quinta-feira, 6 de abril de 2023

CEO do UBS diz à equipe do Credit Suisse para manter foco em clientes e negócios


CEO do UBS diz à equipe do Credit Suisse para manter foco em clientes e negócios

Sergio Ermotti, presidente-executivo recém-contratado do UBS, em coletiva de imprensa em Zurique, Suíça

Por John Revill e Oliver Hirt

 

ZURIQUE (Reuters) – O presidente-executivo do UBS, Sergio Ermotti, disse aos funcionários do Credit Suisse que é “crucial” manter o foco nos clientes e manter os negócios funcionando à medida que a fusão dos dois bancos avança, de acordo com um memorando interno visto pela Reuters.

“Não podemos nos deixar distrair demais pelos esforços de integração”, disse Ermotti no memorando. “É crucial para nós mantermos o foco em apoiar nossos clientes e manter a excelência operacional.”

No mês passado, as autoridades suíças anunciaram a aquisição do Credit Suisse pelo UBS em uma fusão forçada para conter mais turbulências bancárias depois que o banco menor chegou à beira do colapso.

O UBS anunciou na semana passada que estava recontratando Ermotti como presidente-executivo, seu ex-chefe de 2011 a 2020, para conduzir a aquisição que criará um banco com 1,6 trilhão de dólares em ativos e mais de 120 mil funcionários.

Em sua primeira comunicação com a equipe do Credit Suisse após assumir o cargo de presidente-executivo do UBS, Ermotti disse que haverá “mudanças e decisões difíceis” pela frente.

O banco criado pela fusão está prestes a reduzir sua força de trabalho em 20% a 30%, noticiou o jornal suíço Tages-Anzeiger no fim de semana, citando um gerente sênior não identificado do UBS.

O vice-presidente do Conselho de Administração do UBS, Lukas Gaehwiler, disse aos acionistas do banco na quarta-feira que é muito cedo para especular sobre cortes de pessoal.

Ermotti pediu aos funcionários que fossem pacientes enquanto a empresa trabalhava em suas próximas etapas.

“Embora seja muito cedo para especular sobre o estado final da organização combinada, vocês têm meu compromisso de que trataremos todos os funcionários do Credit Suisse e do UBS de maneira justa”, escreveu ele.


Expansão gradual do BNDES não criará problemas para política monetária, diz Barbosa


Expansão gradual do BNDES não criará problemas para política monetária, diz Barbosa

Entrada do edifício-sede do BNDES no Rio de Janeiro

 

SÃO PAULO (Reuters) – O objetivo de expansão gradual do BNDES para alcançar um nível de desembolsos de 2% do PIB em 2026 ante 1% em 2022 não é empecilho para a política monetária, com a gestão do banco de fomento preocupada em ser parceira do mercado de crédito privado e não um rival para os financiamentos, afirmou o diretor de planejamento da instituição, Nelson Barbosa, nesta quinta-feira.

O ex-ministro da Fazenda no governo de Dilma Rousseff afirmou durante evento online organizado pelo Bradesco BBI que o banco está trabalhando em seu planejamento para os próximos quatro anos e que entre as metas principais estão nível de Basileia de 15% a 20% e um pagamento de dividendos da ordem de 25%.

“Não é uma volta daquele BNDES que tinha subsídio muito elevado do Tesouro, principalmente ali entre 2018 e 2014”, disse Barbosa. “Só a magnitude (da expansão do banco) já daria tranquilidade a quem se preocupa com a eficiência da política monetária”, acrescentou.

“O BNDES crescer até 2% do PIB até 2026 não me parece um impulso de demanda significativo num quadro macroeconômico. Creio que só o evento Americanas teve um impacto maior do que esse em dois meses, em termos de contração de crédito”, disse Barbosa. Ele se referiu ao processo de recuperação judicial da rede varejista em janeiro.

O Banco Central tem reforçado em sua comunicação que políticas “parafiscais” expansionistas podem diminuir a potência da política monetária. Na quarta-feira, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, tocou no assunto ao destacar que o alto volume de crédito subsidiado é uma das razões que leva o país a ter o maior juro real do mundo.

“Não creio que crie empecilhos de fato, com magnitude relevante para a política monetária”, disse Barbosa. Ele acrescentou que o BNDES vai explicar o tema ao Banco Central, “se e quando o Ministério da Fazenda concordar…seria inadequado o BNDES procurar o Banco Central para explicar uma medida que o Ministério da Fazenda ainda está analisando”.

DESINVESTIMENTOS

Questionado sobre a carteira de investimentos do BNDES, Barbosa afirmou que o banco “não tem orientação” para continuar com a política de vendas aceleradas dos últimos quatro anos.

No final de 2022, a carteira do BNDES estava em 62,7 bilhões reais, 58,7 bilhões em ações e o restante em fundos de investimento. A carteira de ações, após o forte ritmo de vendas de participações do banco, ficou concentrada em quatro empresas: Petrobras, Eletrobras, JBS e Copel.

“Com essa concentração e dado o estado atual do mercado acionário, incerteza não só sobre as tendências de juros no Brasil, mas também nos Estados Unidos e Europa, não faz parte da atual estratégia uma política agressiva de desinvestimento no curto prazo”, disse Barbosa.

“Hoje não há uma orientação para desinvestimento rápido da carteira como houve nos últimos quatro anos, também não há uma orientação clara para investimento, para acumulação”, acrescentou.

FUNDING

Durante a conferência, Barbosa afirmou que o BNDES precisa “andar com as próprias pernas” e reduzir a dependência de recursos do FAT para suas operações de financiamento.

Uma das propostas do BNDES, sujeita à aprovação do Congresso, é a criação do instrumento de captação Letra de Crédito de Desenvolvimento (LCD), com isenção de imposto de renda e nos moldes das LCI e LCA atuais, disse Barbosa.

“Com isso o BNDES pode captar ele mesmo, não dependendo de repasses do FAT somente…Se a Fazenda concordar e o Congresso aprovar, nós podemos começar no final do ano”, disse o diretor. “Seria uma fonte para gradualmente o BNDES fazer o que os bancos lá fora já fazem, ou seja, sua principal fonte de recursos é sua própria captação.”

Segundo Barbosa, o mecanismo traria como vantagens o fim da discussão de subsídio nas captações de recursos do banco. “Não há o que se falar em subsídio implícito nesse caso, é uma intermediação financeira onde a atividade do BNDES seria beneficiada somente pelo fato de a captação não incidir imposto de renda.”

Além disso, Barbosa citou que o BNDES pretende retomar captações internacionais de recursos depois que o canal teve em 2022 o valor mais baixo da história do banco de fomento. “São várias fontes que podem permitir levar os desembolsos do banco para a média histórica (de 2% do PIB) de maneira sustentável.”

PAC 3

O diretor de planejamento do BNDES afirmou ainda que o governo e o banco têm trabalhando em um novo programa de investimentos em paralelo às atividades de gestor de projetos de concessões de ativos de infraestrutura que ganharam ênfase durante a gestão anterior do banco.

O nome do novo programa ainda não foi decidido, disse Barbosa, se referindo a ele como “PAC 3”, uma alusão à sigla usada nos governos petistas anteriores de Programa de Aceleração do Crescimento.

“É um novo programa de investimento que vai ter várias áreas e dentro das áreas o BNDES pode contribuir muito…O objetivo é ajudar o governo a estruturar um plano nacional de PPPs (Parceria Público-Privada)”, disse Barbosa.

Ele afirmou que a ideia é levar a experiência do BNDES em estruturar PPPs para municípios e Estados em áreas como iluminação e saneamento, “para uma escala nacional”, e citou entre as áreas de interesse saúde e educação.


Taxas futuras de juros fecham em alta após críticas de Lula à Selic e antes de feriado no Brasil


Taxas futuras de juros fecham em alta após críticas de Lula à Selic e antes de feriado no Brasil

Presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante café da manhã com jornalistas, no Palácio do Planalto, em Brasília

SÃO PAULO (Reuters) – Após duas sessões de queda, as taxas dos contratos futuros de juros fecharam em leve alta nesta quinta-feira, com investidores repercutindo novas críticas do governo ao atual nível dos juros básicos e ajustando posições antes do feriado de sexta-feira no Brasil, quando saem dados importantes sobre emprego nos EUA.

Profissionais ouvidos pela Reuters afirmaram que o dia no Brasil foi marcado por liquidez reduzida em todos os mercados, em especial no período da tarde, quando muitas mesas de operações já estavam esvaziadas.

Depois dos recuos mais recentes nas taxas futuras, em especial na ponta longa, os comentários do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a manhã trouxeram um viés de alta para a curva.

Em café com colunistas em Brasília, Lula afirmou que se a atual meta de inflação está errada, ela deve ser alterada. Além disso, voltou a criticar o patamar da Selic, a taxa básica de juros, hoje em 13,75% ao ano, classificando-o como “incompreensível”.

“É no mínimo uma coisa não razoável de ser dita, porque se a meta está errada, muda-se a meta”, disse Lula.

A meta da inflação para 2023 é de 3,25%, com margem de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos. Para 2024 e 2025, o patamar estabelecido é de 3%, com a mesma banda de tolerância. Em fevereiro, o IPCA, índice de inflação de referência usado pelo governo, registrou alta acumulada em 12 meses de 5,6%, acima do teto da meta estabelecida para este ano.

A meta de inflação é estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), composto pelos ministros da Fazenda e do Planejamento e pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Desde o início do ano, especula-se que a meta para 2023 pode ser alterada em função da inflação acelerada, o que abriria espaço para a antecipação de cortes na Selic.

Campos Neto, no entanto, tem defendido que a mudança na meta pode ter o efeito contrário, com a piora das expectativas na curva de juros.

Nesta quinta-feira, os vértices mais longos da curva a termo refletiram certo desconforto com a fala de Lula.

Em entrevista à BandNews TV, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, adotou tom conciliador. Segundo ele, está havendo uma “convergência” entre as políticas fiscal e monetária. Haddad também chamou atenção para os elogios mais recentes do BC aos planos do governo para as contas públicas.

Neste contexto, no fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para outubro de 2023 estava em 13,51%, ante 13,495% do ajuste anterior. Já a taxa para janeiro de 2024 estava em 13,25%, ante 13,225% do ajuste anterior. A taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 12,035%, ante 11,968%. Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2027 estava em 11,99%, ante 11,908% do ajuste anterior.

Perto do fechamento, a curva a termo precificava apenas 3% de chances de o BC reduzir a Selic em 0,25 ponto porcentual no encontro de política monetária de maio e 97% de probabilidade de ele manter a taxa em 13,75% ao ano.

No exterior, em meio à expectativa pelos dados de emprego nos EUA nesta sexta-feira –quando é feriado no Brasil– os retornos dos Treasuries também sustentavam altas. Economistas consultados pela Reuters esperam que a criação de vagas de trabalho em março nos EUA tenha sido de 239 mil, após aumento de 311 mil em fevereiro

Às 16:45 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento– subia 1,10 ponto-base, a 3,2976%.

(Por Fabrício de Castro)

 

Vamos anuncia compra de rede de concessionárias de caminhões em acordo de R$331 mi

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SÃO PAULO (Reuters) – A companhia de locação de veículos pesados e equipamentos Vamos anunciou nesta quinta-feira aquisição da rede de concessionárias de caminhões Tietê, em um acordo que avalia a companhia em 331 milhões de reais.

Segundo a Vamos, o acerto vai adicionar 542 milhões de reais de faturamento à sua receita bruta, reforçando presença da empresa no Estado de São Paulo.

A Tietê tem três concessionárias em pontos de fluxo logístico de São Paulo, Guarulhos e Campinas e a Vamos afirmou que a aquisição da empresa vai trazer “novas oportunidades às operações” que incluem serviços de “customização” de caminhões, venda de implementos rodoviários e ampliação de rede de seminovos.

O pagamento da transação, realizada por uma subsidiária integral do grupo, vai ocorrer com uma parcela à vista de 174,7 milhões de reais, seguida por uma de 87,4 milhões no primeiro aniversário do acordo e uma final de 69,4 milhões no segundo ano.

 

Votorantim quer investir R$ 5,5 bi para ser mais competitiva

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A Votorantim, um dos maiores conglomerados empresariais do País, estima investimentos na ordem de R$ 5,5 bilhões em 2023. O foco será consolidar os negócios agregados mais recentemente à holding, bem como modernizar as atividades mais antigas. Em 2022, o grupo já havia realizado investimentos de R$ 5,8 bilhões.

“Teremos aportes para modernização das unidades consolidadas em busca de mais competitividade. Aí são investimentos já programados. Mas também teremos investimentos nos novos negócios, inorgânicos”, conta o presidente do grupo, João Schmidt, em entrevista ao Estadão/Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado). “Nós já fizemos movimentos ao longo de 2021 e 2022 que levaram à criação de várias plataformas de negócios e agora em 2023 vamos fazer a consolidação, explorando as oportunidades. Será um ano de consolidação e de novos investimentos”, complementa.

A holding atua nos segmentos de materiais de construção, financeiro, alumínio, energia limpa e renovável, mineração e metalurgia, suco de laranja, aços longos, imobiliário e infraestrutura.

O último ano foi bastante movimentado em termos de diversificação. O grupo concluiu em 2022 a reorganização societária dos ativos de energia da Votorantim e do CPP Investments, que resultou na criação da Auren, empresa listada no Novo Mercado da B3 e uma das maiores plataformas de energia renovável do Brasil.

Já no começo de 2023 veio outra tacada no setor de energia. Em uma nova parceria, a Votorantim e o CCP criaram a Floen, empresa de investimento em soluções de transição energética. Desta forma, a agenda de transição energética ganhou espaço na pauta de investimentos para 2023.


As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

 

O lifting da Natura com a L’Oréal


Ao fechar acordo de US$ 2,5 bilhões com a Natura, que se desfaz de sua marca australiana pelo valor equivalente ao seu endividamento, o maior grupo de cosméticos do mundo amplia o império no mercado de luxo asiático.

Crédito:  Adriano Vizoni

"Com uma estrutura financeira fortalecida e um balanço desalavancado, poderemos priorizar a América Latina" Fabio Barbosa Presidente da Natura&Co. (Crédito: Adriano Vizoni)

 

Dois dos maiores grupos de cosméticos do mundo ­— a Natura &Co e a francesa L’Oréal — anunciaram um lifting em suas operações globais, na terça-feira (4). Ao comprar por US$ 2,5 bilhões da marca australiana Aesop, o maior conglomerado de produtos de beleza do mundo, com sede em Paris, fortalece seus negócios no mercado asiático, especialmente na China. Para a companhia brasileira, o dinheiro da transação reforça o caixa e alivia a pressão dos juros, já que equivale a 100% de seu endividamento. Além disso, a empresa pretende fortalecer seus negócios na América Latina, região em que há países com mais sinergias e identidade com a marca. Para Fabio Barbosa, diretor-presidente da Natura &Co, a venda da Aesop marca um novo ciclo de desenvolvimento. “Com uma estrutura financeira fortalecida e um balanço desalavancado, poderemos aprofundar o foco em prioridades estratégicas, especialmente em seu plano de investimentos na América Latina”, afirmou Barbosa. “Também poderemos nos concentrar em continuar aprimorando os negócios da The Body Shop e reorientar a presença da Avon International”, disse. No ano passado, a Natura &Co registrou receita líquida de R$ 36,3 bilhões.

Sob comando do CEO Nicolas Hieronimus, a L’Oréal também tem como estratégia se fortalecer regionalmente, mas com foco na Ásia. Com mais de 100 anos e faturamento de 38,2 bilhões de euros em 2022, a empresa é dona de marcas como Garnier, Lancôme, Biotherm, Kérastase e Vichy, além da própria L’Oréal. No Brasil, é dona também da marca Niely ­— especializada em pele e cabelo afro. Embora seja uma grife australiana, a Aesop é bem posicionada como marca de luxo nos maiores mercados consumidores asiáticos. Para o CEO global Hieronimus, a Aesop está bem consolidada como um produto de luxo. “Trata-se de uma marca fortemente conectada com todas as tendências atuais, e a L’Oréal vai acelerar a realização de seu enorme potencial de crescimento, principalmente na China e no Travel Retail”, disse o CEO da L’Oréal.

LUXO AUSTRALIANO Com receitas de US$ 537 milhões em 2022 e 395 lojas, a venda da Aesop garante caixa para a Natura e expansão da L’Oréal. (Crédito:Divulgação)

Segundo a L’Oréal, a aquisição da Aesop faz parte de um plano de diversificação do portifólio do grupo. “A Aesop detém um posicionamento único no mercado global de beleza de luxo, graças à sua essência de marca liderada pelo design, seus produtos altamente eficazes e sensoriais, bem como sua filosofia de obcecada pelo cliente”, disse. “Temos grande confiança de que a Aesop se juntará ao clube de marcas bilionárias da L’Oréal Luxo e, portanto, contribuirá significativamente para o crescimento da divisão nos próximos anos.” A divisão de luxo da L’Oréal fez cinco aquisições regionais nos últimos cinco anos. Com a Aesop, isso levará a um portfólio de 24 marcas muito complementares, de acordo com a empresa.

EXPANSÃO DE UM IMPÉRIO Sob comando do CEO Nicolas Hieronimus, a L’Oréal expande seus negócios em todo o mundo e fortalece a operação no mercado de luxo da Ásia. (Crédito:AFP)

Desde que foi comprada pela Natura &Co, em 2012, a Aesop multiplicou exponencialmente seus resultados. Entre 2012 e 2022, as vendas brutas dispararam de US$ 28 milhões para US$ 537 milhões. O total de pontos de venda (lojas e quiosques) saltou de 52 para 395 e o número de países passou de oito para 29. No ano passado, a Aesop abriu sua primeira loja física na China e expandiu significativamente a categoria de fragrâncias. Após a concretização do negócio, Natura, Aesop e L’Oréal estarão com suas operações renovadas. Como deve ser o setor da beleza.

terça-feira, 4 de abril de 2023

Especialista vê manipulação de Musk ao trocar logo do Twitter por de criptoativo

 


Crédito: DogeCoin/Reprodução

Criptomoeda Dogecoin disparou 27% após Musk trocar logo do Twitter pelo da moeda digital (Crédito: DogeCoin/Reprodução)

 

 

Na segunda-feira, a criptomoeda Dogecoin disparou 27% após o dono do Twitter e da moeda digital (que é controlada pela Tesla, uma de suas companhias), Elon Musk, trocar o logo da rede social pelo meme conhecido como “doge”, que é o logo do criptoativo de forma estilizada.

Após a ação, muitos começaram a perguntar se o bilionário não estaria manipulando o mercado de ativos digitais de forma ilegal com a ação de propaganda velada.

De acordo com Joelson Sampaio, doutor em Mercados Financeiros pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), o fato de ele ter feito uma propaganda cruzada não é ilegal de forma geral.

“Você pode ter duas empresas e usar uma para divulgar a outra. O grande problema é quando você está no mercado de capitais, que é o caso, já que isso pode ser visto como uma forma de manipulação. E esse é o risco que ele tem e deve haver algum desdobramento em termo de processo”, afirma Sampaio.

 

No entanto, ele diz que é difícil provar esse tipo de crime, mesmo quando ele parece óbvio para o público em geral. “Certamente haverá um desafio para provar que houve manipulação, existe toda uma prova técnica necessária para ser produzida para provar que houve um desejo de manipular o mercado”, afirma.

Se o caso tivesse ocorrido no Brasil, Sampaio afirma que haveria a chance de ele ser processado pelos investidores e ser autuado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), com sanções que incluem multas e indenizações. No Twitter, o bilionário tratou o assunto com a ironia de sempre, compartilhando memes e agindo como se tudo fosse uma grande diversão para ele.

Mas, investidores que perderam milhões com a dogecoin acusam Musk de inflar o valor da moeda artificialmente e depois deixá-la cair, lucrando no processo, enquanto eles perderam milhões. Por conta disso, ele é alvo de um processo que pede US$ 258 bilhões em indenizações nos EUA.

Na semana passada, ele defendeu a moeda durante audiência do processo afirmando que ela é legítima, não um esquema de pirâmide como acusam os investidores. Musk diz que também teve grandes perdas quando o valor das criptomoedas sofreu uma forte queda em 2022.

LONGE DE MIM

Em 2022, Musk chegou chegou a afirmar que “nunca disse que as pessoas deveriam investir em criptomoedas”, já que os investidores de varejo sentem a dor do mercado de moedas digitais em queda.