fraude generalizada na apuração das cédulas de papel antes de 1996, sem nenhum caso de fraude detectado desde então, apesar das acusações de Bolsonaro.

MANUAL DE TRUMP

A questão incomodou muitos em Washington que veem Bolsonaro seguindo os passos do ex-presidente dos EUA Donald Trump, cujas alegações sem fundamentos de fraude nas eleições norte-americanas de 2020 foram ecoadas pelo líder brasileiro mesmo após a invasão do Capitólio.

Bolsonaro foi um dos últimos líderes mundiais a reconhecer a vitória eleitoral do presidente norte-americano, Joe Biden. O presidente brasileiro alertou que as consequências da eleição do Brasil este ano podem ser piores do que as consequências da votação contestada nos EUA.

No entanto, enquanto Trump conseguiu desencadear uma série de ações judiciais e pressão política sobre as autoridades responsáveis pela contagem de votos, a votação no Brasil é administrada por tribunais eleitorais federais cujos juízes não hesitarão em enfrentar Bolsonaro.

Em particular, os ataques de Bolsonaro ao TSE e ao presidente da corte, o ministro do Supremo Tribunal Alexandre Moraes, parecem ter apenas fortalecido a determinação do juiz e de seus colegas.

Mesmo que Moraes tenha agido de forma mais unilateral do que alguns de seus antecessores, ele conta com amplo apoio entre os colegas juízes do STF, segundo duas pessoas familiarizadas com a instituição.

Bolsonaro criticou Moraes por supervisionar um inquérito sobre seus apoiadores, que supostamente espalharam difamação e desinformação online. No ano passado, ele chamou Moraes de “bandido” e disse que poderia se recusar a obedecer às decisões dele.

Nos corredores do poder em Brasília, o desconforto com as táticas duras do juiz ficou em segundo plano, enquanto seus pares e a maioria dos políticos apresentam uma frente unida em defesa dos tribunais e do processo eleitoral.

Quando Moraes assumiu o comando do TSE no mês passado, seu discurso de elogios ao sistema de votação eletrônica foi aplaudido de pé por uma plateia que incluía quatro ex-presidentes, cerca de 20 atuais governadores estaduais e uma série de líderes partidários. Bolsonaro não aplaudiu.

MILITAR EM DESTAQUE

Mesmo os oficiais do Exército encarregados por Bolsonaro de investigar as supostas vulnerabilidades do sistema eleitoral brasileiro ficaram satisfeitos com a abertura de Moraes aos seus pedidos desde que assumiu o TSE, segundo uma autoridade militar de alto escalão, que se recusou a ser identificado por motivos de protocolo militar.

Convidados pelo TSE para integrar sua comissão de transparência, as Forças Armadas brasileiras têm desempenhado um papel inédito na investigação da segurança do sistema eleitoral do país.

Os críticos questionam a proeminência dos militares no processo, especialmente porque suas preocupações ecoaram a retórica de Bolsonaro sobre possíveis fraudes. O presidente, ex-capitão do Exército, encheu seu gabinete com ex-oficiais militares, enquanto dizia aos apoiadores que as Forças Armadas estão “do nosso lado”.

No entanto, as Forças Armadas se aproximaram de estabelecer uma “contagem paralela” na noite das eleições, como sugeriu Bolsonaro. Em vez disso, os representantes militares planejam fazer verificações pontuais das máquinas de votação, comparando as leituras de papel em algumas centenas de estações de votação com os resultados enviados ao servidor do TSE.

É uma tarefa incomum para as Forças Armadas na jovem democracia brasileira, mas os militares insistem que não é um sinal de ambições políticas.

O ex-ministro da Defesa Raul Jungmann descartou qualquer risco de golpe, contrastando o país hoje com o Brasil em 1964: o golpe militar naquele ano foi abertamente apoiado por muitas das elites empresariais brasileiras, famílias de classe média, igrejas e grande mídia, muito longe do ambiente atual.

“O ministro da Defesa aderiu completamente, o que foi uma surpresa para os generais, que vêm a postura dele como um desgaste para as forças. Mas da parte do Alto Comando não há nenhuma possibilidade de se envolverem em uma aventura”, disse um político veterano em conversas regulares com chefes militares.

(Reportagem adicional de Lisandra Paraguassu)


 

Empresários compram terras para formar ‘corredor’ de preservação no Pantanal


Crédito: Reprodução/LinkedIn/Cândido Bracher

Entre os empresários que estão investindo no Pantanal está Cândido Bracher, presidente do Itaú (Crédito: Reprodução/LinkedIn/Cândido Bracher)


Enquanto a preservação da fauna e da flora não faz parte dos projetos prioritários dos governos brasileiros, grupos de pessoas que incluem empresários, banqueiros, médicos e até um ex-piloto de corrida tentam, por conta própria, garantir a conservação do Pantanal comprando fazendas na região para preservá-las. O foco são áreas estratégicas para o bioma que estão sob algum grau de ameaça.

Com compras diretas, doações para aquisições por terceiros e adesão de fazendeiros locais, que assumem compromissos de preservação, o grupo contabiliza, até agora, 536 mil hectares (5,3 mil km²) onde não entram culturas que degradem solo e rios – como o plantio de soja -, pesca predatória, caça de animais e desmatamento. Também há o compromisso de criar brigadas para evitar ou combater incêndios.

A área equivale a três vezes e meia a cidade de São Paulo. De todo o Pantanal, representa uma fatia de 3,5%. A conservação desse território envolve dois grupos organizados que compram ou administram propriedades privadas. Um deles é chamado de Aliança 5P (de pantanal, preservação, parcerias, pecuária e produtividade), que atualmente reúne 12 fazendas formando um dos maiores corredores privados de vida selvagem do mundo.

Uma das articuladoras da 5P é a ambientalista Teresa Bracher, dona de algumas fazendas na região junto com o marido, Candido Bracher, acionista e ex-presidente do Itaú. A Fazenda Rio Negro, do banqueiro André Esteves, fundador do BTG Pactual, também está na Aliança.

É na Rio Negro que foram gravadas cenas da novela Pantanal. Também é integrante do grupo o sócio fundador e CEO da Pandhora Investimentos e presidente do SOS Pantanal, Alexandre Bossi. A Aliança envolve várias outras pessoas que não querem ser identificadas.

O outro grupo, da Serra do Amolar, é coordenado pelo Instituto Homem Pantaneiro (IHP), com sete fazendas e cinco RPPNs (Reserva Particular do Patrimônio Natural). É presidido por Ângelo Rabelo, coronel reformado que ajudou a criar a Polícia Militar Ambiental em Mato Grosso do Sul.

Ambas as áreas estão conectadas a dois parques, o Parque Nacional do Pantanal Matogrossense, que é público mas recebe ajuda do IHP, e o Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro, ambos no Mato Grosso do Sul. O objetivo dos grupos é continuar comprando áreas com boa diversidade, em especial as que estejam sob risco de desmatamento ou de serem adquiridas por pessoas não comprometidas com a preservação. A intenção é formar grandes corredores ecológicos e manter o bioma como o mais preservado do País.

Doações

Somente entre 2020 e 2021, a Aliança 5P conseguiu, em doações, R$ 110 milhões para a compra de duas fazendas. Uma delas, adquirida no ano passado, é a São Francisco de Perigara, em Mato Grosso. A área tem a maior concentração de araras azuis do mundo. Durante o incêndio de 2020, teve grande parte de seu território queimado, e as proprietárias decidiram vendê-la.

“É uma área super preservada, onde estão 15% de toda a população do mundo de araras azuis. Também tem onças-pintadas e outros animais, por isso achamos importante que seja preservada para sempre”, afirma Mario Haberfeld, ex-piloto de Fórmula Indy, fundador da Associação Onçafari, que também integra a 5P.

A Onçafari é uma ONG criada em 2011 para promover a preservação da biodiversidade em diversos biomas brasileiros, com ênfase em onças-pintadas e lobos-guarás. Após 20 anos atuando em corridas, Haberfeld largou as pistas e fez várias viagens pelo mundo. Conheceu animais como o urso panda, na China, leões na África e tigres na Índia.

“Percebi que muitos deles estavam sendo salvos graças ao ecoturismo, pois passaram a ter valor econômico”, diz o ex-piloto. “As pessoas entenderam que os animais valem mais vivos do que mortos”. Ele se inspirou nessas experiências para seu projeto de ecoturismo.

A sede da entidade, que tem nove bases espalhadas pelo País, fica no Refúgio Ecológico Caiman (MS). A fazenda pertence há vários anos ao empresário Roberto Klabin, da gigante de papéis Klabin, que sempre manteve projetos de conservação ambiental.

Parte do local é uma RPPN e também há uma área para criação de gado, de forma sustentável. A criação de gado é principal atividade econômica do Pantanal e os ambientalistas trabalham para que haja equilíbrio entre a produção e preservação. Uma das maneiras é manter pastos só com grama nativa, não usar agrotóxicos e nem desmatar.

Ecoturismo

À medida em que as áreas do pantanal vão ficando mais secas por falta de chuvas, em parte por causa das mudanças climáticas, começam a ocorrer pressões de fazendeiros para a introdução de outras atividades, como o plantio da soja, que tem impacto muito mais negativo do que o gado, pontua Haberfeld.

A fazenda Caiman abriga uma pousada e Haberfeld se uniu a Klabin para, por meio da Onçafari, promover a conservação e contribuir com o desenvolvimento socioeconômico da região com ecoturismo, educação ambiental, atuação junto às comunidades e estudos científicos sobre as onças-pintadas. O local recebe visitantes do mundo todo. A ONG também atua na recuperação de animais feridos para que possam voltar aos seus hábitats.

A outra fazenda adquirida com doações privadas, em 2020, foi a Santa Sofia. A ex-proprietária, Beatriz Randon, chegou a ser presa após a descoberta de que usava o local para turismo de caça de onças. Após as denúncias, ela colocou a fazenda à venda.

“Tinha um pessoal que queria comprar a área para desmatar e a Teresa (Bracher) sugeriu juntar um grupo para comprá-la e mantê-la integralmente como área de proteção”, conta Raquel Machado, médica dermatologista que é uma dos oito cotistas que bancaram a compra, assim como Teresa e a Onçafari. “Nós mudamos o futuro das onças de lá”, diz. Foi depois dessa iniciativa que a 5P foi criada.

Raquel e seu marido, o administrador Irllau Machado, já tinham histórico de comprar áreas para fins de preservação. Em 2008, eles adquiriram um sítio em Porto Feliz (SP). Ela conta que ficou chocada ao tomar posse da área e encontrar um papagaio preso em uma gaiola, deixado pelo antigo proprietário.

Buscou ajuda no Ibama e construiu um local amplo para que a ave pudesse voar. Acabou virando uma mantenedora (pessoa ou entidade que recebe animais do Ibama para guarda e recuperação para soltura.

“Começamos com papagaios, depois vieram periquitos, tucanos, araras, macaco prego e bugio, cachorro do mato, anta e ratão do banhado, grande parte recuperada de traficantes de animais” Hoje o sítio não tem espaço para receber mais animais. Para que o projeto seja mantido, foi criado, há dois anos, o Instituto Raquel Machado.

Paralelamente, o casal compraram duas áreas em Bonito (MS), chamadas de Santuário e Saci, e as transformou em RPPNs. Raquel também tem duas fazendas adquiridas no ano passado no sul do Pará . Uma delas, a Reserva São Benedito, com 1,2 mil hectares (12 km²) de mata fechada e preservada, teve toda sua extensão atingida por um incêndio no início do mês.

Segundo ela, o vizinho da área colocou fogo na propriedade dele, provavelmente para formar pasto, mas o fogo se espalhou e atingiu sua reserva. “Esse fazendeiro foi autuado em 2020 pelo mesmo motivo, mas voltou a repetir a ação”, diz Raquel, que tem registros do início do fogo na área vizinha. “A minha área queimou inteira; um sonho acabou, virou pó”.

Crédito de carbono

Na Serra do Amolar, que teve mais de 90% de sua área atingida pelo incêndio de 2020, o maior já ocorrido no Pantanal, o IHP adquiriu ou administra sete fazendas, a maior delas pertencente a Teresa Bracher.

Também inclui cinco RPPNs – uma delas é uma fazenda que pertenceu ao empresário Eliezer Batista e foi doada ao instituto. Ao longo de cinco anos (até 2013), o empresário Eike Batista, filho de Eliezer e dono da EBX, contribuiu com doações anuais de cerca de R$ 3 milhões ao IHP, antes da falência do grupo.

Além de doadores privados que ajudaram na aquisição de fazendas transformadas em RPPNs, o IHP conta com patrocínios de empresas como JBS e General Motors e captação de recursos por meio de editais. Recentemente, lançou um programa de ecoturismo sustentável e foi certificado para a venda de créditos de carbono.

Em 2008 foi criada a Rede Amolar, parceria entre o IHP, Instituto Acaia Pantanal, Fazenda Santa Tereza, Fundação Ecotrópica, Instituto Chico Mendes e Polícia Militar Ambiental com o propósito de defender a biodiversidade local.

“A extinção de espécies ocorre por destruição do hábitat, por isso o grande desafio é assegurar corredores que permitam não só a sobrevivência, mas evite a consanguinidade (cruzamento de animais da mesma família), que também leva à extinção”, afirma Rabelo. Com grandes áreas para habitação, isso é mais difícil de ocorrer.

Soja se aproxima

Outra iniciativa para preservação do Pantanal e de outros biomas ao seu redor vem do Instituto Delta do Salobra (IDS), criado em 2019 pelo documentarista Maurício Copetti. A ONG pretende unificar várias áreas para a formação de um grande corredor verde.

A família de Copetti tem uma propriedade na região do Delta do Rio Salobra e, em 1997, ele construiu a Pousada Refúgio da Ilha, onde promove o turismo sustentável, mas percebeu que não adianta preservar sua propriedade se no entorno há destruição.

O objetivo do IDS é criar soluções para o desenvolvimento sustentável da região e, ao mesmo tempo, descobrir possibilidades de obtenção de renda, como o ecoturismo, pois é preciso ter uma economia para manter quem vive na área.

Copetti explica que já existe no local um corredor natural que precisa ser consolidado com a garantia de preservação. Para isso, o IDS, em parceria com a Embrapa Pantanal, têm conversado com proprietários locais para se unirem em projetos de preservação. “Nossa instituição é muito pequena, vive de algumas doações e taxas de conservação dos visitantes, mas está empenhada em conquistar essas áreas aos poucos”, diz.

A junção do Delta do Salobra a outros projetos como os da Aliança 5P e Rede Amolar, passando pela Serra da Bodoquena e a terra indígena Kadiuéw, criaria um corredor com cerca de 1,2 milhão de hectares (12 mil km²) que vai além do Pantanal. “Teríamos um território com diversidade de cultura, com serras, diferentes pantanais, mata atlântica e chaco”, afirma o documentarista.

O receio é a chegada mais intensa da soja, já presente na região “e que afeta diretamente na transparência da água, turvando-a totalmente”, diz Copetti. O cultivo ocorre em maior escala em Bonito (MS), importante ponto turístico.

Leonardo Gomes, diretor de Estratégias do SOS Pantanal, conta que, na área de planície do Pantanal no Mato Grosso do Sul foram identificados recentemente 600 hectares de plantação de soja. A suspeita, porém, é de que pode ser ainda maior. “Está ocorrendo principalmente em áreas que não alagam há uns dois ou três anos por causa das mudanças climáticas.”

“Se a soja chegar ao Delta do Salobra será um grande problema”, diz Copetti, que tem visto aumentar a seca na região. Neste ano não houve as tradicionais enchentes de janeiro a março. “Em 24 anos eu nunca tinha visto isso. Há lugares em que a canoa não entra mais, é preciso descer e empurrá-la; as ariranhas não reproduzem mais lá porque o rio está seco e não tem peixe”. A famosa cachoeira Boca da Onça também está seca.

Segundo Copetti, o movimento de compra de terras para conservação começa a chegar ao Delta. “Há pelo menos uma negociação em andamento”. Também há investidores estrangeiros interessados em patrocinar projetos envolvendo as comunidades locais. As informações são do jornal  

 

O Estado de S. Paulo.


Importação chinesa de soja cai 24,5% em agosto e a de milho recua 44,4%




A 'inimiga' China garantiu 70% do saldo comercial brasileiro - Brasil 247



São Paulo, 19 – As importações chinesas de soja totalizaram 7,17 milhões de toneladas em agosto deste ano, recuo de 24,5% ante igual período do ano passado, de acordo com dados divulgados pelo Departamento de Alfândegas da China nesta segunda-feira (Gacc, na sigla em inglês). No acumulado do ano, o país asiático importou 61,33 milhões de toneladas da oleaginosa.

Dentre os derivados da oleaginosa, a China adquiriu 30 mil toneladas de óleo de soja em agosto deste ano, queda de 76% em relação ao volume registrado um ano antes. De janeiro a agosto de 2022, a importação da commodity totalizou 210 mil toneladas.

As importações chinesas de milho chegaram a 1,8 milhão de toneladas em agosto, volume 44,4% inferior ante o registrado em agosto de 2021. No acumulado do ano, o país importou 16,93 milhões de toneladas do cereal.

De trigo, os chineses importaram 530 mil toneladas no mês passado, queda de 25,4% na comparação anual. No acumulado do ano, as importações do cereal pelo país asiático totalizaram 6,25 milhões de toneladas.

A China importou 110 mil toneladas de algodão no mês passado, avanço de 24,9% ante igual intervalo de 2021. A importação da fibra natural totalizou 1,37 milhão de toneladas entre janeiro e julho deste ano.

As compras chinesas de óleo de palma atingiram 300 mil toneladas em agosto, volume 36,1% menor que o importado um ano antes. No acumulado do ano, a importação da commodity atingiu 1,616 milhão de toneladas.

De lácteos, 260 mil toneladas foram importadas pela China em agosto, 25,9% a menos do que em igual período do ano anterior. Entre janeiro e agosto, o país comprou 2,29 milhões de toneladas de produtos lácteos do mercado externo.

As importações chinesas de açúcar somaram 680 mil toneladas em agosto, aumento de 35,8% ante igual mês do ano anterior. No acumulado do ano, as importações do adoçante alcançaram 2,73 milhões de toneladas.

As compras de fertilizantes foram de 950 mil toneladas, aumento de 88% ante agosto do ano passado. De janeiro a agosto, a China importou 6,28 milhões de toneladas.




 

Banco Mundial vê pior cenário desde os anos 1970

 


Crédito: Pixabay

Banco Mundial: estudo adverte para o crescente risco de crises financeiras em economias emergentes e em desenvolvimento (Crédito: Pixabay)

O aperto monetário colocado em marcha pelos principais bancos centrais para tentar controlar a alta da inflação pode deflagrar um cenário de recessão global em 2023, alertou o Banco Mundial em relatório divulgado na semana passada. O estudo adverte para o crescente risco de crises financeiras em economias emergentes e em desenvolvimento.

Segundo estimativas da entidade, para controlar a escalada dos preços, os BCs ao redor do mundo terão que subir juros em uma média de 2 pontos porcentuais. Se acompanhado por estresse nos mercados financeiros, esse ritmo desaceleraria o crescimento do PIB do planeta a 0,5% em 2023 e de 0,4% em termos per capita.

Esse resultado cumpriria os critérios técnicos para definir uma recessão. O documento destaca ainda uma série de evidências que apontariam para um quadro recessivo no horizonte. Segundo a análise, a economia global registra a mais acentuada desaceleração desde os anos 1970.


As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.