Por Letícia Fucuchima
SÃO PAULO (Reuters) – Buscando crescer nos setores de geração e
transmissão de energia, a Engie Brasil pretende estudar grandes linhas
de transmissão que devem ir a leilão em 2023 –inclusive um projeto de 18
bilhões de reais em investimentos–, ao mesmo tempo em que busca novos
negócios em energias renováveis, tanto via aquisições quanto
empreendimentos próprios.
Em reunião com investidores nesta quarta-feira, executivos da Engie
destacaram que, mesmo atenta a oportunidades de crescimento, a empresa
também monitora riscos ligados a fornecedores, principalmente no mercado
eólico, já que alguns fabricantes de aerogeradores vêm enfrentando
dificuldades na entrega de equipamentos.
Em transmissão de energia, a Engie planeja estudar os lotes que irão a
leilão em 2023, até mesmo um empreendimento que exigirá 18 bilhões de
reais em investimentos, indicou Guilherme Ferrari, diretor de Novos
Negócios.
“Acho que nenhum player consegue encampar sozinho esse tipo de
investimento… Você vai ter que montar tanto parcerias técnicas, quanto
de capacidade de investimento. A ideia inicial é olhar esse lote…
Certamente vai ser um lote de atenção não só da Engie, como de outros
players do setor”.Os leilões de transmissão do ano que vem devem oferecer ao mercado
grandes projetos, principalmente para escoamento da energia gerada no
Nordeste para os centros de carga do Sudeste. A expectativa é de que,
combinados, os lotes somem mais de 50 bilhões de reais em investimentos.
Apesar das perspectivas positivas para o setor de transmissão nos
próximos anos, os executivos da Engie Brasil disseram ver com
preocupação o elevado volume de projetos que devem ser leiloados de uma
vez, já que essa concentração tende a aumentar riscos associados à
implantação, como a qualidade da mão de obra e a entrega de
equipamentos.
Já no setor de geração, a Engie Brasil continua monitorando
oportunidades em energias renováveis, como potenciais aquisições e o
desenvolvimento de novos projetos “greenfield” (do zero).
Ferrari disse que, apesar do cenário de sobreoferta do mercado de
energia no médio prazo, a companhia detém uma carteira de projetos
“robusta” para desenvolvimento.
DIVIDENDOS
Mesmo com o maior nível de investimentos previsto para os próximos
anos, a companhia pretende manter a distribuição de dividendos em 100%
do “payout”, disse o CEO, Eduardo Sattamini.
“Cabe dentro do nosso balanço, estamos com 2 vezes dívida líquida
sobre Ebitda, bastante confortável”, afirmou o executivo, acrescentando
pode haver uma redução temporária nos dividendos em momentos de maior
execução de Capex, mas nada permanente.
ABERTURA DE MERCADO
A Engie Brasil também se vê preparada para capturar novos clientes
que devem migrar para o mercado livre de energia a partir de 2024, após
ter lançado uma plataforma digital e produtos específicos para atender
consumidores de pequeno porte, conhecidos como “varejistas” no setor
elétrico.
Diretores afirmaram que têm trabalhado para valorar adequadamente os
preços de venda de energia no “varejo elétrico”, já que esse segmento
opera sob uma lógica diferente dos grandes clientes que as elétricas
estão acostumadas a atender.
Gabriel Mann, diretor de Comercialização, disse que o lançamento de
uma plataforma digital para facilitar a migração dos pequenos clientes
ao mercado livre foi crucial, uma vez que ela reduziu os custos de
transação envolvendo esses clientes.
Ele destacou ainda que a companhia tem um programa de parceiros que
ajuda na captura desses pequenos clientes, que estão espalhados por todo
o país. “Isso me ajuda a manter adequado custo de transação e me dá a
capilaridade no Brasil inteiro”, explicou.
Os esforços realizados para acessar o mercado de varejo elétrico
elevam os custos da companhia, o que acaba sendo embutido nos preços de
venda, a fim de garantir uma margem adequada nessas operações,
acrescentou Mann.
Em relação a riscos de inadimplência, Sattamini disse que o índice
tem sido “muito baixo, quase zero”. Segundo ele, em alguns casos ocorre
atraso no pagamento das contas, mas os consumidores acabam quitando as
pendências antes de cair em inadimplência.
NOVOS INVESTIMENTOS DA TAG
Durante a reunião da Engie Brasil, a transportadora de gás TAG
anunciou que pretende investir 3,3 bilhões de reais entre 2023 e 2027,
sendo metade desse valor para projetos de expansão do mercado, como
novos gasodutos.
(Por Letícia Fucuchima)