segunda-feira, 10 de abril de 2023

Recuperação judicial da Virgin Orbit ameaça sonhos espaciais do Japão



Recuperação judicial da Virgin Orbit ameaça sonhos espaciais do Japão

Sede da Virgin Orbit, em Long Beach (EUA)

Por Eimi Yamamitsu

TÓQUIO (Reuters) – O pedido de recuperação judicial da Virgin Orbit, do bilionário britânico Richard Branson, foi um golpe duro nas esperanças do Japão de construir uma indústria espacial doméstica, com os planos para a construção de um porto espacial em Kyushu paralisados por falta de financiamento.

A prefeitura de Oita, que abriga o maior número de fontes termais do Japão, firmou parceria com a Virgin Orbit em 2020 para criar seu primeiro porto espacial na Ásia no Aeroporto de Oita. A Virgin Orbit utiliza um Boeing 747 como veículo lançador de foguetes em pleno voo.

A Virgin Orbit vinha se promovendo como uma plataforma de lançamento de satélites militares e de inteligência para os Estados Unidos e seus aliados, incluindo o Japão, em um momento em que Washington e Tóquio enxergam com preocupação a ascensão da China como uma potência espacial.

O objetivo original era lançar pequenos satélites a partir de Oita já no ano passado, mas isso nunca aconteceu após duas falhas recentes no lançamento de foguetes.

 Duas empresas japonesas, a unidade da ANA Holdings, All Nippon Airways Trading, e a pouco conhecida startup japonesa de desenvolvimento de satélites iQPS, surgiram entre os seis principais credores assim que a Virgin Orbit entrou com pedido de recuperação judicial, na terça-feira passada.

“Ficamos desapontados quando soubemos do anúncio, pois esperávamos que a situação melhorasse”, disse a iQPS sobre o pedido de recuperação judicial. “Esperamos que a Virgin Orbit retome seus negócios para o desenvolvimento da indústria espacial global.”

A prefeitura de Oita estimou que o porto espacial, semelhante à instalação da Virgin Orbit na Cornualha, na Inglaterra, traria benefícios econômicos de cerca de 10,2 bilhões de ienes (77,4 milhões de dólares) para a região ao longo dos cinco anos a partir de seu lançamento inicial.

Com expectativa de cerca de 240 mil turistas visitando a região, as empresas locais chegaram a criar souvenirs relacionados a alienígenas, como passaportes de outros planetas e bicicletas que lembram a do filme “E.T.”.

Os moradores ainda têm esperanças de que um porto espacial seja construído. “É possível que alguma outra empresa compre a Virgin Orbit. Além disso, existem outras companhias e concorrentes além da Virgin Orbit que estão considerando lançamentos horizontais, então a Oita ainda tem muitas opções para refazer um contrato com elas”, disse Kunio Ikari, que dá aulas de economia na Universidade de Oita.

A prefeitura de Oita disse que seus esforços para atrair um porto espacial permanecem, mas se recusou a comentar sobre a Virgin Orbit ou o status atual do projeto. O Aeroporto de Oita também se recusou a comentar.

 

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