Eles avaliam que o setor se
aproxima do fim de um ciclo de crédito ao consumidor, mas provavelmente
entrará em um terreno mais difícil para o crédito corporativo (Crédito:
REUTERS/Andrew Kelly)
SÃO PAULO (Reuters) – Analistas do Goldman Sachs aguardam a
divulgação dos resultados do primeiro trimestre dos bancos brasileiros
para ouvir mais sobre a disposição das instituições financeiras para
rolar dívidas, bem como a situação do mercado de crédito (DCM) após o
evento Americanas.
Eles avaliam que o setor se aproxima do fim de um ciclo de crédito ao
consumidor, mas provavelmente entrará em um terreno mais difícil para o
crédito corporativo. Para 2023, Tito Labarta e equipe reduziram suas
estimativas de lucros para os bancos, em média, em 2%.
Para os analistas, também são pontos de atenção as políticas macro do
governo, como plano fiscal, reforma tributária, limite de taxas de
juros, entre outros.
Eles ainda avaliam que a temporada de resultados corporativos, a
primeira desde a deterioração do setor bancário global, será uma
oportunidade também para os bancos brasileiros abordarem questões sobre
liquidez, capital e riscos à lucratividade.
“No Brasil, acompanhamos a evolução do crédito
corporativo, a desaceleração econômica e dos volumes de crédito e a
normalização do ciclo de crédito ao consumidor”, afirmaram os analistas, que dizem dar preferência a Banco do Brasil e Itaú Unibanco no Brasil.
“Itaú e Banco do Brasil continuam sendo nossas preferências antes do
(resultado do) trimestre devido à melhor qualidade de ativos e gestão de
risco (ALM)”, afirmaram.
“Por outro lado, Bradesco e Santander Brasil têm espaço limitado para
crescimento de lucros trimestrais, com ROEs (retorno sobre o
patrimônio) permanecendo abaixo do COE (custo de patrimônio líquido)”,
acrescentaram em relatório a clientes com data de domingo.
Para o BB, o Goldman Sachs prevê lucro líquido recorrente de 8,58
bilhões de reais no primeiro trimestre de 2023, com ROE recorrente de
21,1% e margem financeira (NIM) de 4,7%. No caso de Itaú, a estimativa é
de lucro de 8,37 bilhões de reais, com ROE e NIM de 20,5% e 4,4%,
respectivamente.
Bradesco deve apresentar lucro de 3,8 bilhões de reais, enquanto o
ROE deve ficar em 9,8% e a margem financeira em 4%. Em relação a
Santander Brasil, a previsão é de lucro de 2,2 bilhões de reais, com ROE
de 10,8% e NIM de 5,1%.
A filial do espanhol Santander abre o calendário de resultados entre
os grandes bancos brasileiros no dia 25 de abril, seguido por Bradesco,
dia 4 de maio, Itaú, dia 8 de maio e BB, dia 15 de maio.
(Por Paula Arend Laier)