terça-feira, 25 de abril de 2023

Portugal deveria se desculpar e confrontar seu passado na escravidão, diz presidente


Portugal deveria se desculpar e confrontar seu passado na escravidão, diz presidente

Presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa

Por Catarina Demony

 

LISBOA (Reuters) – O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, disse nesta terça-feira que seu país deveria se desculpar e assumir a responsabilidade por seu papel no comércio transatlântico de escravos, na primeira vez que um líder português sugere tal pedido de desculpas.

Do século 15 ao 19, 6 milhões de africanos foram sequestrados e transportados à força através do Oceano Atlântico por navios portugueses e vendidos como escravos, principalmente para o Brasil.

Mas até agora Portugal raramente comentou sobre seu passado e pouco é ensinado sobre seu papel na escravidão nas escolas.

Em vez disso, a era colonial do país, que viu países como Angola, Moçambique, Brasil, Cabo Verde, Timor-Leste, bem como partes da Índia sujeitas ao domínio português, é frequentemente vista como uma fonte de orgulho pela maioria dos portugueses.

Falando na comemoração anual em Portugal da revolução dos “cravos” de 1974, que derrubou a ditadura do país, Rebelo de Sousa disse que o país deveria ir além de apenas um pedido de desculpas, embora não tenha oferecido nenhum detalhe.

“Pedir desculpas às vezes é a coisa mais fácil de fazer: você pede desculpas, vira as costas e o trabalho está feito”, disse ele, acrescentando que o país deve “assumir a responsabilidade” por seu passado para construir um futuro melhor.

Rebelo de Sousa fez as declarações depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que esteve em Portugal em sua primeira visita à Europa desde que assumiu o cargo, se dirigiu ao Parlamento português.

O presidente português disse que a colonização do Brasil também teve fatores positivos, como a difusão da língua e da cultura portuguesa.

“(Mas) do lado ruim, a exploração dos povos indígenas… escravidão, o sacrifício dos interesses do Brasil e dos brasileiros”, disse ele.

O principal grupo de direitos humanos da Europa disse anteriormente que Portugal tinha que fazer mais para enfrentar seu passado colonial e seu papel no comércio transatlântico de escravos, a fim de ajudar a combater o racismo e a discriminação hoje.

(Reportagem de Catarina Demony)

 

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