quinta-feira, 7 de setembro de 2023

Índia recebe um G20 dividido, com Biden e Lula mas sem Xi e Putin


O artista indiano Jagjot Singh Rubal dá os retoques finais em uma pintura a óleo de Joe Biden, em 5 de setembro de 2023, em seu estúdio em Amristar, na Índia - AFP

A Índia receberá no fim de semana uma cúpula do grupo das 20 principais economias (G20), na qual o presidente dos EUA, Joe Biden, tentará aproveitar a ausência dos governantes da China e da Rússia para promover alianças em um bloco fortemente dividido.

A América Latina será representada pelo presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, cujo país assumirá a presidência do bloco em dezembro, e pelo argentino Alberto Fernández.

O presidente mexicano, Andrés Manuel López Obrador, não comparecerá e a imprensa espanhola indicou que seu chefe do governo, Pedro Sánchez, participaria como convidado do grupo.

Fortes divergências sobre a guerra da Rússia na Ucrânia, a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis e a reestruturação da dívida dominarão as negociações e poderão complicar os acordos na reunião de dois dias em Nova Délhi.

Biden discutirá “uma série de esforços conjuntos para abordar questões globais”, como a mudança climática, e “mitigar os impactos econômicos e sociais da guerra russa na Ucrânia”, disse o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan.

O presidente chinês, Xi Jinping, será uma das principais ausências do evento, em um momento de crescentes tensões comerciais e geopolíticas com Estados Unidos e a Índia, com a qual a China compartilha uma fronteira longa e conflituosa.

 Pequim também se ressente da participação da Índia no chamado Quad, uma aliança de segurança com a Austrália, o Japão e os Estados Unidos que a China vê como um contrapeso à sua influência na Ásia.

A China não deu explicações para a ausência de Xi na cúpula de 9 e 10 de setembro, limitando-se a dizer que o primeiro-ministro Li Qiang o representaria na reunião das grandes economias, que representam 85% do PIB mundial.

– “Preocupante” –

A ausência de Xi terá impacto nos esforços de Washington para manter o G20 como o principal fórum para a cooperação econômica global.

“Sem a China a bordo… algumas questões podem não ver a luz ou chegar a qualquer conclusão lógica”, disse Happymon Jacob, professor de política na Universidade Jawaharlal Nehru, na Índia.

A guerra na Ucrânia também pesará na reunião, apesar da ausência do presidente russo, Vladimir Putin, que será representado pelo seu ministro das Relações Exteriores, Serguei Lavrov.

“Enquanto a Rússia não acabar com esta guerra, as coisas não poderão continuar como de costume”, disse o porta-voz do governo alemão, Wolfgang Buechner.

As crises globais que o bloco enfrenta são “muito mais difíceis, mais complicadas e mais preocupantes do que têm sido há muito tempo”, disse o ministro das Relações Exteriores indiano, S Jaishankar, à televisão NDTV.

A Índia, que acaba de consolidar a sua posição como potência espacial ao colocar uma nave espacial na Lua em agosto, disse que receber o G20 faz dela um importante ator global.

O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, retratou o seu país como um líder do “Sul Global”, uma ponte entre os países industrializados e em desenvolvimento, e procurou expandir o grupo para um “G21” com a inclusão da União Africana.

Modi pretende usar o G20 para construir consenso entre os países para reformar instituições multilaterais, como a ONU, e para ampliar a voz dos grandes países em desenvolvimento, como Índia, Brasil e África do Sul.

 

domingo, 6 de agosto de 2023

Na CPI da Americanas, auditorias tentam se blindar e rebatem provas da

Americanas S.A. – brand center americanas

A Price WaterHouseCopers (PWC) e a KPMG – que prestaram serviços de auditoria independente para a Americanas no período em que a companhia admite ter executado uma fraude que inflou os resultados da empresa em R$ 25 bilhões – enviaram representantes à audiência pública da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara dos Deputados que investiga o caso. Enquanto a KPMG afirmou que as acusações feitas contra si não eram verdadeiras, a PWC buscou se proteger com as regras de auditoria. Os parlamentares, por sua vez, insistiram em peças de documentos trazidas pela empresa à CPI.

A sócia de auditoria da KPMG Carla Bellangero afirmou que o atual CEO da companhia, Leonardo Coelho Pereira, fez “insinuações falsas” à comissão em 13 de junho. Ela se referia ao fato de Pereira ter afirmado que havia indícios de participação da auditoria na fraude que levou ao rombo contábil da varejista. A KPMG foi responsável técnica pelas auditorias na Americanas de 2016 a 2018.

“Sobram motivos para repudiar insinuações contra a KPMG”, disse. A executiva afirmou que, durante o trabalho com a Americanas, chamou a atenção para “as deficiências e a necessidade de melhoria nos controles de verbas de propaganda cooperadas” da empresa.

Apesar do alerta, porém, não havia indicações de irregularidades, segundo ela. “Nada indicava fraude, situação de ato intencional na Americanas.” Além disso, a executiva enfatizou uma declaração de Pereira também na CPI: “Posso dizer que a documentação que as auditorias receberam eram documentações fraudadas”.

Ela disse que, por enxergar necessidade de melhorias nos processos de controle da Americanas, redigiu uma carta interina, ou seja, no meio do processo de auditoria, e não no fim. “Isso não é comum”, disse. Após esse procedimento, ela afirmou ter sido “mandada embora”. Segundo Bellangero, a empresa rescindiu o contrato seis dias depois de a auditoria ter enviado uma carta de controle que apontou “deficiências” no controles da companhia. A KPMG fez comentários, nessas comunicações com a companhia, sobre riscos ligados a verbas de propaganda cooperadas, que, como se soube mais tarde, deram origem ao escândalo.

Documentos trazidos pelo CEO da Americanas à CPI, porém, mostram que a KPMG mudou a redação de uma carta entregue à companhia. O texto, que originalmente continha a expressão “deficiências significativas”, o que exigiria a comunicação ao conselho de administração, foi depois entregue com o termo “recomendações que merecem a atenção da administração”.

Segundo a executiva, a mudança, alvo de questionamento dos parlamentares, foi feita pois não havia implicações materiais nas falhas encontradas pela administração, tratando-se de um montante de R$ 4 milhões. Ela disse ainda que houve entendimento de que, no termo “administração”, o conselho de administração estaria englobado. Ela afirmou ainda que comunicou os órgãos de governança da empresa.

PWC

Já o líder de auditoria da PricewaterHouseCoopers (PWC), Fábio Cajazeira Mendes, afirmou que as mudanças sugeridas por uma funcionária da auditoria a um dos membros da diretoria da companhia diziam respeito a um documento que a Americanas apresentaria à PWC.

Em documento trazido à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara dos Deputados que investiga a Americanas, a auditoria teria sugerido como redigir questões ligadas a operações de risco sacado, de forma que as operações não ficassem tão claras, segundo afirmações do CEO da companhia, Leonardo Coelho.

Nas imagens apresentadas, é possível ver a sugestão de uma funcionária da auditoria para mudanças na redação da empresa. O texto inicialmente dizia: “Confirmamos que não temos, junto aos bancos com os quais temos relação, operações contratadas de antecipação de fornecedores nas quais é oferecido risco de crédito da companhia, operações denominadas ‘forfait’, ‘confirming’, ‘risco sacado’ ou ‘securitização de contas a pagar’”.

Com a sugestão, a versão ficou: “Informamos que não temos conhecimento de que as operações de cessão de crédito realizadas a pedido de fornecedores informadas por certos bancos com os quais a companhia opera possuem qualquer anuência da companhia ou envolva a assunção de risco de crédito por parte da companhia”.

Segundo Mendes, essa sugestão foi feita para deixar o texto mais preciso e faz parte de uma comunicação frequente entre a empresa auditada e a auditoria. Ele frisou que as sugestões não alteravam as cartas de recomendações da auditoria.

Os parlamentares, em especial o deputado Tarcísio Motta (PSOL-RJ), fizeram críticas duras a essa conduta, argumentando que sugerir mudanças em um documento a ser entregue à própria auditoria seria como um professor instruir um aluno sobre as respostas de uma prova.

Mendes disse ainda que os auditores independentes não fazem análise e revisões de todas as transações das empresas auditadas. Ele defendeu que o risco de uma fraude deliberada não ser identificada pelos auditores é maior do que a probabilidade de que erros não sejam apontados. “Há risco inevitável de que distorções não sejam identificadas”, disse. Ele reforçou ainda que a responsabilidade sobre as fraudes é das empresas. E que, no caso da Americanas, se as denúncias forem confirmadas, o caso seria de uma fraude de “difícil detecção”.

Risco sacado

Bellangero, da KPMG, declarou que a Americanas negou ter um volume de recursos comprometidos em operações de risco sacado, enquanto os bancos confirmavam. “Houve confirmação de 2 instituições financeiras, em 2016, sobre risco sacado”, afirmou. “Em 2018, três instituições confirmaram o risco sacado”.

Porém, disse a auditora, a Americanas reafirmou que “não havia risco sacado e o banco errou”. O erro teria sido sistêmico. Na versão da auditora, depois disso, as instituições financeiras mudaram a informação anterior quanto ao risco sacado e que, por se tratar da confirmação de um terceiro, a auditoria acatou a nova informação.

A KPMG não informou o nome dos bancos envolvidos, mas os documentos mostrados pela Americanas na CPI indicavam procedimentos parecidos citando os nomes do Itaú e do Santander. À época, as instituições rebateram em nota as acusações.

Ex-diretor

O ex-diretor financeiro e de Relações com Investidores da Americanas, o executivo Fabio Abrate também compareceu à audiência pública. Este, porém, na condição de convocado. Ele afirmou que é alvo de acusações “feitas de forma genérica”.

Protegido por um habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal, Abrate optou por não responder às questões dos parlamentares. Disse apenas que não teve acesso aos documentos que suportam as acusações que o atingem. “As acusações são feitas com base em documentos aos quais não tive acesso”, declarou, para complementar: “Por não saber do que estou sendo acusado, não responderei às perguntas”.

Durante a sessão, o presidente da CPI, deputado Gustinho Ribeiro (Republicanos-SE), informou que Miguel Gutierrez, ex-CEO da Americanas, adiou seu depoimento com um atestado médico, por estar em tratamento na Espanha. Gutierrez, que esteve à frente da Americanas, tem dupla cidadania, brasileira e espanhola.

 

Elon Musk oferece assistência jurídica para usuários com problemas no trabalho por posts


De acordo com a organização sem fins lucrativos Center for Countering Digital Hate (CCDH), o discurso de ódio aumentou desde que Musk assumiu o controle do Twitter - AFP

 

Elon Musk afirmou no sábado que sua empresa de mídia social X fornecerá assistência jurídica aos usuários que enfrentam medidas de retaliação de seus chefes por postagens na plataforma.

Alguns usuários, incluindo muitas celebridades e outras figuras públicas, tiveram problemas com seus empregadores sobre questões controversas que postaram, curtiram ou retuitaram na plataforma, que antes era conhecida como Twitter.

“Se você foi tratado injustamente pelo seu empregador devido a postar ou gostar de algo nesta plataforma, vamos financiar seus gastos com questões legais”, escreveu ele no site.

“Sem limites. Por favor, deixe a gente saber”.

Musk não revelou detalhes sobre como os usuários poderiam reivindicar o dinheiro

Desde que o empresário comprou a plataforma por US$ 44 bilhões (227 bilhões de reais na cotação da época) em outubro do ano passado passado, a atividade de publicidade da rede entrou em colapso, em parte por causa de sua abordagem mais flexível para bloquear o discurso de ódio e o retorno de contas de extrema direita anteriormente banidas.

Musk citou repetidamente um desejo de liberdade de expressão como motivação para as mudanças. Ele critica o que considera uma ameaça à liberdade de expressão representada pela mudança de sensibilidades culturais.

De acordo com a organização sem fins lucrativos Center for Countering Digital Hate (CCDH), o discurso de ódio aumentou na plataforma.

A X contestou as conclusões e está processando a CCDH.

Em dezembro, Musk reintegrou a conta do ex-presidente dos EUA Donald Trump no Twitter, embora Trump ainda não tenha retornado à plataforma.

No início de 2021, o ex-presidente foi banido da rede social por seu papel no ataque de 6 de janeiro ao Capitólio por um grupo de seus apoiadores que tentavam reverter os resultados das eleições de 2020.

Recentemente, a X também reintegrou o rapper e designer Kanye West, quase oito meses após sua conta ser suspensa, de acordo com informações da mídia.

No ano passado, West, que agora é chamado profissionalmente de Ye, postou uma imagem que parecia mostrar uma suástica entrelaçada a uma Estrela de David, e Musk suspendeu o artista da plataforma.



Ministérios negociam pacote para renovar maquinário da indústria

logo mdic.jpg — Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e  Serviços

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) estuda atualmente cinco cenários alternativos para estruturar uma política de depreciação acelerada, ou seja, um incentivo para a indústria renovar seu maquinário, que seria implementada a partir de 2024. Os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, estimaram um pacote que pode ir de R$ 3 bilhões a R$ 15 bilhões no próximo ano.

Agora, a Fazenda precisa bater o martelo sobre o espaço orçamentário que vai separar para o incentivo, enquanto o MDIC define a amplitude do programa – que depende também da margem estabelecida pela equipe econômica.

Como mostrou o jornal O Estado de S. Paulo, boa parte da indústria brasileira opera com maquinário antigo e com tecnologia defasada, segundo levantamento inédito da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

Entre as empresas que responderam à pesquisa, apenas 2% têm máquinas com até 2,5 anos de uso. O maior porcentual, de 28%, tem equipamentos com 10 a 15 anos.

Para a pesquisa, foram entrevistados 1.682 executivos. Em iniciativa recente, o governo anunciou programa para renovar a frota de veículos no País, com a concessão de bônus tributários.

Incentivo

Na prática, a política busca incentivar a renovação de equipamentos e maquinário da estrutura produtiva do País ao antecipar a dedução tributária que as empresas têm direito ao investir nesses bens.

O plano do MDIC é anunciar os detalhes da depreciação acelerada até novembro. Enquanto os critérios serão definidos por meio de medida provisória, os recursos destinados à política precisam estar reservados no Orçamento de 2024 – que o governo precisa propor ao Congresso até o fim deste mês.

O secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços, Uallace Moreira Lima, afirmou que a pasta fez várias projeções para a política – mais ampla ou menos ampla, a depender dos beneficiados. Em qualquer uma delas, diz o secretário, a indústria de transformação será atendida. O governo ainda avalia o uso da depreciação acelerada por outros setores, como elétrico, de construção civil, de transporte e de telecomunicações, por exemplo.

“Se pegarmos só a indústria de transformação, que vai fazer investimento em bens de capital, temos um impacto. Se incorporar a construção civil, o setor elétrico, por exemplo, aí você tem outro impacto. É uma decisão de política mesmo. Só que isso vai ser feito com base no espaço fiscal que a Fazenda avaliar que tem para o próximo ano”, disse Moreira, sem abrir os dados detalhados dos cinco cenários.

Pedido

Para basear o pleito de depreciação acelerada ao governo Lula, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) projetou impactos da medida, também tomando como base alguns cenários de valores. Um deles estimou que, se a política resultar num investimento de cerca de R$ 15 bilhões pelo setor privado, o País teria potencial de gerar até 250 mil empregos e adicionar 0,2 ponto porcentual ao resultado do PIB, considerando um período de dois anos.

“O resultado maior é sobretudo sobre a produtividade. É uma medida de renovação do parque produtivo”, disse ao Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) o economista-chefe da entidade, Igor Rocha.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

 

Reforma tributária: agro quer incluir 12 pontos na proposta que será discutida no Senado


Governo espera aprovar reforma tributária neste semestre na Câmara e neste ano no Senado

Congresso Nacional em Brasília (Crédito: CNJ/Divulgação)

O setor produtivo definiu doze pontos prioritários a serem incluídos na tramitação da reforma tributária no Senado. A questão chave para o agro é a redução de 80% da alíquota a ser aplicada sobre insumos e produtos da agropecuária em relação à alíquota padrão.

O texto aprovado na Câmara reduziu a alíquota para o setor em 60%, ou seja, a carga tributária sob o regime especial para o agronegócio seria equivalente a 40% à alíquota de referência, estimada em 25%.

O documento com as prioridades do setor foi elaborado por entidades ligadas ao Instituto Pensar Agro e entregue pela Frente Parlamentar da Agropecuária ao coordenador relator do grupo de trabalho da reforma tributária no Senado, Efraim Filho (União Brasil-PB).

Um ajuste considerado fundamental para o setor é a ampliação do teto de produtores desobrigados a aderir ao regime do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), de faturamento máximo bruto de R$ 3,6 milhões, para R$ 4,8 milhões por ano. Outra preocupação é a possibilidade de Estados estabelecerem imposto sobre a exportação da cadeia primária, em substituição aos fundos regionais, o que o setor refuta. Após obter a desoneração sobre os produtos da cesta básica, o IPA pede no Senado a aplicação de imposto zero para estes itens desde a finalização do produto.

Para o presidente da FPA, deputado federal Pedro Lupion (PP-PR), a articulação no Senado buscará a manutenção dos pleitos obtidos na Câmara e o avanço em questões consideradas essenciais. “Tivemos um texto sem prejuízos para o agro brasileiro, mas que foi apresentado instantes antes de ir para votação. No Senado, vamos buscar avanços e, claro, tentar manter o que foi conquistado. O maior benefício seria uma menor alíquota e vamos nos dedicar a isso”, disse em nota.

Veja abaixo na íntegra os pedidos do setor:

  • Redução da alíquota – Ajustar de 60% para 80% e a redução da alíquota de impostos para produtos agropecuários e regras de crédito.
  • Aumentar o limite de faturamento anual de R$ 3,6 milhões para R$ 4,8 milhões ao ano, para isenção de impostos aos produtores rurais.
  • Impedir a criação dos fundos estaduais em substituição às atuais contribuições.
  • Deixar claro que o ICMS não poderá ser majorado.
  • Imposto zero para os itens da cesta básica desde a finalização do produto.
  • Diminuir prazo para o ICMS e incluir PIS/COFINS em relação aos créditos acumulados.
  • IPVA – Levar em consideração o impacto na produção do combustível, ou seja, que seja considerado o impacto tributário da cadeia produtiva do combustível e não apenas levantamento que leve em consideração o veículo.
  • Cálculo do tributo sobre a aquisição em relação ao crédito presumido deve ser feito sobre o valor da aquisição, levando em conta o valor da alíquota que incidirá, sem qualquer diminuição.
  • Não tributar as exportações e não estornar créditos, com a garantia de restituição em até 60 dias, além da criação de regimes especiais para importação de produtos agrícolas.
  • Adequação para que não haja imposto seletivo para cesta básica e demais itens essenciais que terão alíquota reduzida.
  • Crédito da não cumulatividade – Não condicionar o aproveitamento ao recolhimento ou sub-rogação. Ou seja, quanto ao PIS/Cofins, expressamente citar que os créditos acumulados destes dois tributos poderão ser compensados com a CBS devida após a transição; e quanto ao ICMS, diminuir o prazo para aproveitamento em até 60 meses (5 anos, ao invés de 20 anos propostos) e atualização pela Selic.
  • ITCMD – Garantir na Constituição Federal que a Lei Complementar defina a não incidência de imposto no caso de sucessão familiar nas pequenas propriedades rurais acerca do imposto sobre herança.

 

Baterias elétricas: Brasil entra na corrida do lítio


O Vale do Jequitinhonha (MG) está se consolidando como um protagonista na indústria global de energia limpa ao atrair companhias interessadas na exploração desse mineral, que é vital para baterias elétricas e componentes eletrônicos

 

Reserva Grota do Cirilo, da Canadense Sigma Lithium: líder em extração de lítio no Brasil (Crédito:Washington Alves)

O Brasil tem uma das matrizes energéticas menos poluentes do mundo, mas ainda engatinha na fabricação de baterias elétricas, que vão compor as frotas do futuro. A produção ainda é pequena, assim como a exploração de minerais essenciais à transição para a energia verde. Isso, no entanto, começa a mudar, e numa das regiões mais carentes do País: o Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. A área vem se destacando como uma área promissora para a produção de lítio, concentrando 85% do metal já identificado no País. A região tem atraído investimentos e recebeu a instalação de grandes mineradoras internacionais, como a canadense Sigma Lithium, a americana Atlas, a australiana Latin Resoucers, a canadense Lithium Ionic e a australiana Si6 Metals.

Apenas em 2023, de acordo com o Ministério de Minas e Energia (MME), a extração de lítio em Minas Gerais atingiu o valor de comercialização de R$ 1,4 bilhão. Isso significa que toda a produção registrada em 2022 deve ser ultrapassada em breve.

O setor cresceu 436,16% entre 2021 e 2022. “O Brasil e Minas Gerais oferecem um atraente ambiente de negócios, com destaque para a energia renovável. Além disso, o estado propicia uma estrutura estabelecida em mineração”, ressalta Mauro Lopes, Country Manager da Latin Resoucers, que em 2017 adquiriu suas primeiras licenças na região.

Até 2030 o Brasil deve receber R$ 15 Bi de investimento para a produção de lítio e derivados

O lítio – ou “ouro branco”, como é conhecido – tem se tornado um protagonista na indústria global de energia limpa. Apesar de concentrar cerca de 60% das reservas globais, a América Latina não refina nem um terço do mineral.

Segundo o Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), o Brasil ocupa o quinto lugar no ranking de produção, extraindo cerca de 300 toneladas de lítio por ano. A Austrália é a líder com 42 mil toneladas por ano.

Itinga, no Vale do Jequitinhonha (MG): região atrai investimentos (Crédito:Andre Penner)

A corrida do lítio promete impactar o Jequitinhonha. Os municípios de Araçuaí e Itinga são os primeiros a extrair o mineral em larga escala e estão se beneficiando financeiramente com a exportação.

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Com a primeira remessa de 30 mil toneladas de lítio para a China, destinadas à produção de baterias para carros elétricos e componentes eletrônicos, os municípios envolvidos devem receber até R$ 86,2 milhões em três meses.

“É notável o marco alcançado com o início da produção da Sigma Lithium, que realizou um embarque histórico no mês de julho”, diz Eduardo Miguel Lobo da Gama, engenheiro de minas e CEO da Minery, marketplace que conecta mineradores a compradores.

Sediada no Canadá, a Sigma Lithium é proprietária da mina Grota do Cirilo, onde está hoje a maior reserva de lítio do Brasil. O governo mineiro estima que a extração desse mineral pela empresa gere R$ 115 milhões em royalties apenas em 2023.

Com a expansão da unidade da companhia, a previsão é que esse valor chegue a R$ 305 milhões por ano. “Com o volume de interesse internacional no País se mantendo estável, como indicam os índices atuais, acredita-se que possamos conquistar um lugar no Top 3 global em alguns anos”, avalia engenheiro de minas.

Vale do Jequitinhonha concentra 85% do lítio do Brasil

Desafios

Como essa perspectiva positiva, o Vale do Jequitinhonha já é chamado de “vale do lítio” e está se consolidando como um protagonista na indústria global de energia limpa.

Os investimentos no setor são estimados em cerca de R$ 15 bilhões até 2030. Mas ainda existem desafios para essa expansão. Entre eles está o financiamento.

“É preocupante observar que temos menos empresas de mineração brasileiras listadas na B3 em comparação com a Toronto Stock Exchange, no Canadá.”
Eduardo Miguel Lobo da Gama, engenheiro de minas e CEO da Minery

Com isso, há a necessidade de atrair capital estrangeiro para viabilizar o desenvolvimento de novos projetos minerais.

Outro ponto importante destacado pelo especialista é a rigorosa legislação ambiental do Brasil, que pode intimidar potenciais investidores interessados no lítio.

“A falta de clareza nas regras e a reputação internacional de um licenciamento ambiental demorado, obscuro e moroso aumentam as incertezas e dificultam o planejamento”, diz Gama.

À medida que o Brasil busca se posicionar na guerra do lítio, é evidente que a batalha não será apenas por recursos naturais, mas também por uma modernização na burocracia e por uma visão mais competitiva, que torne o País um player global na energia renovável.

 

Tarcísio banca secretário e diz que Educação em SP será ‘ao gosto do freguês’


Tarcísio surge como nova liderança para tomar espaço de Bolsonaro (Crédito:Amanda Perobelli) 

 

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), descartou substituir o secretário de Educação, Renato Feder, que está no centro de uma polêmica após recusar dez milhões de livros didáticos que seriam entregues pelo Ministério da Educação e dizer que, a partir de agora, os alunos irão copiar slides projetados pelos professores em sala de aula.

O Estadão revelou nesta sexta-feira que Feder é investigado por conflito de interesses por sua empresa vender notebooks para a secretaria que ele comanda. Ele detém parte da Multilaser, que mantém contratos com a Secretaria de Educação de mais de R$ 75 milhões. Ao todo são três contratos para o fornecimento de 97 mil notebooks para a rede pública estadual.

Em conversa com o Estadão, Tarcísio classificou o secretário de “preparadíssimo, estudioso, entusiasmado e idealista”. E acrescentou que Feder “tem sua admiração e respeito” e que “a chance” de ser substituído é “zero”.

O governador defendeu a posição do secretário sobre os livros didáticos. “Não é uma decisão desarrazoada. Só foi mal comunicada. Ela faz muito sentido. Tem uma lógica que eles não souberam explicar”, disse. E antecipou que os alunos terão um livro didático impresso com o material dos slides aprofundado.

“Vamos imprimir centralizadamente e distribuir esse material para as escolas. Então, o aluno vai ter o tablet e o material impresso disponíveis. Vai no gosto do freguês”, afirmou o governador. Pelo livro didático, o governo de São Paulo não pagaria nada, já que é comprado e entregue pelo Ministério da Educação (MEC). O Ministério Público Estadual abriu inquérito para investigar o custo e a qualidade do material que o governo Tarcísio quer usar.

Hoje nas escolas estaduais ainda não há tablets, segundo o secretário disse ao Estadão, as aulas tem “uma grande TV, que passa os slides em Power Point, alunos com papel e caneta, anotando e fazendo exercícios”.